segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Reaprender a ler

Ler um livro num dia, ler dois livros por semana, ler de oito a dez livros por mês, ler sem parar, ler por paixão. Há muito tempo que não o consigo fazer, tanto que corresponde a uma eternidade no meu mundo de capas, contracapas, páginas, personagens, histórias, imaginação e sonhos. Não conseguir ler é como se uma parte de mim se tivesse perdido, uma parte muito importante. Ontem, depois de muitas tentativas com outros livros separei A contadora de filmes de Hernán Rivera Letelier e A metamorfose de Frank Kafka, no meio do desespero de não me conseguir concentrar e de não conseguir viver as páginas de liberdade de que tanto gosto pareceram-me os livros ideais para reaprender a ler. Abri A contadora de filmes e só o fechei na última palavra, do último parágrafo, da última página, depois de um suspiro e de um enorme sorriso de felicidade. Hoje vou ler A metamorfose. Talvez reaprender a ler não seja assim tão difícil, só tenho de encontrar a parte de mim que andava perdida e agora tenho a certeza que é nas páginas dos livros que me reencontro. 


(Aos que perguntam pelas publicações dos livros que leio, estão muito atrasadas, mas em breve trato do assunto)

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Ganheeeeiiiiiii!!!! *

Pois que acabei de saber não só que ganhei um prémio como também que estava habilitada a conseguir uma coisa destas. Estou muito feliz pelo reconhecimento e principalmente pelo empeno. Uhhhhhh. Uhhhhhhh!!!!! Quase 7 anos depois de Blog e de pedaladas é bom saber que continuo a brilhar para vocês. E, sobretudo, é bom saber que não sou chata o suficiente para vocês se passarem ao caralho depois da primeira frase. Obrigada, obrigada, obrigada!

Óbvio que o maior reconhecimento vai para vocês que eu penso que me lêem, mas que clicam no feed por engano vezes suficientes para alimentar o meu ego. Este Blog existe para vocês saberem que eu sou a maior e que as minhas pedaladas são dignas de aplausos. Aos outros dois ou três que não chegam aqui enganados eu um dia destes pago um jantar.


Depois, obrigada a todos os que tornaram isto possível, os meus amigos que não têm outro remédio senão acompanhar-me porque eu os obrigo a isso, aos meus pais que vão aceitando a minha pancada porque não fizeram mais nenhum filho e têm de me suportar tal como sou, ao chefe que sem saber patrocina em horas não só a escrita como os sonhos e os planos de aventuras e a todos os que me inspiram a ser louca todos os dias. 

Por fim, obrigada a quem teve a iniciativa de organizar maratonas e de reconhecer as pessoas que querem pedalar por paixão e sobretudo a quem me acompanhou e ofereceu a roda durante todo o trajecto. Ser a blogger bttista mais fashion de todo o sempre e ainda ter direito a uma taça é muito especial para mim, claro que todos mereciam, mas eu não tenho culpa de ser mais gira e mais estilosa do que todos os outros. Da próxima peço que me avisem que ganhei assim que passar a linha da meta, ou pelo menos que me informem que há a possibilidade de isso acontecer, só para eu ter tempo de lavar a cara e apertar os cordões antes de ser chamada ao pódio.

O prémio é dedicado à minha bicicleta, sem ela seria impossível pedalar e ter tanto estilo. 



* Este post contém ironia (já tinham percebido, não já?)

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Até parece um fashion post

Troquei os saltos pelos rasos. Mudei. Inventei-me. Caminho agora mais depressa e decidida, como se caminhar fosse uma dança. Não penso no destino, só penso no caminho a percorrer. Não me importa o estado do pavimento nem penso no desequilíbrio. Fiquei mais baixinha e mais gordinha, mas a cada passo sou mais feliz. Já não tento estacionar sempre perto da meta a alcançar, percorro as ruas e aprecio a calçada e as inclinações. Olho para o horizonte e para as pessoas sem os dez a quinze centímetros que me separavam sempre do chão. Todos os dias me surpreendo com o meu novo estilo e gosto cada vez mais. Sou mais livre agora. Estou mais perto do solo mas também mais perto do mundo da lua. Troquei os saltos pelos rasos. Mudei. Inventei-me. Até parece um fashion post. Até parece que estou a falar de sapatos. 

O meu amor morreu...

O amor morre. A vida não é sempre cor-de-rosa. Há sonhos que desaparecem no infinito. Não foi para sempre. Não durou a vida toda. O meu amor morreu. Não morreu de um acidente fatal e inevitável nem de morte súbita, morreu de doença prolongada e degenerativa. Foi enfraquecendo, perdendo as forças, perdendo o sentido, foi respirando cada vez mais devagar, foi-se alimentando cada vez com mais dificuldade. E morreu. Morreu à fome. A vida segue lá fora. O funeral está a ser difícil e doloroso, mas não há luto que dure para sempre, ou há, mas neste momento prefiro pensar assim. A vida segue lá fora. O meu amor morreu. E eu sigo com a vida, porque o amor morre, mas a vida não. 

