sexta-feira, 30 de outubro de 2015

As meias do dia #5


Happy Halloween

A perfeição dos tempos modernos

É aquela que toda a gente partilha, diariamente, nas redes sociais. É aquela que apresentamos aos outros em forma de publicação. Parece que actualmente todos somos felizes, todos comemos coisas maravilhosas, todos vamos a locais espectaculares, todos temos a família perfeita, os amigos ideias, parece até que hoje em dia somos todos atletas de alta competição ou especialistas em tudo e mais alguma coisa, parece que hoje em dia todos temos uma vida perfeita, a perfeição dos tempos modernos.
E é aquela que nos exigem todos os dias, porque uma fotografia mal tirada, um erro ortográfico, umas gorduras a mais, uma atitude que fuja daquilo que está previsto, uma afirmação com a qual os outros não concordem, um erro, uma forma de vida diferente, uma fuga às supostas regras, um simples assunto banal ou uma história que deveria ser privada se pode tornar viral, se pode parecer com uma notícia capaz de fazer mudar o mundo, parece que hoje em dia todos nos exigem que tenhamos uma vida perfeita, todos nos apontam os erros, o dedo, todos nos criticam, todos nos dizem o que está bem e o que está mal em nós, todos esgotam os assuntos de forma irremediável, é a perfeição dos tempos modernos.
Parece que hoje em dia toda a gente a pode exigir, a tal da perfeição, porque já ninguém comete erros, já ninguém tem dúvidas sobre nada, toda a gente está em posse dela, da tal perfeição.

Talvez por isto eu goste cada vez mais de pessoas imperfeitas, por me identificar com elas, talvez porque a perfeição dos tempos modernos me assuste e eu não queira fazer parte disto.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Meio aniversário

No passado domingo a minha melhor amiga, a minha amante, a minha confidente, a minha companheira de aventuras, a minha mais que tudo fez seis meses, passou meio ano desde que a fui buscar uma noite, já de madrugada, para a levar poucas horas depois para a grande subida à chuva e uma semana depois para a primeira grande viagem do ano. Desde o primeiro dia nunca mais paramos, já fizemos grandes viagens, em grupo e só as duas, já fizemos grandes passeios, já fizemos grandes provas, grandes trajectos, grandes descidas, grandes subidas, grandes trilhos, sempre com grandes amigos e grandes paisagens. Parece que juntas tudo o que fazemos é em grande. Ela é a bicicleta mais bonita do mundo e eu, com ela, sou muito mais feliz. No passado domingo a minha companheira inseparável fez meio aniversário e não deve ser à toa que ao olhar para as nossas fotos juntas eu tenho sempre um grande sorriso no rosto.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Está oficialmente aberta a época da mini-saia

Adoro o frio, adoro os casacos de pêlo (todos sintéticos, não me fodam a cabeça com isto), adoro os lenços e os cachecóis quentinhos, adoro os chapéus, adoro casacos e botas, adoro estar na cama a ouvir a chuva a cair lá fora, gosto de chuva (ok, só não gosto mesmo nada quando está a chover na hora de ir pedalar), adoro a lareira, as maças assadas do meu pai, adoro ficar embrulhada no cobertor do sofá, adoro os livros acompanhados de chá quente, adoro ver as mudanças de cor na paisagem e as folhas a cair, adoro os dióspiros, adoro o aconchego dos agasalhos, da casa e dos abraços, mas o que eu adoro mesmo, é que depois de passar tanto tempo a usar calças para esconder as marcas de sol dos calções e das meias de BTT nas pernas, finalmente está aberta a época da mini-saia. Bendita a hora que um dia, alguém, algures, se lembrou de inventar as meias opacas. 

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Os meus livros #62 - Por aqui e por ali

Sinopse
Há muitos livros sobre exploradores destemidos que escalam montanhas, atravessam oceanos, enfrentam intempéries e sofrem experiências traumáticas. Mas neste livro existe outro tipo de herói: pessoas comuns que se esfalfam para subir um monte, que ficam histéricas com os animais selvagens... Isto para não falar do horror que têm aos insectos! Bill Bryson decide com o seu amigo Stephen Kaz fazer três mil quilómetros pela floresta durante vários meses, percorrendo a pé o mais longo trilho do mundo. Um esforço enorme para o autor que tem o hábito de estar sentado e um suplício para o amigo, ex-alcoólico, gordo e que adora fast-food. Com o seu estilo irreverente e inconfundível, Bryson conta casos inacreditáveis de destruição ecológica e descreve os estragos causados pelo turismo, o qual critica impiedosamente - incluindo-se a si e ao companheiro neste rol de destruidores. Um livro para quem ama a natureza selvagem, mas que ao mesmo tempo adora os prazeres da civilização.


Este foi daqueles livros que me prometia tudo e que não me deu grande coisa. Uma viagem a pé, uma grande aventura, descrições de dias passados nas montanhas em autonomia total, tudo aquilo que eu podia desejar. Infelizmente o autor falou muito pouco sobre esta grande aventura, que apesar de não ter ficado concluída não deixa de ser uma grande aventura, e focou-se muito em números e estatísticas. Ninguém compra um livro destes para saber quantos árvores de uma determinada espécie havia num local há cinquenta anos e quantas há agora, ninguém compra um livro destes para saber quantas espécies de pássaros, de plantas, de tudo e mais alguma coisa existem naqueles trilhos. Eu queria saber pormenores da caminhada, queria que me falasse dos medos, das dores, das alegrias, das paisagens, de tudo o que rodeava aquela aventura e sobre isso tive pouquíssimo. Este livro pareceu-me mais um trabalho de pesquisa do que uma caminhada rumo a uma grande aventura. Ainda assim chegou no momento certo porque só o facto de o receber naquele determinado dia, de uma forma tão especial, despertou em mim uma energia e uma sede de leitura das quais eu estava mesmo a precisar.

