sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Vou ficar tão gira com uns cornos...

Comprei uma bandolete com umas hastes enormes de rena, enormes e com uns guizos que lhe dão um efeito ainda mais giro. Fui buscar a bandolete para pedir ao Moreno que a prendesse no meu capacete. O Moreno diz que ainda é muito cedo para eu andar com aquilo. Eu digo que já é quase Natal e que quero levar aquilo para o monte. O Moreno diz que aquilo ainda fica preso numa árvore e ainda parto o pescoço. Eu digo que quero aquilo, e quero, e quero, e quero. Ele diz que me prende aquilo ao capacete mas só mais perto do Natal. Eu digo que era fixe levar aquilo ao passeio do dia 7. Ele diz que é melhor levar só ao passeio do dia 14. Eu digo que aquilo é tão fixe. Ele diz que sou tolinha. Eu vou atrás dele, sempre com a bandolete na cabeça. Ele vai a sair de casa e chama o elevador. Eu vou com ele para lhe dar um beijinho. A porta do elevador abre-se e sai de lá o meu vizinho da frente que se começa a rir, e a rir, e a rir, cada vez dá gargalhadas mais altas e coloca a mão na barriga. Eu fico a olhar para ele com cara de rena, entro em casa e penso: se o Moreno não me prende a merda dos cornos ao capacete vou pedir ao vizinho da frente, não é por nada, mas parece-me que ele adorou.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

A lutadora

Hoje é o dia de aniversário de nascimento da minha avó Joana. Partiu há 11 anos, na semana anterior ao Natal, 12 anos depois dos médicos chamarem a família para lhes (nos) informar de que só viveria, no máximo, mais 6 meses.

É a emancipação masculina, é a invasão dos rosinha, é a tragédia, o horror. Socorro!!!

Antes de começar a pedalar não gostava de cor-de-rosa, nunca gostei, até quando era miúda, não descansei enquanto não convenci a minha mãe a tirar tudo o que era cor-de-rosa do meu quarto e colocar tudo verde, antes de 2010 não havia uma única peça de roupa ou acessório cor-de-rosa no meio das minhas coisas. Depois de começar a pedalar no meio do monte e no meio dos homens quis marcar a diferença, se agora não há muitas mulheres a fazer BTT, quando eu comecei eram ainda mais raras, talvez por isso o meu lado feminino falou mais alto e comecei a achar graça aos equipamentos cor-de-rosa, apaixonei-me por uma bicicleta preta e cor-de-rosa, comprei um capacete com cor-de-rosa, acessórios cor-de-rosa, mais peças para a bicicleta em cor-de-rosa e meias, no meio das meias coloridas a maioria são cor-de-rosa. Além de fazer um enorme sucesso, de toda a gente comentar a loira de cor-de-rosa e de toda a gente me ficar a conhecer, o cor-de-rosa era óptimo quando ia a uma maratona para encontrar as minhas fotos, era só abrir os álbuns das fotos na versão mais minúscula e facilmente detectava uma pinta cor de rosa no meio do verde e do castanho das montanhas, era eu a tal pinta cor-de-rosa, nunca havia dúvidas. Depois começaram a chegar mais mulheres ao BTT e de tempos a tempos as pintas cor-de-rosa começaram a ser mais e eu comecei a abrir fotos de outras miúdas, lindas de morrer, situação que me deixava muito feliz, era só procurar mais um bocadinho por outra pinta, a minha. Mas agora??? Agora é impossível. Agora são homens e mais homens vestidos de cor-de-rosa no meio do monte. Agora são equipas inteiras vestidas de cor-de-rosa. Agora são pintas e mais pintas e mais pintas cor-de-rosa. A sério, façam-nos parar, eu não aguento isto, um dia destes abri uma foto a pensar que era eu e saiu-me um homem, gordo, com uma barriga enorme, o capacete de lado e ainda por cima com bigode, vestido de cor-de-rosa. O cor-de-rosa é meu. Socorro, querem tirar-me o protagonismo.

O carteiro toca sempre duas vezes

Depois de "O Perfume da Savana" recebi o segundo livro de Ludgero Nascimento dos Santos.


