segunda-feira, 31 de julho de 2017

Se uma Loira...

Na estrada da vida não és sempre a mesma pessoa, vais mudando, vais-te adaptando, vais aprendendo, vais-te moldando ao que a vida te obriga, vais-te tornando cada vez mais tu, porque tu és hoje exactamente aquilo que as curvas e contracurvas fizeram de ti. Na estrada da vida vai em frente, volta para trás, vira à esquerda ou à direita, segue a direcção que te parece bem na altura, larga os travões nos dias em que a velocidade for mais importante para ti ou trava a fundo se te parecer que é essa a opção que mais te convém, sobe com toda a garra do mundo se é de energia que vives naquele momento ou vai a passear se o que queres é aproveitar a paisagem.
Na estrada da vida segue o rumo e as opções que achas que tens de seguir, adapta-te, transforma-te. Na estrada da vida só nunca te esqueças da tua essência, porque é ela que te torna um ser único e especial.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Os meus livros #24 - A Purga (Sofi Oksanen)

SINOPSE

Em 1992 a União Soviética desmorona-se, e na Estónia é possível por fim saborear a liberdade e projectar o futuro. Todos migram para a capital e ninguém quer viver no campo. Ficam apenas os velhos, alguns bêbados e bandos de rapazes desordeiros. Aliide Truu, senhora idosa, vive alheada do mundo na sua casa numa aldeia despovoada, e passa os dias a ouvir rádio e fazer conservas de fruta. A aparente normalidade da sua existência é despedaçada numa noite de fim de Verão, quando a sua vida se cruza com a de uma jovem mulher que precisa desesperadamente da sua ajuda. Zara conta que trabalhava como empregada de mesa, e que anda fugida do marido violento. Nada disto é verdade. Ao inventar uma história para si, Zara espera conseguir esquecer o passado. Ao oferecer abrigo a Zara, também Aliide terá de confrontar o passado nebuloso, carregado de paixões, traições e vinganças. Para poderem sobreviver, ambas as mulheres terão de enfrentar e aceitar a verdade da sua história. E só então poderão também descobrir os inesperados laços que as unem. As vidas de Zara e Aliide, e das gerações de mulheres que representam, desdobram-se sobre o pano de fundo da ocupação soviética da Estónia e compõem um mosaico da sociedade europeia dos últimos cinquenta anos: a repressão política, o tráfico humano, a violência sobre as mulheres. É diante deste inquietante cenário que a vida fervilha e se desenrola um incrível drama familiar, pleno de rivalidade, culpa, desejo e amor.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Reler-me #36

Coisa triste de se dizer/escrever: Não sou a super Mulher.

Tenho esta mania de fazer discursos encorajantes, tenho esta mania de que posso tudo o que quero e consigo tudo aquilo a que me proponho, tenho esta mania de achar que se os outros conseguem eu também consigo e que se eu consegui estão toda a gente consegue, tenho esta mania de que o verbo desistir é inconjugável para mim. As coisas não são assim tão lineares, eu sei, mas verbalizar um "não consegui" é para mim impensável. Ou melhor, era, uma vez que estou prestes a fazê-lo. Em toda a minha vida ao pedal nunca desisti ou deixei os desafios a que me propus pela metade, podia estar muito mal, podia estar sem forças, podia até pensar não ser capaz de terminar mas sempre segui em frente e com isso sempre cheguei ao final. Todas as regras trazem excepção e a primeira surgiu com um problema mecânico que me fez abandonar uma maratona a meio, ainda assim, convencida de que sou sempre capaz de tudo não admiti que me levassem de carro, a mim e à bicicleta, perguntei onde era a estrada mais perto e segui por lá, convicta que nunca chegaria a uma meta ou a casa sem ser montada em cima da bicicleta. Mas às vezes o nosso corpo é bem capaz de trair a nossa mente e no ano passado tive de parar a meio de uma maratona e vir de carrinha embora, estava com falta de açúcar no sangue e simplesmente não consegui continuar, parei no ponto em que não consegui dar nem mais uma pedalada, até lá, juro que tentei, tal como tentei no passado sábado. Partimos de manhã bem cedo para uma longa viagem até à zona do Gerês, ir e voltar são mais de 100 km, mas nada de especial para nós, o dia não começou bem, furamos 3 vezes e isso atrasou muito a nossa viagem, estava demasiado calor e já durante a manhã estava a sentir-me sem forças, continuei sempre, chegamos ao nosso destino, cansados mas felizes, depois almoçamos e era só regressar, senti-me cada vez mais cansada, cada vez com menos forças mas continuei, os meus companheiros perguntavam se eu estava bem, eu dizia que sim mas não estava, ainda assim continuei e continuei sempre, fiz mais de 50 km até que tive de parar, estava tonta, a tremer e sem forças, com a tensão baixa de mais, parei com a ideia de descansar e continuar mas não consegui, não consegui recuperar e tive que chamar uma amiga para me levar a casa de carro, estava a uns 5 km de casa, sem subidas praticamente nenhumas e não consegui recuperar para pedalar até lá. Às vezes o nosso corpo é capaz de trair a nossa mente, por isso verbalizar este "não consegui" será importante, tenho que me convencer de que não sou a super Mulher.

