quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Liberdade senhores, liberdade

Tenho em cima do meu carro uma barra que serve para transportar a minha bicicleta. Acontece que colocar lá em cima a bicicleta e voltar a tirar exige uma técnica demasiado avançada para a minha altura, se me esticar toda e colocar em bicos de pés chego perfeitamente à bicicleta mas fico sem força para a suportar, se encostar o carro ao passeio também é fácil, mas isso exige que procure um estacionamento específico de cada vez que transporto a bicicleta. Pedir ajuda a alguém está completamente fora de questão para mim e por isso tive de usar toda a minha imaginação fértil para resolver o meu problema. Consegui que um amigo meu me oferecesse uma grade de Super Bock e quero aqui frisar que se a grade fosse de Sumol, de Coca-cola ou até de 7up não ia servir, tinha de ser especificamente uma grade de Super Bock, e agora ando com ela na mala do carro para de todas as vezes que transporto a minha bicicleta no meu carro ir à mala, tirar a minha grade de Super Bock, subir para cima dela e colocar ou tirar a minha bicicleta da barra. Como podem imaginar a minha grade de Super Bock tem feito sucesso nas concentrações de ciclistas prontos para arrancar nas maratonas desta vida, quanto a mim a eles só costumo responder de uma forma, costumo dizer que quando saí de casa a grade estava cheia, porque nem só de bicicletas vive o Homem, também precisa de cerveja. Ao mundo só posso dizer que a grade de Super Bock significa não mais que liberdade e independência. A minha grade de Super Bock é um grito de felicidade.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

O melhor do pior

Assisti, um destes dias, ao espectáculo O melhor do pior de António Raminhos e se já gostava dele saí de lá completamente apaixonada. Raminhos fez-me rir muito para logo a seguir me arrepiar a pele e me deixar de lágrima no olho de emoção. Raminhos contou-nos o melhor e mostrou-nos como encarar com humor o pior, como tirar o melhor partido daquilo que nos acontece de pior, falou-nos do pior de uma forma tão incrível que a determinada altura eu me perguntava como era possível estar com vontade de chorar num stand-up comedy. O melhor do pior é sem dúvida uma lição de vida e neste misto de emoções que me aconteceram durante cerca de duas horas vim embora aterrada.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Foi assim que aconteceu

Parti bem cedo rumo a Macedo de Cavaleiros para viver um grande dia. Ao contrário daquilo que seria de esperar o frio deu tréguas e o sol foi tão generoso que em pleno Janeiro vivi um lindo dia de primavera em Trás-os-Montes. Pedalei 63 quilómetros com 1755 metros de acumulado de subida em trilhos incríveis com paisagens espectaculares, tirei milhões de fotografias, aproveitei as melhores companhias, ri muito e comi como nunca. Voltei ao final do dia, depois de visitar a feira da Caça e do turismo, com um grande sorriso no rosto e planos para regressar num registo diferente mas igualmente apetecível. A albufeira do Azibo é um local que vale a pena conhecer e apresentar.


domingo, 27 de janeiro de 2019

Os meus Livros #6 - Mar Morto (Jorge Amado)



Sinopse 


A história de Guma e de Lívia, é um romance de grande força lírica, considerado um poema em prosa. História da vida e do amor no mar, a obra recebeu traduções em diversas línguas, adaptação cinematográfica - com produção italiana de Carlo Ponti- e foi transportado para o rádio e histórias em quadrinhos. Mar Morto foi também tema para várias composições musicais de Dorival Caymmi, entre as quais a canção É Doce Morrer no Mar.
Mar Morto conta histórias de velhos marinheiros, de mestres saveiros, de pretos tatuados e de malandros que contam e cantam essas histórias da beira do cais da Bahia.
«O povo de lemanjá tem muito que contar», dizia Jorge Amado.
Um dos mais populares romances de Jorge Amado, não só no Brasil como em muitos outros países.
Mar Morto inspirou a conhecida telenovela Porto dos Milagres.