Fico com esperança de um dia destes poder ir ao lançamento de um terceiro livro seu, para o conhecer pessoalmente e lhe agradecer por tudo. Não foram simplesmente livros. 

terça-feira, 25 de novembro de 2014

(Re)post

Só quem desafia as montanhas é capaz de lhes ter o respeito que elas merecem. Só quem as percorre com sol, com chuva, com gelo, com neve, com calor, com frio, com humidade, com pó ou com lama tem a capacidade de perceber a sua grandeza. Só quem se sujeita às vontades da natureza percebe que pode ser derrotado a qualquer instante. Só quem vive as montanhas consegue perceber que por lá não somos nada nem ninguém. As montanhas têm a capacidade de nos mostrar que o topo é sempre mais longe do que o que conseguimos imaginar, que o topo pode ser sempre mais difícil, que o topo nunca é ali, porque no fim de uma subida as montanhas conseguem mostrar-nos que há sempre um outro topo a alcançar, que há sempre algo mais, que as subidas têm sempre continuação. As montanhas são poderosas, enquanto as percorremos somos muito pequeninos, quando as vencemos ficamos grandes, enormes, gigantes. Só quem desafia as montanhas é capaz de lhes ter o respeito que elas merecem, só quem as desafia consegue sentir o poder, o orgulho e a felicidade de as conquistar.

Vivo no mundo das montanhas

Às vezes só pensamos no prazer de subir uma montanha quando chegamos ao topo e olhamos cá para baixo, para a imensidão que nos rodeia. Só nesse momento é que respiramos fundo, apreciamos o mundo à nossa volta e nos sentimos grandes, enormes, por estarmos ali, por conseguirmos. Às vezes não temos essa possibilidade, de chegar lá em cima e olhar cá para baixo, tudo o que há está lá em cima, somos nós e alguns metros de terreno que nos rodeia, às vezes a natureza ensina a aproveitar e a aprender com a subida, o topo é só um dos objectivos, mas para lá chegar e de lá voltar temos de aproveitar cada momento da subida e da descida.


(No Domingo só via dois palmos à frente do nariz, mas a satisfação de estar lá em cima foi tão grande que nem consigo explicar)

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Se fosse a vocês não punha cá as teclas antes de 2015

Fui ontem comprar as decorações de Natal, assim que cheguei a casa tratei logo da minha árvore. Sempre adorei o Natal e o espírito natalício, as prendinhas, as cidades iluminadas, as músicas lamechas e depressivas a tocar enquanto caminhamos cheios de frio e com uma lista incompleta de coisas a comprar e a tratar, sempre adorei os doces e a noite com a família em frente à lareira a trocar embrulhos. Nos últimos anos o Natal não teve o sabor de que tanto gosto, passei os dias anteriores e seguintes a visitar o meu pai no hospital, fiz compras a correr e sem prazer, respirei fundo só quando o tive em casa e só me lembrei que era Natal porque, felizmente, terminou tudo bem. Este ano é Natal, há Natal cá em casa e eu vou ficar tão chata, tão lamechas e tão nhónhónhó que se fosse a vocês não punha cá as teclas antes de 2015.

Pergunto:

O "quando o José Sócrates foi detido eu estava a..." é o novo "no 25 de Abril eu..." e/ou "no 11 se Setembro eu estava a..." , não é?

sábado, 22 de novembro de 2014

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Por falar em ter um blog de sucesso


Acham que se eu lhe conseguir colocar um capacete, um jersey rosa e umas meias às riscas coloridas chego lá?

Como ter um Blog de sucesso - Aula para as pessoas do norte - grátis

Não escrevam palavrões no Blog. Não escrevam palavrões no Blog. Não escrevam palavrões no Blog.



(Sim, sim, eu sei que também escrevo palavrões no Blog, mas eu posso, estamos entendidos? Que caralho.)

