sexta-feira, 29 de julho de 2016

A Loira é notícia

A Loira foi entrevistada para um jornal. Quando a convidaram a Loira disse um pode ser, depois pensamos nisso, achando que seria uma coisa a pensar a longo prazo e não que pouco mais de uma semana depois a entrevista ao jornal já estivesse na rua. A Loira arrependeu-se, mas já não tinha como voltar atrás. A Loira tem, neste exacto momento, o jornal aqui à frente dela e acha que, se por um lado as pessoas que gostam dela vão passar a gostar ainda mais, por outro, as pessoas que não gostam dela vão passar a detestá-la mais do que nunca. No fundo a Loira está feliz. A Loira gosta muito quando gostam dela, mas às vezes a Loira gosta ainda mais quando não gostam.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Querido carteiro...

Haverá coisa melhor do que esperar ansiosamente que o carteiro nos traga a nossa tão esperada encomenda? É assim que me chegam todos os livros, e há semanas em que recebo de livros mais de duas encomendas. É assim que me chegam os relógios com bicicletas no mostrador, passo a vida à procura deles em sites manhosos e tenho actualmente mais de 50 (um dia destes mostro). É assim que me chegam as dezenas de meias coloridas que vou encomendando aqui e ali. É assim que me chegam os equipamentos de BTT, os mais giros de todo o sempre. É assim que me chegam os jerseys dos desenhos animados, os mais pindéricos do BTT nacional. Há alturas em que o carteiro me traz praticamente uma encomenda todos os dias, e eu fico aqui, no meu local de trabalho, ansiosa, à espera daquilo que me faz mesmo muita falta. Já me parou no meio da rua porque tinha uma encomenda para mim e só ia conseguir passar cá na minha hora de almoço, já me levou encomendas com a morada do trabalho a casa, para eu não ter de levantar nos correios e certa vez até levou uma ao local de trabalho da minha mãe, foi muito bondoso da parte dele, só assim é que recebi a prenda no dia exacto do meu aniversário, embora ele não pudesse saber disso.
Às vezes imagino uma reunião de carteiros, todos a discutir as ruas que têm de fazer, todos a não querer ficar com a minha rua. Eu dou muito trabalho. Às vezes imagino o carteiro com saudades minhas, quando passa uns dias sem ter encomendas para me entregar, como é o caso, estes dias. Querido carteiro, não fiques triste, estão uns livrinhos a caminho e mais uma encomenda, há muito esperada, são só mais 3 equipamentos de BTT que estou mais que ansiosa por receber. Podes despachar-te, por favor?

terça-feira, 26 de julho de 2016

Loira, o que vês do teu selim?


Asas para voar

Alguém que me explique... mas assim... como se eu fosse mesmo muito Loira...

Devo começar por dizer que sou péssima para fixar rostos e que se vir uma pessoa hoje amanhã sou bem capaz de não a reconhecer. Assim como sou bem capaz de ir cheia de sorrisos e de simpatia perguntar pela irmã a alguém que é filho único e que nunca me viu na vida. Claro que andar rodeada de homens de capacete e de calções de licra não ajuda muito esta minha faceta, ainda na semana passada fui perseguida por alguém que se dizia meu amigo, eu não o reconheci, mas ele disse aquilo com tanta convicção que eu acreditei e se não éramos de facto amigos, passamos a ser.
Agora o Adriano. Eu não conhecia o Adriano, mas ele fez a última viagem comigo, porque é amigo de um amigo meu. Eu passei a conhecer o Adriano, ficamos amigos, passamos três dias juntos e vivemos uma grande aventura. Não o voltei a ver desde então, ou melhor, já o vi várias vezes, mas nunca o reconheço. Quando estou com o Moreno lá de casa ele lá me vai dizendo se eu não estou a ver o Adriano, e eu lá o cumprimento, de grande sorriso e com a cumplicidade que a nossa história exige. Quando estou sozinha o Adriano parece-me igual a todos os outros. Tal como acontece com os amigos do Moreno, que ele vai tentando explicar quem são e que para mim são mesmo todos iguais. Todos com uma barba horrorosa a tapar-lhe todo o rosto e a dificultar-me ainda mais a vida.
Um destes dias passei sozinha pelo Adriano, eu ia a pedalar e ele passou de carro, fez-me uma grande festa, eu disse-lhe adeus e mandei-lhe um beijinho, com todo o entusiasmo do mundo. Depois fui embora, sem saber muito bem se era o Adriano, um dos amigos do Moreno ou um parvalhão qualquer que só se quis meter comigo, sei lá, eu acho que vi o Adriano, mas... alguém que me explique... assim... como se eu fosse mesmo muito Loira... que caralho de ideia é esta dos homens agora serem todos iguais?

