Ler um livro num dia, ler dois livros por semana, ler de oito a dez livros por mês, ler sem parar, ler por paixão. Há muito tempo que não o consigo fazer, tanto que corresponde a uma eternidade no meu mundo de capas, contracapas, páginas, personagens, histórias, imaginação e sonhos. Não conseguir ler é como se uma parte de mim se tivesse perdido, uma parte muito importante. Ontem, depois de muitas tentativas com outros livros separei A contadora de filmes de Hernán Rivera Letelier e A metamorfose de Frank Kafka, no meio do desespero de não me conseguir concentrar e de não conseguir viver as páginas de liberdade de que tanto gosto pareceram-me os livros ideais para reaprender a ler. Abri A contadora de filmes e só o fechei na última palavra, do último parágrafo, da última página, depois de um suspiro e de um enorme sorriso de felicidade. Hoje vou ler A metamorfose. Talvez reaprender a ler não seja assim tão difícil, só tenho de encontrar a parte de mim que andava perdida e agora tenho a certeza que é nas páginas dos livros que me reencontro.
(Aos que perguntam pelas publicações dos livros que leio, estão muito atrasadas, mas em breve trato do assunto)