Quando a esperança acaba

Não vão procurar mais o João. Acabou. Acabaram as buscas e acabaram as esperanças nos corações que estes dias o acompanharam. Tive que ler a notícia em três locais diferentes, hoje pela manhã, para conseguir acreditar. Estes dias não consegui dormir sem saber notícias dos que andavam por lá e ao acordar era a primeira coisa que ia ver, dizem que a esperança é a última a morrer por isso acho que como eu, todos os que se preocuparam com o João acreditaram até agora num milagre. Milagre que não vai acontecer.
O João era uma inspiração, pedalou, literalmente, pelos quatro cantos do mundo, pisou o chão mais inconstante e viu as montanhas mais altas, viveu intensamente e com paixão, como todos deveríamos viver. O João arriscou a vida dele no topo das montanhas,  nós arriscamos a nossa vida todos os dias, a fazer o que quer que seja. O João ficou por lá, nas montanhas, mas ficou por lá a fazer aquilo que realmente gostava, aquilo que realmente lhe dava prazer, o João viveu cada dia com a intensidade e a paixão que pouquíssimos de nós conseguirão um dia. O João continua a ser uma inspiração para mim.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Em minha casa ando quase sempre nua

Primeiro é só um sítio, secreto, único, vazio, cheio de espaços em branco para preencher com pedaços nossos, tal e qual como uma casa quando a vamos ver pela primeira vez, pronta para ser transformada até ser a nossa casa, o nosso sítio. Depois começam a chegar as pessoas, as visitas, inicialmente são poucas e não percebemos bem como chegaram até nós, depois chegam mais e mais. Também nós nos aventuramos a conhecer outras casas, outros mundos, pontos de vista opostos ao nosso. Não resistimos e contamos sobre este sítio a algumas das nossas pessoas, outras acabam por o descobrir sem a nossa ajuda. Não resistimos e trazemos pessoas deste nosso sítio, desta nossa casa para a outra, o nosso sítio e a nossa casa na vida. Continuamos a preencher os espaços em branco, continuam a chegar mais pessoas e a instalar-se confortavelmente enquanto nos conhecem melhor. Passamos por muitas fases, preenchemos os espaços com gargalhadas, com sorrisos, com aventuras, com opiniões, com pequenas coisas que não interessam a mais ninguém, com muitas coisas que podem interessar a muitos, com tristeza, com sentimentos escondidos nas entrelinhas, com lágrimas ou com sabedoria. Uns gostam de nós, voltam sempre, outros nem por isso e nunca mais cá põem as teclas, uns querem entrar para sujar, não devem estar habituados a limpar os pés à porta da casa deles. Às vezes passamos o dia inteiro a ter ideias para preencher este nosso espaço, outras vezes a inspiração desaparece por tempo indeterminado. Depois chega o dia em que queremos muito escrever um post e por qualquer motivo não podemos, o espaço que queremos muito preencher não pode ser lido, é nesse dia que isto deixa de ter piada. O meu sítio, a minha casa, continua a ter piada para mim, em minha casa ando quase sempre nua e não há nada nem ninguém que me obrigue a vestir. 

Histórias cozinhadas

Não há muito tempo atrás ia ao cinema todas as semanas, estava sempre atenta às novidades e não perdia uma estreia. Com o tempo comecei a ficar mais preguiçosa, a preferir ficar em casa, a deixar de lado o cheiro enjoativo a pipocas e o barulho que as pessoas que enchem a sala fazem a comer, por isso comecei a fazer uma lista dos livros que ainda me faltavam transformar em filme e dos filmes que queria realmente ver. A lista foi crescendo e crescendo e crescendo assim como as desculpas para deixar sempre a lista e os filmes para amanhã. Estes dias alguém me perguntava se o livro A rapariga que roubava livros era igual ao filme, agora já sei responder, vi o filme também por estes dias, muito tempo depois de o ter colocado na tal lista, não é igual, o livro é muito melhor, talvez por isso a minha lista continue a aumentar e eu deixe sempre o próximo filme para depois, porque para mim os livros são sempre melhores que os filmes. Porque, às vezes sabe bem comer uma refeição de fast food mas não há nada que se compare à comida tradicional, igual à que fazia a minha avó Joana. Porque os filmes são a fast food de quem não tem o tempo ou a paixão necessária de cozinhar uma história da forma tradicional e de a saber saborear e apreciar. 

