Maria Julieta decidiu que esta noite fixe mesmo era dormir em cima de mim e como tal passou a noite a ronronar-me. Ou estava em cima dos meus braços, ou estava à volta do meu pescoço, ou estava a prender-me os cabelos, ou estava a esmagar-me as mamas ou estava alapada em cima da minha cara, como se ali fosse o lugar mais confortável do mundo, ou como se eu não precisasse respirar. Eu ia tentando arranjar uma posição nova a cada invenção dela, sem nunca a conseguir expulsar, porque eu gosto tanto disto como ela. De manhã acordamos abraçadas e ela lá me deu mais uns mimos, o que é cada vez mais raro, uma vez que está a crescer e a tornar-se cada vez mais independente. Eu? Tenho sono, dormi mal. Dói-me o pescoço, afinal a gata chegou com 600 gramas mas já pesa 2 quilos e digamos que já não é assim tão fácil suportar o peso de todo este amor. Mas acordei feliz, muito feliz, porque é um privilégio estar assim apaixonada. Bom dia alegria. Bom dia mundo. Bom dia Julieta. Bom dia máquina de fazer ronrom.
terça-feira, 28 de novembro de 2017
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
domingo, 26 de novembro de 2017
Reler-me #53
"Domingo sabe de cor o que vai dizer segunda-feira"
Não há nada de interessante, de mágico ou de desejoso em seguir pela estrada da vida em linha recta, sempre dentro dos limites de velocidade que nos são impostos e com um destino certo e esperado pelos outros a alcançar. Eu sou de instabilidade, sou de desejos, sou de instintos, sou de sonhos, sou de excessos, sou de aventura, sou faminta de inesperado e de vida, sou de viagens sem destino, mas sempre a alcançar novas metas e objectivos. Eu sou de curva e contracurva.
Novembro de 2016
sábado, 25 de novembro de 2017
Reler-me #52
Pela vossa saúde, não corram
Ainda não sou capaz de explicar como isto aconteceu, mas há uns tempos atrás umas pessoas que se dizem minhas amigas convenceram-me a correr um trail. Eu não corro, eu não sei correr, as pessoas que se dizem minhas amigas sabem que eu não corro, toda a gente no mundo e arredores sabe que eu não corro. Isto tinha tudo para correr mal a não ser o facto de eu, depois de entrar num desafio, não ter capacidade psicológica para desistir dele. Depois de alinhar nesta loucura a ideia passou a ser morrer, mas só depois de passar a meta e de ter conseguido cumprir o objectivo. Tentei treinar algumas vezes, mas confesso que eram só tentativas de corrida, porque aquele tempo era geralmente passado a caminhar e a ter uma boa conversa. Domingo passado lá fui eu, de trombas e em completa negação correr os 17 km que prometia o cartaz, mas que afinal eram 18,8 Km. Sim, correr 17 km era pouco, então a organização achou que quase mais 2 km era uma alegria para todos os participantes. Corri, caminhei, subi e desci encostas, passei rios, saltei, molhei-me, caí, levantei-me, voltei a correr, subi pedregulhos, quase voltei a cair, sonhei com a minha bicicleta e cheguei à meta, contrariada mas feliz, por ter conseguido atingir o objectivo e por ter superado o desafio. Ah... que coisa espectacular, dizem vocês. Não vão nessa. A pior parte é depois de passar a meta, são dores insuportáveis no corpo todo, são músculos que eu desconhecia existirem e que agora decidiram manifestar-se, são pernas que mal se conseguem mexer, são sensações que não consigo explicar. Pela vossa saúde, não corram, mas se correrem saibam desde já, vão ficar todos fodidos.
Novembro de 2016
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
Os meus livros #37 - O vendedor de Saris (Rupa Bajwa)
Sinopse
Galardoado com o Commonwealth Writer’s Prize para o melhor primeiro romance de 2005.
