Saí de casa com previsões de chuva e consciente de que voltaria molhada, tem sido assim sistematicamente, mas a vontade é mais forte do que a meteorologia por isso saio de casa mesmo assim, com uma ligeira diferença, não vamos para longe, ficamos sempre por perto, nas nossas montanhas, desta forma é fácil voltar a casa quando começar a chover a sério. Pensava eu.
Estávamos lá em cima, nas nossas montanhas e o tempo de regressar a casa eram no máximo quinze a vinte minutos a descer pela estrada quando começou a chover, fácil. Pensava eu.
Desta vez, porém, a chuva caiu torrencialmente, as temperaturas caíram até ficarem negativas, o vento ficou mais forte do que nunca e junto com a chuva fomos atacados por saraiva, tanta que cada pedrinha, cada pedra, cada pedregulho, cada calhau nos doía no corpo todo, as pernas não tinham força para lutar contra o frio e o vento e os braços já não os sentíamos, mal conseguiam controlar a bicicleta. A estrada ficou branca, vários centímetros de altura de pedras brancas, passou um carro e perdeu o controlo, despistou-se mesmo à nossa frente, estavam bem as pessoas lá dentro, continuamos a pedalar, qualquer paragem obrigatória poderia ser fatal, não havia um abrigo, só nós a lutar contra a tempestade. Já apanhei muita chuva, muita lama, muitas tempestades, já pedalei com saraiva, com neve, com as maiores intempéries, mas esta foi a primeira vez na minha vida ao pedal que pensei estar muito perto de não conseguir voltar a casa.
Continuamos a pedalar, como se disso dependesse a nossa vida, cheguei a casa num estado inexplicável, não conseguia sequer pegar na chave para abrir a porta e entrar, quando consegui fui directa ao banho quente e fiquei lá por tempo indeterminado, pensei só que no dia seguinte voltava lá em cima às minhas montanhas. E voltei. Obrigada Primavera, meu Amor.
Continuamos a pedalar, como se disso dependesse a nossa vida, cheguei a casa num estado inexplicável, não conseguia sequer pegar na chave para abrir a porta e entrar, quando consegui fui directa ao banho quente e fiquei lá por tempo indeterminado, pensei só que no dia seguinte voltava lá em cima às minhas montanhas. E voltei. Obrigada Primavera, meu Amor.
Curioso, não é Loira? O dia seguinte é o dia seguinte !
ResponderEliminarBem sei o que é vir em cima da bike tolhido a descer a serra sem conseguir sequer travar e com dúvidas se chego ao final da descida.
Vê o site:
https://www.icebike.org/wind-chill-chart-for-winter-cyclists-and-ice-bikers/
que mostra a temperatura efectivamente sentida em função da velocidade para uma determinada temperatura exterior (no gráfico a velocidade está em milhas/hora e a temperatura em Fahrenheit mas na net é fácil encontrar conversores para Km/ e graus Celsius). Por exemplo, com 4 graus Celsius de temperatura exterior se desceres a uma velocidade de 25 km/h a temperatura efectivamente sentida é de 5 graus negativos! Se o vento soprar forte ou se estivermos molhados a temperatura é ainda menor. Se a temperatura exterior for cerca de 0 ou 1 grau Celsius negativo, à mesma velocidade (25km/h), a temperatura efectivamente sentida são cerca de 8 graus negativos ! Portanto, a perda de calor é extraordinária e há mesmo o risco de não se chegar a casa! Mas o dia seguinte é o dia seguinte; bem te percebo.