quinta-feira, 31 de julho de 2014

Ah... a fantástica sensação do dever cumprido...

Trabalhei muito, esforcei-me, fiz horas extras, trabalhei ao fim-de-semana, pensei em trabalho só em trabalho e pouco mais que trabalho. Tenho finalmente tudo organizado. Daqui a uns dias vou de férias com esta fantástica sensação de dever cumprido. Tão bom... nem consigo descrever este sentimento que me invade ao pensar nisto. Tão pouco consigo descrever o que é saber que quando voltar das férias tenho o trabalho todo atrasado outra vez. 

terça-feira, 29 de julho de 2014

Ravishankar Ragavan

Li por estes dias o livro Quem quer ser bilionário, quando a adaptação ao cinema saiu, há anos atrás, o Ravi disse-me para o ir ver, teria ido de qualquer forma mas o Ravi explicou-me que o filme retratava a Índia dele, falou-me dos pormenores, disse-me para estar atenta a algumas coisas e falou-me de locais e de formas de vida que eu desconhecia por completo.
O Ravi trabalhou comigo durante alguns meses, tinha data marcada para regressar à Índia, estava de casamento marcado e tinha que ser naquela data exacta, nem mais um dia, nem menos um dia, os astros diziam que eles tinham que casar naquele dia, senão nunca mais casariam. O Ravi aproveitou a oportunidade única na vida de trabalho fora da Índia e veio, ainda que com a ressalva de voltar para aquele dia, o dia exacto que tinha de casar, senão nunca mais. E o Ravi regressou à sua Índia, com a notícia de que não poderia mais voltar e com a esperança que as coisas ainda pudessem mudar. O SEF não deu a autorização ao Ravi de voltar, apesar de ele ter residência em Portugal e de ter um contrato de trabalho assinado. A firma onde eu trabalhava na altura teve ainda de assinar um documento em que se responsabilizava por qualquer acto que o Ravi pudesse cometer enquanto esperava por outro avião na Alemanha, qualquer acto que ele pudesse cometer dentro do aeroporto durante um par de horas, uma vez que não tinha sequer autorização para sair do aeroporto, assim mesmo, como se fosse um foragido. O Ravi que só queria casar e voltar para cá já com a mulher para trabalhar, o Ravi que ficava com os olhos a brilhar só de falar na forma como conseguimos por cá organizar o trânsito e da limpeza nas ruas.
O Ravi partiu triste, com a esperança de voltar um dia, esperança essa que nunca mais se concretizou, mas voltou feliz, com um sorriso fantástico através das fotos do casamento. A vida é feita de opções e de oportunidades, mas há pessoas que nascem já com as oportunidades muito limitadas.
Enfim, o livro não tem nada a ver com o filme, o livro não me mostrou os pormenores da Índia do Ravi e não me emocionou como o filme, talvez a culpa tenha sido do Ravi mas eu passei o filme a chorar e a rir e a chorar novamente. Um destes dias tenho que rever o filme e mandar um email ao Ravi, há muito tempo que não tenho notícias dele.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

As pessoas, sempre as pessoas.

Quando comecei a praticar BTT na cidade onde vivo seriam uns 30 que faziam o mesmo. Todos sabiam que se pedalava às terças e quintas às 20:00 H, aos sábados às 14:00 H e aos domingos às 08:30 H, partíamos sempre do mesmo local, todos sabiam disso, todos se juntavam para ir para o monte andar de bicicleta, para se divertir e para comer e beber com os amigos, eram todos amigos. Depois, andar de bicicleta virou uma moda e começaram a chegar os outros. Chegaram os que começaram a combinar partir exactamente à hora de sempre, mas num local diferente. Chegaram os que quiseram dividir as pessoas por grupos. Chegaram os que queriam competir. Chegaram os que queriam competir com os amigos. Chegaram os que só queriam elogios porque andavam muito. Chegaram os que quiseram criar o seu próprio grupo. Chegaram os que fizeram da bicicleta a sua vida. Chegaram os que se diziam amigos mas só ligavam quando precisavam de boleia. Chegaram os que se chatearam com os outros. Chegaram os que só olham para a bicicleta deles, que é como quem diz, para o umbigo deles. Chegaram os que fazem dos passeios uma corrida. Chegaram os que criticam tudo e todos. Chegaram os que "com aquele é que eu não ando". Chegaram os que são capazes de deixar um amigo para trás. Chegaram os que acham que os passeios deles são melhores do que os dos outros. Chegaram os que acham que são melhores que os outros. Chegaram muitos e o espírito inicial perdeu-se. Perdeu-se a cumplicidade que se tinha às terças e quintas à noite, aos sábados à tarde e aos domingos de manhã, sempre em frente da loja do Pedro, sempre para todos. Perdeu-se, mas não irremediavelmente, as coisas podem nunca mais ser como eram no início mas como em tudo na vida é fácil manter o espírito, o nosso espírito, basta pedalar com as pessoas que valem realmente a pena, porque as pessoas continuam a ser o mais importante, é só aprender a distinguir as pessoas, as nossas pessoas, e não se importar com as outras, como em tudo na vida.

