quarta-feira, 30 de abril de 2014

Mais um post daqueles em que estou a escrever sobre uma coisa mas estou a falar de outra. As entrelinhas, é preciso ler nas entrelinhas.

Tenho um sentido de orientação péssimo, principalmente quando ando no monte. Há quem conheça o monte como a palma das suas mãos, já eu tenho uma memória tipo peixe de aquário, é sempre tudo novo para mim, mesmo quando estou perto de casa, nos trilhos que costumo percorrer tantas e tantas vezes. Acontece-me muitas vezes saber mais ou menos onde estou, saber que no cima daquela subida há uma raiz onde já escorreguei, saber que a seguir vem uma descida cheia de pedras, mas não saber como lá chegar nem como vir embora. Por isso é que pedalar sozinha pode ser perigoso. Às vezes o trilho divide-se em dois, voltar para trás já não é possível, a opção é escolher uma das duas alternativas. Pedalar a dois trás mais vantagens, é mais seguro seguir um trilho desconhecido com uma roda a proteger a nossa, é mais fácil admitir que possivelmente a outra alternativa fosse a melhor quando temos companhia, é muito mais fácil levantar depois de uma queda se tivermos uma mão a ajudar. É muito melhor seguir caminho com companhia, somos mais fortes, somos capazes de tudo. Pedalar a dois é mesmo muito melhor. E se nos perdermos, a dois há-de ser mais fácil encontrar a alternativa para chegar novamente ao conforto da nossa casa.

É muito provável que a partir de hoje este blog passe a estar repleto de citações fofinhas, românticas e apaixonadas



Chegou hoje. Fujam, nunca mais vão conseguir aturar-me. 

Não sei se estão recordados mas um destes dias fiquei sem uma peça de roupa interior e a minha vida a partir dali foi esperar ansiosamente pelo dia em que a mesma me fosse devolvida via elevador



Ontem foi o dia. Não me perguntem mais nada. Não se preocupem comigo. Eu hei-de ficar bem. Isto com um Xanax e uns anos de terapia intensiva há-de passar. 

terça-feira, 29 de abril de 2014

Oração ao espelho nosso (actualização de última hora, vocês sabem, eu gosto de estar sempre actualizada)

Aqui não há quem viva - versão da Loira

Sexta-feira, feriado, 25 de Abril, 8:30 H da manhã toca a campainha, é a administradora do condomínio com um trolha, de escadote e lata de tinta na mão para pintar uma mancha de uma infiltração que está lá desde o ano passado, não é por nada, mas podiam ter vindo mais cedo. Voltam por volta das 11:00 H e depois às 17.30 H. Sexta-feira, feriado, 25 de Abril, limpei a cozinha 6 vezes, 6 vezes. Antes de sair a administradora do condomínio (posso dizer-vos desde já que a adoro) ainda me disse que a vizinha de baixo ouve movimentações vindas do meu apartamento, a sério, movimentações, alguém me explica o que caralho são movimentações?

Bikipédia - 1

Este é e sempre será um blog pessoal, o meu diário. No entanto passo parte da minha vida ao pedal e como consequência grande parte dos posts deste blog falam de bicicletas, uma das minhas grandes paixões. Por isto tenho cada vez mais leitores que também pedalam, recebo cada vez mais e-mails a perguntar que bicicleta devem comprar, e comentários com algumas perguntas mais técnicas. Não sei tudo sobre bicicletas mas mais de quatro anos a pedalar já me fazem saber algumas coisas, por isso vou iniciar a Bikipédia, que não passa de pequenos ensinamentos ou troca de ideias que podem ajudar tanto quem já pedala como quem está a dar as primeiras pedaladas. Quem sabe não vos consigo incentivar e em vez de sumos manhosos pela manhã não começam a pegar numa bicicleta.


