Saímos de casa com planos e completamente preparados para atingir os três dígitos no conta quilómetros. O sol convidava a estar na rua e a vontade de pedalar mais ainda. Regressamos quase seis horas depois, no total percorremos pouco mais de trinta quilómetros e o tempo de pedalada não chegou perto das duas horas. O tempo que sobrou gastamos numa refeição deliciosa e inesperada, já no regresso a casa e lá em cima no topo da montanha. Sentamo-nos, deitamo-nos ao sol, conversamos, de tudo e de nada, tiramos fotos e ficamos por lá, como se a montanha e a paisagem fossem nossas, porque a montanha e a paisagem são nossas. Talvez a felicidade comece lá em cima, sem horas para voltar, a respirar e a viver calmamente o topo da montanha. Há dias para muitos quilómetros, há dias para não fazer nada, há dias para treinar, há dias para passear e há dias para viver, para viver o topo da montanha, como se o mundo fosse nosso, porque o mundo é nosso.
terça-feira, 31 de outubro de 2017
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
domingo, 29 de outubro de 2017
Os meus livros #32 - As pessoas felizes lêem e bebem café (Agnès Martin-Lugand)
SINOPSE
O romance que conquistou mais de 150.000 leitores em França.
Depois da morte do marido e da filha num brutal acidente de automóvel, Diane fecha-se em casa durante um ano, imersa em recordações, incapaz de reagir. Mas, quando já nada parece poder mudar, é precisamente uma dessas recordações que a faz escolher Mulranny, uma pequeníssima aldeia na Irlanda, como destino.
Instalada numa casa em frente ao mar, Diane é gentilmente recebida por todos os habitantes - todos menos um. Será Edward, o bruto e antipático vizinho, a resgatar Diane da apatia em que parece estar novamente a mergulhar. Primeiro, pela ira e pelo ódio. Mas depois, contra todas as expectativas, pela atracção. Como enfrentar este turbilhão de sentimentos? O que fazer com eles?
sábado, 28 de outubro de 2017
Reler-me #45
Os ladrões de palavras
Deparei-me, no meu Facebook pessoal, com uma publicação de uma pessoa que, não sendo meu amigo próximo, ocasionalmente vou mantendo contacto, uma pessoa que vive perto de mim, que eu vejo muitas vezes e que me liga, pelo menos uma vez por ano, para me convidar para um determinado evento. Uma pessoa da qual eu gostava e admirava. O texto é longo, muito bem escrito, quando o comecei a ler fiquei boquiaberta por ele escrever assim, até que reconheci o texto e não queria acreditar no que estava a ler, pela segunda vez, porque já o tinha lido num blog, há poucos dias atrás. Não era um texto parecido, não era uma expressão das que pegamos de tanto ouvir ou de tanto ler, não era um assunto banal sobre o qual todos escrevemos e que sai sempre parecido, não era uma forma de inspiração no outro, eram exactamente as mesmas palavras, adaptadas às pessoas em questão, muito pouco adaptadas porque parece que há muitos casais iguais por aí, que usam as mesmas frases todos os dias, que fazem as mesmas brincadeiras entre eles e com os filhos, que começam e terminam o dia da mesma forma. Ou parece que há pessoas que nem um texto sabem adaptar em condições. O texto faz-se acompanhar de uma foto, a foto da esposa e da filha e foi a expressão inocente da miúda que me fez perder a coragem de comentar ali mesmo, de dizer ao pai que é muito feio roubar as palavras dos outros. Resolvi deixar o assunto nas mãos da blogger em questão, era o que gostava que fizessem comigo, foi o que fizeram comigo e que muito agradeci, quando me aconteceu o mesmo, recebi uma mensagem, abri uma página e li as minhas palavras como se fossem escritas por outra pessoa, senti-me assaltada, um roubo de essência.