segunda-feira, 25 de julho de 2016

As pazes com o destino fazem-se durante o caminho

Há dois anos cheguei aqui debaixo de um calor infernal e muito mal fisicamente, tão mal que uma questão de saúde me fez morrer na praia, que é como quem diz, desistir de pedalar a meia dúzia de km de casa. Desistir é palavra que não se encaixa no dicionário da minha vida, mas naquelas circunstâncias não tive outra opção, seria arriscar demasiado continuar a pedalar naquele estado. Este trajecto ficou-me marcado na alma por isso, talvez nunca mais esqueça esse dia.

O ano passado voltei a repetir o destino, com um trajecto bem mais difícil para aqui chegar, num dia de chuva torrencial e com parte dos km feitos debaixo de granizo. Não foi fácil, há mil histórias para contar sobre esse dia, mas cheguei a casa a pedalar e cheia de energia e isso soube-me a uma vitória muito especial.

Sábado voltei a repetir a viagem, estava um calor insuportável, acho que todos se lembravam da dureza do trajecto, mas como um filme muito distante, só quando começamos a subir, e a subir, e a subir ainda mais é que percebemos que o dia não ia ser nada fácil. Como de facto não foi. Não sei quantas serras atravessamos para aqui chegar, sei que as subidas parecem intermináveis e as descidas são tão duras que às vezes preferíamos estar a subir. O regresso foi ainda mais difícil, estavam uns 40º à sombra e o ar era irrespirável. Mas voltei a chegar a casa a pedalar e cheia de energia, depois de mais de 100 km com mais de 3300 metros de acumulado de subidas.

Mais uma vez este dia teve um sabor a vitória muito especial para mim. Este trajecto continua a estar-me marcado na alma, aquele dia, há dois anos atrás, talvez nunca mais o esqueça, mas se nessa altura escrevi que não sou a super mulher, hoje apetece-me escrever que sou, ainda que tenha de desistir mais vezes na vida, o que espero que não aconteça, mas sou, porque quando me sento na minha bicicleta e me proponho a ir até a um destino, seja ele qual for, é assim que me sinto, a super mulher, capaz de tudo. E não há quem me consiga convencer do contrário.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Será chuva? Será gente?

Esqueço-me de deixar a carne ou o peixe a descongelar para o jantar. Distraio-me facilmente. Chego ao meu destino a conduzir, mas de forma automática, não me lembro por onde passei. Sigo as rotas erradas e só percebo a meio do caminho. Não me lembro daquilo que tenho para fazer. Funciono a listas. Tenho até uma para as pessoas que vão pedalar comigo amanhã, não vá esquecer-me de avisar a alguém o horário da partida. No trabalho ando meio perdida, anoto tudo para tentar não me esquecer de nada mas perco-me nas datas e confundo o nome dos clientes e dos fornecedores. Não me consigo concentrar em nada. O pior é com a leitura, não consigo perder-me num livro, não consigo perder a noção das horas e a vontade de comer ou de dormir, como sempre me aconteceu, quando chego ao final da página já não sei o que li e tenho de voltar ao início, quando volto a pegar no livro tenho de fazer um esforço enorme para me situar na história. Até as ideias inspiradoras para escrever no blog me fogem à velocidade da luz, ou vou apontar na minha agenda assim que se faz o clique no meu cérebro, ou as perco para todo o sempre. Já lá vai mais de um mês. O mundo da lua é espectacular, isto aqui é lindo e maravilhoso, mas o que eu queria mesmo era saber o caminho de regresso. 

