Já tinha chegado há tanto tempo, a ela parecia-lhe mesmo uma eternidade, embora já a tivessem avisado que só poderia entrar aquela hora. Não sabia como reagir, não sabia ainda exactamente o que lhe tinha acontecido, não sabia o que ia encontrar para lá daquela porta. Tinha recebido um telefonema praticamente há vinte e quatro horas, e sem saber exactamente aquilo que a esperava colocou algumas roupas numa mala, entrou no carro e conduziu, 1200 Km intermináveis, uma noite a chorar a caminho do imprevisto, telefonemas seguidos de familiares e amigos que lhe davam força e ajuda e que lhe exigiam respostas. Respostas que ela não tinha, já tinha falado com todas as pessoas conhecidas no país vizinho e tudo o que lhe diziam continuava a ser muito vago. O telemóvel que não parava de tocar, as estradas, o mapa, as lágrimas, a recordação daquilo que disseram "Foi levado de helicopetero para o hospital", o sono que a impedia de pensar claramente, "tem calma", continuavam a dizer-lhe do outro lado da linha, a força que tinha que ir buscar e não sabia exactamente onde, a força que tinha de passar a todos os outros.
E agora estava ali sentada praticamente há uma hora sem mais notícias a não ser "Poderás entrar às 15:00 horas", mas cada minuto, cada segundo demorava uma eternidade e as 15:00 horas pareciam ainda a dias de distância.
Até que a porta se abre e lhe indicam o quarto, ela espreita calmamente, sabe que não lhe pode causar um grande impacto, roda a cabeça e olha para a sua esquerda, naquele momento, embora soubesse que os próximos meses iam ser complicados, embora soubesse que a distância ia custar mais que nunca, embora soubesse que as lágrimas estavam ainda a começar, quando ele olhou para ela e lhe disse "O que estás aqui a fazer, eu estou bem, não precisavas ter vindo" o mundo voltou a sorrir, a esperança voltou, o coração ficou tão aliviado que todos os abraços e beijos pareciam os primeiros.
Tudo poderia ter sido apenas "Uma longa viagem".
Juro que amanhã leio isto. Mas hoje, vejo tantas letras juntas com uma cor meio cor de rosa leio lilás, o sono já não me permite a leitura.
ResponderEliminarTu mereces!
ResponderEliminarO que estás aqui a fazer, eu estou bem, não precisavas ter vindo, não é lá uma grande recepção a quem acabara de fazer 1200 Km por causa do estupor.
ResponderEliminarOs gajos são mesmo insensíveis, não são?!?!
Daniela,
ResponderEliminarTem uma boa noite querida, até amanhã.
Masquediabo,
Obrigado.
Fofinho,
Não, nada insensível, é o meu pai e é simplesmente a melhor pessoa do mundo, só acho que ele ainda não se tinha apercebido da gravidade da situação.
Uma fábrica de letras, produz letras, que em série produz palavras... Palavras que em série, dão frases... Frases que em série, dão a conhecer o que há mais de profundo em nós!! É a fabrica de letras!! :)
ResponderEliminarbj
Sutra
Lindo lindo...
ResponderEliminarBeijocas doces Verinha****
Porra, acertei mesmo em cheio.
ResponderEliminarAcho que perdi uma boa oportunidade de estar calado, mas pensava que era ficção... um conto, ou coisa assim.
Desculpa!
Muito bem escrito*
ResponderEliminarOlá..passeando pelo seu blog... tudo muito bom por aqui, adorei o texto, volto para ler-te com mais calma...bjs carinhosos e uma linda semana...
ResponderEliminarVerinha, foi uma longa viagem (1200 lm) com um propósito que seria preocupante, não fora o facto de tudo ter corrido bem! ;)
ResponderEliminarEstá simplesmente espectacular!
Kiss kiss loira linda
Adorei :)
ResponderEliminare como está agora?
ResponderEliminarGostei muito :)
ResponderEliminarImagino o que seria não teres feito os 1200km. Provavelmente nunca mais irias ficar bem contigo mesma!
ResponderEliminarAdorei o texto!
É tão "tu"
Beijo enorme
Sutra,
ResponderEliminarÉ só a minha segunda participação na Fábrica de Letras, mas estou a gostar bastante.
Paula,
Obrigado querida, um beijinho.
Fofinho,
Nestas participações costumo fazer mesmo ficção, mas nesta quis escrever algo mais real, até porque o tema "uma longa viagem" só me inspirava esta história.
Vera Fernandes,
Foi sentido, acho que é isso.
Crys,
Muito obrigado.
MRPereira,
Tu já tinhas lido a outra versão da história, a mais emocionada, contei-a a chorar como uma desalmada no blog da nossa amiga.
Rita,
Obrigado.
António,
Muito bem, obrigado. Muito melhor do que poderia imaginar enquanto fazia os 1200 Km.
Margarida,
Obrigado.
Cláudia,
Não ter feito os 1200 Km não era sequer opção, por isso mesmo, por ser "Eu".
Obrigado afilhada mais linda. Beijo.
