Depois da minha aula de cycling e do meu tão merecido banho preparava-me para ir para casa depois de um longo dia quando ouvi chorar, chorar com vontade, chorar do fundo da alma. Era a Leonor, uma miúda que estava sozinha a um canto e que tinha lágrimas sentidas. Fui ter com ela, tentei acalmá-la, tentei perceber o que se passava com ela, voltei a tentar que ficasse mais calma, tentei que se esquecesse um pouco do que me tinha dito, brinquei com ela e ajudei-a a vestir-se. Entretanto outra senhora juntou-se a nós e ficou lá por um bocadinho. Quando saí tentei confirmar e perceber um pouco melhor a história da Leonor, era tudo verdade o que a Leonor me tinha dito, fui para casa tristíssima e ainda me entristeço sempre que penso nisso, vai acontecer sempre, o nosso mundo é abalado quando percebemos que uma mãe às vezes pode não saber sê-lo, de uma forma tão intensa que é assustador. Eu e a Leonor ficamos amigas, espero poder vê-la muitas vezes, espero poder ver-lhe o sorriso e não aquele rosto triste e aquelas lágrimas de alma.
No meio de toda esta história vim embora a olhar para trás, o balneário do ginásio estava cheio quando a Leonor chorava sufocada, só eu e depois outra pessoa é que fomos ter com a Leonor, é que quisemos saber o que se passava, é que tentamos ajudar de alguma forma. As outras pessoas que estavam no balneário são as mesmas que por estes dias mudam as fotos de perfil no facebook, muito solidárias com a Síria, como se mudar uma foto de perfil no Facebook fosse mudar alguma merda no mundo. Estejamos solidários, estejamos revoltados, façamos o que pudermos, por favor, mas se queremos mesmo mudar alguma coisa no mundo, não é com fotos de perfil que vamos lá. Se queremos mesmo mudar alguma coisa no mundo, comecemos por olhar atentamente para o lado, por perguntar aos outros se está tudo bem, por perguntar aos outros se precisam de alguma coisa, às vezes apenas um abraço ajuda, ajuda muito, foi o que bastou à Leonor para um grande sorriso, um abraço e a promessa de que podemos ser amigas.
No meio de toda esta história vim embora a olhar para trás, o balneário do ginásio estava cheio quando a Leonor chorava sufocada, só eu e depois outra pessoa é que fomos ter com a Leonor, é que quisemos saber o que se passava, é que tentamos ajudar de alguma forma. As outras pessoas que estavam no balneário são as mesmas que por estes dias mudam as fotos de perfil no facebook, muito solidárias com a Síria, como se mudar uma foto de perfil no Facebook fosse mudar alguma merda no mundo. Estejamos solidários, estejamos revoltados, façamos o que pudermos, por favor, mas se queremos mesmo mudar alguma coisa no mundo, não é com fotos de perfil que vamos lá. Se queremos mesmo mudar alguma coisa no mundo, comecemos por olhar atentamente para o lado, por perguntar aos outros se está tudo bem, por perguntar aos outros se precisam de alguma coisa, às vezes apenas um abraço ajuda, ajuda muito, foi o que bastou à Leonor para um grande sorriso, um abraço e a promessa de que podemos ser amigas.
Encarar os problemas no mundo real exige coragem, loira. E ninguém quer problemas, o pessoal quer é causas e de preferência daquelas que nunca saem do virtual.
ResponderEliminarAinda há pessoas boas, ainda há quem te dê a mão ou um abraço, confesso que nos últimos tempos perdi a fé nas pessoas mas não perco a esperança. Sei o que é a força de um abraço, daquela palavra na hora certa. Sei também que as pessoas estão mais predispostas a dar esse abraço quando também precisam dele. É difícil ser solidário, ser altruísta, dá trabalho e trabalho pouca gente quer (a menos que dê uns quantos likes no espaço virtual).
ResponderEliminarO problema de nós, seres humanos, incluindo eu, pois claro, é que nos esquecemos muitas vezes de olhar em primeiro lugar, para o nosso lado. E até por vezes, para nós próprios.
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