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Ontem, 20 de Julho de 2016


Fui despedir-me do dia no topo da montanha. Sozinha, em silêncio interior, com a minha música a tocar baixinho e a misturar-se com os sons da natureza. A subida fez-me feliz. A montanha é o local onde eu mais gosto de estar no mundo. 

quarta-feira, 20 de julho de 2016

A Carla e um livro muito especial

Porque sempre foi um prazer ler uma Rapariga Simples, e porque é bom ver sonhos a realizar-se, principalmente um sonho tão especial como o nascimento de um livro. O sonho da Carla está muito próximo de se tornar realidade, na plataforma de crowdfunding, espero que mais pessoas possam ajudar e que este livro nasça brevemente.

terça-feira, 19 de julho de 2016

A Vera e a Loira

Uma simples fotografia tirada num final de tarde quente em que o que me apetecia era pedalar a um ritmo lento, ouvir a minha música, pensar e sonhar, tem legendas diferentes para a Vera e para a Loira. A Vera publica a foto e faz uma piada com aquilo, todos adoram, mas não passa de mais uma das fotos da Vera, a miúda meio louca que pedala com uma bicicleta única em todo o mundo, vestida da forma mais colorida que lhe é possível e sempre de meias altas. A Loira faz um post com a mesma foto e nem precisa de escrever muito, só uma frase, cheia de tudo, escondido nas entrelinhas. Se a Vera publicasse essa frase junto com a foto todos iam estranhar, todos iam ficar a pensar que significado teria aquilo. A Loira pode, a Loira pode tudo. À Loira ninguém lhe vai perguntar o significado de um post, ninguém vai querer saber mais, ninguém vai tentar adivinhar. O post da Loira vai ter muitas interpretações diferentes, depende sempre de quem está do outro lado, ali atrás do ecrã e da vida que nos separa. E isto faz toda a diferença. A Vera não está preparada para que todos achem que a conhecem muito bem. A Loira não está preparada para perder o mistério. O mundo não está preparado para ter a Vera e a Loira na mesma pessoa, por enquanto continuamos a ser duas, separadas por uma linha ténue que poucos conseguem ultrapassar. Há coisas que só se dizem ao mundo bem baixinho, num murmúrio ao ouvido, em segredo absoluto. 

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Haverá coisa mais sexy?

Vesti hoje umas calças brancas que adoro por um motivo muito especial, talvez um dia destes lhes dedique um post só para elas. Tenho um top de um azul lindíssimo, cheio de preguinhas, que aposto, terão um nome técnico qualquer para o mundo da moda, mas para mim são só preguinhas. Do mesmo tom de azul uso umas sandálias de salto pelas quais me apaixonei no inicio do verão. Tenho uma mala de um tom prateado, tão lindo que nem o consigo descrever. Uso os acessórios ideais para a roupa que escolhi. As unhas estão impecáveis e brancas, a maquilhagem perfeita e o cabelo também está num dia sim. Nos braços desnudos trago, além das marcas do sol, os arranhões que fiz ontem lá em cima na montanha. A descida era técnica e muito divertida, a vegetação está seca do sol, as silvas e o mato estão mais agressivos que nunca. Entre proteger-me dos arranhões e aproveitar as descidas escolho sempre aproveitar as descidas. Hoje trago os braços cobertos de arranhões vermelhos e feios e o meu melhor sorriso. Haverá coisa mais sexy que a felicidade de assumir as marcas da nossa loucura?

sexta-feira, 15 de julho de 2016

I Love Facebook

Há aquela pessoa, aquele atleta, que tu admiras e segues com toda a atenção do mundo porque faz coisas que tu achas para lá de espectaculares e as quais querias muito também fazer, pelo menos algumas delas. É aquela pessoa que não sendo famoso para todo o mundo o é para aqueles que, como tu, apreciam a modalidade e sabem um pouco daquilo que é necessário para conseguir brilhar da forma como ele brilha. Já escreveste sobre ele e é aquela pessoa da qual tens um orgulho enorme por aquilo que foi capaz. É o melhor dos melhores. É o campeão dos campeões.
Um dia o teu telemóvel faz plim e é um pedido de amizade dele, não da página de atleta, que tu já segues há séculos, mas do perfil pessoal. E tu ficas ali uns 10 minutos sem saber se dás saltinhos ou se danças, se aceitas de imediato ou se desmaias primeiro, mas com a certeza que a merda do Facebook foi a melhor coisa que já inventaram no mundo. Pelo menos durante umas horas, I Love Facebook.

