terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Quero sempre mais

Eu sou os filmes que vejo, a música que oiço, as conversas que tenho, os livros que leio, os textos que escrevo, as gargalhadas que dou, as montanhas que conquisto, os trilhos onde me aventuro, as fotos que guardo, os passos que caminho, as confidências que oiço e faço, os sonhos que imagino, os planos que nascem, as histórias que penso, o trabalho que produzo, as estradas que percorro, a casa que me acolhe, os amigos e as pessoas que amo, os caminhos que desbravo, os rascunhos que penso, as viagens que idealizo. Quero sempre mais. Invento-me todos os dias, porque só assim é que os dias e a vida me fazem sentido. 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Os meus livros #6 - Saber Perder (David Trueba)


SINOPSE

Sylvia cumpre dezasseis anos no dia em que começa este romance. Para celebrar o aniversário, organiza uma falsa festa que tem só um convidado. Horas depois, sofre um acidente que a levará a descobrir a complexa intensidade da vida adulta. Lorenzo, pai de Sylvia, é um homem divorciado que tenta esconder o vazio que o abandono da mulher e o fracasso no trabalho deixaram na sua vida. O desencanto e a frustração levam-no a ultrapassar fronteiras que nunca julgara possíveis. Ariel é um jovem jogador de futebol que deixa Buenos Aires para jogar numa equipa espanhola. Esmagado a princípio pelo frio anonimato da grande cidade, não tardará a ouvir o estádio entoar o seu nome em êxtase. Leandro, velho reformado, está numa fase da vida em que assiste a mais enterros do que nascimentos. Mas descobre para sua surpresa que ainda está em idade de ser tocado por uma fascinante obsessão.



Depois de Aberto toda a noite, do mesmo autor, esperava que Saber Perder causasse um pouco mais de impacto em mim. Todo o livro é uma constante e a história das personagens é completamente previsível. A grande lição do livro: "Para ser feliz é imprescindível saber perder". 

Os meus livros #5 - O Vinho da Solidão (Irène Némirovski)




SINOPSE

O Vinho da Solidão é um romance marcado pelos conflitos. Helène sente desde a infância a indiferença familiar, e o ódio que nutre pela mãe culmina com a sedução de Max, seu amante.




Viver triste desde sempre. Felizmente o final dá-nos uma esperança de mudança e de renovação. 

domingo, 29 de janeiro de 2017

Reler-me #4

Sinto-me um bocadinho escritora...

Não por ter demasiado orgulho naquilo que escrevo, muito menos por achar que escrevo bem. Esse orgulho existe momentaneamente quando faço a revisão do texto antes da publicação mas passa demasiado rápido, tão rápido que certas (muitas) coisas escritas no passado me parecem uma valente porcaria. Sinto-me um bocadinho escritora quando interrompo o trabalho ou abro o portátil à noite com a urgência que me surge no sentido da conjugação das palavras e dos pensamentos. Sinto-me um bocadinho escritora quando paro para apontar uma ideia, uma frase, um sentimento na agenda antes que me passe despercebido pela vida. Sinto-me um bocadinho escritora porque penso que é necessário ter uma visão e uma forma de vida diferentes, é necessário sentir o mundo numa outra perspectiva para conseguir transformar emoções, pensamentos e sentimentos em frases, que se formam não com as teclas, mas com o coração. Sinto-me um bocadinho escritora quando sonho através das palavras.

Janeiro de 2013

Reler-me #3

Coisas minhas... 

É engraçado como só sonho acordada. Muito raramente sonho enquanto durmo e quando acontece nem sequer me lembro do que sonhei, fico só com uma vaga ideia, uma lembrança não nítida, uma imagem e pouco mais. Acordada tenho tendência a viajar no tempo e no espaço. Sou criança, sou rainha, sou gigante, posso voar, posso correr, posso sobreviver, estou sozinha, estou no meio da multidão, estou tão perto, estou tão longe, longe demais para que me seja possível voltar, sou eu... Sonho sempre acordada, a cada dia, a cada momento, não paro de sonhar, sempre acordada...