Começa mais um dia de trabalho em Amritsar. Ramchand está mais uma vez atrasado e corre pelas vielas em direcção a uma loja de saris situada no coração de um dos mais antigos bazares da cidade. É aí que passa os dias, entre o algodão do Bangladesh e as sedas de Benares, enrolando e desenrolando metros e metros de tecidos coloridos para as mulheres e as filhas das famílias endinheiradas. Órfão desde os seis anos, Ramchand tem agora vinte e muitos e é um solitário cuja vida gira à volta do trabalho. Mas a sua rotina sofre uma reviravolta inesperada quando é enviado a casa da família do empresário Kapoor para ajudar a sua filha Rina a escolher saris. Ramchand lida todos os dias com clientes ricos mas nunca tinha estado em casa de um deles, e, ao vislumbrar um mundo tão diferente do seu, descobre todo um novo horizonte de possibilidades. E assim, armado com um dicionário inglês, duas velhas gramáticas, um par de meias novas e uma barra de sabão, tenta recapturar a esperança que a sua infância tinha prometido. Mas o que o move não é a ascensão social ou a ambição; pela primeira vez na sua vida, Ramchand começa a olhar o mundo à sua volta com um olhar crítico em vez de aceitar tudo sem questionar. Mas está longe de imaginar que esse universo cintilante do qual quer fazer parte é um território cheio de luzes e sombras que testará a sua capacidade de sobrevivência.
quarta-feira, 22 de novembro de 2017
Loira das meias giras
Tenho há alguns anos uma grande paixão por meias e é por isso que tenho cá em casa centenas de meias para todas as ocasiões, de todos os tamanhos, cores e feitios. São meias com brilhantes, com lacinhos, com corações, com bolinhas, com flores, são meias coloridas, são meias que nunca mais acabam. E se nas pedaladas foi pelas meias que fiquei conhecida, no dia a dia a extravagância das meias também não fica atrás. Tive, há alguns anos atrás uns collants pretos com umas grandes bolas brancas e nunca mais os esqueci, tanto que de tempos a tempos voltava à loja onde os comprei para perguntar se por acaso não tinham uns iguais, não tinham, da última vez o senhor lá me disse para passar por lá na altura do Carnaval, que talvez arranjasse qualquer coisa. Comprei entretanto uns collants pretos com bolinhas brancas, mas muito pequeninas, o que não era exactamente a mesma coisa. No Carnaval esqueci-me, mas um destes dias lembrei-me que talvez tivesse sobrado algumas coisas do dia das bruxas e passei na loja das meias. À minha espera estavam os collants pretos com as grandes bolas brancas, além de outras coisas giras a que não consegui resistir. E é por isso que hoje posso muito bem ser confundida com um mimo, com um palhaço rico ou até mesmo com a Cruella, mas isso não tem importância nenhuma, os outros disfarçam-se de vez em quando, já eu ando sempre disfarçada, de Loira das meias giras.
terça-feira, 21 de novembro de 2017
Os meus livros #36 - Morder-te o Coração (Patrícia Reis)
Sinopse
"Este romance é uma viagem alucinante pelos labirintos do desejo e da solidão, que nos arrasta para lá das convenções dos géneros e do sexo, conduzindo-nos ao conhecimento da vertigem. A escrita transparente e comunicante de Patrícia Reis ganha corpo e espessura nesta narrativa polifónica orquestrada pela obsessão do Grande Amor - aquela luz infinita que simultaneamente cega e acende a verdade íntima de cada um de nós. Este livro morde-nos, de facto, o coração - e é para isso que servem os bons livros."
segunda-feira, 20 de novembro de 2017
domingo, 19 de novembro de 2017
Reler-me #51
Vivo no mundo das montanhas #5387 (ou mais)
Às vezes só percebemos onde somos capazes de chegar quando alguém nos aponta o topo de uma montanha e nos diz que foi ali que estivemos ainda há poucas horas atrás. Enquanto percorremos a montanha, enquanto subimos, subimos e subimos, quando chegamos ao topo e temos o privilégio de olhar para o mundo dali, enquanto descemos a montanha com um sorriso no rosto e a alma lavada não temos a capacidade de avaliar a grandeza daquilo, estamos lá. Às vezes vamos embora, felizes por tudo o que fizemos naquele dia, pelos locais, pelas paisagens, pela superação, mas é só. Às vezes alguém nos aponta o cimo de uma montanha cá de baixo, de uma enorme montanha, e nos diz que foi ali que estivemos, foi aquele topo que atingimos hoje, e nesse instante não estamos só felizes, somos pequenos, muito pequeninos perante a grande montanha que conquistamos e somos grandes, enormes, porque estivemos lá em cima, porque conseguimos, porque somos capazes. Às vezes só percebemos onde somos capazes de chegar quando alguém nos aponta o topo de uma montanha e nos diz que foi ali que estivemos ainda há poucas horas atrás. Às vezes somos imparáveis, capazes de tudo, até de conquistar o mundo, uma montanha de cada vez e o mundo é nosso.