sábado, 26 de julho de 2014

Interrompo por breves instantes a minha actividade laboral para comunicar ao mundo pequenas coisas:

1 - Ainda estou viva.
2 - De entre um milhão de coisas que podia fazer no meu dia de descanso resolvi vir trabalhar.
3 - Estou mais perto de cumprir a minha promessa do que nunca.
4 - Ainda estou viva.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Estes dias tenho-me lembrado muito desse dia

Enquanto estava a fazer O Caminho Francês de Santiago, quase há um ano atrás, houve um dia em que fiquei doente. Durante a noite tive uma paragem digestiva e quando acordei em Mansilla de Las Mulas sentia-me muito mal, tinha dores de estômago, dores de cabeça, estava enjoada e tinha uma sede indescritível. Preparamos tudo para partir e eu sempre doente, os meus companheiros de viagem tomaram o pequeno-almoço e partimos. Pouco tempo depois de ter começado a pedalar vomitei e fiquei a sentir-me ainda mais doente. Continuamos a pedalar, paramos algumas vezes durante o dia para os meus colegas comerem, eu não conseguia. Pedalei todo o dia sem comer, sentia-me fraca mas continuei a pedalar, por vezes ficava sem forças, recuperava e continuava. O destino pensado para esse dia era Astorga e chegamos lá a meio da tarde. Não consegui lanchar. Fomos visitar o palácio de Gaudi, estivemos numa festa popular que havia no centro da cidade e fomos ainda a uma bênção de peregrinos para a qual nos haviam convidado. Já depois, enquanto os meus colegas jantavam e eu olhava para eles a minha amiga disse-me com o ar mais natural do mundo que estava muito orgulhosa de mim por eu estar doente e ainda assim pedalar todo o dia, disse-me ela que eu podia muito bem ter parado a meio do percurso ou simplesmente nem ter saído de Mansilla de las Mulas. Só nesse exacto momento é que pensei nisso, durante todo o dia nunca pensei sequer em parar, nunca foi uma opção. Estes dias tenho-me lembrado muito desse dia, quando na nossa cabeça não há outra opção, continuar em frente é a única solução. Ainda bem que nesse dia nunca houve outra opção para mim a não ser o destino planeado e ainda bem que estes dia me tenho lembrado muito desse dia, sempre como um exemplo a seguir. 

Blog meu... blog meu... há em toda a blogosfera alguém com o sentido de humor mais DO CARALHO que o meu?

Chega um colega de BTT, conhecido entre nós por bebé, muito bem acompanhado:

Bebé: - Então Loira, já conheces a minha quarta mulher?
Loira: - Olá...
Bebé: - Mas ainda não te tinham dito nada? Ainda não sabias?
Loira: - Sim, tinham-me dito que era psicóloga na Cerci.
Bebé: - Só isso? Mais nada?
Loira: - Só isso, eu até pensei que se é psicóloga na Cerci sem dúvida nenhuma será a mulher ideal para ti.

O verdadeiro drama doméstico (a tragédia, o horror)

Cair uma das estantes que suporta os livros a meio da noite. A estante ter caído é o menor dos problemas, podia era cair durante o dia, quando não está ninguém em casa, poupava-nos o susto.

Depois disto ninguém me segura (ou não...)