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Olá Outono

Separei as roupas de cores escuras no roupeiro, saí de casa com um pouco de cor nos olhos, olhei para as saias, para os calções e para os vestidos, posso finalmente abusar deles depois de um verão inteiro a esconder as pernas e as marcas do sol deixadas pelos calções e pelas meias que uso a pedalar, olhei para os casacos de pêlo, para os lenços e os cachecóis, para as botas e as combinações possíveis. Adoro as mudanças e as promessas de dias diferentes. O Outono é a minha estação do ano. Já só penso na chuva e no frio que as pedaladas me vão oferecer, na lama, na cara suja e na sensação de liberdade que me faz o sabor da chuva e o cheiro a terra molhada. Adoro as cores destes dias e as folhas no chão. Já só penso nos banhos quentes depois das aventuras, na manta e no sofá, nos livros e no chá quente, nos dias de cama com a chuva a cair torrencialmente na janela. Já só penso nos dias pequenos e nas longas noites. Já só penso na lareira e nas maças assadas do meu pai, nos dióspiros com canela e em tudo o que o frio me traz. Adoro as mudanças e as promessas de dias diferentes. O Outono é a minha estação do ano. Este será um Outono de renovação e de paz, aquele que vai mudar a minha vida. Tenho urgência de viver. Olá Outono. 

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Manias

Há algo de poético, de poderoso e até de excitante em caminhar descalça no chão gelado.

Adeus mundo, foi bom enquanto durou

Não me perguntem como, quando ou porquê mas há por aí certas e determinadas pessoas que me convenceram a correr um trail de 17 km daqui a poucas semanas. Eu não corro, eu sei que não corro, as alminhas que me convenceram a isto sabem que eu não corro, toda a gente sabe que eu não corro. Juro que até já tentei e a sensação de liberdade e de capacidade é fantástica, mas as dores em geral e os meus joelhos em particular fizeram-me sempre desistir. Pelo menos até agora. Agora estou disposta a testar a minha respiração, as minhas pernas duras e programadas só para pedalar, os meus joelhos, o meu corpo, as dores e os meus limites. Agora estou disposta até a morrer, que é o que me parece que vai acontecer depois de ter corrido duas vezes esta semana e de não haver neste momento nada que não me doa. Agora estou disposta até a morrer, porque toda a gente sabe que quando entro num desafio é para chegar ao fim. Adeus mundo, foi bom enquanto durou. Morro, mas a chegar à meta, depois de ter corrido os 17 km. 

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

E o comboio que nunca mais chega

Sempre achei as estações de comboios lugares românticos, gosto da linha condutora a destinos, naquele dia a estação parecia-me ainda mais especial. Sentei-me num banco, com o meu bloco de notas apoiado nos joelhos, a caneta pronta a rascunhar tudo o que me ia na alma e com as ideias a fervilhar, a minha música tocava baixinho, vivi a aventura da minha vida e sabia que depois daquilo nada voltaria a ser igual. Regressei com a maior mudança de sempre. Observei as pessoas e inventei-lhes histórias, imaginei situações, empregos, desgostos, amores, despedidas, regressos, criei nomes, idades, profissões, famílias e destinos. Não apanhei o primeiro comboio, quis ficar mais tempo ali, parecia-me que no meio da multidão eu era a única pessoa perdida, queria ir para qualquer lugar, só não queria ir para o lugar onde tinha de estar, a minha casa. Entrei no último comboio, não podia adiar mais. O sentimento mantém-se. 

Escrever...

Pode ser a solução.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Loira, a decidida

A vida pode ser difícil às vezes. A vida pode roubar-me tempo. A vida pode roubar-me pessoas. A vida pode roubar-me coisas. A vida pode roubar-me a razão. A vida pode roubar-me a inspiração. A vida pode dar voltas e reviravoltas, fazer piruetas e acrobacias. O meu mundo pode ficar de pernas para o ar. A vida pode até dar-me grandes lições para me mostrar que aquilo em que acredito não é o certo. Que seja. A vida só não pode tirar-me a identidade, a capacidade de sonhar e a vontade de voar. Tenho asas em mim. 

A minha querida cadeira

Terça levantei-me ao final do dia e deixei-a para trás, à minha querida cadeira do escritório. Devia ter ficado em casa mas optei por ir pedalar na minha pista, 32,8 Km. Ontem saí bem cedo de casa para viver uma grande aventura e superar um grande desfio e retornei já ao final do dia, com 160,2 km no contador. Pedalei 193 km num pequeno intervalo de tempo que o calendário me proporcionou. Hoje estou de regresso, à minha querida cadeira do escritório. Com licença, vou descansar.