Novembro de 2015
sábado, 18 de novembro de 2017
Reler-me #50
Para que serve o meu Blog (uma quase resposta ao Tio Pipoco)
Não posso falar da questão temporal, o antes e o agora aqui não existem, o meu Blog sempre me serviu para o mesmo, até quando eu ainda não sabia disso e me arriscava a dizer que não servia para absolutamente nada.
Podia falar das pessoas que vieram parar à minha vida por culpa do Blog, podia contar todas as histórias dos dias em que fui reconhecida, podia falar das outras pessoas que escrevem num Blog e que me dizem tanto, me ensinam tanto, podia falar das pessoas que compram um livro porque escrevi sobre ele, das pessoas que querem comprar uma bicicleta e me mandam mail, das pessoas que estão a planear O Caminho delas a Santiago e me escrevem, com a alma desnuda e o coração na ponta dos dedos, podia contar sobre a minha primeira viagem e a responsabilidade de chegar ao destino para não desiludir as pessoas que estavam aqui à minha espera, podia contar em como também pensei nisso quando fiz O Caminho Francês, em como achei sempre que quando estivesse muito mal tinha de continuar, não podia desiludir as pessoas que me estavam a acompanhar, não precisei, durante aqueles 1000 km nunca estive mal, mas as pessoas, todos os dias me emocionava com as pessoas que estavam ali comigo, que me acompanhavam, todos os dias valia a pena tirar uns minutos para dizer onde estava, todos os dias as pessoas me surpreendiam, me faziam ainda mais feliz. Podia contar mil histórias, todas com o mesmo fim, mas decidi-me por uma, a maratona do Gerês, que foi há muito tempo atrás, quando eu ainda não tinha preparação física para lá estar e não podia imaginar o que seriam aqueles 40 km com 1900 metros de acumulado de subida. Todos os finisher teriam um prémio e eu atrevi-me a perguntar aqui no Blog, antes de ir para a maratona, se seria eu uma finisher, se seria eu capaz. O nível de dificuldade não era para mim, naquela altura estava mal, tão mal que fiz praticamente todas as subidas com a bicicleta à mão, não tinha forças e o mais lógico seria ter desistido, houve ali um momento em o podia ter feito, houve ali um momento em que se seguisse pela estrada só tinha de pedalar 3 ou 4 km até à meta, se continuasse tinha mais uma montanha pela frente, mas eu tinha-me atrevido a perguntar aqui no Blog se seria eu uma finisher, se seria eu capaz e naqueles poucos segundos que tive de decidir se continuava ou se desistia foi no Blog que pensei, foi em todas as pessoas que acham que sou capaz de tudo, que acreditam, foi nas palavras que teria de escrever para explicar uma desistência, e continuei, fiz-me à montanha e naquele dia, com muita dificuldade fui uma finisher. O prémio por ter terminado foi uma ridícula cabra de madeira com uns 5 cm que, ironia do destino, perdi quando fiz a mudança de casa, ainda um destes dias falava da cabra e daquilo que ela me custou e ao pensar que a perdi pensei também que não tem importância nenhuma, tenho uma foto dela no Blog, isso é suficiente para mim.
O Blog serve-me para muitas coisas, seria um post interminável se falasse de todas elas, mas a principal é que com ele preciso ter muita mais coragem para desistir do que para continuar, com ele sou uma finisher.
Novembro de 2015
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
Os meus livros #35 - Nada (Janne Teller)
SINOPSE
Fortemente comparado a O Deus das Moscas, Nada é um livro bastante polémico, chocante e que convida à reflexão.