Apesar de ser uma verdadeira nódoa na cozinha há uma coisa que sempre fiz relativamente bem, as sobremesas. Obviamente que há uns anos atrás podia dizer que fazia bolos excelentes, mas agora não, agora chegaram as outras cheias de truques e de invenções e de arte, sim, arte para fazer um bolo e ninguém lhes consegue chegar aos calcanhares, para fazer bolos como elas quase é preciso tirar um curso superior e ainda assim não é qualquer uma que consegue chegar àquele nível. Isso fez de mim e dos meus bolos tristes e insignificantes, mas isso agora não importa nada. As minha sobremesas ficam sempre óptimas com a excepção do bolo de pudim, esse desgraçado que me fez experimentar um milhão de receitas diferentes e acabar sempre a comer a massa cozida directamente da  forma com uma colher. Sim, a porcaria do bolo de pudim nunca me saiu inteiro, apesar de eu ter tentado inúmeras vezes. Nunca me saiu inteiro até sexta-feira passada, fui para a cozinha com a determinação que é necessária para sofrer outro desgosto, segui todos os passos e deixei o bolo no forno o dobro do tempo que mandam nas receitas e afinal era só isso, depois de tantas tentativas falhadas só tinha que deixar o bolo no forno mais tempo. Quando desenformei o meu bolo de pudim vi a fama e a glória, vi-me em programas culinários e com livros de receitas, dei pulos de alegria e quase subi a um pódio imaginário depois comemos o bolo e nem sequer me lembrei de lhe tirar uma foto, não fosse essa minha falha e depois disto já ninguém me segurava.


Já agora, as pessoas que escrevem as receitas e nos mandam ligar o forno em primeiro lugar terão a noção de quanto tempo nós, simples mortais, demoramos a fazer a porcaria do bolo? E terão noção que o forno gasta luz? 

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Lá haveria de chegar o dia de eu escrever sobre um outfit

Comprei um macacão (sim, para mim é um macacão) para usar no baptizado do João Pedro. Até lá só posso comer alfaces e ervilhas e ainda assim parece-me que vou ter de passar o dia sem respirar. 

Pedras no caminho?

Não as guardo todas. Um dia não vou construir um castelo. Pedras no caminho? É BTT puro e duro. Divirto-me com elas.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Não conheço o Gerês

Ainda sábado lá estive. Já lá fui um milhão de vezes. Não conheço o Gerês. Já o tentei descobrir de carro, depois a pé e agora de bicicleta, não consigo conhecer o Gerês. Por muitos km que faça, por muito que me entranhe nas suas profundezas, por muitos trilhos que percorra, vou descobrindo pouco a pouco a sua beleza, mas nunca é tudo, há sempre mais, o Gerês esconde sempre algo de novo para nos mostrar, nunca venho de lá sem a impressão que tenho ainda muito para descobrir. Nunca venho de lá sem estar convencida de que não há ninguém que conheça realmente o Gerês, mesmo as pessoas que lá vivem desde sempre e para sempre, acredito piamente que nem elas conseguem conhecer o Gerês na sua totalidade. O Gerês é um dos meus locais preferidos no mundo e quero continuar a percorrer cada fragmento da sua beleza, quero continuar a descobrir algo de novo em cada visita, quero voltar sempre de lá com esta convicção de que nunca vou conhecer o Gerês, é por isso que adoro lá ir, porque trago sempre algo de novo em mim.

Não é só a mim, pois não???

Ouvir o toque do telemóvel, procurar o telemóvel na mala, pensar pela milésima vez que é uma valente merda andar com a mala cheia de coisas, encontrar finalmente o telemóvel e não ter chamada nenhuma. Ficar a olhar para o telemóvel e a pensar o que terá acontecido, ele estava a tocar, ouvi perfeitamente que ele estava a tocar, aliás, continua a tocar, como é que é possível? Ah... a música vem do rádio.

Querido diário, que susto...

Então não é que eu ia atropelando uma ciclista ontem ao final do dia? Ela vinha sozinha e de alforges, eu olhei-a com admiração e com a cumplicidade de quem percebe muito bem aquilo que ela está a fazer. Reduzi e muito a velocidade só para a ver melhor, só para lhe sorrir. Mas a fazer uma rotunda, como ela vai pela direita eu deduzo que vai sair na primeira saída tal como eu e quando eu já estou a sair ela mete a bicicleta à frente do meu carro, o que nos safou (ou a ela, neste caso) foi o facto de eu vir a conduzir tão devagar por estar a admirar a sua coragem. Depois seguimos cada uma o seu destino, eu fiquei a tremer durante um bom tempo, imagino que ela também. Eu só conseguia pensar que havia a possibilidade de ela estar a fazer a viagem da vida dela, a cumprir um sonho maior e que um momento de distracção poderia ter posto tudo em causa. Como pode sempre, e eu sei disso muito bem.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Ainda há Heróis