Janeiro de 2012

sábado, 28 de janeiro de 2017

Reler-me #2

Deixem-se de tretas... 

A teoria é muito bonita, dá lindos textos, faz frases poéticas. Gosto realmente de uma boa conversa, do som e da entoação das vozes que fluem, da troca de ideias, gosto de promessas e de confissões. Gosto de ler com a alma, coisas que me tocam e que mexem no meu mundo, gosto de falar e de escrever sentimentos, puros e verdadeiros. Apesar de ser uma mulher das letras e palavras, não tenho boa memória para conversas e aquilo que vou lendo posso reler talvez uns anos mais tarde, mas já não me vai dizer o mesmo, já passou vida por mim, o sentido que lhe dou já é outro, a essência da conjugação já mudou em mim. As atitudes gerem a minha vida, uma prova, um acto, um gesto, um comportamento, arrebatam-me o coração, mudam-me o mundo, comovem-me o espírito, irremediavelmente, fazem com que queira sempre retribuir mais tarde, de forma ainda mais intensa. Uma atitude fica gravada para sempre nalgum recanto de mim...

Janeiro de 2012

Reler-me #1

A primeira coisa que faço é cheirá-lo...

Deixo-me envolver, fico curiosa, imagino histórias, invento o que virá a seguir, vejo os lugares e as pessoas, uma imagem nítida, vejo cada pormenor, como se estivesse ali, a observá-los de longe. Reparo no tom de pele, nos olhos, nos cabelos, na silhueta, no sorriso, nas marcas deixadas pelas histórias de vida. Vivo com eles os momentos e os sentimentos, quero sempre saber mais, descobrir mais, a página que se se segue na vida deles, naquela história que compartilham comigo. Levo-o comigo para todo o lado, acompanha-me, acompanho-o, nos sorrisos e nas gargalhadas, nas dúvidas e nas tristezas, nas paixões, nas viagens, nas aventuras, nas lágrimas. Choro tantas e tantas vezes com ele como se fosse meu amigo, na realidade é mesmo, torna-se um amigo, porque no final deixa sempre saudades pelo que me fez sentir e continuo a pensar nele durante dias e dias. Fica lá, na estante dos bons momentos e se foi importante para mim volta a acompanhar-me mais tarde, para recordar cada sentimento lido, vivido. Mas o melhor mesmo é cheirá-lo, cheiro-o vezes sem conta, não há cheiro melhor que o de um livro.

Janeiro de 2012

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Reler-me

Este blog tem mais de 7 anos. Como consegui alimentar e cuidar dele tanto tempo é uma incógnita para mim, que até os cactos deixo morrer à sede lá em casa. Abandonei-o de tempos a tempos, sempre por períodos indefinidos, por falta de tempo, de inspiração, de paciência, mas voltei sempre, volto sempre. Já pensei em desistir dele várias vezes, mas nunca consegui, gosto dele e de tudo aquilo que ele já me ofereceu, e foi tanto. Gosto de escrever e de ter pedaços em branco para preencher com bocados meus e do mundo aos meus olhos.
Ou porque alguém me fala num post que escrevi e do qual já não me lembro, ou porque preciso situar-me num tempo e sei ter escrito algo sobre isso, ou porque preciso rever um período da minha vida, dou por mim a voltar atrás muitas vezes, ao meu diário virtual, procurar o que escrevi e o que escondi nas entrelinhas. Procurar a diferença entre aquilo que fui e aquilo que sou. 
No início do ano decidi reler o meu blog, lentamente, saboreando aquilo que passou e aquilo vivi. Decidi em cada mês voltar aos mesmos meses de todos os anos que o blog passou comigo e estou neste momento a ler os meus Janeiros e a lembrar tudo o que escrevi para não esquecer.
Com isto dei por mim a seleccionar alguns textos para voltar a publicar, ou porque me continuam a fazer todo o sentido, ou porque são a lembrança de uma marca na minha vida. Reler-me é um exercício a que me propus. 