Pierre Anton acha que nada vale a pena, a vida não tem sentido. Desde o momento em que nascemos, começamos a morrer. A vida não vale a pena! O rapaz deixa a sala de aula, sobe a uma ameixieira e lá fica. Os amigos tentam fazer de tudo para o tirar de lá, mas nada resulta. Decidem então pôr em prática um plano: fazer uma «pilha de significado».
Mas cada um começa a desafiar os outros para que faça sacrifícios cada vez mais sérios e à medida que as exigências se tornam mais radicais, tudo aquilo toma uma dimensão mórbida e os acontecimentos precipitam-se para um final arrasador. E se, depois de todos aqueles sacrifícios, a pilha continuar a não ser capaz de fazer descer Pierre Anton?
quinta-feira, 16 de novembro de 2017
Psicologia felina, as grandes questões da humanidade #2
Julieta fica louca algumas vezes, será uma lista quase interminável que talvez me apeteça fazer um dia destes das situações que a deixam assim. A mais preocupante para mim é na mudança da areia, primeiro tenho de fechar a porta para conseguir levar a cabo a tarefa, caso contrário seria completamente impossível para mim, depois Julieta percebe que lhe mudei a areia e entra e sai da caixa, volta a entrar e a sair, chora, grita, reclama, deita parte da areia para fora, volta a entrar e a sair, abre buracos na areia como se procurasse uma pedra preciosa, Julieta volta a chorar, a gritar e a reclamar. Julieta fica esgrouviada, como carinhosamente gosto de lhe chamar. A grande questão da humanidade que se impõe é: porque é que Julieta fica louca por ter areia nova e limpinha e o que caralho Julieta procura na areia da mudança? Por acaso aquilo que ela lá tinha era merda de estimação?
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
Nada
São indescritíveis as saudades que eu tinha de agarrar num livro e não o largar antes da última página, do último parágrafo, da última frase, da última palavra, da última letra, do último sinal de pontuação. Nada fez-me ficar completamente agarrada e menos de 24 horas depois de lhe o abrir pela primeira já o estava a fechar, chocada, incrédula, com aquela sensação única que só um bom livro nos consegue deixar. Nada faz-nos pensar, faz-nos sentir, faz-nos reflectir. Nada deixa-nos tristes porque acabou. Nada deixa-nos felizes porque o lemos. Nada deixa-nos à toa. Nada é tudo.
terça-feira, 14 de novembro de 2017
Os meus livros #34 - Lennox (Craig Russell)
Sinopse
Glasgow, 1953. Numa Cidade a Ferro e fogo, quando a guerra acabou mas a luta nas ruas está apenas a começar, há um homem que está no centro da acção: odetective privado Lennox. Entre o crime e a legalidade, entre a honra e a ganância, Lennox tem apenas uma certeza: este é um sítio onde só os mais duros e implacáveis sobrevivem. E, sem esperar, os papéis invertemse: o detective dá por si no local do crime e tudo aponta para que ele próprio seja o criminoso. Será Lennox capaz de quebrar as regras e utilizar as melhores armas para provar que está inocente?
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
domingo, 12 de novembro de 2017
Reler-me #49
Já arranjei muito bem / Tudo quanto convém / Para a chuva levar / O casaco, as botas, o chapéu / E a camisola com o decote / Que deixa as mamas ao léu / Ter estacionamento privado / Em todo o lado / Também está no meu rol / E como é bom de ver / Não podia esquecer / Os meus óculos de sol
Eu sou a pessoa que nunca, em circunstância alguma, tem um guarda-chuva. Podem estar a cair uns chuviscos ou a chover torrencialmente, o que eu preciso mesmo é dos meus óculos de sol. A água pode chegar-me aos joelhos, posso ficar molhada até às cuecas, o que eu preciso mesmo é dos meus óculos de sol. Sem eles não consigo sair de casa. Claro que um chapéu impermeável, umas corridinhas entre o carro e o local para onde me dirijo e o facto de ser uma pessoa com uma sorte do caralho no que aos estacionamentos diz respeito também ajudam. Eu sou a pessoa que se veste sempre com roupa de verão, pode estar um frio de rachar, temperaturas negativas, pode até estar a nevar, se me tirarem o casaco eu vou estar com uma camisola de manga curta ou um vestido sem costas por baixo. Que venha a chuva, o frio, o granizo, a neve, o vento, as tempestades, os furações e os tufões, eu estou sempre preparada para eles, tenho comigo um top transparente e uns óculos de sol, são tudo o que me faz falta para enfrentar um inverno rigoroso.