Loira, a bronzeada

Passo o verão inteiro a vestir calças e rezo para o inverno chegar depressa, com os calções, os vestidos e as mini saias acompanhadas das meias opacas que me tapam as marcas de guerra que trago na pele. Estar alapada na praia durante horas, sem fazer absolutamente nada a não ser esperar que o sol me ponha mais bonita não é para mim. Nos braços, num ano bom, lá vou conseguindo disfarçar as marcas do sol, nas pernas tenho, além dos arranhões do mato e das nódoas negras, uma marca a meio da coxa e outra logo acima do joelho, culpa dos calções de ciclismo e das meias altas que já são a minha imagem de marca e que insisto em usar de cada vez que saio para pedalar.
Uso às vezes, umas calças completamente rasgadas nos joelhos, que toda a gente que me rodeia detesta e faz questão de lembrar isso de cada vez que me avista com elas ao longe, e que até já me fizeram ouvir muitas bocas de desconhecidos na rua. As pessoas não sabem, ninguém percebe o verdadeiro motivo de eu amar as tais calças, ninguém é capaz de compreender que são as mais fantásticas de todo o sempre, as ideais, as que parece que foram feitas para mim. Nódoas negras e arranhões à parte, estas são só a única peça de roupa que mostra a única parte das pernas que tenho com um tom de bronze. 

quinta-feira, 14 de julho de 2016

A tal senhora também tem lá no facebook dela palavras minhas, sobre isso já escrevi uma vez


Deparei-me, no meu Facebook pessoal, com uma publicação de uma pessoa que, não sendo meu amigo próximo, ocasionalmente vou mantendo contacto, uma pessoa que vive perto de mim, que eu vejo muitas vezes e que me liga, pelo menos uma vez por ano, para me convidar para um determinado evento. Uma pessoa da qual eu gostava e admirava. O texto é longo, muito bem escrito, quando o comecei a ler fiquei boquiaberta por ele escrever assim, até que reconheci o texto e não queria acreditar no que estava a ler, pela segunda vez, porque já o tinha lido num blog, há poucos dias atrás. Não era um texto parecido, não era uma expressão das que pegamos de tanto ouvir ou de tanto ler, não era um assunto banal sobre o qual todos escrevemos e que sai sempre parecido, não era uma forma de inspiração no outro, eram exactamente as mesmas palavras, adaptadas às pessoas em questão, muito pouco adaptadas porque parece que há muitos casais iguais por aí, que usam as mesmas frases todos os dias, que fazem as mesmas brincadeiras entre eles e com os filhos, que começam e terminam o dia da mesma forma. Ou parece que há pessoas que nem um texto sabem adaptar em condições. O texto faz-se acompanhar de uma foto, a foto da esposa e da filha e foi a expressão inocente da miúda que me fez perder a coragem de comentar ali mesmo, de dizer ao pai que é muito feio roubar as palavras dos outros. Resolvi deixar o assunto nas mãos da blogger em questão, era o que gostava que fizessem comigo, foi o que fizeram comigo e que muito agradeci, quando me aconteceu o mesmo, recebi uma mensagem, abri uma página e li as minhas palavras como se fossem escritas por outra pessoa, senti-me assaltada, um roubo de essência.
Como é que se explica a alguém que não escreve e não sabe o sentimento de escrever, principalmente as emoções, que isso é um roubo? Como é que se explica a alguém que um blog tem um fácil e rápido acesso mas que os textos publicados não estão ali para pegar e andar? Como é que se explica que quem escreve e publica numa página onde milhares têm acesso também tem direitos de autor? Como é que se explica que um blog não é só um blog e que nas entrelinhas de um texto, atrás de um ecrã, está a alma de quem conjuga sentimentos? Como é que se explica que se partilhasse a fonte a esposa compreenderia de igual modo o que ele quis dizer? Porque há realmente pessoas que escrevem aquilo que pensamos e sentimos, quantos de nós não sentem demasiadas vezes que algo foi escrito a pensar exactamente nos nossos sentimentos e nos nossos momentos? Quantos de nós não partilham as palavras dos outros com que se identificam? Como é que se recebe centenas de gostos e dezenas de comentários a elogiar tão bela relação e tão belas palavras, sabendo que não são nossas? Como é que alguém é capaz de utilizar as palavras de outra pessoa, como se fossem dele, para fazer uma declaração de amor ao amor da sua vida, descrevendo a filha que partilham? Que relação é esta, feita de palavras roubadas? Como é que se explica aos ladrões de palavras que quando nos roubam os textos nos estão também a roubar sentimentos únicos, emoções, pedaços de vida, momentos só nossos e inspiração?


Hoje só me pergunto, como será viver todos os dias de momentos de vida roubados?

Haverá coisa melhor?