Como é que se explica a alguém que não escreve e não sabe o sentimento de escrever, principalmente as emoções, que isso é um roubo? Como é que se explica a alguém que um blog tem um fácil e rápido acesso mas que os textos publicados não estão ali para pegar e andar? Como é que se explica que quem escreve e publica numa página onde milhares têm acesso também tem direitos de autor? Como é que se explica que um blog não é só um blog e que nas entrelinhas de um texto, atrás de um ecrã, está a alma de quem conjuga sentimentos? Como é que se explica que se partilhasse a fonte a esposa compreenderia de igual modo o que ele quis dizer? Porque há realmente pessoas que escrevem aquilo que pensamos e sentimos, quantos de nós não sentem demasiadas vezes que algo foi escrito a pensar exactamente nos nossos sentimentos e nos nossos momentos? Quantos de nós não partilham as palavras dos outros com que se identificam? Como é que se recebe centenas de gostos e dezenas de comentários a elogiar tão bela relação e tão belas palavras, sabendo que não são nossas? Como é que alguém é capaz de utilizar as palavras de outra pessoa, como se fossem dele, para fazer uma declaração de amor ao amor da sua vida, descrevendo a filha que partilham? Que relação é esta, feita de palavras roubadas? Como é que se explica aos ladrões de palavras que quando nos roubam os textos nos estão também a roubar sentimentos únicos, emoções, pedaços de vida, momentos só nossos e inspiração?
Outubro de 2015
terça-feira, 24 de outubro de 2017
Quadros em branco
Escolhi momentos bonitos e mandei imprimir, eternizei os sorrisos, os olhares, as paisagens e os momentos, trouxe-os para casa e preenchi os quadros que estavam em branco há mais de um ano. Não há espaços vazios aqui. Não há quadros em branco agora. Este espaço é cada vez mais meu, é cada vez mais eu.
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
domingo, 22 de outubro de 2017
Os meus livros #31 - Retrato a Sépia (Isabel Allende)
SINOPSE
Um romance histórico ambientado no Chile de finais de século XIX, Retrato a sépia é uma saga familiar onde reencontramos algumas das personagens de Filha da fortuna e de A casa dos espíritos, romances fundamentais na obra de Isabel Allende.
Aurora del Valle sofre um trauma brutal que determina o seu carácter e apaga da sua mente os primeiros cinco anos de vida. Criada pela sua ambiciosa avó, Paulina del Valle, Aurora cresce num ambiente privilegiado, livre das limitações que oprimem as mulheres da sua época, mas atormentada por pesadelos horríveis. Quando tem de enfrentar a traição do homem que ama e a solidão, decide explorar o mistério do seu passado.
Obra de uma dimensão humana extraordinária, Retrato a sépia eleva a narrativa da autora ao auge da perfeição literária.
sábado, 21 de outubro de 2017
Reler-me #44
Homens chamados à recepção...
Só têm de aprender a distinguir os momentos em que elas precisam de ser protegidas e de sentir-se seguras que aconteça o que acontecer vocês vão lá estar dos momentos em que é extremamente necessário que se sintam livres de sozinhas tomar decisões capazes de mudar o mundo. Só têm que saber distinguir os momentos em que se sentem sozinhas apesar de estarem rodeadas de pessoas dos momentos em que só precisam de um pouco de solidão e silêncio. Só precisam saber quais são os dias em que têm de dizer-lhes que são lindas e os dias em que não vale a pena dizer-lhes nada porque elas sabem que são a mais bonita. Só precisam de saber quando um abraço ou um beijo são capazes de resolver todos os problemas delas e quando elas simplesmente não têm problemas ou resolvem tudo sozinhas porque são capazes de dominar o mundo. Só têm que saber distinguir um sorriso sincero de um sorriso forçado e cansado, só têm que procurar um brilho ou uma sombra no olhar e fazê-las acreditar que são os únicos capazes disso. Só precisam saber distinguir os dias em que a maior necessidade delas é um simples chocolate dos dias em que precisam desesperadamente de uma dieta. Só precisam saber os dias exactos em que elas são capazes de ver um filme de acção ou os outros, aqueles em que têm de escolher uma comédia romântica. Só precisam saber os dias em que é necessário ir com elas comprar uns sapatos, ou correr, ou andar de bicicleta ou levar-lhe flores e um livro, preparar-lhe o jantar ou levá-las a jantar fora. Só precisam distinguir os dias em que elas querem fazer amor dos outros, em que o que elas precisam mesmo é de fazer sexo. Depois disso, meus senhores, vão ver que afinal é muito simples compreendê-las.