Em primeiro lugar quero dizer-vos que se vão sair para pedalar, sejam 3 ou 300 km, seja no monte, em estrada, em pista ou até no vosso jardim, nunca saiam sem um capacete. Vejo muitas pessoas a pedalar sem capacete e isso é preocupante, qualquer queda, por muito pequena que seja pode tornar-se muito grave se não estivermos a usar o capacete. Por isso já sabem, usem SEMPRE um capacete, protejam sempre as vossas ideias.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Analogia...

Quando cheguei de percorrer o meu caminho fiz uma comparação entre O Caminho e a vida, foi exactamente assim que o senti enquanto o estava a percorrer, como a vida, uma pequena etapa que pode resumir uma vida inteira. Ainda tenho muito para escrever sobre isso, as emoções ainda continuam ao rubro, lembro cada vez mais de pormenores, de pessoas, de locais, de momentos, acho engraçado como nos primeiros tempos lembrava O Caminho como algo que sonhei e não algo que efectivamente vivi, só com o passar do tempo é que comecei a assimilar tudo o que vivi naqueles dias. Quando cheguei a casa naquele dia, cansada, emocionada, feliz, radiante, fiz uma comparação entre O Caminho e a vida, ainda sem saber que a vida iria provar-me que eu, naquele dia, enquanto escrevia com o coração estava certíssima. O Caminho já me fez perder pessoas, não aquele Caminho em particular mas um Caminho com o mesmo destino, um Caminho com sentimento idêntico, quando isso aconteceu fiquei muito triste, agora sei que o Caminho só nos deixa perder o peso que vai a mais nas nossas mochilas, no Caminho, como na vida, as pessoas essenciais ficam para sempre, todas as que ficam pelo caminho são absolutamente dispensáveis. Felizmente aprendi isso a tempo, estou disposta a perder tudo aquilo que me pesa na minha mochila.

E além disso foram os anos do Zé.

Houve uma altura na minha vida em que detestava a chuva, enchia-me a cabeça de caracóis e apanhar uns pingos de chuva era a coisa mais horrível que me podia acontecer. Depois comecei a andar de bicicleta e a liberdade que me dava fazê-lo à chuva começou a ser das melhores coisas que eu podia sentir. Pedalar à chuva lava-nos a alma, disse eu um dia. Há muito tempo que não o fazia mas no passado sábado pedalei à chuva praticamente todo o dia e não há frio, não há lama, não há roupa suja que estraguem a sensação tão boa que me provoca os pingos de chuva a bater na cara, o cabelo molhado sem preocupações, o cheiro a terra molhada, a superação de subir uma montanha e quase tocar nas nuvens, é uma sensação tal de liberdade que além de nos lavar a alma nos faz sentir outra vez crianças. Há dias em que penso que sou uma intrusa na montanha, mas não, a montanha é a minha casa. 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Ouvi dizer que mostrar cozinhas para além de inspirador é sucesso garantido


Esta é a minha. A fruta está ali porque achei que a mesa vazia ficava mal, as refeições ficam sempre uma nheca, não tenho sementes em casa e não bebo aqueles sumos manhosos. Além disso queria mostrar os morangos que a mãe do Moreno me mandou. Como podem comprovar cá em casa fazemos sempre as refeições muito bem acompanhados. Posso garantir-vos que a dois é muito bom mas a quatro é espectacular. 

Estou com 1 mês de atraso...

E não, não é caso de gravidez. Estou com 1 mês de atraso no trabalho, o que quer dizer que para conseguir colocar os papéis todos em dia precisava de 1 mês suplementar no calendário, agora entre o final de Abril e o Maio. Arranja-se? É que se não for isso ou fico (ainda mais) louca ou começo a trabalhar 20 horas por dia o que dá, obviamente, em loucura.

Ela não anda... ela pedala...


