sábado, 30 de setembro de 2017

Os meus livros #28 - Maria dos Canos Serrados (Ricardo Adolfo)

 


Sinopse


Maria dos Canos Serrados é a história de uma moça de má rês que se torna pior ainda. Arredores de Lisboa. Maria, vinte e muitos, adora a igualdade de liberdades, o seu namorado gigolô, as noites intoxicadas com as amigas e a ideia de vir a ser directora. Mas, de um dia para o outro, vê-se desamada, despedida e falida. E, entre resignar-se ou virar a mesa, Maria decide acertar contas de arma em punho. Contada de rajada na primeira pessoa, Maria dos Canos Serrados é uma história desbocada, nascida da Grande Crise. Uma reflexão sobre a nova mulher, que não precisa de um Clyde para ser Bonnie.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Isto só pode ser castigo divino

Tanto eu dizia que queria uma gata que me desse mimo em vez de me foder os sofás que acabou por me sair a gata mais mimalha do mundo. Eu a pensar que a tinha adoptado, afinal quem me adoptou foi ela. Entrou cá em casa e desde o primeiro minuto nunca mais me largou, persegue-me para todo o lado, não me larga os pés nem o colo, chora para pedir atenção e sempre que saio de casa faz um drama tão grande que mais parece que vai ficar sozinha para sempre, cobra-me sempre que regresso, num misto de alegria por me ter de volta com tristeza por ter a coragem de a deixar sozinha. Agora já vai comendo na minha ausência, mas nos primeiros dias nem disso era capaz. Desde que chegou nunca mais consegui ficar sozinha, nem na cozinha, nem na sala, nem na casa de banho, nem no quarto, anda colada a mim e até mesmo quando ligo aquele terrível monstro chamado aspirador só a consigo afastar uns metros, já que a esta altura do campeonato aquele outro monstro chamado secador de cabelo já não resulta para a afastar nem um milímetro. O melhor local do mundo, aparentemente situa-se entre a minha cara, o meu pescoço e o meu avantajado decote, já que retirá-la desse perímetro é uma obra muito dura. À noite dorme onde muito bem lhe apetece, tanto pode ser em cima das minhas costas como da minha cabeça, e de manhã acorda-me todos os dias a dançar o samba na minha cara. Estamos em tanta sintonia que, percebi recentemente, até o meu estado de espírito ela adopta para ela, se eu estou feliz ela também está, se eu estou triste ela fica solidária comigo. Pedi tanto uma gata mimalha que me saiu um carrapato para me fazer apaixonar, porque isto gente, isto são 600 gramas de amor. 

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Doutrina da Loira



Como um cartaz de Pantone. Colorir a vida é a única forma que eu tenho de ser eu. 

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Ganhar é muito melhor do que ganhar.



Há muito tempo que não subia tanto e que não me divertia tanto a descer. Há muito tempo que não me sentia tão bem. Enfrentei as subidas com toda a força do mundo, do meu mundo, e fui subindo, subindo e subindo, até chegar ao topo, aos topos, ao cume, aos cumes. Depois de estar lá em cima puxei o rabo para trás e esqueci-me dos meus medos, desci sem pensar em cair e com toda a segurança do mundo, saltei pedras, passei regos, raízes e buracos, engoli o pó que o solo me oferecia, esqueci-me do resto do mundo, larguei os travões e aproveitei a velocidade e a adrenalida dos trilhos mais técnicos. Sujei a cara e voei, mais uma vez voei muito alto aqui, parece-me até que preciso vir aqui para relembrar a mim mesma o quão bom é o vôo dos loucos. O Outono renova-me sempre e a primeira maratona de Outono também, o Outono renova-me a alma e a vida, a maratona renova-me ano após ano a loucura. Fui rápida, fui muito rápida, mas não segui caminho, esperei sempre por quem me acompanhava e precisava de incentivo e chegar à meta em conjunto foi muito bom para mim. Não sei em que lugar fiquei e nem o tempo oficial que fiz, sei que ganhei muito aqui e que cheguei à meta mais feliz do que se tivesse feito pódio. Ganhar é muito melhor do que ganhar.