Do que largar o guiador da vida por uns quilómetros e sentir a liberdade de arriscar?

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Escrever é tão natural...

Peçam-me para falar de sentimentos e não me ouvirão a dizer nada, não há forma de eu o conseguir. Peçam-me para escrever sobre eles e eu arranjo mil e uma maneiras de os mostrar ao mundo. 

terça-feira, 12 de julho de 2016

Eu tenho ideias espectaculares

Partimos já muito tarde de luzes montadas e com vontade de viver momentos únicos e especiais. Assim aconteceu. Pedalamos cerca de 80 KM entre as 11:00 H e as 3:00 H e vivemos uma grande aventura. Vimos morcegos, sapos, coelhos, gatos, cães fofinhos e dois cães raivosos que tentaram atacar-nos, quase atropelei uma raposa e tivemos de voltar e enfrentar de novo os cães raivosos, ouvimos uns cânticos estranhos vindos do meio do nada e da escuridão total e ainda tivemos tempo de nos divertir um bom bocado. 


Há quem nos fale do perigo e quem me chame de louca, eu continuo a achar que tenho ideias espectaculares.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

A tradição mantém-se neste blog

Em cada uma das minhas viagens é publicada uma selecção muito especial de imagens.


Caminho de Santiago 2016.
Ida pelo Caminho Português da costa, regresso pelo Caminho Português central.

De todas as coisas que já me chamaram

Selvagem talvez tenha sido a mais acertada. Há dias em que penso que a minha loucura será para sempre e que eu serei eternamente indomável. 

quinta-feira, 7 de julho de 2016

O pior inimigo dos ciclistas (depois da Pipinha, claro)


Foram necessários mais de 60 anos ao pedal para chegar à conclusão mais brilhante de sempre. Depois de hoje o mundo do ciclismo nunca mais será o mesmo. Depois de hoje vão surgir dezenas, centenas, milhares de estudos a tentar provar que eu não tenho razão. Estarão todos os errados, eu é que sei. Não importa a bicicleta, os km, a altimetria, a direcção, o destino, o local, quando o vento decide atacar nunca, em circunstância alguma ajuda o ciclista. O vento está sempre do contra. (Estou tão orgulhosa de mim mesma que nem consigo explicar)

quarta-feira, 6 de julho de 2016

1000 histórias para contar

Eu vi-te em Esposende há 3 anos. Passaste por mim a descer nos 5 cumes. Nunca mais me esqueci de ti. Tu não és aquela miúda? Tu não levaste um jersey da Minnie aos 5 cumes e uma do Popeye à Póvoa? Apostei com os meus amigos que eras tu. Essas meias são inesquecíveis. Tu não és a Vera? Conheci-te por causa das meias. Eu vi-te na Gralheira. Não foste a Vale de Cambra em 2014? Tu não és a Loira do blog? Eu tenho um amigo que te conhece. Vi que eras tu por causa das meias. Essas meias. As meias... as meias... as meias... Não pedalo sem elas, sem as minhas meias coloridas até ao joelho. São mais que uma imagem de marca, já fazem parte de mim. Ontem estive a contar e só tenho 61 pares. Acho que estou a precisar desesperadamente de meias novas. 

terça-feira, 5 de julho de 2016

O verde fica-me mesmo bem

Por coisas cá da minha vida sempre fui uma frequentadora assídua da estação de correios aqui da cidade. É certo que houve uma altura em que tinha de me deslocar lá todos os dias e que agora só lá vou ocasionalmente, mas ainda assim as pessoas continuam a conhecer-me, a falar comigo como se fosse uma amiga, a perguntar se já tenho este ou aquele livro e por vezes, até a dar uma ajudinha para eu não ter de esperar eternamente pela minha vez. Uma das senhoras do balcão de atendimento faz-me o mesmo elogio há anos, de cada vez que me visto de verde ela não resiste em dizer-me que o verde me fica mesmo bem. Inicialmente pensei que fosse por causa da cor dos meus olhos, depois pensei que fosse por causa do meu cabelo, talvez da minha pele, ou talvez o verde seja a cor de eleição da senhora, não sei bem, certo é que já não via aquela senhora há algum tempo, mas ontem, enquanto a colega me atendia ela veio à minha beira só para me dizer que eu estava mesmo linda com aquele tom de verde. E se ela diz, eu acredito, o verde fica-me mesmo bem, pelo menos aos olhos daquela senhora, que já me fez sorrir incontáveis vezes com isto. Talvez agora, que as minhas idas à estação dos correios são cada vez mais esporádicas, eu me comece a vestir de verde de cada vez que lá tenha de ir, é que o verde fica-me mesmo bem, e os elogios também. 