Tiago Machado, depois de ter ganho a volta à Eslovénia está a participar no Tour de France, com óptimos resultados, conseguindo estar sempre no top 20 e subindo ao 3.º lugar na geral. Esta semana sofreu uma queda muito grave quando ainda faltavam percorrer 100 km para atingir a meta. A opinião dos médicos era uma só, levar o Tiago para o hospital e assim terminar o Tour para ele, mas no segundo decisivo o Tiago montou uma bicicleta e mesmo com ferimentos graves e dores muito fortes pedalou sozinho até atingir a sua equipa que entretanto o esperava. Ainda assim, depois de tanto esforço o tempo que levou para chegar à meta foi demasiado e ele estava desqualificado. O Tiago chorou de tristeza mas a organização do Tour decidiu quebrar todas as regras e o Tiago pode continuar a pedalar pelo seu sonho.




Para mim é um orgulho ver este HOMEM representar o nosso país lá fora. Assim se faz um CAMPEÃO.

Ah... o fantástico mundo da blogosfera...

Chega uma altura em que já não precisas ter assunto ou inspiração para escrever, a blogosfera dá-te o tema e tu só tens de o desenvolver.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Socorro... estou a ser perseguida...


São muitos e vêm todos atrás de mim.

Coisa triste de se dizer/escrever: Não sou a super Mulher.

Tenho esta mania de fazer discursos encorajantes, tenho esta mania de que posso tudo o que quero e consigo tudo aquilo a que me proponho, tenho esta mania de achar que se os outros conseguem eu também consigo e que se eu consegui estão toda a gente consegue, tenho esta mania de que o verbo desistir é inconjugável para mim. As coisas não são assim tão lineares, eu sei, mas verbalizar um "não consegui" é para mim impensável. Ou melhor, era, uma vez que estou prestes a fazê-lo. Em toda a minha vida ao pedal nunca desisti ou deixei os desafios a que me propus pela metade, podia estar muito mal, podia estar sem forças, podia até pensar não ser capaz de terminar mas sempre segui em frente e com isso sempre cheguei ao final. Todas as regras trazem excepção e a primeira surgiu com um problema mecânico que me fez abandonar uma maratona a meio, ainda assim, convencida de que sou sempre capaz de tudo não admiti que me levassem de carro, a mim e à bicicleta, perguntei onde era a estrada mais perto e segui por lá, convicta que nunca chegaria a uma meta ou a casa sem ser montada em cima da bicicleta. Mas às vezes o nosso corpo é bem capaz de trair a nossa mente e no ano passado tive de parar a meio de uma maratona e vir de carrinha embora, estava com falta de açúcar no sangue e simplesmente não consegui continuar, parei no ponto em que não consegui dar nem mais uma pedalada, até lá, juro que tentei, tal como tentei no passado sábado. Partimos de manhã bem cedo para uma longa viagem até à zona do Gerês, ir e voltar são mais de 100 km, mas nada de especial para nós, o dia não começou bem, furamos 3 vezes e isso atrasou muito a nossa viagem, estava demasiado calor e já durante a manhã estava a sentir-me sem forças, continuei sempre, chegamos ao nosso destino, cansados mas felizes, depois almoçamos e era só regressar, senti-me cada vez mais cansada, cada vez com menos forças mas continuei, os meus companheiros perguntavam se eu estava bem, eu dizia que sim mas não estava, ainda assim continuei e continuei sempre, fiz mais de 50 km até que tive de parar, estava tonta, a tremer e sem forças, com a tensão baixa de mais, parei com a ideia de descansar e continuar mas não consegui, não consegui recuperar e tive que chamar uma amiga para me levar a casa de carro, estava a uns 5 km de casa, sem subidas praticamente nenhumas e não consegui recuperar para pedalar até lá. Às vezes o nosso corpo é capaz de trair a nossa mente, por isso verbalizar este "não consegui" será importante, tenho que me convencer de que não sou a super Mulher.

Coisas que deviam ser proibidas:

Reuniões importantes à segunda-feira de manhã.

Reuniões importantes à segunda-feira de manhã, muito cedo.

Reuniões importantes à segunda-feira de manhã, muito cedo, depois de um fim-de-semana complicado.



E eu que até gosto de segundas-feiras... e de fins-de-semana complicados...

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Sou Loira... e Burra...