Outubro de 2013
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
15 de Outubro de 2017
Não quero saber de tempos, não me importo se sou melhor ou pior que as outras ou se demoro mais dez minutos ou menos duas horas a fazer o mesmo trajecto do que o resto das pessoas, o que gosto é de conquistar quilómetros, divertir-me e ser feliz, o que gosto é de aproveitar e curtir as descidas e de alcançar os topos que aparecem no meu horizonte. O que gosto é de pedalar.
Um senhor desmontou no início da subida e quando eu reclamei porque quase me fez descer também da bicicleta respondeu-me que a probabilidade de desmontar era tão grande que mais valia fazê-lo já. Eu só lhe disse que o que gosto mesmo é de contrariar as estatísticas. E subi, montada até ao topo. O que e gosto é de ganhar bocados de chão.
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
Dias tão tristes, estes
O país está a arder, outra vez, tantas vezes. Adormecemos com medo e ansiedade e acordamos com as más notícias, outra vez, tantas vezes. A verdadeira dimensão de tudo isto só saberemos quando todos os fogos forem extintos, as imagens que vemos são horríveis e não podemos deixar de nos emocionar profundamente com os vídeos partilhados. As nossas serras estão a desaparecer, queimadas pelos fogos, as nossas casas, as nossas pessoas, a nossa gente e a nossa essência.
Ontem trocava mensagens com uma amiga que ficou presa numa estrada, cercada pelo fogo de todos os lados, dizia-me que os mandaram abandonar os carros e descer até ao rio, a última mensagem dela antes de ficar sem rede era que já não conseguiam sair de lá, vivi horas de pânico até ter de novo notícias dela, até ela estar a salvo e me descrever o terror de tudo o que viveu, mas isso sei eu bem, passei pelo mesmo há uns anos atrás. O que mudou desde esse ano em que também eu me vi cercada pelo fogo? Nada. O país está só a arder, outra vez, tantas vezes. Não aprendemos com os erros, não fazemos nada para mudar, não protegemos tudo o que temos de bom e que é nosso, que somos nós.
Não há mais nada a dizer, já tudo foi dito, as palavras não servem de nada, para nada. O que precisamos é de revolta e de atitudes.
E perante tantas imagens tão terríveis deixo uma de profunda beleza, deixo a da flor da esperança, tirada por alguém muito especial nas nossas montanhas queimadas, a flor que é a primeira a nascer e a mostrar que a vida continua e que é preciso reconstruir e renascer das cinzas. Que sejamos como a flor, que sejamos capazes de crescer no meio da destruição. E que a chuva caia lá fora. Até o país arder, outra vez, tantas vezes.
domingo, 15 de outubro de 2017
Os meus livros #30 - O Diário de Mary Berg
Sinopse
Em 1939, no dia do seu décimo quinto aniversário, enquanto as forças nazis começavam a apertar o cerco sobre Varsóvia, Mary Berg começou a escrever este diário. Nesse momento, ela ainda não sabia que, quatro anos depois, teria preenchido 12 cadernos com as suas memórias do terror nazi, recordando com detalhes vívidos alguns dos mais importantes e dramáticos acontecimentos do século XX.
Desde o cerco das forças alemãs a Varsóvia até à final, e brutal, supressão da Insurreição do Gueto, Mary Berg documenta a provação dos refugiados, a luta diária pela sobrevivência, os recrutamentos forçados de judeus, as deportações e o heroísmo dos lutadores da Resistência que se ergueram contra a opressão alemã.