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O Perfume da Savana de Ludgero Nascimento dos Santos

Foi o livro que me acompanhou nos últimos dias e que me foi enviado e oferecido pelo autor do mesmo. Deu-me a conhecer África, nos tempos em que ainda era uma colónia portuguesa, deu-me a conhecer a cultura, as paisagens, os segredos, as pessoas e tudo o que as envolve. A história decorre num local e numa época desconhecidos para mim mas fez-me viver esses momentos, fez-me ter a certeza de que se tivesse vivido num outro tempo seria muito parecida com a Isabel, a personagem principal do livro, se estivesse por lá com ela, ou como ela, também não aceitaria as regras que a sociedade impunha, também não aceitaria o papel que atribuíam às mulheres. Acima de tudo o livro fala de uma linda história de amor que me fez ficar muito triste, mas que me deixou com a esperança de que não seja só uma história que preenche as páginas de um livro e sim que seja uma história que tenha realmente acontecido naquela terra apaixonante e inebriante. 


O gesto de Ludgero Nascimento dos Santos ao oferecer-me este seu primeiro livro, que já não está à venda porque logo depois da primeira edição a sua editora fechou, foi muito importante para mim. Só entenderá quem é tão apaixonado por livros como eu. Brevemente vou ler o seu segundo livro, A Mulher do Capitão e fiquei com esperança de um dia destes poder ir ao lançamento do um terceiro livro seu. Quanto ao O Perfume da Savana, sinto-me especial por o possuir, já que é tão raro, e que o recebi de uma forma única para mim, pretendo guardá-lo para sempre com um carinho particular. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Loucas são as noites que passo a sonhar

Sonhei. Só isto já é suficientemente assustador porque é raro sonhar. Ainda bem, detesto sonhar. Sonhar, só é bom acordada. Sonhei e lembro-me do sonho. Que medo. Das pouquíssimas vezes em que me acontece sonhar nunca me lembro do sonho, consigo lembrar-me vagamente de que sonhei com uma pessoa, ou com um local e pouco mais. Não sei se já disse isto, detesto sonhar. Hoje sonhei e lembro-me do sonho. Estava num barco, estavam lá muitas pessoas, não me lembro se conhecia alguma, começou a entrar água para dentro do barco e eu queria salvar-me mas cada vez havia mais água, aparentemente só eu é que estava em perigo porque as outras pessoas estavam calmas e serenas, estendiam-me a mão para me ajudar mas eu não conseguia chegar a nenhuma delas. Detesto sonhar, fico sempre com uma sensação estranha. Detesto ainda mais lembrar-me das porcarias com que sonhei. Hoje dói-me o gémeo da perna esquerda e a minha tendinite do ombro direito voltou, acho que fiz demasiado esforço a tentar salvar-me, às vezes mais vale dormir afogada do que desesperada. Não sei se já disse isto, detesto sonhar. 

Caramba, consigo ser verdadeiramente inspiradora (tivesse eu uma cozinha toda branca e fazia disto um blog como deve de ser)

Sábado passeei-me entre a cama e o sofá, de pijama e pantufas, entre filmes e um livro, um cobertor e chá quente, fiz um bolo de chocolate e namorei, sempre com a casa a meia luz e a chuva a cair lá fora. Esteve um dia óptimo para a prática da modalidade.

Domingo levantei-me cedo e mesmo com chuva fui pedalar, entre a lama e o nevoeiro, o frio do vento e o calor das subidas, as montanhas imponentes e a vontade de sentir a liberdade que me provocam. Esteve um dia óptimo para a prática da modalidade.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Obrigada Zorro

Há muito tempo atrás, depois de uma troca de comentários, aconselhou-me a ler A Condessa de Rebecca Jonhs e A Rapariga que Roubava Livros de Markus Zusak. Eu não resisti e comprei ambos de imediato. Adorei ler o primeiro e a A Rapariga que Roubava Livros depressa se tornou num dos meus livros preferidos. Gosto de agradecer gestos bonitos e que me fazem feliz, ainda que seja muito tempo depois.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Loira, a coleccionadora de emoções