Este livro é uma dor no peito.

sábado, 26 de janeiro de 2019

Os meus Livros #5 - Até o silêncio tem um fim (Ingrid Betancourt)




Sinopse 



Em 2002 Ingrid Betancourt, candidata à presidência da Colômbia, foi sequestrada pelas FARC. Até o silêncio tem um fim é o relato de seis anos e meio de cativeiro na selva colombiana: as tentativas de fuga, as condições de vida desumanas, a crueldade dos guerrilheiros, os momentos de desespero, assim como as pequenas alegrias, as rotinas reconfortantes e as amizades forjadas no seio da violência. Íntimo, aterrador e intensamente pessoal, este testemunho da sua cruzada não se parece a nenhum outro. Aqui faz-se uma viagem ao coração das emoções extremas, uma meditação sobre a vida, a liberdade e a esperança e sobre o que significa o ser humano.




Que livro pesado, tão pesado que nos pesa até na alma. Que relato impressionante. 

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Loira por aí

Visitei por estes dias o Jardim Botânico do Porto que se situa na Quinta do Campo Alegre ou Casa dos Andresen. O Palacete do Jardim Botânico foi restaurado e aberto ao público, lá pude visitar a exposição sobre a Evolução de Darwin e a Galeria da Biodiversidade. Pude ainda perder-me no Jardim que inspirou Sophia de Mello Breyner Andresen a escrever contos e poemas, como O Rapaz de Bronze e O Cavaleiro da Dinamarca.


Nos próximos dias os posts do Também quero um Blog mostrarão as fotos captadas nestes magníficos locais e abrirão portas para vos revelar um pouco mais de mim e do meu mundo.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Os meus Livros #4 - As cidades invisíveis (Italo Calvino)


Sinopse 

Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.


«As Cidades Invisíveis apresenta-se como uma série de relatos de viagem que Marco Polo faz a Kublai Kan, imperador dos tártaros. [...] A este imperador melancólico, que percebeu que o seu poder ilimitado conta pouco num mundo que caminha em direção à ruína, um viajante visionário fala de cidades impossíveis, por exemplo, uma cidade microscópica que se expande, se expande até que termina formada por muitas cidades concêntricas em expansão, uma cidade teia de aranha suspensa sobre um abismo, ou uma cidade bidimensional como Moriana. [...] Creio que o livro não evoca apenas uma ideia atemporal de cidade, mas que desenvolve, ora implícita ora explicitamente, uma discussão sobre a cidade moderna. [...] Penso ter escrito algo como um último poema de amor às cidades, quando é cada vez mais difícil vivê-las como cidades.» Italo Calvino


Bastam duas horas para ler As Cidades Invisíveis, livro sem história, feito de imaginação.

sábado, 19 de janeiro de 2019

Os meus Livros #3 - Lolita (Vladimir Nabokov)

 
Sinopse 

«Quase quarenta anos depois, este romance tão artificial criou uma nova palavra internacional ("lolita"), inventou uma América — a dos motéis e autoestradas — de que se nutre ainda boa parte da narrativa americana contemporânea, é uma das obras com o inglês mais rico e preciso da literatura deste século e, ao contrário das acusações iniciais de pornografia que teve de sofrer, é talvez — e no que me diz respeito — o romance mais melancólico, elegante e lírico de quantos li.» [Javier Marías in Literatura e Fantasma]

«A única história de amor convincente do nosso século.»
[Vanity Fair]

«Nabokov escreve prosa do único modo que esta deve ser escrita, ou seja, extasiadamente.»
[John Updike]



Lolita é um livro que queria ler há séculos e que valeu toda a espera.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