Os meus livros #61 - A Ilha debaixo do Mar

Sinopse
Zarité foi vendida aos 9 anos a um rico fazendeiro de Saint-Domingue. No entanto, não conheceu o esgotamento das plantações de cana nem a asfixia e o sofrimento dos moinhos, porque foi sempre uma escrava doméstica. A sua bondade natural, força de espírito e noção de honra permitiram-lhe partilhar os segredos e a espiritualidade que ajudavam os seus, os escravos, a sobreviver, e conhecer as misérias dos amos, os brancos. Isabel Allende dá voz a uma mulher lutadora que singrará na vida, apesar das partidas do destino. Zarité é uma heroína que, contra todas as adversidades, conseguirá abrir caminho para alcançar a liberdade.


Este é daqueles livros que me agarrou desde a primeira à última página, é daqueles livros que enquanto os estamos a ler nos faz viver realidades completamente diferente das nossas, nos faz aprender e nos faz saber pormenores até então desconhecidos. Um livro que me ensina e que me faz viajar terá de ser sempre um livro fantástico. Terei de ler mais desta autora, que me veio parar às mãos por mero acaso. 

Os meus livros #60 - A Coleccionadora de Ilusões

Sinopse
Quando Laurel Estabrook é atacada durante um passeio de bicicleta pelas estradas secundárias do estado do Vermont, a sua vida muda por completo. Anteriormente expansiva, Laurel afasta-se, dedica-se à fotografia e começa a trabalhar num refúgio para os sem-abrigo. Aí conhece Bobbie Crocker, um doente mental com uma caixa de fotografias que não deixa ninguém ver. Quando Bobbie morre subitamente, Laurel descobre que ele afinal não mentira: antes de se tornar sem-abrigo, fora um fotógrafo bem-sucedido que trabalhara, de facto, com personalidades como Chuck Berry, Robert Frost e Eartha Kitt. O fascínio de Laurel pela vida de Bobbie começa a transformar-se numa obsessão, convencendo-se de que algumas das fotografias do idoso revelam um obscuro e bem escondido segredo de família. A sua busca da verdade vai afastá-la ainda mais da sua antiga vida e conduzi-la a um jogo do gato e do rato com perseguidores que afirmam quererem salvá-la. Neste arrebatador thriller literário, cheio de complexas e atraentes personagens, Chris Bohjalian conduz o leitor na sua mais intrigante, assombrosa e inesquecível viagem de sempre.


Uma viagem pelo mundo da mente humana de leitura fácil e com um final surpreendente. Este foi daqueles livros que comprei por acaso e que valeram a pena. Gostei muito de uma parte em que fala de pormenores sobre pedalar na montanha, é sempre bom identificar coisas nossas nos livros.

Os meus livros #59 - Os caçadores de Livros

Sinopse
Um thriller histórico sobre a luta das potências europeias para salvar uns livros e destruir outros A importância do domínio do Conhecimento para mudar o mundo e colocar fim à idade das trevas. No final da Idade Média, pouco depois da invenção da prensa de Gutenberg, uma misteriosa conspiração tenta vencer o obscurantismo da Igreja Católica, difundir a liberdade de pensamento e contrariar os limites da Inquisição.


Adoro livros sobre livros, normalmente apaixono-me por eles de imediato e quando vi este pela primeira vez achei que tinha de o ler, que seria um livro perfeito. Não gostei da forma como está escrito, poderá ser por o ter lido numa altura de cansaço, mas não consegui acompanhar a história, os personagens, os locais, tanto que pensei em abandonar a leitura muitas vezes, continuei a ler, mas nunca consegui entrar no livro e por isso não gostei nem um pouco dele. 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Fashion mais Fashion não há

Qual será a probabilidade de ir a um evento de BTT no cu de Judas, com 250 participantes, entre os quais 4 mulheres, e nos aparecer uma Polaca com um Jersey igual ao nosso? Sendo que é um daqueles Jerseys quase exclusivos, que toda a gente questiona onde caralho o fui arranjar e eu não digo nem que me torturem. Estou cada vez mais convencida que ser Fashion BTTista é a cena mais complicada do mundo. 

O dorsal mais especial do mundo


Há quem coleccione dorsais, há quem os guarde com toda a dedicação do mundo, há quem preencha com eles paredes vazias. Eu não lhes dou importância absolutamente nenhuma, uso-os enquanto faço a maratona ou o passeio e depois vão para o lixo, não me servem para nada a não ser para participar. Mas este, por todos os motivos e mais alguns, por razões muito íntimas, é para mim o dorsal mais especial do mundo, merece um destaque especial, é um dorsal do coração. E é a segunda vez que me é atribuído. 

sábado, 24 de outubro de 2015

Loira, a Fashion Bttista #1

Depois de horas e horas de reflexão, depois de analisar os prós e os contras, depois de abrir o roupeiro quinhentas e setenta e oito vezes, depois de tirar tudo cá para fora para voltar a colocar no sítio, depois de experimentar as peças mais prováveis, depois de pedir opinião a duas conselheiras, depois de fazer uma retrospectiva de todos os outfits usados nos eventos anteriores, depois de consultar trinta e seis vezes as previsões meteorológicas e depois de ponderar ainda mais um pouco já escolhi o outfit para usar na pedalada de amanhã (mostrar não posso porque toda a gente sabe que o efeito surpresa é tudo no mundo da montanha Fashion pedalada). Agora só me falta escolher o outfit para o almoço após pedalada, SOCORRO, Fashion BTTista que é Fashion Bttista nunca sabe o que caralho vestir. 


sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A partir de agora estou completamente protegida de pessoas iguais a mim

Sempre que vejo alguém a ler num local público não descanso enquanto não sei que livro é. Quero descobrir novos livros, quero apontar para pesquisar mais tarde, quero saber se já li aquilo, quero saber se conheço o autor, quero saber que livro é, não descanso enquanto não conseguir ver que livro é. Dobro-me um pouco, estico-me em bicos de pé, faço-me distraída e volto a tentar, dou saltinhos, estico o pescoço, puxo-me para trás na cadeira, deito a cabeça em cima da mesa, espreito uma e outra vez, faço autênticos números de contorcionismo. Mas agora... senhoras e senhores, meninos e meninas, vocês os três que ainda continuam a passar cá, estou completamente protegida de pessoas iguais a mim, tenho uma capa para os meus livros, feita por uma amiga que faz coisas maravilhosas à mão. Agora... senhoras e senhores, meninos e meninas, vocês os três que ainda continuam a passar cá, fiquem a saber que quem se cruzar comigo numa qualquer esplanada, num qualquer consultório médico, num qualquer jardim e quiser saber o que estou a ler tem de vir falar comigo e perguntar, porque agora... senhoras e senhores, meninos e meninas, vocês os três que ainda continuam a passar cá, a única coisa que as pessoas iguais a mim vão conseguir saber é que estou a ler e que I want to ride my bicicle.  



Isto é ou não é a coisa mais gira do mundo?

Deve ser muito complicado ser Fashion Blogger

Imaginem o que é ter de pensar em todos os pormenores da vossa roupa antes de saírem para a rua para serem fotografadas, imaginem o que é conjugar todos os tons, todos os padrões, todos os estilos sem desiludir os leitores (ou pelo menos tentar), imaginem o que é ter de andar sempre com as unhas impecavelmente arranjadas, os cabelos e a maquilhagem perfeitos, as sobrancelhas sem um pêlo a mais, imaginem o que é não poder repetir dez mil vezes aquelas calças que adoram, que vos assentam espectacularmente bem e que sabem que daqui a pouco já não poderão usar porque vai mudar a estação, imaginem o que é ter de pensar sempre em todos os acessórios e não poder usar um completamente fora do contexto, imaginem o que é não poder andar com a mesma mala um inverno inteiro, imaginem o que é fazer aquelas figuras ridículas na rua para arranjar a melhor pose, só para mostrar ao mundo o outfit do dia. Deve ser mesmo muito complicado.

Mas sabem o que é pior? É ser Fashion BTTista. Imaginem o que é ter de andar no meio do monte sempre linda, imaginem o que é conseguir encontrar locais onde vendam óculos, sapatos de encaixe e luvas com os tons da vossa bicicleta e do vosso capacete, imaginem o que é arranjar jerseys completamente diferentes de todos os que os outros têm, imaginem o que é tentar arranjar calções com uma grande almofada no cu e que ainda assim vos assentem mais ou menos bem, imaginem o que é arranjar meias até ao joelho que conjuguem com os equipamentos e capazes de surpreender toda a gente, imaginem o que é não querer repetir sempre os mesmo equipamentos em provas e passeios, imaginem o que é arranjar acessórios sobre pedalar para poder usar, imaginem o que é ter de estar sempre gira, fashion, ou no mínimo apresentável quando estou lá em cima, na montanha, toda suja. Muito complicado, acreditem, muito mais cansativo do que ter de pedalar a maratona é ter de escolher que outfit levar à maratona.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Começo a ficar preocupada

Uma pessoa que trabalha numa empresa e que não é capaz de fazer absolutamente nada sozinha, e quando digo absolutamente nada não estou a exagerar, até para enviar um simples e-mail é capaz de consultar a outra umas três vezes, a qualquer instante pode achar normal pedir para alguém lhe coçar os tomates, não?



Preparem-se porque em breve vai chegar à blogosfera a série: "As cenas do meu trabalho davam um livro de anedotas".

Há coisas que ficam para sempre

Em Março roubaram-nos o carro. Só temos um lugar de garagem e dois carros, por isso um deles tem sempre de ficar na rua. Em Março levaram-no. Apareceu dois dias depois, completamente destruído, incendiaram-no a quase 200 km de distância. Há coisas que ficam para sempre, não é o medo, não é a lembrança do momento em que percebes que o teu carro não está ali, não é a recordação das horas passadas na esquadra da polícia, não é o sentimento de perda, não é a angústia, não é a revolta, não é o facto de teres de comprar um carro novo, não é a preocupação de ser sempre o carro novo a ficar no lugar de garagem, não é a imagem do teu carro completamente queimado, nem sequer é o trauma. Há coisas que ficam para sempre, para mim é a felicidade de ver o meu chaço velho todos os dias de manhã, tão velhinho, mas ali à minha espera. Chega a ser comovente.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Tudo ou nada

É isto que me define. Ou é sim ou é não, não sei viver de não respostas. Ou é 100% certo ou não quero, não sei viver de probabilidades. Ou é para ir até ao fim ou mais vale nem começar, não sei viver de meios caminhos. Ou me atiro de cabeça ao abismo ou fico cá em cima a ver a paisagem, não sei viver de descidas controladas. Tudo ou nada, não sei viver de mais ou menos. Há coisas que é melhor nem começar, porque eu não saberia como parar. 

terça-feira, 20 de outubro de 2015

São meias, senhores, são meias...