Novembro de 2015
sábado, 11 de novembro de 2017
Reler-me #48
Toda a gente sabe que eu faço o melhor bolo de chocolate do mundo
O que as pessoas não sabiam é que o meu cheesecake também é bem bom. Nem as pessoas, nem eu. Acontece que semana passada tive visitas cá em casa e como só o bolo de chocolate seria pouco e não tinha tempo para preparar o meu semifrio de bolacha resolvi fazer pela primeira vez um cheesecake, que acabou por ser um verdadeiro sucesso de tão bom que estava.
O grande problema de fazer sobremesas boas é que no final as pessoas pedem sempre a receita e a do cheesecake não me apetecia muito dar, talvez por ser uma receita com um ingrediente secreto que está há várias gerações na minha família, talvez por não querer quebrar o encanto de tão divinal sabor.
Bem, mas toda a gente também sabe que eu gosto de partilhar e depois de dormir algumas noites sobre o assunto, depois de consultar todos os elementos da minha família e pedir a devida autorização, depois de imaginar a felicidade da minha bisavó ao saber que a receita se tinha tornado famosa, resolvi dividir com vocês não só a receita como também o ingrediente secreto.
Para começar precisam de uma batedeira, de um copo medidor e de uma taça, os ingredientes principais são a manteiga, o leite e um pouco de água, dirigem-se cuidadosamente ao supermercado e compram o ingrediente secreto, estará na secção dos bolos, procurem-no atentamente, é uma caixa vermelha que diz Royal no canto superior esquerdo, e mais abaixo diz Cheesecake, acompanhado de uma bela foto. Já em casa abram a caixa atentamente e sigam as instruções que são basicamente juntar a manteiga derretida ao primeiro preparado, o leite ao segundo e a água ao terceiro, se quiserem surpreender um pouco mais em vez da forma que vem dentro da caixa utilizem uma em forma de coração, que foi exactamente aquilo que fiz.
E agora ide, ide e lambuzai-vos.
Novembro de 2015
sexta-feira, 10 de novembro de 2017
"Quando fiz onze anos parti o meu mealheiro e fui às putas"
Assim começou o livro que me lembrou a paixão.
quinta-feira, 9 de novembro de 2017
A máquina de fazer Ronrom
Não há nada como acordar com um quilo e quinhentas gramas enroscado no pescoço, a ronronar, a dar miminhos e a fazer massagens. Não há nada como chegar a casa e ter esse quilo e quinhentas gramas à porta, à espera, a ronronar de felicidade porque chegamos. Vale a pena ficar mais um bocadinho na cama, só para aproveitar o ronronar da manhã. Chegar a casa é ainda melhor agora, mesmo depois de um dia difícil. Vale a pena experimentar este tipo de amor, Julieta chegou não sei bem como nem porquê, para me fazer acreditar nisso. Julieta chegou para me fazer ainda mais feliz.
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
Os meus livros #33 - O Senhor Ibrahim e as flores do Alcorão (Eric-Emmanuel Schmitt)
Sinopse
"Aquilo que dás é teu para sempre"
Duas gerações diferentes, duas religiões distintas, uma amizade única...
Momo é um rapazinho que se aborrece na escola e em casa, junto do seu pai, um advogado infeliz. Porém, na Rue Bleue, onde mora, há mulheres pouco recomendáveis que o tratam muito bem e, acima de tudo, há o senhor Ibrahim, o merceeiro árabe do bairro, que parece conhecer os segredos da felicidade, dos quais Momo depressa aprende a tirar partido.
Depois do seu pai se atirar para debaixo de um comboio, Momo é acolhido pelo senhor Ibrahim.