Julho de 2014

terça-feira, 25 de julho de 2017

Quando nos morre um leitor

Não se deixem enganar, parece muito fácil manter o anonimato inicialmente, mas não é, há sempre os leitores especiais. Há os leitores que fazem perguntas, que pedem ajuda, que pedem informação, que querem saber mais, que querem fazer, que contam histórias, que contam a sua história, há os leitores que se identificam com algo, com um local, com uma frase, com um livro, com aquilo que escrevemos, com aquilo que somos. Há os leitores que lêem e que só por isso já sabem conhecer, já sabem interpretar, já sabem identificar aquilo que escondemos nas mais profundas entrelinhas. Há os leitores que conseguem entender uma fase boa ou uma fase má só de ler, ainda que aparentemente pareça fácil esconder, há os leitores que conseguem ver a tristeza disfarçada numa piada ou num post que parece banal, que conseguem perceber a ironia onde os outros vêem outra coisa qualquer. Há leitores que conhecem, que se importam, que o dizem, que fazem valer a pena.
Quando nos morre um leitor, desses especiais, o blog fica mais pobre, a escrita fica mais pobre, o(a) autor(a) fica mais pobre. Eu fiquei mais pobre. Até sempre Vítor.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Reler-me #35

Pedras no caminho?

Não as guardo todas. Um dia não vou construir um castelo. Pedras no caminho? É BTT puro e duro. Divirto-me com elas.

Julho de 2014

Os meus livros #23 - A herança de Eszter (Sándor Márai)



Sinopse


Durante vinte anos Eszter viveu uma existência cinzenta e monótona, fechada sobre si própria, esperando a morte e sonhando com o retorno de um amor impossível. Até ao dia em que, inesperadamente, recebe um telegrama de Lajos, o único homem que amou e graças ao qual encontrou, por um breve período, sentido para a sua vida. Grande sedutor e canalha sem escrúpulos, Lajos não só traiu Eszter como destruiu a sua família, tirando-lhe tudo o que possuía. Agora, depois de uma ausência prolongada regressa, e Eszter prepara-se para o receber comovida e perturbada por sentimentos contraditórios.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Querido diário,

Não tentes caminhar lado a lado com quem quer chegar ao mesmo destino que tu. Caminha lado a lado com quem quer viver o caminho como tu.

A loucura é o meu estado natural

Grandes posts dariam as minhas loucuras, as minhas aventuras. Este Blog já viveu disso, dos meus momentos de insanidade ao pedal e na vida, agora anda um pouco perdido, adormecido, esquecido. No meio desta minha falta de inspiração e de organização de tempo ainda comecei a escrever num outro Blog. Tenho agora de alimentar dois espaços com pedaços de vida, de loucuras e de aventuras, que grandes posts dariam se eu ainda olhasse para os meus momentos de insanidade como situações únicas, espectaculares, raras e extravagantes, acontece que para mim esses momentos agora são normais, banais, usuais e por vezes até diários. Não sei o que me aconteceu entretanto, mas a loucura é o meu estado natural.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Reler-me #34