Primeiro a Joaninha trouxe-me umas de Paris, dias depois a Su enviou umas super giras, a seguir começaram a chegar todas as que tinha encomendado num site manhoso, semana passada fui a uma maratona e ofereceram-me umas, na sexta-feira a Joaninha mandou outras e ontem recebi mais um par, iguais às que já tinha e que ficaram em muito mau estado na maratona da lama, a Su mandou uma meia para o meu local de trabalho e quando cheguei a casa tinha lá a outra, enviada pela Joaninha. Há quem diga que já tem mais um par para me oferecer.


Se isto não é o milagre das meias, então não sei o que será.

Às vezes a vida é uma merda

Andava demasiado cansada, física e psicologicamente. Não me apetecia fazer nada daquilo que gosto, não me apetecia fazer nada de nada (a não ser pedalar, pedalar apetece-me sempre, acho que quando não me apetecer pedalar atiro-me da janela aos gritos ou corto os pulsos), o ginásio estava uma seca do pior, não via sentido nenhum em escrever, não tinha inspiração, não me apetecia ler, adormecia ao fim de duas páginas ou, se conseguia ficar acordada, aborrecia-me de morte, já não pegava num livro para ler a sério há mais de duas semanas. Andava um pouco em modo zombie, sem a paixão no olhar e nas atitudes que me é tão característica.
Na sexta-feira passada tive reunião em Espanha e quando regressei tinha em cima da minha mesa, no escritório, uma encomenda de uma amiga especial, entre outras coisas estava lá dentro um livro, um livro que me fez ter vontade de sentar e ler, um livro que me fez inspirar, o livro que eu precisava. No sábado fui tratar das unhas e do cabelo, fui pedalar, fiz leite-creme, peguei por três vezes no meu bloco de notas para apontar três posts para escrever e li, peguei no livro que a Joaninha me tinha enviado e li sem parar. No domingo terminei o livro, talvez não fosse tão bom como aquilo que eu estava à espera, mas foi o livro que me fez ter vontade de começar de novo a ler, foi o livro que me inspirou.
Continuo cansada, mas com um novo fôlego e muito mais energia. Às vezes a vida é uma merda, mas quando isso acontece só temos de aproveitar as pequenas coisas para lhe dar outro rumo e para fazer com que nos volte a inspirar.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Foi assim que aconteceu

Ir ou não ir era a questão que se impunha cá em casa, com as ameaças do furação Joaquin e com a certeza de que não acabaríamos em bom estado. Decidimos ir e às 6:00 H da manhã já o despertador estava a tocar no Domingo. Depois de carregar as bicicletas, encontrar os amigos, fazer a viagem até à cidade que acolhia a maratona, descarregar as bicicletas, levantar os dorsais e discutir se deveríamos levar ou não os impermeáveis lá fomos para a linha de partida, os outros com impermeável e eu sem ele, faltavam 10 minutos para a hora marcada. Às 9:00 H começamos a rolar e assim que saímos do alcatrão para entrar na terra percebemos que não ia ser fácil, o terreno estava demasiado pesado e cada pedalada custava o dobro. Lá fomos avançando, sempre num bom ritmo até ao km 15, onde um single track muito técnico e enlameado fez um engarrafamento de alguns km e nos fez ficar parados pelo menos uma hora, juro que a dada altura pensei que aquela gente ia começar toda à pancada e que aquilo ia ser a manifestação do gangue da licra. Se isso acontecesse eu ia morrer porque o meu telemóvel não vale um caralho e com a chuva que a essa altura já caía eu não ia conseguir filmar nada. Quando conseguimos sair de lá estava morta de frio e tomamos a decisão de fazer 40 km em vez dos 70 km que tínhamos planeado, sendo assim pedalamos até ao abastecimento e depois de uma bola de berlim, um laranja, uma nata e dois copos de sumo começamos a pedalar forte e feio. Tão forte que conseguimos fazer os 20 km que ainda faltavam para a meta em apenas uma hora, tão feio que acabei completamente coberta de lama, dos pés à cabeça não havia um bocadinho que tivesse limpo e até dos olhos desconfiava que duas semanas depois ainda me ia sair areia. Depois do banho e de descobrir que me lembrei de meter no saco toda a puta merda, menos aquilo que verdadeiramente me fazia falta, tipo toda a roupa interior, um belo almoço com os meus amigos e as famílias deles e com a visita da minha Sol que me deixou muito feliz. Quando cheguei a casa tinha a maior maratona da minha vida à minha espera, conseguir lavar a roupa foi o grande feito desta história toda.

É possível viajar, mesmo dentro de uma cela.