Com excepção de dois ou três, desde que mudei para esta casa sempre achei os meus vizinhos antipáticos, com o passar do tempo cheguei à conclusão que não era só isso, o problema é bem mais profundo que isso, a maioria deles sofre de uma grave e crónica falta de educação, ao ponto de não dizer um simples "Bom dia" quando se cruzam com as pessoas no elevador ou na garagem e ao ponto de não responderem ao cumprimento que lhes é dirigido. Inicialmente achei que não me ouviam, que eu tinha que impor toda a minha força vocal para lhes dirigir o meu "Bom dia", "Boa tarde" e "Boa noite", não resultou, eles ouvem-me, não lhes apetece é responder. Ainda assim continuo a insistir e a dizer o meu "Bom dia" sorridente sempre que a ocasião me proporciona esse gosto, com excepção da vizinha do 2.º Esquerdo, depois de subir e descer várias vezes com ela no elevador sem que me fosse dirigida a palavra ou um sorriso, depois de não responder ao meu "Bom dia", ao "Boa tarde" do Moreno e até um dia ao "Boa noite" do meu pai (que ficou escandalizado com tamanha simpatia por parte da minha vizinhança), decidi simplesmente ignorá-la, mas sinceramente pensei que seria mais fácil, um destes dias descíamos as escadas com as bicicletas pelo ombro, ela tinha a porta aberta e estava cá fora, o Moreno passou e não disse nada, eu segui-lhe o exemplo e fiz a mesma coisa. Fiz o ar mais arrogante que consegui e passei sem sequer olhar para a senhora, depois continuei a descer as escadas com vontade de voltar para trás e não ter feito aquilo, cheguei à rua a sentir-me a pessoa mais antipática e mais mal-educada de que há memória, ao ponto de não saber se consigo repetir a experiência. Sim já sei, não precisam de me dizer novamente, o Moreno já me disse que sou Burra, mas pelos menos sou uma Burra bem-educada.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Olá Portugal, eu sou do Norte

Por isso, as verdades, as minhas verdades (muito diferentes das verdades do Miguel, sinto muito).
As minhotas não são as raparigas mais bonitas do país. Eu sou do Minho, nasci e vivi cá toda a minha vida, modéstia à parte, eu sou bonita, ou melhor, há dias em que me sinto muito bonita, outros nem por isso, como todas as mulheres, mas isso não tem nada a ver com o Minho, no Minho há mulheres feias, assim como as há muito bonitas no resto do país. O verde do Minho não é mais bonito que o verde do resto do país, o verde do Minho é exactamente igual ao verde do resto do país e eu posso dizê-lo com toda a certeza, adoro o verde das montanhas e já as percorri por todo o lado, o verde é sempre igual. Gosto do Norte, entendam-me, gosto muito do Norte, o Norte trouxe-me os meus locais e as minhas pessoas, mas porque sempre fui do Norte, se tivesse vivido sempre no Algarve teria sido o Algarve a dar-me isso, se tivesse vivido sempre em Lisboa, teria sido Lisboa a dar-me isso. Admito que posso ter algo em mim por ser do Norte, mas isso não me faz especial, tão pouco melhor que ninguém, também as pessoas do Alentejo, ou as dos Açores ou as da Madeira possuem características próprias, nada a ver com a personalidade, como não o tem o algo que vem do Norte. No Norte há, de facto, muitas coisas boas, assim como as há muito más. A comida é mais barata? Possivelmente quem reparou nisso e escreveu sobre isso não tenha pensado que na maioria dos casos também os salários são mais baixos. E as pessoas? Não as há muito boas e muito más em cada recanto do país? As mulheres do Norte não são diferentes por serem do Norte, nem todas olham de frente, já as vi de cabeça bem baixa, nem todas pensam em tudo e dizem tudo o que pensam. Os brincos, os sapatos e as saias não são diferentes no Norte, ou já não são diferentes no Norte. Por Deus, eu sou do Norte e nunca puxei de um estalo, muito menos de uma panela, eu sou do Norte e nunca caminhei de mãos nas ancas. Se falamos de tradições, ou de pronúncias também as há nas outras regiões, é possível gostar mais das do Norte, mas não fazer delas o Norte, como alguém disse, a tradição já não é o que era. O Norte não tem nada de especial a não ser o facto de algumas pessoas acharem que sim, que é de facto um local especial e diferente e de com isso quererem a todo o custo mostrar ligações ou pintar traços de personalidade que pensam característicos de cá. A personalidade não tem nada a ver com o Norte, eu sou como sou por ser eu, não por ser do Norte.