Mountain biker, trail runner & adventure sports addcit

É como se apresenta o João Marinho, o Português que está desaparecido nos picos da Europa desde semana passada. Eu não o conheço pessoalmente mas temos tantos amigos em comum que o meu Facebook foi invadido por fotos do João, pedidos para que regresse e até intimações para não faltar a compromissos que tinha com eles. Além dos amigos também temos muitas paixões em comum e não consigo ficar indiferente a esta procura. O João era acima de tudo um aventureiro, participava em todos os grandes desafios de BTT e de corrida, em Portugal e lá fora, organizava alguns deles e viajava muito de bicicleta, talvez o que mais me tenha marcado foi ler o pouco que escreveu sobre a travessia de bicicleta Mongólia - China, ver as fotos dele no Deserto do Gobi. O João, acima de tudo era inspirador. Sei que era a terceira vez este ano que o João partia para os picos da Europa, sei que se preparava para um ultra-trail nos Himalaias, sei que é difícil continuar a acreditar que o João possa sobreviver, não há como não pensar que por vezes a paixão nos leva a arriscar demais, não há como não achar a vida irónica, o João deixou esta foto e esta mensagem antes de desaparecer, espero que só por uns dias.


"Nothing is as important as passion. No matter what you want to do with your life, be passionate."


Quando o João voltar podem acompanhar as aventuras dele aqui:

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Muito pouco fashion (Post para encher, não chouriços, mas sacos)

Durante o resto do ano mudo de mala todos os dias, tenho malas amarelas, rosas, azuis, verdes, prateadas, douradas, brancas, pretas, castanhas, beges, roxas, vermelhas, pequenas, grandes, enormes, de tudo um pouco. Passo os dias a mudar tudo de uma mala para a outra, tralha e mais tralha, são horas de vida a escolher qual é o tom da mala que fica melhor com a roupa, ou se ao contrário, o melhor é levar uma que contraste. Quando chega o tempo frio as coisas mudam por completo, uso todos os dias a mesma mala, normalmente uma nova, linda e que me faça apaixonar. Quando chegam os dias cinzentos eu escolho "A" mala e é ela que me acompanha na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, pelo menos até à próxima estação. Isto tudo para dizer que está escolhida "A" mala do Inverno 2014/2015, é tão linda, tão linda, tão linda que só me apetece dar-lhe beijinhos, que seja eterno até que os raios de sol primaveris nos separem. 

Paixões materiais


A minha paixão pela leitura é exactamente igual, adoro ler e adoro livros. Não concebo a ideia de ler em digital, de vender livros depois de os ler, de não ficar com os livros em casa, para reler, para emprestar (a quem os devolva, obviamente), para recordar. A primeira coisa que faço quando tenho um livro novo é analisar cada bocadinho dele, a capa a contracapa, as folhas, folhear um livro pela primeira vez é um prazer, cheirar as páginas antes de as ler é um ritual. Cada livro é uma nova paixão. De vez em quando vejo-me parada em frente às estantes dos livros, feliz por os ter ali. Cada livro que compro são novos locais, novas histórias, novas aprendizagens, leio de tudo um pouco e nunca desisto de um livro. É orgulhosa que carrego sempre comigo o livro que ando a ler, nunca estou sozinha e é um peso que se transforma facilmente em satisfação, basta para isso ter tempo de ler um único parágrafo. Por isso ontem fiquei tão feliz, ter um livro enviado e oferecido pelo autor do mesmo, com dedicatória, assinado e ainda por cima um livro raro fez-me sentir muito especial.

Sobre o autor e sobre o livro escreverei mais tarde, depois de me deliciar a ler as páginas que ontem folheei e cheirei com um gosto singular.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Lembram-se daquela frase muito gira e muito romântica que eu costumo dizer?

Tenho uma pedaleira no lugar do coração.


Pois é, confirma-se.

O sítio onde moram as cores do arco-íris

O sítio onde moram as cores do arco-íris é um livro escrito e ilustrado por as crianças e os jovens que vivem numa instituição e todo o valor da venda do livro reverte a favor da casa deles. Ouvi falar do livro pela primeira vez há pouco tempo, pedi de imediato um para mim e quando soube que não estavam a conseguir vender o livro dispus-me a ajudar. Posso não conseguir vender nenhum livro, posso conseguir vender 1, 10 ou 100, mas sei que cada livro será uma vitória para mim e para a instituição por isso vou fazê-lo de coração cheio. As cores do arco-íris podem morar muito longe de nós e parecer inalcançáveis mas também podem morar na nossa casa.