A parede do lado direito tem duas janelas enormes, com vista para o mundo todo, é sempre desse lado que escolho ficar, é sempre perto das janelas que escolho a minha bicicleta. Enquanto faço cicling olho para o mundo cá fora, vejo as minhas montanhas, aquelas que percorro tantas e tantas vezes, tento identificar e imaginar os meus trilhos, as minhas subidas, as minhas descidas, despeço-me do sol e vejo a noite a cair, pedalo ao ritmo da música, sinto as batidas do coração e volto a olhar lá para fora, consigo ver a diferença de cor em cada minuto, consigo sentir na pele o vento que corre, vejo o meu verde, os meus cumes, a chuva a cair e a lua a chegar, já aconteceu até de ver o arco-íris. Estou cá dentro e estou lá fora. Esta semana um amigo que pedalava ao meu lado, também apaixonado por bicicletas e pelas montanhas, sorriu-me e disse que sabia o que eu estava a fazer, que fazia muitas vezes o mesmo. Eu sorri de volta com a certeza de que só estamos fechados, presos, acorrentados quando nos morre a imaginação.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

1º Post como fashion blogger da Loira (desculpem lá, mas algum dia tinha de ser)




Bicicleta: A mais gira do mundo. | Capacete/Óculos/Sapatos: Sou tão fashion não sou? | Calções: Meu Deus, acho que vou precisar de uns novos. | Jersey: Do Popeye, foi o Zé que me deu e juro que era mesmo gira. | Lacinho: Era uma vez um laço. | Meias: Socorro... o que é que eu lhes faço agora? 

Fotos: Do Moreno, com o meu telemóvel sem qualidade absolutamente nenhuma.

sábado, 10 de outubro de 2015

Diz-me como escreves, dir-te-ei quem és.

Quando aceitei o convite para escrever no Desblogue D'Elite instalou-se o pânico da página em branco, o que fazer quando não me apetecesse escrever sobre nada de especial? Como contornar a falta de inspiração? Depois pensei cá para os meus elos de corrente que não só nessas ocasiões mas sempre que achasse por bem, podia publicar um post escrito por mim há muito tempo. Sendo assim, aproveito que é sábado e que toda a gente que tem uma vida fora da internet está a fazer outra coisa qualquer que não a ler blogs e, como tal, pelo menos 2% das pessoas habituais não vão ler isto, para republicar um post.



Cenário: O dia nasce com um sol luminoso e quente depois de muitos dias de chuva. A blogosfera acorda para a vida.

- "Hoje está finalmente um dia lindo de sol, esperemos que tenha vindo para ficar" - Escrevem os que não têm nenhum post planeado e não fizeram nada de interessante desde o(s) dia(s) anterior(es).

- "Está um dia lindo de sol, aproveitem porque já fui confirmar e parece que é mesmo sol de pouca dura" - Escrevem os que gostam de dar as notícias em primeira mão.

- "O sol quando nasce é para todos." (Acompanhado de uma bela fotografia do sol) - Escrevem os fotógrafos.

- "Está muito calor para andar de gravata" - Escrevem os empresários.

- "Finalmente chegou o sol, posso ir treinar para a rua" - Escrevem os desportistas.

- "Queridos seguidores, finalmente chegou o sol, preparem-se para ver todas as peças que comprei nos últimos dias e ainda não tive oportunidade de vestir" (Acompanhado de uma fotografia com o look do dia, último grito na moda) - Escrevem as Fashion Bloggers.

- "O sol nasce brilhante / Veio só para te ver / Pelo mesmo motivo nasci eu / Só para te conhecer" - Escrevem os poetas.

- "Com este sol tão quente vou dar uma boa pinocada com a vizinha do 2.º Esquerdo" - Escrevem os Sexo Bloggers (não sei se é o termo certo).

- "Finalmente chegou o sol, posso ir passear com a minha princesa para o parque" - Escrevem as mamãs.

- "Com este calor fantástico vou publicar várias saladas e pratos leves para vos mostrar" - Escrevem as cozinheiras.

- "Ai... credo, com tanto calor ainda vou ter um colapso, não aguento mais, já me dói a cabeça, nem consigo trabalhar" - Escrevem as deprimidas.

- "Queridos seguidores, agora que finalmente o sol resolveu aparecer tenho montes de planos para o fim-de-semana, nem sei por onde começar, por favor, deixem-me sugestões" - Escrevem as indecisas.

- "Hello Sunshine!!!" (Acompanhado de uma bela fotografia de pés descalços na areia) - Escrevem as inspiradas.

- "Eu gosto é do verão, de passear de prancha na mão... (Acompanhado do video clip da respectiva música)" - Escrevem os musicais.

- "Finalmente chegou o calor, já posso ir para a praia passear com o D. e comer um gelado" - Escrevem as românticas.

- "A quinta-feira começou com sol, a norte ainda aparecem algumas nuvens pela manhã, mas ao longo do dia o sol vai brilhar por todo Portugal continental, as mínimas são de 17ºC e as máximas de 29ºC. Na madeira o sol também brilha, mas nos Açores continua a chover torrencialmente." - Escrevem os cientistas.

- "Só me faltam dois dias para acabar os exames e depois posso aproveitar este sol durante três longos meses" - Escrevem os estudantes.

- "Com um sol destes lá fora já não aguento estar aqui fechada dentro do escritório" - Escrevem as administrativas.

- "A minha pele arde quando me tocas, os meus olhos não param de brilhar quando te observo, quero sentir-te em cada poro do meu corpo. Sol..." - Escrevem as sonhadoras.

- "Protejam a natureza se querem que o sol volte a nascer. Perceberam?" - Escrevem os activistas.

- "Finalmente vou perder um pouco de apetite, com este calor" - Escrevem as que estão a fazer dieta.

- "Por favor, com este tempo fantástico se decidirem passar uns dias na praia não abandonem os vossos melhores amigos" - Escrevem os protectores dos animais.

- "O sol demorou a aparecer, acho que a culpa é do governo e do aumento nos impostos, acreditem que este facto se vai reflectir na economia" - Escrevem os preocupados com a nação.