Prometo solenemente *

Que o trabalho que tenho em atrasado fica todo em dia até ao final do corrente mês. Estou agora a meio dos processos de Abril que deviam estar prontos desde Maio, depois só me faltam os de Maio que deviam estar prontos em Junho e finalmente os de Junho. O cenário já esteve pior, a sério que sim.


* Vamos ver se com isto resulta

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Blog meu... blog meu... há em toda a blogosfera alguém com o sentido de humor mais DO CARALHO que o meu?

Num passeio de BTT acompanhou-me pela primeira vez uma colega dos pedais, muito magrinha, demasiado magra (característica que vai explicar a piada final). Não havia mais mulheres, só eu e ela e nunca tínhamos pedalado juntas (convém reforçar a ideia), no final fomos tomar banho e como sempre demoramos imenso tempo para uns colegas esfomeados dos km percorridos, quando aparecemos um deles diz-nos que está farto de esperar e que para a próxima nos deixa ficar para os lobos (piada de BTTista). Eu faço um olhar muito sério e digo que nem pensar, com ela não quero ficar para os lobos. Todos olham para mim incrédulos e perguntam porquê. Eu digo que os lobos olhavam para ela, só viam ossos e vinham logo comer-me a mim primeiro, que com ela não fico para os lobos, nem pensar.


Muitos e longos anos depois ela percebeu o meu sentido de humor, até lá não sei o que terá ficado a pensar.

Os livros são um peso na minha vida

Estou a ler, levo-o da sala para o quarto, do quarto para a cozinha, da cozinha para o outro quarto, do quarto para a sala, ainda que não consiga ler, carrego-o comigo para todo o lado, com esperança de ter dois minutos para continuar a ler, acaba por ficar por ali, abandonado enquanto preparo o jantar ou faço outra coisa qualquer, depois volto a mudar de local e o livro segue comigo, quando saio de casa coloco o livro dentro da mala e levo-o comigo, se tiver tempo morto durante o dia tenho o meu livro sempre ali, mas por acaso acontece que ando sempre a correr de um lado para o outro e nunca pego no livro, mas também não o consigo deixar em casa, então carrego-o comigo para todo o lado, são livros com km e km. Um peso, os livros são um peso na minha vida. 

terça-feira, 8 de julho de 2014

Sou (quase) anti-social...

Não retribuo almoços nem jantares, eu sei, isso é mesmo muito grave, mas não é porque não goste de receber as pessoas em minha casa, simplesmente não me sinto capaz, tem dias em que nada me sai bem e para falar a verdade só sei cozinhar o mais básico, as outras fazem coisas deliciosas e quase perfeitas, não me sinto à altura. Até os meus pais quando vão lá a casa passam no restaurante e levam as refeições, no final pergunto com a maior lata do mundo se gostam de comer em minha casa e eles dizem que sim, que adoram os meus cozinhados. Mas agora tudo vai mudar, agora surgiu-me uma ideia brilhante, agora vou receber como nunca se viu antes, agora vou começar a retribuir os deliciosos almoços e jantares que me proporcionam com um "Não queres vir cozinhar lá a casa?"

Finalmente cheira-me a Primavera

Por baixo das escadas que dão acesso ao escritório há um jardim. Uma das plantas residente cresce uma vez por ano acima da altura das escadas e da nossa própria altura, depois floresce e inunda os nossos dias de um cheiro inebriante. Costuma acontecer por alturas da Primavera, este ano já lhe sentia a falta, mas esta semana finalmente chegou um dos meus cheiros preferidos. Se pudesse guardava-o num frasco só para mim.
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segunda-feira, 7 de julho de 2014

O quê? As outras bloggers publicam fotos na piscina?


Vou embora antes que alguém me reconheça pelo biquíni.