A única pessoa que calará este Blog sou eu

Denunciaram este Blog por conteúdo abusivo. Por causa dessa denúncia eu não consigo partilhar os meus posts na página de Facebook do Blog nem enviar links dos mesmos quando me apetece. Imagino que as outras pessoas também não o consigam fazer. Não é grave. O Blog continua a ser o meu diário, continua sempre aqui para mim, continua a estar cheio de páginas em branco para preencher com pedaços meus. Um dia este Blog poderá calar-se, mas eu serei a única pessoa a decidir isso, eu sou a dona do pedaço. O Blog é meu.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Loira, numa relação muito séria

Casei com a minha mochila. Na última viagem o alforge cedeu e depois de eu ter de me adaptar às circunstâncias da forma que me foi possível decidi ter uma mochila, escolhi aquela que seria a minha mochila para sempre e comecei a sonhar com ela. A mochila chegou no Natal passado, de uma forma muito especial e assim que a vi casei com ela, é uma relação muito séria, é uma relação para sempre. Com a minha mochila farei Caminhos a pedalar e Caminhos a caminhar. Com a minha mochila irei à Índia. Com a minha mochila irei à Patagónia. Com a minha mochila vou acampar. Com a minha mochila farei a Road Trip com que ando a sonhar. Com a minha mochila visitarei as cidades que estão nos meus planos. Com a minha mochila percorrerei milhares de quilómetros de comboio. Com a minha mochila farei tudo o que sonho. Casei com a minha mochila, estou mais feliz do que nunca.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Glória, querida

Eu juro que já fui famosa. Juro que toda a gente conhecia a Loira, a miúda da bicicleta rosa e fluorescente, a miúda dos equipamentos giros, a miúda de rosa, a miúda das meias, a miúda que foi à tal maratona, que fez O Caminho, que viram no NGPS algures não sei quando. Eu juro que as pessoas me abordavam como se eu soubesse quem são e me conheciam simplesmente por ser eu. Eu juro que já fui famosa. Agora só me falam na Glória, ou porque viram a Glória na internet, ou porque a Glória é linda, ou porque a Glória está espectacular, ou porque querem saber mais sobre a Glória, ou porque querem ver todos os pormenores. A Glória é minha, a propriedade intelectual da Glória é minha, fui eu que pensei a Glória, fui eu que sonhei a Glória, fui eu que idealizei a Glória, fui eu que paguei para a Glória ficar exactamente como eu quis. Parem de me roubar o protagonismo, a Glória é a bicicleta mais gira do mundo, mas eu quero a minha fama de volta.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Lugares no mundo

Tenho os meus lugares no mundo, tenho os meus sítios, as minhas coisas, o mundo é meu. Há uma subida que é minha, há várias subidas que são minhas, tenho montanhas, tenho pedaços de chão, tenho penedos, árvores, tenho paisagens, tenho trilhos, tenho plantas e flores, tenho descidas, tenho recantos espalhados pelo mundo que são só meus. Deixo-os lá, empresto-os aos outros, apresento-os a alguns, mas trago-os na pele, na história e na alma, os meus locais. Não me importo se centenas de pessoas sobem a minha subida, não me importo de ceder as minhas montanhas, digo orgulhosa aos que cá vêm que vão adorar as minhas serras, a árvore que é só minha pode muito bem servir de encosto para alguém que goste tanto de ler como eu, as minhas florestas podem ser exploradas e até à minha Praça, deixo chegar e passar por lá milhares de pessoas, essa Praça que partilho com muitos, que apresento a pessoas especiais e que me deixa sempre de alma leve, essa Praça que me pertence, essa Praça que é só minha, neste mundo que é meu.