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Loira no país das montanhas


O meu território natural é la em cima, num cume qualquer, alcançado somente com a minha energia e a minha paixão, entre o azul do céu e o verde da paisagem, a sujar a cara de pó ou de lama, a sentir o sol na pele ou a chuva no rosto, a enfrentar  um calor intenso ou um frio inexplicável. Nas montanhas sinto-me em casa. 

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Lá haveria de chegar o dia deste blog ter um daqueles posts com gatinhos fofinhos e corações

Pessoas, esta é a Julieta. Julieta, estas são as pessoas.


Esta casa tem uma Loira, duas bicicletas, muitos livros, dois blogues e agora também uma gatinha. Estamos muito felizes e apaixonadas. 

domingo, 24 de setembro de 2017

Reler-me #41

Haverá coisa mais sexy?

Vesti hoje umas calças brancas que adoro por um motivo muito especial, talvez um dia destes lhes dedique um post só para elas. Tenho um top de um azul lindíssimo, cheio de preguinhas, que aposto, terão um nome técnico qualquer para o mundo da moda, mas para mim são só preguinhas. Do mesmo tom de azul uso umas sandálias de salto pelas quais me apaixonei no inicio do verão. Tenho uma mala de um tom prateado, tão lindo que nem o consigo descrever. Uso os acessórios ideais para a roupa que escolhi. As unhas estão impecáveis e brancas, a maquilhagem perfeita e o cabelo também está num dia sim. Nos braços desnudos trago, além das marcas do sol, os arranhões que fiz ontem lá em cima na montanha. A descida era técnica e muito divertida, a vegetação está seca do sol, as silvas e o mato estão mais agressivos que nunca. Entre proteger-me dos arranhões e aproveitar as descidas escolho sempre aproveitar as descidas. Hoje trago os braços cobertos de arranhões vermelhos e feios e o meu melhor sorriso. Haverá coisa mais sexy que a felicidade de assumir as marcas da nossa loucura?

Julho de 2016

sábado, 23 de setembro de 2017

Os meus livros #27 - Puta que pariu o amor (Lady Mustache)




Sinopse


Tentando desvendar os mistérios do amor, temos o mórbido prazer de lançar uns cépticos raios no dia mais meloso do ano. Quando a alma de um camionista se apodera do corpo de uma princesa, dá uma Lady Mustache. E quando essa mesma alma de camionista dá boleia a uma outra alminha penada, junta-se uma Sara-a-dias. Unidas, preparam-se para agitar o dia dos namorados. Este livro irá colocar à prova qualquer relação.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Lá haveria de chegar o dia deste blog ter um daqueles posts de salsichas ao sol


Bye Bye Summer. Eu, que sou muito mais de Outono, não posso deixar de agradecer as marcas que me tens deixado na pele e na alma.  

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Cálculos de vida

Deixei de dar importância ao número de livros e páginas que leio, assim como aos quilómetros que pedalo. Deixei de fazer os cálculos de quem quer sempre mais números. Leio e pedalo com mais vida agora, aproveito de uma forma diferente duas das minhas grandes paixões, ainda que possa ler e pedalar menos, vivo cada página de livro e cada quilómetro de forma mais intensa, os números perderam a importância, foram substituídos pelas emoções. Continuo a apontar tudo o que leio e a arquivar e orgulhar-me de tudo o que pedalo, continuo a querer sempre mais, mas não da mesma forma, agora quero sempre mais paixão. 