Segurem-me que estou prestes a cometer uma loucura

Ando louca pelo amarelo. Primeiro comprei uma mala. Depois ressuscitei algumas peças e uma pulseira. De seguida comprei dois tops lindos e fofos. Como quem me adivinha os desejos ofereceram-me o relógio mais amoroso de todos os tempos, belo e amarelo, adoro-o tanto que até me apetece dar-lhe beijinhos. Uma destas noites sonhei com uns sapatos amarelos, agarrem-me que eu vou-me a eles. Ontem fui às compras e não sei como mas só via peças em amarelo, bem sei que as lojas tinham todas as cores, mas eu só via aquilo, amarelo, amarelo, amarelo, vim embora sem comprar nada e convicta de que estou louca. Hoje estava a olhar para o calendário para marcar manicure e a pensar que com este calor vou pintar as unhas de uma cor radical, quem sabe amarelo... socorro, estou a tornar-me uma pindérica. Segurem-me que estou prestes a cometer uma loucura. Ou duas... ou três...

Devaneios...

Há dias em que me olho ao espelho e todo o meu corpo parece sacrificado pelos meus desejos. São os arranhões, as feridas, as cicatrizes e as mil e uma marcas do sol. Houve até uma altura em que tinha um ponto negro numa perna e eu espremia e tentava tirar aquilo de qualquer maneira e nunca conseguia, depois cheguei à conclusão de que era um pêlo encravado e numa ida à esteticista pedi que me livrasse daquilo, também ela não conseguiu, depois de cerca de três meses de convivência fartei-me, munida de cremes e agulha desinfectada sentei-me na sala com as janelas abertas e todas as luzes ligadas na minha direcção, dali não saí sem me salvar daquilo, afinal era um pico, daqueles que apanho tantas vezes no meio do monte, com a diferença que este alojou-se não só na minha pele mas também nas profundezas da minha carne. Há dias em que me olho ao espelho e todo o meu corpo parece sacrificado pelos meus desejos, mas não me importo e naquela altura cheguei a ter saudades do pico que me acompanhou durante tantos dias, o atrevido.

domingo, 6 de julho de 2014

Socorro...

Tinha cá em casa 2 livros para ler, depois fui a uma feira e trouxe mais 8, desses já li 2, pelo que ainda me faltam 6, esta semana encomendei 4 que já chegaram e agora encomendei mais 4 que estão a caminho, estou a terminar o que ando a ler e já comecei mais 2 que entretanto deixei de lado para quando estiver com mais paciência, ali na estante dos ainda não lidos tenho 19 policiais há alguns anos para ir lendo quando tiver tempo e 15 de literatura portuguesa que comprei para ir lendo entre um e outro, estão lá também Os Maias que quero reler já desde o ano passado para depois poder finalmente ler aquela coisa do Eça Agora, na qual ainda não toquei. E depois há sempre a promessa, que só volto a comprar livros quando terminar de ler tudo o que tenho cá em casa, promessa que nunca consigo cumprir, mas o grave nem é isso, o mais grave é que ando sempre atormentada com uma questão: que livro hei-de ler a seguir? 

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Sobre aquela máxima que diz: "Seja o tipo de pessoa que você gostaria de conhecer"

Também se pode aplicar aos blogues: Escreva aquele tipo de post que você gostaria de ler.

Que saudades...

Nestes últimos dias são já duas as pessoas que me procuraram para que eu lhes fale do Caminho, ambos estão a planear O seu próprio Caminho, ele de bicicleta em 2015 e ela a pé ainda este ano. E eu tenho lembrado os locais, as pessoas, as histórias e tenho falado com alegria e com o mesmo brilho no olhar que me surge sempre que penso nisso. E tenho dado conselhos e dicas e tenho-me alegrado por poder ajudar de alguma forma. Mas depois fico sempre com uma nostalgia e uma vontade louca de partir novamente, O Caminho vicia porque cada Caminho é diferente, ainda que percorramos o mesmo trajecto, em cada Caminho conhecemos um pouco mais de nós e ficamos mais ricos. No Caminho vive-se tão intensamente cada segundo que eu queria partir já outra vez. Que saudades...

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Capítulo 26, página 252

"Tu deves ser um desses malucos que pensam que podem controlar a vida."

As visões de Simão
Marianne Fredriksson

Neste blog as festas começam todas pela alvorada


Por vezes duram até ao pôr-do-sol, mas começam sempre muito cedo.

A publicidade nos blogues resulta mesmo?

É que eu, loira por convicção e vaidosa por paixão, em largos anos de blogo vivências nunca e em circunstância alguma me passou pela cabeça comprar uns sapatos, uma mala, uma peça de roupa ou um simples verniz que fosse, pelo facto de os ver num qualquer blog por aí. E além de nunca ter comprado nada que tenha conhecido através dos blogues ainda deixei de comprar ou pensar em comprar alguns produtos pela triste campanha que os representou. 