- "Está um dia lindo por Lisboa, mas estou a entrar no avião para Londres, nem acredito que lá está um tempo horrível, ainda na semana passada quase morri de frio por lá, mas depois vou para Paris, espero que o tempo por lá esteja perfeito para pelo menos poder tirar umas fotos para vos mostrar" - Escrevem as viajadas.

- "Obrigado blogosfera, se não fossem vocês nem reparava que estava sol" - Escrevem os humoristas.

- "Foda-se para isto, já não posso ler post's sobre a merda do sol e da vidinha delas" - Escrevem os rabugentos.

- "Ai... Não querem ler sobre o sol não venham cá, o blog é meu e eu escrevo sobre o sol durante uma semana seguida se me apetecer, não gostam não venham cá, é melhor do que estar aí a criticar seus anónimos inúteis e imbecis" - Sem comentários.

- Nenhum post sobre o sol (Blogger com uma vida super interessante e ocupada que passou imenso tempo a fazer qualquer coisa de útil pelo país, tipo, pensar numa folga para aproveitar o sol)

- Post sobre as várias perspectivas de um simples dia de sol - Escreve A DESOCUPADA.


sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Joaquin, seu fofo

Engraçado que antes de ouvir falar de ti, esta semana, achava que os nomes de furações, tufões, ciclones, tempestades tropicais e essas coisas assim em grande, capazes de derrubar o mundo, tinham sempre nome de gaja, parece que me enganei.
Joaquin, meu querido, sei que chegas amanhã e que prometes um fim-de-semana de chuva, vento e trovoadas, tudo o que eu adoro, como tu bem deves saber. Acontece que no próximo domingo tenho uma maratona e não me apetecia nada que estivesses por lá, nem é por pedalar no meio da tempestade, que isso não é coisa para me meter medo, antes pelo contrário, gosto bastante, é que a maratona é à beira-mar e todas as vezes que vou pedalar para as zonas de areia com chuva a minha bicicleta vem de lá toda fodida e com um custo de manutenção de fazer tremer qualquer conta bancária. Ora, como não me apetece, só por ir fazer uma maratona gastar uns 200 ou 300 € na oficina, se andares por lá vou ter de desistir Joaquin, eu... desistir de ir a uma maratona, parece impossível Joaquin. Não me faças isso Joaquin, tu sabes que eu te adoro do fundo do coração. Pelamordasanta Joaquin.
Já percebeste não já? Não vais resistir ao meu olhar e às minha súplicas, pois não? Vais chegar amanhã, mandar cá para baixo meia dúzia de pingos de chuva, vais soprar duas ou três vezes e depois vais-te passar ao caralho com o rabinho entre as pernas como qualquer gajo que se preze, não vais Joaquin? Toda gente sabe Joaquin, toda a gente sabe que os homens só têm treta, que os homens não são capazes dessas coisas assim em grande, toda a gente sabe que as gajas sim, são capazes de fazer uma grande tempestade, nem que seja num copo de água.

Segurem-me que eu vou-me a eles

Toda a gente sabe (e não se atrevam a não saber disto) que a minha bicicleta é a mais gira de todo o sempre e a mais especial, única e exclusiva no mundo e arredores. Totalmente pensada por mim e feita de forma a realizar cada um dos meus desejos. A bicicleta só tem um pequeno problema que ainda não consegui resolver, não há punhos que aguentem tanta beleza, tantos detalhes e tanta perfeição. A bicicleta ainda não tem meia dúzia de meses e já teve uns punhos amarelos fluorescentes, que ficaram completamente pretos e sem qualquer hipótese de lhes retirar tanta sujidade e uns punhos rosa, laváveis mas que de tanto lavar para tirar a sujidade ficaram mais brancos que rosa e que fazem a bicicleta parecer dez anos mais velha. A bicicleta ainda não tem meia dúzia de meses e já precisa dos terceiros punhos, mas têm de ser uns punhos perfeitos, que façam jus à bicicleta mais gira e mais especial do mundo, uns punhos que durem um bocadinho mais que dois meses porque já estou farta de foder dinheiro com isto, têm de ser os punhos dos meus sonhos. Claro que há quem diga que não preciso de punhos nenhuns, que eu sou a Maria Vaidade e que o facto de a minha bicicleta ter uns punhos que metem nojo não faz mal nenhum, que se é para comprar mais vale comprar uns pretos que duram uma vida e três quartos (por estas e por outras é que um dia destes lhe ponho as malas à porta). Mas vamos ao que interessa, o que é que eu encontro, por puro acaso, no exacto momento em que preciso dos punhos ideais para a minha bicicleta? Uns punhos completamente inovadores feitos de anéis coloridos e que têm mil combinações possíveis, ou seja, que me permitem colocar nos punhos as duas cores da minha bicicleta. E porque é que estou a escrever este post? Para dizer que tenho mesmo de comprar estes punhos, para dizer que não consigo resistir, para pedir que me agarrem antes que eu me vá a eles. Mentira, não agarrem nada porque eu já os encomendei e ou o carteiro os traz hoje ou não sai daqui vivo. Agora rezem, por favor, rezem para serem laváveis e para que não percam a cor com as lavagens, porque se isto não resulta sou gaja para cortar os punhos, digo, os pulsos. 