 
Praça do Obradoiro,
Santiago de Compostela
13/01/2019

domingo, 13 de janeiro de 2019

Os meus Livros #2 - O Grande Peixe (Daniel Wallace)


Sinopse


Edward Bloom era um homem extraordinário. Não havia nada que não fosse capaz de fazer - e de fazer bem. Nunca faltou à escola, mesmo com as piores tempestades. Salvava vidas. Os animais adoravam-no, as mulheres adoravam-no. Era um visionário. E sabia mais anedotas do que qualquer outra pessoa. Pelo menos, é isto que ele conta a William, o filho, que não conhece bem, porque, em boa verdade, Edward nunca passou muito tempo em casa; mas, agora, ao avizinhar-se a sua morte, William quer conhecê-lo antes que seja demasiado tarde. E, num maravilhoso truque de prestidigitação, recria a sua vida numa série de lendas e mitos, todos inspirados nos escassos factos de que está a par. Começa então a compreender os feitos extraordinários do pai, mas também os seus maiores fracassos. E descobre uma maneira bonita de se despedir dele.
Numa série de cenas cómicas e frequentemente comoventes, O Grande Peixe é um livro maravilhoso e terno que pode ser lido por pessoas de todas as idades. 


Um livro que nos faz sonhar.

sábado, 12 de janeiro de 2019

Os meus Livros #1 - A Guerra que salvou a minha Vida (Kimberly Brubaker Bradley)

Sinopse 
Vencedor do John Newberry Medal Honor Book, o mais importante prémio de literatura infantojuvenil norte-americano.
Um livro emocionante e arrebatador para ler com um sorriso nos lábios e lágrimas nos olhos.
Tudo o que Ada conhece do mundo é o pouco que consegue ver a partir da janela. Sempre viveu com a mãe e o irmão mais novo num apartamento minúsculo, de onde está proibida de sair. Ada apenas teve a infelicidade de nascer com um pé aleijado, mas isso é mais do que motivo para a mãe se envergonhar dela, maltratando-a e escondendo-a.
Com a aproximação da guerra, todas as crianças de Londres são enviadas para um campo fora da cidade, e Ada aproveita a oportunidade para fugir com o irmão. Os dois são acolhidos por uma família que os ama incondicionalmente, sem distinções nem preconceitos, e Ada pode finalmente aprender a ler, a escrever e a montar a cavalo.
Pela primeira vez na vida, faz amigos e percebe o verdadeiro significado da palavra felicidade. Mas tudo pode ser posto em causa quando o passado volta para pôr Ada novamente à prova. Imperdível e obrigatória, esta é a história das inúmeras batalhas que temos de travar para conquistarmos o nosso lugar no mundo.
Um livro multipremiado: Publishers Weekly Best Books, Wall Street Journal Best Children’s Books, Kirkus Best Books, Goodreads Choice Awards Nominee for Best Middle Grade Book, Chicago Public Library’s Best of the Bests Books, Schneider Family book Award, Josette Frank Award.

Críticas de imprensa
«Um retrato genuíno e ousado de uma infância conturbada, que nos mostra que a vida é superior a qualquer dor.» The New York Times


Este livro foi uma prenda de Natal muito especial que escolhi para ser o primeiro lido de 2019. E é também a sua história muito, muito especial. Muito bom.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Arrumar o Natal

Tirei o Natal das caixas e montei-o consciente que seria um Natal para as gatas, mas ainda assim feliz por enfeitar a minha casa e a minha vida de brincadeiras delas e preocupações minhas. A árvore caiu por terra duas vezes no primeiro dia e depois manteve-se em pé, como se tivesse raízes capazes de suportar o peso do mundo, que é como quem diz, de uma gata obesa e de outra gata rufia. No primeiro dia estava disposta a montar a árvore de Natal todos os dias se assim fosse necessário (haja espírito). Depois os enfeites foram desaparecendo da árvore, dia após dia, para aparecerem espalhados por toda a casa, e decidi assim os deixar ficar, limpava mas nunca arrumei nenhum dos enfeites natalícios, achei que seria um Natal especial este, com uma árvore depenada e enfeites distribuídos pelo chão. Esta semana, chegada a hora de arrumar o Natal, assim o fiz, tirei os poucos enfeites que restavam na árvore e apanhei todos os outros espalhados pelo chão de toda a casa, as casas de banho, os quartos, a sala, a cozinha, a entrada e todos os bocadinhos da casa ficaram mais tristes e eu vi-me, finalmente, livre de tanto Natal.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019