Juntos, vão encerrar a loja, comprar um automóvel e partir para o país natal do velho homem, a terra dos sábios da contemplação, do Alcorão, das suas flores e da poesia do mundo.
terça-feira, 7 de novembro de 2017
segunda-feira, 6 de novembro de 2017
A menina dos livros
Às vezes só precisamos do livro certo na hora certa. Foi isso que a Su me trouxe. Assim que ela foi embora fiquei com o livro, ainda ela não tinha chegado a casa já eu estava quase a terminar. Acabei-o pouco tempo depois. Li a última frase da última página e fechei-o com um sorriso e um suspiro. Que saudades desta sensação, percebi. Às vezes só precisamos do livro certo na hora certa. Foi isso que a Su me trouxe. Era só o que eu precisava para me voltar a sentir a menina dos livros.
domingo, 5 de novembro de 2017
Reler-me #47
Em minha casa ando quase sempre nua
Primeiro é só um sítio, secreto, único, vazio, cheio de espaços em branco para preencher com pedaços nossos, tal e qual como uma casa quando a vamos ver pela primeira vez, pronta para ser transformada até ser a nossa casa, o nosso sítio. Depois começam a chegar as pessoas, as visitas, inicialmente são poucas e não percebemos bem como chegaram até nós, depois chegam mais e mais. Também nós nos aventuramos a conhecer outras casas, outros mundos, pontos de vista opostos ao nosso. Não resistimos e contamos sobre este sítio a algumas das nossas pessoas, outras acabam por o descobrir sem a nossa ajuda. Não resistimos e trazemos pessoas deste nosso sítio, desta nossa casa para a outra, o nosso sítio e a nossa casa na vida. Continuamos a preencher os espaços em branco, continuam a chegar mais pessoas e a instalar-se confortavelmente enquanto nos conhecem melhor. Passamos por muitas fases, preenchemos os espaços com gargalhadas, com sorrisos, com aventuras, com opiniões, com pequenas coisas que não interessam a mais ninguém, com muitas coisas que podem interessar a muitos, com tristeza, com sentimentos escondidos nas entrelinhas, com lágrimas ou com sabedoria. Uns gostam de nós, voltam sempre, outros nem por isso e nunca mais cá põem as teclas, uns querem entrar para sujar, não devem estar habituados a limpar os pés à porta da casa deles. Às vezes passamos o dia inteiro a ter ideias para preencher este nosso espaço, outras vezes a inspiração desaparece por tempo indeterminado. Depois chega o dia em que queremos muito escrever um post e por qualquer motivo não podemos, o espaço que queremos muito preencher não pode ser lido, é nesse dia que isto deixa de ter piada. O meu sítio, a minha casa, continua a ter piada para mim, em minha casa ando quase sempre nua e não há nada nem ninguém que me obrigue a vestir.
Novembro de 2014
sábado, 4 de novembro de 2017
Reler-me #46
É a emancipação masculina, é a invasão dos rosinha, é a tragédia, o horror. Socorro!!!
Antes de começar a pedalar não gostava de cor-de-rosa, nunca gostei, até quando era miúda, não descansei enquanto não convenci a minha mãe a tirar tudo o que era cor-de-rosa do meu quarto e colocar tudo verde, antes de 2010 não havia uma única peça de roupa ou acessório cor-de-rosa no meio das minhas coisas. Depois de começar a pedalar no meio do monte e no meio dos homens quis marcar a diferença, se agora não há muitas mulheres a fazer BTT, quando eu comecei eram ainda mais raras, talvez por isso o meu lado feminino falou mais alto e comecei a achar graça aos equipamentos cor-de-rosa, apaixonei-me por uma bicicleta preta e cor-de-rosa, comprei um capacete com cor-de-rosa, acessórios cor-de-rosa, mais peças para a bicicleta em cor-de-rosa e meias, no meio das meias coloridas a maioria são cor-de-rosa. Além de fazer um enorme sucesso, de toda a gente comentar a loira de cor-de-rosa e de toda a gente me ficar a conhecer, o cor-de-rosa era óptimo quando ia a uma maratona para encontrar as minhas fotos, era só abrir os álbuns das fotos na versão mais minúscula e facilmente detectava uma pinta cor de rosa no meio do verde e do castanho das montanhas, era eu a tal pinta cor-de-rosa, nunca havia dúvidas. Depois começaram a chegar mais mulheres ao BTT e de tempos a tempos as pintas cor-de-rosa começaram a ser mais e eu comecei a abrir fotos de outras miúdas, lindas de morrer, situação que me deixava muito feliz, era só procurar mais um bocadinho por outra pinta, a minha. Mas agora??? Agora é impossível. Agora são homens e mais homens vestidos de cor-de-rosa no meio do monte. Agora são equipas inteiras vestidas de cor-de-rosa. Agora são pintas e mais pintas e mais pintas cor-de-rosa. A sério, façam-nos parar, eu não aguento isto, um dia destes abri uma foto a pensar que era eu e saiu-me um homem, gordo, com uma barriga enorme, o capacete de lado e ainda por cima com bigode, vestido de cor-de-rosa. O cor-de-rosa é meu. Socorro, querem tirar-me o protagonismo.