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Procura-se amiga substituta

Ainda um dia destes escrevi sobre isto, quando tenho uma prenda para dar não aguento muito tempo sem a dar à pessoa ou sem falar dez mil vezes na puta da mesma merda, digo, na dita prenda. Se vos apetecer saber mais cliquem no link ali atrás, se não vos apetecer não faz mal, eu resumo isto, como encomendei várias coisas para oferecer às minhas amigas dos pedais e não aguentei até ao Natal para lhes oferecer uma caixa cheia de prendas fantásticas decidi enviar uma pista para cada prenda, se acertarem envio já a prenda, se não acertarem têm de esperar até ao Natal, foi assim que enviei a minha primeira prenda de Natal no dia 17 de Setembro. Acontece que tenho, desde o início desta semana, não uma, não duas, mas três pistas para dar, sim, três prendas extraordinárias para enviar e uma das minhas amigas, a Su, decidiu trair-me, não só a mim mas também à Joaninha, sim, traiu-nos às duas num momento essencial, em que precisávamos tanto dela. Imaginem vocês que foi viajar e ora está em Berlim, ora está na Polónia, ora vai visitar Auschwitz, ora está a passear com uma amiga de infância, ora anda a divertir-se com a filha e com a mãe, ora anda a pedalar por cidades fantásticas, ora anda a visitar livrarias espectaculares. Sim, a desgraçada escolhe uma semana tão importante como esta para estar indisponível para as minhas pistas e para as minhas prendas, a desgraçada deixa-me aqui em pulgas para entregar três fantásticas prendas que qualquer pessoa que se preze dava o cu e três tostões para receber, a desgraçada deixa a Joaninha sem pistas e sem prendas, porque isto tem de ser feito a três. Uma traidora, uma ingrata que não sabe escolher uma altura melhor para fazer coisas sem interesse absolutamente nenhum, que não tem qualquer noção das prioridades da vida. Procura-se amiga substituta, com disponibilidade total e imediata para receber prendas, já não aguento mais. 

Começo com a conclusão: Se vivesse do blog morria à fome

Tenho um bloco de notas (muito giro, por sinal) onde aponto todas as ideias que tenho sobre temas para escrever aqui no blog, são títulos, frases, rascunhos, gatafunhos, assuntos, posts completos, lembretes de fotografias, ideias que nunca mais acabam. Há dias em que não largo o meu bloquinho, tudo me inspira e tudo tem de ser escrito, por isso quando não escrevo por um dia, por uma semana ou por um mês nunca é falta de tema, é sempre falta de inspiração. O meu bloco de notas está cheio, um dia destes tenho de comprar um maior, certa vez contei os tópicos que lá tinha e já ultrapassavam os mil, mas mesmo quando há mil temas sobre o que escrever é preciso inspiração para lhes dar corpo, para lhes dar forma, para lhes dar alma. Só escrevo sob inspiração e acho que se assim não fosse nada fazia sentido.

Termino com o título: Se vivesse do blog morria à fome.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Curiosidades

A cor que Van Gogh mais gostava de usar nas suas pinturas era o amarelo. Também é com o amarelo que mais gosto de colorir os meus dias.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

domingo, 4 de outubro de 2015

Os meus livros #58 - O caderno da morte

Sinopse
Do autor de Anatomia do Medo, este é o segundo thriller protagonizado pelo detetive e retratista forense, Nate Rodriguez. Rodriguez encontra-se a trabalhar na reconstituição facial de uma caveira não identificada, quando é chamado a participar na equipa que está a investigar uma série de estranhos crimes e suicídios, aparentemente sem relação entre si. Espera-se que os seus extraordinários dotes de visualização intuitiva permitam levar à descoberta do autor do assassínio. Os esboços que Jonathan Santofler vai aperfeiçoando ao longo da narração contribuem para o adensar do suspense e o desenrolar da intriga, fazendo dele um caso único do thriller contemporâneo.


Adoro policiais e às vezes vivo tanto a história que consigo inventar incontáveis finais, todos completamente diferentes, para as personagens e para o livro. Com este foi um pouco diferente, nunca consegui entrar verdadeiramente na história, há pormenores que não estava a entender e até as personagens me pareciam sempre demasiado distantes. Possivelmente deveria ter lido primeiro o outro do livro do autor, Anatomia do medo, mas só percebi que poderia ser uma continuação dos personagens quando já estava a ler, felizmente não é uma continuação da história por isso ainda consegui terminar o livro e aprender muitas coisas com ele. 

sábado, 3 de outubro de 2015

Os meus livros #57 - O Deus das Pequenas Coisas

Sinopse
"O Deus das Pequenas Coisas" é a história de três gerações de uma família da região de Kerala, no sul da Índia, que se dispersa por todo o mundo e se reencontra na sua terra natal. Uma história feita de muitas histórias. A histórias dos gémeos Estha e Rahel, nascidos em 1962, por entre notícias de uma guerra perdida. A de sua mãe Ammu, que ama de noite o homem que os filhos amam de dia, e de Velutha, o intocável deus das pequenas coisas. A da avó Mammachi, a matriarca cujo corpo guarda cicatrizes da violência de Pappachi. A do tio Chacko, que anseia pela visita da ex-mulher inglesa, Margaret, e da filha de ambos, Sophie Mol. A da sua tia-avó mais nova, Baby Kochamma, resignada a adiar para a eternidade o seu amor terreno pelo Padre Mulligan. Estas são as pequenas histórias de uma família que vive numa época conturbada e de um país cuja essência parece eterna. Onde só as pequenas coisas são ditas e as grandes coisas permanecem por dizer. "O Deus das Pequenos Coisas" é uma apaixonante saga familiar que, pelos seus rasgos de realismo mágico, levou a crítica a comparar Arundhati Roy com Salmon Rushdie e García Márquez.