Obrigada querido vizinho

Em casa estou protegida da intempérie, são vários os dias que não percebo sequer se faz muito frio na rua e para saber se chove preciso levantar os estores e dar luz à casa, porque durante a noite não consigo ouvir a chuva a cair lá fora. Ou não conseguiria, se o meu vizinho não tivesse colocado uma pequena chapa de zinco por cima da janela dele. Por causa do meu vizinho agora posso estar no quentinho da cama e ouvir os pingos de chuva que caem lá fora, por causa do meu vizinho posso curtir o aconchego e aproveitar um dos sons que mais gosto no mundo. Ontem à noite e hoje pela manhã ouvi a chuva a bater na pequena chapa de zinco do meu vizinho como há muito não ouvia. Se um dia mudar de casa levo o meu vizinho comigo, ou arranjo outro que tenha uma pequena chapa de zinco para me fazer ouvir a intempérie. Que chova lá fora e que eu oiça a chuva a cair, porque quando oiço a chuva a cair sou muito mais feliz. 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Chegou finalmente o dia em que não estou à espera de nada

As compras online são a minha perdição, pronto, está dito. Talvez este seja o primeiro passo da cura, admitir que isto ultrapassa o razoável. O segundo passo é confessar que este título está pensado há já algum tempo, mas que uma encomenda de meias que estava presa na alfândega vai para mais de 65 anos (sim, um dos pares é para o Tio Pipoco) me obrigou a adiar a publicação do mesmo. O terceiro passo será contar ao mundo que vivo sempre à espera de qualquer coisa. São livros, são meias, são equipamentos de BTT, são jerseys pirosos, são luvas fluorescentes, são óculos para pedalar, são prendas para os outros, são calções com almofadas no cu, são calças e casacos para o frio, são coletes para o vento e a chuva, é tudo o que tem a ver com as minhas grandes paixões.
Há um tempo atrás decidi deixar-me disso, acabar com as compras em excesso e depois de receber tudo aquilo que estava à espera poder finalmente dizer isto, que chegou o dia em que não espero mais nada. Acontece que a encomenda das meias demorou muito, imenso, e eu tive de comprar um pulsómetro, a prenda de aniversário da minha melhor amiga e até uma ou duas encomendas de livros, que já se sabe, com descontos são irresistíveis. Sem problema, chegou tudo entretanto e eu juro que chegaria o dia em que eu não estava à espera de nada, só faltavam as meias. Chegaram hoje e com elas o título, finalmente o dia em que não estou à espera de nada, título esse que faria todo o sentido se eu tivesse resistido a comprar aquele jersey piroso igual ao colete, aquelas luvas para oferecer ao Sousa, aqueles dois pares de óculos pindéricos e se hoje pela manhã eu não tivesse clicado naquele botãozinho que diz "confirmar encomenda" no site da wook. Foda-se, afinal ainda não chegou o dia em que eu não estou à espera de nada. Mas chegará, eu juro que chegará, deixem-me só receber tudo o que vem a caminho e... 

Home sweet home

Passei algum tempo sem tecto, sem lar. Tinha uma casa para onde voltar ao fim do dia, mas não me sentia em casa. Sentir-se em casa é uma das melhores sensações que conheço, o nosso espaço, as nossas coisas, o nosso aconchego, o nosso mundo. Sentir-me em casa arranca-me sorrisos todos os dias, agora. Sentir-me em casa faz-me muito feliz, ainda que dizê-lo possa parecer estranho a quem sempre teve esse privilégio. Sentir-me em casa é como receber um abraço de cada vez que meto a chave na fechadura e a rodo para entrar.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Tempo de escrever