terça-feira, 19 de setembro de 2017

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Descer a quanto obrigas

Haverá quem ache difícil descer a montanha, ler os trilhos técnicos, saltar pedras, enfrentar encostas, controlar a bicicleta em terra seca ou na lama, passar regos, buracos e calhaus, saber o momento exacto para travar antes de ir de focinho ao chão na gravilha ou no lajeado. Haverá quem ache difícil curtir as descidas numa bicicleta todo o terreno. Já eu acho difícil descer o alcatrão, usar da melhor forma a minha bicicleta de estrada e curtir as descidas com um pneu fininho. Por muito que me tentem explicar todas as teorias, todas as normas de segurança, todas as formas de aprender a curvar e a controlar a bicicleta em terreno liso e aparentemente sem dificuldade, eu continuo a achar que descer em estrada é a pior coisa do mundo. Passo a vida a imaginar um carro a não parar num sinal de stop, a cortar a curva seguinte, a abrir uma porta num estacionamento, a fazer uma ultrapassagem perigosa, passo a vida a imaginar um cão ou um gato assustado a sair da vegetação e a bater-me na roda, um buraco na estrada impossível de passar a alta velocidade, uma curva mal calculada e a perda do controle da bicicleta, passo a vida a imaginar a dor de me esbardalhar no alcatrão. Eu desço, vou descendo, devagar, devagarinho, a travar, a travar tanto que no final de cada descida me parece que ganhei uma tendinite em cada mão. Sim, já sei, um dia destes caio, mas vai ser de tanto travar. 

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Reler-me #40

E por falar em música

Por fora sou Electrónica, sou Reggea, sou Disco, sou Funk, sou Pop, sou Rock. Por dentro sou Blues, sou Clássica, sou Romântica, sou Jazz, sou Fado. O meu corpo e a minha alma dançam compassos diferentes. Por fora posso até ser Heavy Metal, por dentro sou uma sinfonia. O meu corpo mexe e remexe na pista de dança, a minha alma sonha ao som do violino.

Julho de 2015

Wo wants to be normal?

Aquilo que temos de loucos faz de nós especiais.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Os meus livros #26 - Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas (Ricardo Adolfo)




Sinopse


Brito é imigrante ilegal numa cidade que não conhece e cuja língua não fala. Um domingo à tarde, depois da volta das montras, perde-se a caminho de casa com a mulher e o filho pequeno. E como acredita que para tomar uma decisão acertada tem de fazer o contrário daquilo que acha que está correcto, o regresso a casa revela-se impossível. Depois de uma noite na rua, Brito percebe que se não pedir ajuda pode ficar perdido para sempre, mas se o fizer pode arruinar o sonho de uma vida nova. Em pouco mais de vinte e quatro horas, Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas explora o que é viver imigrado dentro de si mesmo - mais difícil do que qualquer exílio.

"Lugar nenhum"

Chegou de lugar nenhum e caminhou ao meu lado em direcção a um destino certo. Perdemo-nos, não sabíamos para onde nos dirigíamos. Atiramo-nos de cabeça ao abismo sem pára-quedas capaz de suportar o peso da nossa loucura. Queríamos ir para um lugar qualquer e agora vamos juntos para qualquer lugar. 

terça-feira, 12 de setembro de 2017

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Reler-me #39

Qual foi a coisa mais bonita que fizeste por ti?

A Dias Cães foi aprender a dançar ballet aos trinta e quatro anos e contou-nos de uma forma espectacular como isso foi a coisa mais bonita que já fez por ela. Li aquele post com emoção e orgulho porque me identifiquei com cada linha e com cada sentimento escondido nas entrelinhas. 