Os meus livros #44 - O Céu é dos violentos



SINOPSE

O Céu É dos Violentos foi inicialmente publicado em 1960, tendo-se tornado uma referência essencial da literatura norte-americana – um exemplo da sensibilidade gótica e da veia satírica de Flannery O’Connor.Neste segundo e último romance da autora, conta-se a história de Francis Tarwater, um órfão de catorze anos. Francis tenta a todo o custo escapar à profecia do seu tio-avô Tarwater, um fanático com uma visão muito especial dos ensinamentos bíblicos.Quando o tio avô de Francis morre, o rapaz renega os seus ensinamentos, incendia a casa rural onde ambos viviam e procura o seu tipo Rayber, que vive com o filho Bishop, uma criança mentalmente atrasada. No entanto, Fracis vai descobrir que forças que o transcendem se sobrepõem aos seus desejos de uma vida secular num razoável mundo moderno.Flannery O'Connor observa as suas personagens com uma espantosa combinação de ironia, compaixão, humor e empatia.



Este livro é cruel, é dramático, as personagens são fanáticas e cheias de maldade, é catastrófico, previsível, mas ainda assim perturbador. 

Os meus livros #43 - Uma vida à sua frente



SINOPSE

Uma vida à sua frente é narrado por Mohammed, um rapaz árabe de 14 anos, órfão, que vive no bairro pobre de Belleville com Madame Rosa, prostituta reformada e sobrevivente de Auschwitz. Publicado em 1975, o livro teve êxito imediato: vendeu milhões de exemplares em todo o mundo, foi traduzido em mais de vinte línguas e adaptado para o cinema num filme com Simone Signoret. Nesse mesmo ano, recebeu o Prémio Goncourt.




Apaixonei-me por este livro desde o primeiro paragrafo, pela forma como está escrito, pela forma como nos toca o coração. E se por um lado a história me deixava muito triste, por outro, a forma como nos é narrada, só me fazia rir. Este livro é um misto de emoções, todo ele é amor. 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

A culpa não é minha. A culpa é do MUNDO

Semana passada o Artur veio pedir-me todas as informações do Caminho de Santiago até Fátima e eu dei-lhe. O Gil pediu-me também a track GPS de Fátima e eu dei-lhe. A minha viagem de ida e volta a Santiago saiu num blog desportivo aqui da zona e depois disso um senhor que não conheço pediu-me todas as informações para também ele fazer o mesmo e eu enviei-lhe. Uma leitora aqui do blog mandou-me um mail com perguntas sobre O Caminho Francês e eu respondi, com todo o prazer do mundo. Uma outra leitora do blog mandou-me mail a agradecer a ajuda que lhe dei no Caminho dela de Fátima, com fotos incluídas e eu morri de saudades. Um fornecedor da empresa ligou-me a dizer que durante a manhã falou de mim a um amigo que quer ir fazer O Caminho, mas que não sabe como, eu ofereci toda a ajuda necessária e passado 10 minutos recebi novo telefonema, a dizer que depois de ter falado com o amigo ele já tinha pesquisado e já me estava a seguir no Strava. O Pedro vai pedalar e quando não posso ir com ele manda-me o treino em directo para o Messenger. O Tiago anda a tentar viciar-me no Strava. O Paulo foi fazer O Caminho Francês e todos os dias me espeta com fotos dos meus sítios e das minhas saudades no focinho. O meu pai fez a colecção dos guias do Caminho de Santiago que saiu no Jornal de Notícias e agora que está completa ofereceu-me. Hoje tive uma reunião em terras de nuestros hermanos, num local onde passei em 2 dos meus Caminhos e que me traz recordações fantásticas, estava lá a olhar para as setas, mas sem bicicleta, sem alforge, sem mochila e ainda por cima de saltos altos. Parece que na próxima semana tenho de lá voltar. Como? Como é que é possível eu pensar noutra coisa sem ser em partir a pedalar, de preferência atrás das setas amarelas? Como? A culpa não é minha. A culpa é do Mundo. O Mundo é que se uniu para me tramar. 

Junho 2016