Ando, nos últimos tempos, mais inspirada do que nunca, ou para ser mais verdadeira, tão inspirada como há muito não me via. As ideias, as frases e os temas sobre os quais quero escrever surgem-me à velocidade da luz, aponto tudo no meu caderno da inspiração que está sempre por perto, para que não me falhe nada, para que não se perca nenhum pensamento, nenhuma ideia nova, luminosa, peregrina. O caderno tem infinitas reflexões, talvez nunca venha a escrever sobre grande parte delas, mas apontar cada uma delas é um exercício de paixão para mim. O caderno está cada vez mais rico, repleto, abundante, gordo, redondo, grávido, prenhe, farto, saturado de rascunhos que nunca vêem a luz do ecrã, que nunca sentem o som das teclas. Preciso de tempo. Tempo só nosso, meu e das letras. Tempo para riscar, escrever novamente, ler os pensamentos mais antigos, passar ideias para textos, tempo para escrever. Não chega a inspiração, não chegam os mil pensamentos e as ideias que nunca mais acabam, não chega olhar para o mundo com olhos de passar aquilo que vemos para palavras, frases, parágrafos, textos, escrever exige momentos só nossos, eu e as palavras. Exige uma concentração diferente, como se o mundo deixasse de existir por uns minutos e tudo fosse  descritível, conjugável, é desses minutos que preciso todos os dias, do meu tempo de escrever. 

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Os meus livros #4 - A invenção do amor (José Ovejero)

SINOPSE
Uma história de amor inventado, absolutamente real. Do seu terraço, Samuel observa a agitação quotidiana de Madrid, repetindo para si próprio que tudo está bem. Sobreviveu aos quarenta, a "idade maldita", não tem filhos, e as mulheres entram e saem da sua vida sem nunca pronunciarem as palavras "para sempre". Uma madrugada, alguém lhe comunica por telefone que Clara, sua ex-namorada, morreu num acidente. De ressaca, Samuel é incapaz de explicar que não conhece nenhuma Clara. Impelido por um misto de curiosidade e enfado, decide ir ao velório. É então que, fascinado pela possibilidade de usurpar a identidade da pessoa com quem o confundem, Samuel ficciona uma história de amor com Clara, que vai partilhando com Carina, a irmã desta.
Samuel vê nesse jogo de ilusões a possibilidade de reinventar a sua existência e sentir-se vivo, por fim. À medida que a memória de Clara vai ganhando verdadeira forma na sua cabeça, vai crescendo também a atracção que sente por Carina - e Samuel começa a perder o controlo do jogo que criou. Irá o amor que inventou ser a sua salvação ou a sua perdição?


O livro que nos deixa 3 questões. Queremos mesmo a vida que vivemos e que aparentemente é aquela que escolhemos? É possível inventar uma nova vida a partir de um facto? E ainda, a questão que nos deixa em aberto o final do livro e que na minha opinião cabe a cada leitor decidir e inventar. 

Tempo de ver #3 - Collateral Beauty



Completamente sem sentido

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Síndrome de leitora compulsiva

Ainda o filme não ia a meio e já eu lhe adivinhava o final. Bastou-me uma frase para perceber tudo aquilo que era suposto ocultar até aos últimos minutos da história. Na grande cena que anunciava o inesperado ouviram-se por toda a sala murmúrios de admiração. Para mim já não era novidade. Como é que sabias? Perguntou-me a minha amiga. E eu lá lhe expliquei quando e como percebi tudo. Como é que a mim passou despercebido enquanto que a ti não? Perguntou-me ela novamente. E eu fiquei a pensar nas histórias, nas personagens, nos locais, na forma de analisar o que leio, nos pormenores desde a primeira página que vão fazer todo o sentido até à última, nas páginas de leituras que inundam os meus dias e respondi, síndrome de leitora compulsiva. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

É tão bom fazer sofrer quem nos fez sofrer a nós, não é? (inserir gargalhada maléfica)