Talvez seja muito complicado para alguns (para a maioria) perceber porque é que a coisa mais bonita que já fiz por mim foi ter pegado numa bicicleta, há alguns anos atrás, e ter ido pedalar para o monte. Talvez um dia destes a vida me faça mudar de ideias, mas duvido. Ter ido com a minha bicicleta para a montanha aquele primeiro dia e todos os outros que se seguiram fez de mim uma pessoa diferente, fez-me olhar para a vida e para o mundo de outra perspectiva, ensinou-me a analisar as pessoas de uma forma que nunca conseguiria e o mais importante, ensinou-me a conhecer-me a mim própria, como nunca tinha sido capaz. Ter ido com a minha bicicleta para a montanha aquele primeiro dia e nunca ter desistido de ir uma e outra e outra vez fez-me conhecer locais que nunca conheceria por outros meios, trouxe para a minha vida pessoas sem as quais já não me consigo imaginar, proporcionou-me as maiores dores e os maiores prazeres, fez-me sentir as coisas, o mundo, a vida de um modo especial. Ter ido com a minha bicicleta para a montanha aquele primeiro dia e todos os dias fez-me olhar para mim com orgulho, fez-me gostar mais de mim, fez-me parar muitas vezes para pensar que sou mesmo eu, que estou mesmo a fazer aquilo, que sou espectacular, fez-me admirar a minha coragem, gostar de nós é único, todos deveriam saber o que isso é. Claro que já me senti muito mal na montanha, claro que já me apeteceu milhões de vezes deixar a bicicleta para trás e vir a pé para casa, sentar-me confortavelmente no sofá a ler, mas essa sensação passa muito depressa, não há meta que não traga alegria, orgulho e ensinamento, não há meta que não peça mais, não há meta que não seja um novo começo. Ir com a minha bicicleta para a montanha dá-me histórias, experiência, sorrisos, pessoas, lágrimas, emoções, dores, prazer, sítios, amizades eternas, dá-me inumeráveis sentimentos, dá-me vida. E por isso, sim, ter ido aquele dia com a minha bicicleta para a montanha e ter feito disso uma forma de vida foi a coisa mais bonita que já fiz por mim, porque olho para trás e não sei como seria se não fosse assim, porque fez de mim grande parte daquilo que sou hoje.

Talvez seja muito complicado para alguns (para a maioria) perceber isto, mas talvez, como me disse a Dias Cães, isto seja inspirador para as pessoas que merecem saber o quão bom é esfolar os joelhos. 

Julho de 2015

Loira, a resgatada

Em cada Caminho que fiz precisei sempre ser resgatada, precisei sempre que alguém me fosse buscar ao destino e me devolvesse ao mundo real, apesar de em cada um deles voltar para o mundo real fosse a coisa que menos me apeteceu. Com excepção do Caminho que fiz de ida e volta e que por isso parti e cheguei a casa de bicicleta e do Caminho que fiz a pé e no qual tomei a decisão de seguir sozinha e por isso só me fazia sentido apanhar o comboio e não depender de ninguém para me trazer de volta a um local onde estaria só eu, sempre precisei de alguém que me ajudasse no regresso, de alguém que me resgatasse dos dias de retiro e de Caminho. 
Aconteceu-me pela primeira vez trocar de posição e ser eu a resgatar alguém, a trazer de volta à realidade pessoas muitas especiais. Fui, voltei. Posso dizer que O Caminho é tão mágico que mesmo não o tendo feito a emoção de ver as nossas pessoas chegar é tão grande como se de facto tivéssemos mesmo vivido aqueles dias juntos.
Loira, a resgatada, mesmo quando vai resgatar consegue voltar de coração cheio. Que O Caminho nunca acabe e que nunca deixe de nos dar tempo só nosso, emoções especiais e sinais para as respostas ou para as perguntas que procuramos cá dentro. 

terça-feira, 5 de setembro de 2017

A vida é feita de recomeços

É preciso voltar à vida real, aos horários e obrigações, às diversões no meio da rotina, aos dias a tentar fazer sempre mais e ter tempo para tudo. É preciso voltar ao trabalho, a casa e ao despertador. É preciso arrumar a casa, organizar gavetas e atirar pela janela aquilo que não nos faz falta. É preciso voltar a olhar para o relógio. É preciso voltar a pedalar quando dá, voltar a tentar ler sempre um pouco mais, voltar a planear e a sonhar. É preciso actualizar as listas das coisas a fazer, dos sítios para ir, dos locais a conhecer. A vida é feita de recomeços. E de pausas. A vida é feita de vontade de recomeçar depois de uma pausa muito necessária. A vida é feita de recomeços. É preciso até voltar a escrever.