Novembro de 2014
sexta-feira, 3 de novembro de 2017
Psicologia felina, as grandes questões da humanidade #1
Julieta chegou cá a casa para me surpreender, já que quando eu esperava que começasse a estragar tudo e mais alguma coisa não o fez. Inicialmente, enquanto eu não estava em casa não mexia em absolutamente nada e quando eu chegava ameaçava fazer pequenas asneiras que eu consegui sempre evitar, até porque ela não sai na minha área de visão, está onde eu estou, o que quer dizer que nunca mais tive privacidade desde que a gata chegou, mas isso será uma grande questão da humanidade para abordar num outro dia. Actualmente já brinca com as coisas dela, os brinquedos que lhe comprei já mudam de lugar na minha ausência, mas sofás intactos, cortinas intactas, móveis intactos, tapetes intactos. As ameaças de asneira são todas feitas na minha presença. As asneiras também foram consumadas debaixo do meu nariz. A grande questão da humanidade que se impunha era: porque é que a minha gata não estraga nada? Até sábado passado, dia em que me comeu a internet. Até ontem, dia em que me voltou a comer a internet. A grande questão da humanidade que se impõe actualmente é: porque caralho no meio de tantos cabos Maria Julieta só se lembra de roer o da fibra óptica? E pior... muito pior... porque caralho é tão difícil arranjar cabos de fibra óptica? Se alguém souber onde se vendem eu compro à dúzia, parece-me um óptimo investimento para o futuro.
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
Chá
Sou de chá, sou de inverno, sofá, manta e chá quente, sou de chávenas giras, sou de chá com todos os sabores possíveis e imaginários, sou de chá para aquecer, sou de chá gelado num dia de verão, sou de chá para refrescar, sou de chá para comemorar, sou de chá para esquecer, sou de chá com tudo, sou de chá para descansar, sou de chá para trabalhar. Encho todos os dias a garrafa térmica e levo-a cuidadosamente para o escritório, ali fica o chá, pronto para me acompanhar durante o dia. Levo-a cuidadosamente é o verdadeiro termo para aquilo que faço nos últimos tempos, a garrafa térmica estragou-se na tampa e comecei a perder chá pelo caminho, o chá começou a ficar no chão ou nos bancos do carro, na minha mala e até na minha roupa, ficar molhada de chá quente nem é o problema, o problema é o desperdício de chá que me faz falta depois. E enquanto passam os dias e eu no meio de todas as outras coisas acabo por esquecer a compra da nova garrafa térmica tento chegar ao escritório num equilíbrio perfeito entre a condução e a segurança da garrafa térmica, tento não perder nem uma gota ao subir a inclinação maluca da minha garagem, tento não perder nem uma gota ao parar nos sinais de stop ou nos semáforos, tento não perder nem uma gota ao estacionar, tento conduzir e conservar todo o meu chá quentinho para o resto do dia. Alguém sabe se dá direito a multa conduzir com uma garrafa térmica cheia de chá quente e pronta a verter tudo a qualquer momento na vertical? É que começo a pensar em manter a velhinha e defeituosa garrafa térmica, chegar ao escritório nunca foi tão radical.
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
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