quarta-feira, 1 de junho de 2016

O pódio

Havia um grupo de rapazes que tinham saído do mesmo local muito mais cedo e que viajavam com carro de apoio e um outro grupo, do qual fazem parte três miúdas, e que viajavam em autonomia total. Havia uma subida com uma inclinação brutal e cheia de buracos e de pedras. Eu era uma das três miúdas e fiz um esforço tremendo para conseguir conquistar aquela subida em cima da minha bicicleta, com o peso do alforge a minha roda da frente levantou várias vezes, tive de me concentrar a 100% para conseguir segurar na bicicleta, precisei fazer uma força impensável para colocar todo o meu peso na parte da frente da bicicleta e foi necessário respirar fundo um milhão de vezes, as pernas já doíam, a respiração estava ofegante e eu só conseguia avisar os que vinham atrás para dar um pouco de espaço, só desta forma é que me conseguiria desviar a tempo de eles passarem montados, no caso de eu não conseguir. Quando penso naqueles momentos ainda não sei como fui capaz, além da inclinação inexplicável, dos buracos e das pedras ainda tive de contornar os rapazes que iam desmontando ao longo da subida, aqueles tais que tinham saído bem mais cedo que nós, que tinham carro de apoio e que sem peso nenhum com eles faziam aquilo desmontados. Subi sempre com a sensação que estava no meu limite, acho que se uma formiga tivesse espirrado perto do meu pneu me tinha atirado ao chão, mas o certo é que consegui. E quando olhei para trás lá estava a Paulinha, e quando voltei a olhar lá estava a Sílvia, as três tínhamos conseguido fazer aquilo com todo o peso das nossas coisas na bicicleta e às costas, foi uma felicidade tremenda aquele momento. Os rapazes? Uns ficaram com cara de poucos amigos por não terem conseguido e nem nos falaram, outros deram-nos os parabéns, nem queriam acreditar e aposto que ainda daqui a alguns anos todos se vão lembrar de nós, das três miúdas que unidas conseguiram o impensável. Haverá pódio melhor que este? 

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