Tá tudo fodido...

Semana passada uma leitora veio cá contar-me que enquanto cozinhava alguém lhe perguntou "Esta não é a Loira, daquele blog?", sim, era eu, estava no Facebook do marido dela, nas fotos de um passeio de BTT em que tinha participado.
No início desta semana a Su mandou mensagem a dizer que um dos amigos dela, que por acaso já me tinha fotografado num NGPS, tinha encontrado o meu blog e me reconheceu de imediato.
Hoje tinha um e-mail de mais uma leitora a dizer que enquanto passeava pelo Facebook encontrou umas fotos e que só podia ser eu, mandou-me as fotos em anexo e sim, era eu, as fotos tirou-as o Pedro no passado fim-de-semana.
Antes disso, o meu blog já foi descoberto por pessoas da minha vida, já fui abordada na rua (quer dizer, no meio do monte) por alguém que lia o meu blog, também já recebi comentários de alguém que me viu e reconheceu numa maratona de BTT, um dia abri a página do blog e a minha prima estava na caixa de seguidores. 
Alguém que me explique como é que faço parar esta onda de reconhecimentos. Eu, que quando comecei a escrever achava que podia escrever num blog durante uma vida e nunca ser lida por ninguém. Alguém que me explique como é que os faço parar, é que as histórias que surgem de um "Tu não és a Loira?" são engraçadas e inesquecíveis, mas ainda assim gostava de manter a Vera e a Loira separadas, afinal, a vida é uma coisa e o blog é outra.

Além de que, com os sustos, um dia destes sou bem capaz de morrer do coração.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Estilo, digo eu.


Se uma Loira ao pedal com meias coloridas e bicicleta cor-de-rosa "incomoda" muita gente, duas Loiras ao pedal com meias coloridas e bicicletas cor-de-rosa "incomodam" muito mais. 

#gostocadavezmaisdisto

É um prazer conhecer tão bem uma pessoa ao ponto de lhe poder atribuir um livro, ou vários. É um prazer apreciar tanto um livro ao ponto de achar que é ideal para uma das nossas pessoas. "Vais gostar de ler isto" ou "Lembrei-me de ti enquanto o lia" é um dos grandes elogios que me podem e que posso fazer. É um prazer analisar as entrelinhas, das pessoas, e dos livros. 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Piropo versus assédio

Fui educada para me defender. Com 6 anos fugi a correr para casa porque um rapazito estúpido e provavelmente piolhoso me tinha batido. A minha mãe agarrou-me na mão, levou-me à escola e disse-me que aquela era a primeira e a última vez que o fazia, disse-me que da próxima tinha que me defender. No dia seguinte o piolhoso rapazito voltou a meter-se comigo e atirei-o ao rio, ainda hoje me lembro de estar sentada na sala de aula e de ver os livros dele a secar ao sol lá fora. Assim continuei, o resto da minha vida, a defender-me.

Já fui elogiada e assediada na rua. Os elogios, ou os piropos que recebi aceitei-os e segui caminho. Ao assédio nunca fiquei sem dar uma resposta que envergonhasse mais o anormal em causa do que a mim, por isso nunca me incomodaram muito. Ainda assim, percebo perfeitamente que há quem se sinta incomodada, que há quem não queira passar por isso, mas pergunto: Acaso os cabrões que batem na mulher não sabem que não o podem fazer? E deixam de o fazer? Acaso os filhos da puta que violam miúdas não sabem que estão a cometer um crime? E é isso que os impede de o fazer? Exactamente, o que é que vão fazer quando um trolha vos mandar uma boca daquelas mesmo porcas?

Eu, se pudesse, mudava muito no mundo, mas começava por outras coisas.

Loira rende-se (finalmente) à moda dos mirtilos

Assassinei-os na massa de um bolo de iogurte que ficou lindo e delicioso. A sério, estava tão bom, tão bom, tão bom...


... que só podia ter ficado melhor se não lhe tivesse colocado lá no meio a porcaria dos mirtilos.

Outubro / 2014