Estes dias tenho-me lembrado muito desse dia

Enquanto estava a fazer O Caminho Francês de Santiago, quase há um ano atrás, houve um dia em que fiquei doente. Durante a noite tive uma paragem digestiva e quando acordei em Mansilla de Las Mulas sentia-me muito mal, tinha dores de estômago, dores de cabeça, estava enjoada e tinha uma sede indescritível. Preparamos tudo para partir e eu sempre doente, os meus companheiros de viagem tomaram o pequeno-almoço e partimos. Pouco tempo depois de ter começado a pedalar vomitei e fiquei a sentir-me ainda mais doente. Continuamos a pedalar, paramos algumas vezes durante o dia para os meus colegas comerem, eu não conseguia. Pedalei todo o dia sem comer, sentia-me fraca mas continuei a pedalar, por vezes ficava sem forças, recuperava e continuava. O destino pensado para esse dia era Astorga e chegamos lá a meio da tarde. Não consegui lanchar. Fomos visitar o palácio de Gaudi, estivemos numa festa popular que havia no centro da cidade e fomos ainda a uma bênção de peregrinos para a qual nos haviam convidado. Já depois, enquanto os meus colegas jantavam e eu olhava para eles a minha amiga disse-me com o ar mais natural do mundo que estava muito orgulhosa de mim por eu estar doente e ainda assim pedalar todo o dia, disse-me ela que eu podia muito bem ter parado a meio do percurso ou simplesmente nem ter saído de Mansilla de las Mulas. Só nesse exacto momento é que pensei nisso, durante todo o dia nunca pensei sequer em parar, nunca foi uma opção. Estes dias tenho-me lembrado muito desse dia, quando na nossa cabeça não há outra opção, continuar em frente é a única solução. Ainda bem que nesse dia nunca houve outra opção para mim a não ser o destino planeado e ainda bem que estes dia me tenho lembrado muito desse dia, sempre como um exemplo a seguir. 

Julho de 2014

domingo, 16 de julho de 2017

Reler-me #33

As pessoas, sempre as pessoas.

Quando comecei a praticar BTT na cidade onde vivo seriam uns 30 que faziam o mesmo. Todos sabiam que se pedalava às terças e quintas às 20:00 H, aos sábados às 14:00 H e aos domingos às 08:30 H, partíamos sempre do mesmo local, todos sabiam disso, todos se juntavam para ir para o monte andar de bicicleta, para se divertir e para comer e beber com os amigos, eram todos amigos. Depois, andar de bicicleta virou uma moda e começaram a chegar os outros. Chegaram os que começaram a combinar partir exactamente à hora de sempre, mas num local diferente. Chegaram os que quiseram dividir as pessoas por grupos. Chegaram os que queriam competir. Chegaram os que queriam competir com os amigos. Chegaram os que só queriam elogios porque andavam muito. Chegaram os que quiseram criar o seu próprio grupo. Chegaram os que fizeram da bicicleta a sua vida. Chegaram os que se diziam amigos mas só ligavam quando precisavam de boleia. Chegaram os que se chatearam com os outros. Chegaram os que só olham para a bicicleta deles, que é como quem diz, para o umbigo deles. Chegaram os que fazem dos passeios uma corrida. Chegaram os que criticam tudo e todos. Chegaram os que "com aquele é que eu não ando". Chegaram os que são capazes de deixar um amigo para trás. Chegaram os que acham que os passeios deles são melhores do que os dos outros. Chegaram os que acham que são melhores que os outros. Chegaram muitos e o espírito inicial perdeu-se. Perdeu-se a cumplicidade que se tinha às terças e quintas à noite, aos sábados à tarde e aos domingos de manhã, sempre em frente da loja do Pedro, sempre para todos. Perdeu-se, mas não irremediavelmente, as coisas podem nunca mais ser como eram no início mas como em tudo na vida é fácil manter o espírito, o nosso espírito, basta pedalar com as pessoas que valem realmente a pena, porque as pessoas continuam a ser o mais importante, é só aprender a distinguir as pessoas, as nossas pessoas, e não se importar com as outras, como em tudo na vida.

Julho de 2014

Os meus livros #22 - Crónica de uma Morte Anunciada (Gabriel García Márquez)


Sinopse

Vítima da denúncia falaciosa de uma mulher repudiada na noite de núpcias, o jovem Santiago Nasar foi condenado à morte pelos irmãos da sua hipotética amante, como forma de vingar publicamente a sua honra ultrajada e sob o olhar cúmplice ou impotente da população expectante de uma aldeia colombiana: é esta a história verídica que serve de base a este romance, e que, logo nas suas primeiras linhas, é enunciada.

