Escreveu um poema enquanto nos tentava vender ou alugar uma casa. Dizia constantemente que o estávamos a inspirar e não parava de escrever, no fim leu o poema duas vezes, cheio de orgulho e entoação, perguntou outras tantas se estava bonito e ele próprio afirmou que sim, que estava lindíssimo o dobro das vezes que nos perguntou. Eu olhava para o chão, numa concentração fingida, se olhasse o Moreno nos olhos não conseguiria conter-me e teria rido às gargalhadas. O Moreno abanava a cabeça, em jeito de aprovação, sempre muito sério, pelos mesmos motivos que eu. Não ficamos com a casa, não voltamos a ver nenhuma casa daquela agência, não conseguimos parar de rir durante um par de horas depois de deixarmos o Sr. António Augusto com os seus rascunhos. Eu ri da situação mas percebi-o, gostaria de ser suficientemente louca para pegar também eu no meu caderno de rascunhos, escrever sobre ele e dizer-lhe que sim, que apesar de incrédula sabia bem que a inspiração é assim, quando chega tem que se agarrar na hora, se nos foge é como grãos de areias ao vento, nunca mais a encontramos, até podemos ficar com a ideia, mas o contexto nunca ficará igual, porque o momento já passou. No final das contas afinal o Sr. António Augusto também me inspirou.
(Voltar lá é que me parece que não vou ter coragem tão cedo.)
(Voltar lá é que me parece que não vou ter coragem tão cedo.)
Cada personagem minha amiga!
ResponderEliminarÉ isso mesmo , Verinha. Quantas vezes não lemos posts que achamos pomba e ridículos, sem pensar que quem os escreveu lhes pôs nas palavras todo o sentimento que lhe ia na alma?
ResponderEliminarO que para mim é um monte de palavras sem sentido, para o autor pode significar algo grandioso.
Mas a ironia inata, faz parte de nós, fazer o quê ? E olha que conseguir não rir é uma proeza e demonstra grande respeito.
*pimba
EliminarValeu pelas gargalhadas que vocês deram.
ResponderEliminarBeijinhos