Parti para O Caminho de mochila às costas e sem qualquer preparação física e psicológica para tudo aquilo que aquela caminhada me traria. Levei comigo a minha melhor amiga, irmã de alma e única pessoa no mundo a quem podia dizer em voz alta aquilo que descobri em cada recanto meu, tive todo o tempo do mundo para pensar e a fuga à vida fez-me vê-la como nunca. Regressei tranquila e em paz, O Caminho mostrou-me o caminho e eu só tive que fazer aquilo que O Caminho e o meu coração me mandaram. Dei à minha vida uma nova banda sonora e enchi-a de novas imagens, cheias de cor, cheias de horizonte para percorrer. Fui ter com as minhas miúdas para um fim-de-semana muito especial e percebo ao escrever isto que já se passou muito tempo e que é urgente repetir, trouxe comigo certezas. Voei como há muito tempo não fazia e senti a verdadeira sensação de liberdade. Sentei-me sozinha no topo da montanha e percebi que era lá que me sentia em casa. Descarrilei o comboio da minha vida, atirei-me de cabeça ao abismo sem pára-quedas capaz de suportar o peso da minha loucura. Fiz os primeiros de milhões de quilómetros e subi ao pódio da vida. Tive o meu primeiro grande bloqueio de leitora e tive de reaprender a ser eu. Fiquei sozinha e foi assim que me despedi do ano que mudou a minha vida. Voltei a ler. Comecei a reler-me. Voltei a sentir-me em casa e a ter o meu lar, doce lar. Assumi o meu amor ao mundo. Comprei a minha segunda bicicleta, passei a ter dois objectos de paixão e criei mais um blog, escrito a quatro mãos mas ainda adormecido. Comprei um carro. Adoptei a Julieta, a gata mais linda do mundo que chegou a minha casa com seiscentas gramas e já pesa quase cinco quilos. Nunca mais consegui estar sozinha. Meti um aparelho dentário e comecei a colorir o meu sorriso. Fui, fomos, adoptadas pela Alice, a gata mais linda do mundo que nos escolheu, vivemos as três agora, muito felizes. Mudei de emprego. Pelo caminho perdi muitas pessoas, foi inevitável, se não nos aceitam tal como somos é porque não nos fazem falta. Ganhei muito mais do que aquilo que perdi. Passaram dois anos, setecentos e trinta dias, pedalei milhares de quilómetros, posei para milhares de fotos e li centenas de livros, reinventei a minha imagem ao pedal, fiz três grandes viagens e vivi incontáveis aventuras. Passaram dois anos e eu apaixonei-me a cada dia, todos os dias, setecentos e trinta dias.
Um bom e inspirador relato do que é olharmos para nós e tomarmos as redeas da nossa vida! 😏
ResponderEliminarAdorei! A tua vida passou-me toda à frente
ResponderEliminarQue pequeno/grande resumo
Su
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarFaz hoje precisamente um ano que fiz o meu primeiro Caminho. Sozinha. de Valença a Santiago. De 13 de agosto de 2017 a 13 de agosto de 2018 muita coisa mudou. também mudei de emprego e de pessoas. Já repeti o Caminho. Fiz em maio o Caminho Primitivo. para este levei amigos. Muito longo e duro para uma aventura solitária. Em outubro vou fazer o Inglês. Cada Caminho sua verdade. Já agora, gramas é masculino. São seiscentos gramas.
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