Libertada através de uma troca com um prisioneiro dos Aliados, Mary Berg levou consigo os cadernos que escrevera durante quatro anos. Ao fazê-lo, deixou-nos um dos documentos mais extraordinários da Segunda Guerra Mundial: publicado originalmente em 1945, este diário dramático e impactante foi o primeiro a revelar a verdade sobre o Holocausto, um dos capítulos mais negros da História contemporânea.
sábado, 14 de outubro de 2017
Reler-me #43
Vivo no mundo das montanhas...
Só quem desafia as montanhas é capaz de lhes ter o respeito que elas merecem. Só quem as percorre com sol, com chuva, com gelo, com neve, com calor, com frio, com humidade, com pó ou com lama tem a capacidade de perceber a sua grandeza. Só quem se sujeita às vontades da natureza percebe que pode ser derrotado a qualquer instante. Só quem vive as montanhas consegue perceber que por lá não somos nada nem ninguém. As montanhas têm a capacidade de nos mostrar que o topo é sempre mais longe do que o que conseguimos imaginar, que o topo pode ser sempre mais difícil, que o topo nunca é ali, porque no fim de uma subida as montanhas conseguem mostrar-nos que há sempre um outro topo a alcançar, que há sempre algo mais, que as subidas têm sempre continuação. As montanhas são poderosas, enquanto as percorremos somos muito pequeninos, quando as vencemos ficamos grandes, enormes, gigantes. Só quem desafia as montanhas é capaz de lhes ter o respeito que elas merecem, só quem as desafia consegue sentir o poder, o orgulho e a felicidade de as conquistar.
Outubro de 2013
sexta-feira, 13 de outubro de 2017
Bike Blog
Já vos conto as cenas dos próximos capítulos, que é como quem diz, já escrevo sobre a maratona da beira-mar de 2017. Vou ali e já volto.
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
terça-feira, 10 de outubro de 2017
Na maratona (e na vida)
Muito mais do que treino e preparação física, para chegar ao fim da maratona é necessário força e capacidade psicológica. A meta fica mais perto e mais fácil de alcançar se partirmos com determinação e acreditarmos que somos capazes de tudo.
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
Sorri Julieta, é para a Internet
Julieta foi abandonada no monte quando nasceu, ela e mais cinco irmãos, dois gatinhos e três gatinhas, ficaram por lá uns dias até serem encontrados e entretanto ficaram doentes, todos apanharam coriza, para a qual foram medicados assim que chegaram à associação que os acolheu. Julieta tomou um antibiótico com o qual melhorou, mas uns dias depois a doença foi mais forte do que ela e voltou. Julieta tomou mais um antibiótico, ficou melhor, mas com a mudança cá para casa e a separação dos irmãos a doença acabou por vencer mais uma vez. Julieta teve então de ser novamente medicada para a coriza e tanta medicação começou a fazer o corpo dela ceder, mais medicação para os intestinos e entretanto mais medicação para a coriza, porque o corpo dela rejeitou os três tratamentos anteriores e a doença acabou sempre por voltar. Na última consulta a veterinária disse que vamos tentar esta última medicação e ver se o corpo dela, tão pequenino, a consegue aceitar e suportar. Julieta ainda não tem dois meses de vida e neste tão pouco tempo ainda não sabe o que é estar saudável, só avistar a medicação já a faz entrar em pânico, mas apesar disso Julieta está muito feliz, é muito meiga e muito louca e eu... bem... eu estou completamente apaixonada por esta coisinha pequena.
Sorri Julieta, nós as duas sabemos que vai correr tudo bem.
sábado, 7 de outubro de 2017
Os meus livros #29 - Milagre (R. J. Palacio)
SINOPSE
August nasceu com uma deficiência genética que faz com que o seu rosto seja completamente deformado. Quando nasceu os médicos não tinham esperança de que sobrevivesse, mas sobreviveu. Vários anos e muitas cirurgias depois, August vai, aos 10 anos, enfrentar o maior desfio da sua vida. A escola.