Corria o início do longínquo ano de 2016, logo nos seus primeiros dias e a Su começou a enviar-me mensagens sobre a minha prenda de aniversário. Para o meu aniversário faltavam cerca de 45 dias e as várias mensagens por dia faziam-me adivinhar que não ia ser nada fácil lá chegar. No telemóvel, no messenger ou no email, que nós temos de estar sempre em sintonia e às vezes até conseguimos estar a falar de várias coisas ao mesmo tempo nos vários sítios que nos permitem fazê-lo, o assunto nunca ficava esquecido. E a prenda de aniversário que pensei para ti? E a tua prenda?  Tou tão ansiosa que abras a tua prenda. Pedi ajuda a uma pessoa para fazer a tua prenda. E a tua prenda? E a tua prenda? E a tua prenda? Vais desmaiar quando abrires a tua prenda.
Não feliz por infernizar a minha vida durante tanto tempo ainda enviou a prenda com vários dias de antecedência para que eu a tivesse em casa, a olhar para mim, sem lhe poder tocar e sem conseguir adivinhar o que estaria ali, dentro do misterioso embrulho. A espera compensou, a prenda era a minha cara, ou melhor, a cara do blog.
A vingança é um prato que se serve frio, que é mais ou menos como quem diz, por o retorno é que a Su não esperava. E nem estou a falar do aniversário dela e da pressão psicológica que poderia ter feito com a prenda que lhe comprei. Corria o passado mês de Outubro quando eu lhe disse que pretendia comprar um determinado livro e a Su foi obrigada a dizer-me que o Pai Natal já estava a ficar fodido comigo porque esse livro já estava em casa dela como parte da minha prenda de Natal. Não pensem que ainda assim escapei, com a outra parte da prenda também não foi fácil aguentar a ansiedade da Su, o que é compreensível, foi só uma das coisas mais especiais de sempre. Ora, neste momento falta cerca de 1 mês para o meu aniversário e ontem disse à Su que não ia comprar livros, que tenho imensos para ler, que bla... bla... bla... só ia mesmo comprar um, porque era o livro que eu queria mesmo e porque tinha de o ter e... tcharan... a Su já tem esse livro para o meu aniversário. O que quer dizer que depois de a Su me fazer sofrer tanto chegou a minha vez de a fazer sofrer a ela e adivinhar duas prendas consecutivas. Ela insultou-me um bom bocado e eu ri às gargalhadas, com a certeza de que no meu aniversário vou receber exactamente o livro que eu quero.
A amizade talvez seja capaz de ser isto, fazer sofrer um bocadinho uma à outra e saber sempre aquilo que é importante e especial. 

Os meus livros #3 - Filho de Deus (Cormac McCarthy)



SINOPSE


Filho de Deus é a história de Lester Ballard, um solitário homem rural que foi afastado das suas terras. Psicologicamente desequilibrado, mas dotado de uma imaginação fértil, cruel e pervertida, deambula pelos montanhosos domínios do Tennessee.




Conheci Corman McCarthy quando li A Estrada, livro que nunca mais consegui esquecer e que me vai ficar para sempre na alma. Corman McCarthy consegue mostrar-nos aquilo que temos de mais humano e de mais desumano, assim como os instintos de sobrevivência que criamos quando nos tiram do nosso habitat natural ou os instintos primitivos com que crescemos, quando somos privados de educação e de uma sociedade. Quero ler todos os livros de Cormac McCarthy. 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Consegues vê-lo?

Do topo da montanha olhas para o infinito que não te cabe na alma. Quem nunca conquistou a montanha não é capaz de ver isto de que vos falo. São sítios únicos que estão lá para nós, são lugares que cantam músicas que nunca foram ouvidas, que contam histórias que nunca foram partilhadas, que preenchem textos que nunca foram escritos, são enquadramentos perfeitos. O topo da montanha ocupa-nos o peito, o coração, o corpo, a alma, os sonhos. Mostra-nos as cores que nunca vimos, os caminhos que desconhecíamos, as palavras que nunca dissemos, o chão que nunca pisamos, os trilhos por onde nunca nos aventuramos. No topo da montanha vivemos momentos únicos e inesquecíveis que queremos guardar para sempre, são abraços de vento, são vontades. 