Apesar de não ser uma história de leitura fácil adorei este livro, depois de conseguir entrar na narrativa e de conseguir viajar do passado para o presente das personagens à velocidade da autora fiquei apaixonada pelos locais, pelas personagens, pela história e por este livro, todo ele sobre sentimentos e emoções, todo ele cheio de mensagens nas entrelinhas.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Blog meu... blog meu...


Há em toda a blogosfera Loira mais colorida do que eu?

"A" história do Caminho

No último albergue em que fiquei, no meu Caminho solitário, estava uma senhora com o marido e um casal de amigos, à noite estavam a jantar dentro do albergue enquanto eu e os outros estávamos no jardim, só se juntaram a nós para beber la queimada antes de irmos dormir, mas de manhã, antes de partirmos, tomamos juntas o pequeno-almoço. Ela fazia-me imensas perguntas e queria saber tudo sobre mim, sobre a minha bicicleta e as minhas aventuras, rimos bastante e contamos histórias, era o meu sétimo Caminho e ela percebeu que eu tinha imenso para contar, falei-lhe do Caminho Francês, de como todos os Caminhos são diferentes, falei-lhe dos rapazes, falei-lhe de pessoas que conheci e de histórias que ouvi e vivi, falei de tanta coisa, apesar de termos pouquíssimo tempo. Quando chegou a hora de dizermos adeus ela abraçou-me a chorar, disse-me que o que mais precisava era fazer aquilo sozinha e que depois daquele bocadinho comigo tinha a certeza absoluta de que o iria fazer. Depois fez-me uma meiguice no rosto e agradeceu-me, não sei porquê. Como não sei porque é que a imagem dela não me sai da cabeça e é sempre a primeira pessoa que penso quando me lembro do meu Caminho. Não lhe perguntei o nome, nem de que zona de Espanha é, assim como ela não me perguntou o meu nome, a minha profissão, o local onde vivo, tínhamos muito mais a transmitir uma à outra. Por isso penso no rosto dela, nos olhos, no sorriso, nas lágrimas, nas mãos e na meiguice delas no meu rosto como "A" história do Caminho, o momento que me fez chegar a Santiago, nesse mesmo dia, com um sorriso ainda maior no rosto e com o coração ainda mais cheio. 

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Os ladrões de palavras

Deparei-me, no meu Facebook pessoal, com uma publicação de uma pessoa que, não sendo meu amigo próximo, ocasionalmente vou mantendo contacto, uma pessoa que vive perto de mim, que eu vejo muitas vezes e que me liga, pelo menos uma vez por ano, para me convidar para um determinado evento. Uma pessoa da qual eu gostava e admirava. O texto é longo, muito bem escrito, quando o comecei a ler fiquei boquiaberta por ele escrever assim, até que reconheci o texto e não queria acreditar no que estava a ler, pela segunda vez, porque já o tinha lido num blog, há poucos dias atrás. Não era um texto parecido, não era uma expressão das que pegamos de tanto ouvir ou de tanto ler, não era um assunto banal sobre o qual todos escrevemos e que sai sempre parecido, não era uma forma de inspiração no outro, eram exactamente as mesmas palavras, adaptadas às pessoas em questão, muito pouco adaptadas porque parece que há muitos casais iguais por aí, que usam as mesmas frases todos os dias, que fazem as mesmas brincadeiras entre eles e com os filhos, que começam e terminam o dia da mesma forma. Ou parece que há pessoas que nem um texto sabem adaptar em condições. O texto faz-se acompanhar de uma foto, a foto da esposa e da filha e foi a expressão inocente da miúda que me fez perder a coragem de comentar ali mesmo, de dizer ao pai que é muito feio roubar as palavras dos outros. Resolvi deixar o assunto nas mãos da blogger em questão, era o que gostava que fizessem comigo, foi o que fizeram comigo e que muito agradeci, quando me aconteceu o mesmo, recebi uma mensagem, abri uma página e li as minhas palavras como se fossem escritas por outra pessoa, senti-me assaltada, um roubo de essência.
Como é que se explica a alguém que não escreve e não sabe o sentimento de escrever, principalmente as emoções, que isso é um roubo? Como é que se explica a alguém que um blog tem um fácil e rápido acesso mas que os textos publicados não estão ali para pegar e andar? Como é que se explica que quem escreve e publica numa página onde milhares têm acesso também tem direitos de autor? Como é que se explica que um blog não é só um blog e que nas entrelinhas de um texto, atrás de um ecrã, está a alma de quem conjuga sentimentos? Como é que se explica que se partilhasse a fonte a esposa compreenderia de igual modo o que ele quis dizer? Porque há realmente pessoas que escrevem aquilo que pensamos e sentimos, quantos de nós não sentem demasiadas vezes que algo foi escrito a pensar exactamente nos nossos sentimentos e nos nossos momentos? Quantos de nós não partilham as palavras dos outros com que se identificam? Como é que se recebe centenas de gostos e dezenas de comentários a elogiar tão bela relação e tão belas palavras, sabendo que não são nossas? Como é que alguém é capaz de utilizar as palavras de outra pessoa, como se fossem dele, para fazer uma declaração de amor ao amor da sua vida, descrevendo a filha que partilham? Que relação é esta, feita de palavras roubadas? Como é que se explica aos ladrões de palavras que quando nos roubam os textos nos estão também a roubar sentimentos únicos, emoções, pedaços de vida, momentos só nossos e inspiração?