Contado a várias vozes, é uma história emotiva das dificuldades que tem de superar uma criança com uma terrível deformação e um relato do milagre que é a vida.
sexta-feira, 6 de outubro de 2017
Não me roubem o Outono
Continuo a vestir-me de roupa leve e clara, as janelas continuam abertas e o sol entra radioso pela manhã, durante a noite empurro a roupa da cama que me parece demasiado quente, o calor ainda me queima a pele, no ar ainda cheira a flores e no fim da pista ainda há coelhos pacientemente à espera que eu passe. Podia jurar que estamos no pico da Primavera, não fosse o calendário aberto em cima da mesa. Não me roubem o Outono. O Outono é meu. É meu e tem folhas coloridas pelo chão e árvores despidas. É meu e tem manhãs frescas e noites frias. É meu e tem roupas quentes e botas. É meu e tem dias cinzentos e chuviscos. É meu e tem horas quentes depois de almoço que apetecem aproveitar numa esplanada sem sombras. É meu e tem cheiro a uvas maduras nos campos e a castanhas assadas na cidade. É meu e tem dióspiros com canela. É meu e tem manta e chá quente num sofá de abraços. É meu e tem trilhos com lama para me aventurar. É meu e tem chuva a bater na janela numa manhã de sábado, quando posso virar para o lado, cobrir-me bem e aproveitar para ficar cá dentro. Não me roubem o Outono. O Outono é meu. É meu e tem de ser Outono.
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
Loira, a inspirada
Abri a página em branco para escrever, mas não fui capaz, aconteceu várias vezes, fiquei aqui a olhar para o ecrã vazio à espera de preencher com bocados meus, não saiu nada, não havia nada para dizer, nada para contar, nada para escrever. Fechei a página em branco e desisti. Fui pedalar. Regressei com uma lista de ideias, coisas para fazer, coisas para viver, coisas para escrever. Tantas coisas para escrever que a primeira coisa que fiz assim que entrei em casa foi apontar tudo, como se a inspiração fosse preciosa, porque é provável que seja mesmo, inspirada sou muito mais feliz. Pedalar inspira-me, mesmo quando a vida não é inspiradora.
segunda-feira, 2 de outubro de 2017
domingo, 1 de outubro de 2017
Reler-me #42
A máquina de fazer ciclistas
Não sei se já viram alguma prova de ciclismo, não sei se acompanham a modalidade ou se entre a mudança de um canal para outro já pararam por algum tempo numa reportagem sobre uma volta, uma maratona de BTT ou uma competição em pista, enfim, sobre esta gente que pedala e de que eu me pergunto sempre de que é feito. Sim, de que é feito um ciclista?
Já vi quedas que nem consigo descrever, ou através de um ecrã ou pessoalmente, já vi lesões de dar medo só de olhar, já me doeu a alma só de imaginar semelhante dor e já me doeu também a mim, quando fui eu a sentir no corpo o contacto com o chão. Se viram, se pararam durante cinco minutos para olhar para esta gente, terão com toda a certeza do mundo reparado que esta gente se levanta o mais rápido possível depois de uma queda e só pensa numa coisa, em continuar, em conseguir.
Falo sobre isto com conhecimento de causa, falo sobre o que sinto na pele e posso dizer que quando pedalas só te sentes um verdadeiro ciclista quando atinges a tua meta, vás em competição ou em passeio, vás fazer 100 ou 10 km, vás sozinho ou no meio da multidão, a tua meta é a tua maior vitória, é a tua felicidade. Por isso um verdadeiro ciclista só desiste do que quer que seja se não tiver outra hipótese, por isso um verdadeiro ciclista só não se levanta disposto a montar novamente a bicicleta e a continuar se isso for humanamente impossível. Só te sentes um verdadeiro ciclista quando a dor de desistir de um objectivo ultrapassa a dor de continuar, de tentar.
Não sei de que é feito um ciclista, não sei qual será a máquina que os prepara para isto, só sei que me sinto uma, e se em cima da bicicleta sou uma verdadeira ciclista, não vai ser na vida que vou ser uma jogadora de futebol.
Agosto de 2015