Do topo da montanha olhas para o infinito que não te cabe na alma. Consegues vê-lo?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Fashion mais fashion não há

Mami adora preto, branco e cinzento e elogia sempre qualquer peça ou combinação que eu tenha ou faça com essas cores. Desengane-se quem pensar que são elogios de mãe, ninguém melhor que a minha para dizer que aquela saia me faz mais gorda dez quilos, que aquelas calças são horrorosas, que não sabe onde raio fui arranjar um vestido tão feio, que não percebe porque é que sempre que saio com ela tenho de ir mal vestida. Hoje estou a usar um casaco de pêlos com as cores favoritas da minha mãe e o elogio não tardou a chegar, que estou tão linda, que me fica mesmo muito bem, que estou tão fofinha, que adora o meu casaco. E quando já eu ia à minha vida, agradecendo os elogios e feliz, a desfilar a minha vaidade, diz o papito que sim senhor, que estou linda, tão linda que mais pareço um texugo. 


Por favor, mandem-me contactos de associações de apoio à vitima de violência psicológica por parte dos progenitores.

A lebre e a tartaruga

Sigo caminho sem pressas nem ansiedade de chegar, aproveito cada bocadinho de chão, paro para olhar e desfrutar da paisagem, observo o que me rodeia, sinto e distingo os cheiros que a caminhada me oferece, guardo lembranças na alma que vão ficar para sempre, respiro fundo enquanto observo o céu e o infinito, experimento sensações nunca antes conhecidas, sinto na pele a brisa de que necessito, tento conhecer de cor o mundo que é só meu, tento absorver cada gota daquilo que me proporciona este caminho. Um passo de cada vez e sigo para bem longe, sem saber ainda onde me leva este trilho, uma grande caminhada começa sempre por um pequeno passo, cada pequeno passo me aproxima mais do horizonte. Caminho devagar, mas nunca volto para trás.

A lebre não passou primeiro a linha da meta e toda a gente sabe que quem mais aproveitou o caminho foi a tartaruga. 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Uma espécie de aposta no futuro

Agendei um post para 5 meses depois da data em que foi escrito.

Os meus livros #2 - A improvável viagem de Harold Fry (Rachel Joyce)


SINOPSE
Para Harold Fry os dias são todos iguais. Nada acontece na pequena aldeia onde vive com a mulher Maureen, que se irrita com quase tudo o que ele faz. Até que uma carta vem mudar tudo: Queenie Hennessy, uma amiga de longa data que não vê há vinte anos, e que está agora doente numa casa de saúde, decide dar notícias. Harold responde-lhe rapidamente e sai para colocar a carta no marco do correio. No entanto, está longe de imaginar que este curto percurso terminará mil quilómetros e 87 dias depois. E assim começa esta improvável viagem de Harold Fry. Uma viagem que vai alterar a sua vida, que o fará descobrir os seus verdadeiros anseios há tanto adormecidos e sobretudo vai ajudá-lo a exorcizar os seus fantasmas.

Com este seu romance sobre o amor, a amizade e o arrependimento, A improvável viagem de Harold Fry, que recebeu o National Book Ward para primeira obra, Rachel Joyce revela-se uma irresistível contadora de histórias.



"É mais ou menos como a improvável viagem da Vera", escreveu-me a Su na primeira página do livro que me enviou no Natal. E não tendo muitas semelhanças em termos de viagens a verdade é que a minha caminhada também me mudou e também trouxe à minha vida tudo o que era improvável antes da partida, por isso não tenho como não gostar deste livro, que parece simples, mas que é profundo, para quem consegue ler além da história que as páginas nos contam. 