Pelo contrário, livros comprei alguns por vossa causa e agradeço.

Capítulo 26, página 250

"Não é esquisito que todo o saber que vem de fora te queira fazer crer que tu não és mais do que uma cagadela de mosca à deriva no universo? E que tudo o que vem de dentro de ti próprio te insinue, com toda a convicção e veemência, que és tudo e tens em ti absolutamente tudo aquilo que precisas?

As visões de Simão
Marianne Fredriksson

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré

As outras sonham com locais paradisíacos para passar as férias, muito azul, muito sol, o mar e a piscina ali mesmo ao lado, pulseiras coloridas que lhes dão acesso a todo um mundo de oportunidades, biquínis reduzidos e pele morena, unhas dos pés pintadas de cores coloridas e famílias felizes, finalmente juntas na paz do descanso. Eu... bem... eu sonhos com férias um bocadinho mais radicais. E sem descanso, o descanso cansa-me profundamente. 

Também eu fui obrigada a retroceder uns dias na programação televisiva para poder tirar algumas considerações sobre aquela coisa do "A minha vida dava um Blog"

  • Eu, que sou viciada em roupa, em sapatos, em malas, em acessórios, em maquilhagem e em todas as restantes merdas que possam imaginar achei aquilo do mais fútil que pode haver.
  • Eu, que sou viciada na bicicleta e que não me calo com isso aqui no blog achei aquela aulinha de zumba uma parvoíce de todo o tamanho.
  • Por favor, alguém lhes explique que há vida para além da moda, da culinária e do ginásio.
  • E mais importante que tudo o resto, por favor, alguém lhes explique que há vida para além dos blogues.

terça-feira, 1 de julho de 2014

O melhor ginásio do mundo é o meu (primeiro post patrocinado do Também quero um Blog)

Não tem horário de abertura nem de encerramento, está aberto 24 horas por dia, 7 dias por semana ininterruptamente. As aulas ensinam a conhecer e a superar os nossos limites, divertem-nos e deixam-nos felizes. As pessoas que o frequentam são bonitas e bem dispostas. Há espaço para toda a gente. Não se paga mensalidade. A ventilação é a melhor que pode existir, por lá respira-se o ar livre. Quando há festas ouvem-se as melhores músicas do mundo com os melhores convidados que consigo imaginar, os pássaros, os grilos, os sons da natureza. Há tratamentos de beleza à base de plantas silvestres e de lama e tratamentos anticelulite à base de subidas de cortar a respiração. Há picos de adrenalina à base de descidas alucinantes.  Há programas de emagrecimento à base de km percorridos. O melhor ginásio do mundo são as montanhas e sim, as montanhas patrocinam-me em inspiração, em superação pessoal e em felicidade.

Planos

Quando terminei de fazer O Caminho Francês de Santiago estava num pico de forma física como nunca. Depois de pedalar diariamente durante 3 meses para me preparar e depois de pedalar quase 1000 km seguidos de Caminho se tivesse que ir dar a volta ao mundo em bicicleta poderia fazê-lo sem qualquer problema. Sentia-me uma espécie de super mulher ao pedal, capaz de tudo. Acontece que depois de ter terminado os dias foram passando e eu fui-me sentido cada vez pior, cada vez mais cansada, até chegar ao ponto de me sentir mesmo muito mal numa maratona e ter de parar. O profissional dos pedais que me tinha preparado uns planos de treino telefonou-me por esses dias e eu contei-lhe o que se passava comigo, ele achou muito normal, explicou-me que além do acumular de cansaço também o meu cérebro tinha uma meta a atingir e depois de ter alcançado o meu objectivo era muito fácil o meu corpo sentir-se assim tão cansado, uma vez que para o meu cérebro estavam cumpridos os meus planos para os quais me vinha a preparar há tanto tempo. Desta vez é diferente, durante esta última viagem de Chaves a Santiago e depois até Finisterra ainda durante a viagem começamos a preparar a próxima. Eu terminei este Caminho ainda mais feliz, por saber que brevemente poderia viver outra aventura e por poder transmitir ao meu cérebro que a viagem nunca acaba, é uma constante na nossa vida. É bom ter sempre planos, é bom terminar uma viagem já a pensar numa próxima, é bom ter sempre objectivos para cumprir. Nisto dos pedais e nisto da vida.