A capacidade de Gabriel García Márquez em reconstruir um universo possuído pela nostalgia, mágica e encantatória da infância e a sua genial mestria em contar histórias fazem deste romance mais uma das obras-primas que consagraram definitivamente este autor.

sábado, 15 de julho de 2017

Reler-me #32

Ravishankar Ragavan

Li por estes dias o livro Quem quer ser bilionário, quando a adaptação ao cinema saiu, há anos atrás, o Ravi disse-me para o ir ver, teria ido de qualquer forma mas o Ravi explicou-me que o filme retratava a Índia dele, falou-me dos pormenores, disse-me para estar atenta a algumas coisas e falou-me de locais e de formas de vida que eu desconhecia por completo. O Ravi trabalhou comigo durante alguns meses, tinha data marcada para regressar à Índia, estava de casamento marcado e tinha que ser naquela data exacta, nem mais um dia, nem menos um dia, os astros diziam que eles tinham que casar naquele dia, senão nunca mais casariam. O Ravi aproveitou a oportunidade única na vida de trabalho fora da Índia e veio, ainda que com a ressalva de voltar para aquele dia, o dia exacto que tinha de casar, senão nunca mais. E o Ravi regressou à sua Índia, com a notícia de que não poderia mais voltar e com a esperança que as coisas ainda pudessem mudar. O SEF não deu a autorização ao Ravi de voltar, apesar de ele ter residência em Portugal e de ter um contrato de trabalho assinado. A firma onde eu trabalhava na altura teve ainda de assinar um documento em que se responsabilizava por qualquer acto que o Ravi pudesse cometer enquanto esperava por outro avião na Alemanha, qualquer acto que ele pudesse cometer dentro do aeroporto durante um par de horas, uma vez que não tinha sequer autorização para sair do aeroporto, assim mesmo, como se fosse um foragido. O Ravi que só queria casar e voltar para cá já com a mulher para trabalhar, o Ravi que ficava com os olhos a brilhar só de falar na forma como conseguimos por cá organizar o trânsito e da limpeza nas ruas. O Ravi partiu triste, com a esperança de voltar um dia, esperança essa que nunca mais se concretizou, mas voltou feliz, com um sorriso fantástico através das fotos do casamento. A vida é feita de opções e de oportunidades, mas há pessoas que nascem já com as oportunidades muito limitadas. Enfim, o livro não tem nada a ver com o filme, o livro não me mostrou os pormenores da Índia do Ravi e não me emocionou como o filme, talvez a culpa tenha sido do Ravi mas eu passei o filme a chorar e a rir e a chorar novamente. Um destes dias tenho que rever o filme e mandar um email ao Ravi, há muito tempo que não tenho notícias dele.

Julho de 2014

Os meus livros #21 - O meu nome era Eileen (Otessa Moshfegf)

SINOPSE
O Natal é uma época que tem muito pouco para oferecer a Eileen Dunlop, uma rapariga modesta e perturbada, presa a um emprego enfadonho como secretária num instituto de correção de menores e forçada a cuidar de um pai alcoólico. Eileen tempera os seus dias vazios com fantasias perversas e sonhos de fuga para uma cidade grande. Enquanto não o consegue, entretém-se a fazer pequenos furtos na loja de conveniência e a fantasiar com Randy, um guarda do reformatório com corpo de homem e cabeça de rapaz. Quando Rebecca Saint John, uma ruiva vistosa, alegre e inteligente, é contratada como a nova psicóloga do reformatório, Eileen é incapaz de resistir à sedução de uma amizade que promete transformar a sua vida. Mas, numa reviravolta digna de Hitchcock, o poder de Rebecca sobre Eileen converte a rapariga em cúmplice de um crime a que pode ser impossível escapar. Com a paisagem nevada da Nova Inglaterra como pano de fundo, a história de Eileen é arrepiante, hipnótica e divertida. Com um primeiro romance cheio de força, que agarra e perturba o leitor até à última página, Ottessa Moshfegh faz uma entrada retumbante nas letras norte-americanas

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Reler-me é inspirador

No início de 2017 propus-me o exercício de reler o meu blog, de em cada mês voltar ao mesmo mês dos anos anteriores e de assim lembrar tudo o que escrevi para não esquecer e tudo o que escondi nas entrelinhas ao longo dos anos que o blog passou comigo, tenho conseguido até lembrar-me dos porquês das pausas e dos abandonos ao meu diário. Cumprir este desafio tem-me feito recordar e viver novamente, talvez seja essa a verdadeira utilidade de escrever pedaços nossos para um mundo desconhecido, inspirar-nos a escrever ainda mais, a transformar dias em histórias e momentos em parágrafos, a conjugar sentimentos e a arranjar palavras que descrevam o mais profundo recanto da nossa alma. Reler-me é inspirador, manter o blog vivo também.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Querido diário

Escrever nunca poderá ser obrigação. Escrever só por inspiração, só por paixão.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

O registo fotográfico que faltava











De Fátima a Santiago pelo Caminho de Santiago, Junho de 2017

Um Caminho grande, um grande Caminho.