Os meus livros #1 - Cinco Esquinas (Mario Vargas Llosa)


SINOPSE
À conversa, sem os maridos, e desatentas da hora do recolher obrigatório, Chabela e Marisa terão de pernoitar juntas. O que aconteceu na cama nessa noite passará a ser um grande e saboroso segredo. Chabela é mulher de um advogado de renome; Marisa, de uma das figuras cimeiras da exploração mineira. O mundo perfeito em que vivem - não fora a constante ameaça dos guerrilheiros e sequestros - será fortemente abalado por um escândalo. Após tentativa de chantagem por parte de Rolando Garro, diretor do pasquim Destapes, a participação do engenheiro Enrique Cárdenas numa orgia será tornada pública em todos os seus pormenores mais sórdidos. Segue-se um assassínio brutal. Mas a relação de tudo isto com o poder político, nomeadamente com o homem que na verdade governa de forma corrupta e autoritária o país, o Doutor, braço direito do presidente, será trazida à luz: curiosamente pela coragem e fibra da redatora principal do referido tabloide que usa o nom de plume «La Retaquita».


Não há nada de Llosa que eu não tenha gostado de ler e tenho intenções de um dia ter lido tudo o que ele escreveu. Cinco Esquinas teve um sabor especial por ser uma prenda de Natal e por ser o primeiro livro que li com verdadeira paixão, desde há muito tempo.  

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Estou curada

Ler é uma das coisas que mais gosto de fazer na vida. Para onde quer que vá ando sempre com um livro comigo, em casa tenho-os espalhados pelas divisões, quando começo a ler um já tenho de lado o que quero ler a seguir e às vezes ando a ler dois ou mais ao mesmo tempo, tenho sempre uma lista interminável de livros para comprar e ainda que tenha em casa uns cinquenta livros intactos para ler a seguir não consigo deixar de comprar mais, não vou para uma viagem, por mais pequena que seja, sem livros de sobra. Os livros são uma paixão física, um grande amor. Perco-me nas histórias, aprendo, viajo, invento rostos para as personagens, sonho com locais, imagino finais improváveis, uso até no meu dia a dia expressões que roubei às páginas de alguns livros. Os livros são como amigos, um lugar sagrado no meu mundo.
Perdi, há uns tempos atrás, a capacidade de ler, não me conseguia concentrar, não conseguia entrar nas páginas nem nas histórias, demorava eternidades a ler uma página e quando chegava ao final já não me lembrava aquilo que tinha lido, eu que chego a ler dez livros num mês, andei mais de um mês com cada um dos meus últimos livros lidos. Ler já não tinha o mesmo sabor e isso deixava-me muito triste, porque sou uma pessoa melhor quando leio compulsiva e apaixonadamente, sou uma pessoa diferente, sou uma pessoa especial.
Estou curada, recuperei estes dias a paixão e o entusiasmo pela leitura e pelos meus livros, li na última semana dois livros, serão os primeiros de 2017 uma vez que os terminei ontem, hoje carrego um calhamaço na minha mala e chegaram três livros novos que comprei semana passada, já os cheirei, já suspirei ao abrir a encomenda, já me fizeram sorrir, já sei o que vou ler a seguir, e a seguir, e a seguir. Os livros fazem-me muito feliz. 

Ano Novo

Dia 01 de Janeiro levantei-me bem cedo e fui pedalar. Estava frio, muito frio. Os campos cobriam-se de branco e os pneus da bicicleta partiam o gelo nos trilhos. O frio faz doer as mãos e os pés, a ponta do nariz e até as orelhas, respirar o ar cortante é também doloroso. Não fizemos muitos quilómetros, não foi um treino, não tínhamos destino traçado nem trajecto definido, fomos pelo prazer de partilhar essa manhã com os amigos, paramos para beber vinho do Porto, rimos muito e dissemos asneiras, passamos mais tempo parados do que a pedalar e voltamos para casa felizes e com um sorriso no rosto. Já há alguns anos que fazemos o mesmo, acreditamos que é a melhor forma de começar o ano. Ano Novo, as histórias de sempre.