Gostei. Gostei muito. Tenho poucas pessoas pelas quais fazia 1200km mas o meu pai é, certamente, uma delas.
ResponderEliminarInspirador...
ResponderEliminarInfeliz acontecimento, que demonstra um sentimento forte ;)
O fio da navalha.
ResponderEliminarAquele gume que separa o coração da garganta.
É o que me ocorre. Talvez me reveja..
Parabéns pelo texto, Vera.
*
Olha...fiquei sem palavras...
ResponderEliminarO texto está magnífico!
bjinhos
Gostei, Vera.
ResponderEliminarBeijinho
ResponderEliminarEstá maravilhoso! Ainda bem que correu tudo bem :)
ResponderEliminarTenho que dizer que esta situação no final deu-me um pouco de graça, faz me lembrar certos aspectos culturais diferentes, de pessoas que se queixam por tudo e por nada e para outras que se não estiverem mortas está tudo bem.
ResponderEliminarRita,
ResponderEliminarSem dúvida que o meu pai era a primeira pessoa por quem eu faria 1200 Km numa noite, até 5000 se necessário fosse.
Caia,
Um dos mais fortes que pode haver, tão forte que acho o post muito pouco para o descrever.
Lampâda,
Adorei o teu comentário, não podias acertar mais.
Belinha,
Obrigado.
Um beijinho.
Hugo,
Muito Obrigado.
Essência,
Beijinho, basta.
Mysterious Girl,
Até hoje agradeço que tenha corrido tudo bem todos os dias.
Daniela,
Não. Esta situação foi bem real, embora descrevê-la não seja assim tão fácil, porque por mais que escreva, nunca´conseguirei detalhar os verdadeiros sentimentos.
Uma viagem super interessante. Gostei.
ResponderEliminarSempre temos nosas formas de viajar. Carregamos nossas malas de belos e bons fluidos.
Uma longa e bela viagem. além de ser um pouquinho Longa não é mesmo. Nossas viagem de diversas maneiras. Também estou participando. Interação de amigos juntos nessa longa viagem.
http://sandrarandrade7.blogspot.com/
Um grande abraço,
sandra
O mundo tem suas diversas maneiras de viajarmos.
Vamos nessa..
Carinhosamente,
Sandra
Sandra.
ResponderEliminarObrigado.
Gostei... mais uma viagem... bjs
ResponderEliminarTb gostava de participar mas não consegui perceber bem como...
ResponderEliminarAdorei a tua história by the way!
Beijinhos doces***
Muitos Parabéns. Está fantástico.
ResponderEliminarBeijo***
Poetic Girt,
ResponderEliminarObrigado. Vou já ler a tua viagem.
Paula,
É simples, basta escreveres o post e publicar, depois disso vais à Fábrica de letras e preenches a próxima entrada, no primeiro espaço o título do post seguido do nome do teu blog e no segundo o link do post. Só tens que fazer o link para a Fábrica no blog. Tenta, se tiveres dúvidas é só perguntar, eu ajudo-te.
Sissy,
Obrigado.
Beijo.
OBG vou publicar agora mesmo!
ResponderEliminarBeijocas aromáticas***
Já publiquei a minha história...
ResponderEliminarObg pela ajuda! bjs doces xxxx
Esta é a "viagem" que por vezes me assombra e a qual espero que nunca chegue...
ResponderEliminarMuito bom texto, Vera!
Paula,
ResponderEliminarEu vou já espreitar.
Louise,
Eu só peço para que nunca mais aconteça, foi sem dúvida a maior viagem da minha vida.
Obrigado.
Sim querida, não quis dizer que não tenha sido real. Apenas estou a comentar a reacção da pessoa em si. Por ver pessoas diferentes, em casos em que algumas se partem uma unha começam logo a queixar-se e em casos exagerados até vão ao medico, e outras pessoas dês que não morram está tudo ok, entendeste? x'D
ResponderEliminarDaniela,
ResponderEliminarClaro que entendi minha querida, neste caso, o meu pai estava a entrar para o helicopetero e a dizer para ninguém nos ligar senão ia-mos ficar preocupadas, eu e a minha mãe. Homens...
O título está certo, mesmo. Fui lendo o texto sempre à espera de tropeçar nalguma cena que me provocasse uma garagalhada ou um sorriso e destrambelhasse aquilo que parecia algo sério. Afinal é um texto dramático. Muito bom, mas inesperado neste espaço sempre tão divertido.
ResponderEliminarBjs.
Luísa,
ResponderEliminarPor vezes também escrevo aqui coisas bastantes sérias. É certo que as parvoíces e as gargalhadas são mais habituais, mas ninguém é só parvo e divertido, e eu tanho o meu lado bem sensível, embora possa não parecer.
Um beijinho
Chegado da "Fábrica".
ResponderEliminarEssa viagem, fictícia ou não, deve ter sido deveras penosa. Não gostaria de estar na pele da personagem...
Catsone,
ResponderEliminarQuem me dera nunca ter estado na pele de personagem desta história. Bem vindo.