Eu sei... eu sei... as outras desfilam, mas pedalar é muito melhor.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

No dia do livro um post sobre O livro que me fez gostar de ler

Era de leitura escolar obrigatória e só por isso detestei-o desde o primeiro minuto, era enorme, aquelas páginas pareciam-me intermináveis. Coloquei-o de lado, talvez me apetecesse ler alguns dias depois, talvez me apetecesse procurar resumos como os meus colegas andavam a fazer. Calhou que por essa altura parti o pé e calhou mais ainda de serem as férias da Páscoa, calhou de ter de passar duas semanas praticamente sem me mexer e calhou de ter o tal livro, ali de lado, para o dia em que me apetecesse. Depois de começar a ler já não consegui parar, já tinha lido alguns livros mas nenhum que me apaixonasse tanto como aquele, lembro-me de ficar entusiasmada com a história, com a escrita, lembro-me de me apaixonar e lembro-me depois de contar cada pormenor ainda de brilho no olhar aos meus colegas, os tais que andavam a procurar resumos. Uns meses mais tarde percorri os recantos onde se passava a história do livro ainda apaixonada e apaixonada voltei a ler cada página. A paixão com que respondi às perguntas sobre o livro valeu-me um 19 num exame nacional de Português. Foi Os Maias de Eça de Queiroz o livro que me fez apaixonar por todos os livros que se seguiram.

Despertador de sentimentos:

O Cheiro...

Tenho de confessar uma coisa, eu também já fui blogger profissional.

A sério, acreditem ou não já vivi do blog. Foi no tempo da maldita insolvência, o tribunal decretou que os funcionários continuavam na firma até o processo estar concluído, mesmo sem ter um caralho para fazer. Foi pouco tempo depois de ter começado o meu Blog e foram tempos muito difíceis, tinha um escritório, internet ilimitada, um Blog para preencher e assim passava os meus dias, no fim do mês recebia um ordenado e nem tinha que fazer posts com publicidades manhosas. Depois acabou essa fase, comecei a trabalhar num emprego a sério e fui a Loira mais feliz de toda a blogosfera, ser blogger profissional não era para mim, apesar de não ter de fazer as tais publicidades manhosas.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

A minha vida sobre rodas.

O ano passado por esta altura estava obcecada com os km, com as cadências, com os batimentos cardíacos, estava a preparar-me para O Caminho e queria treinar, treinar, treinar. Agora sei que não era necessário tantos treinos e tanta preparação mas na altura isso fez-me sentir mais segura e ajudou-me imenso. Já antes dessa fase controlava os km, os tempos, queria participar em todas as maratonas possíveis e andar de bicicleta era acima de tudo um desporto. Nesta altura acho que aproveito mais a vida nesse sentido, aquilo que tenho feito e que quero continuar a fazer é passear de bicicleta. Deixei de controlar os km, os tempos, deixei de me preocupar em chegar mais depressa ou não. Tenho aproveitado mais cada passeio e tenho acima de tudo vivido a vida sobre rodas com muito mais felicidade. É preciso ter uma visão especial para reparar naquilo que nos rodeia, é preciso parar para respirar a paisagem.

domingo, 20 de abril de 2014

sábado, 19 de abril de 2014

Recordações

Durante O Caminho levantei-me sempre muito cedo, quando ficava nos albergues acordava com os caminhantes, quando ficava em hotéis também tínhamos que partir bem cedo. Os caminhantes levantam-se ainda de madrugada, caminham na maioria das vezes só até meio do dia, depois ficam a descansar e voltam a começar na madrugada seguinte. Na noite em que pernoitei em Puente la Reina O Caminho ficava na rua do hotel, nunca mais esqueci essa manhã, acordei bem cedo sem despertador nem ajudas externas e fiquei ali a aproveitar uns momentos mais, na rua os caminhantes passavam silenciosos e eu ouvia-lhes somente os cajados, a bater na calçada, com a determinação e a coragem que são necessárias para partir em autonomia. Aquele som dos cajados naquela manhã nunca mais me saiu da cabeça, ainda acordo às vezes a pensar neles, para mim aquele será para sempre o som dO Caminho. 


Ainda não sei explicar o porquê, talvez seja necessário percorrer O Caminho mil vezes para saber, talvez nunca seja capaz, ainda que o percorra mil e uma vezes, mas ninguém termina O Caminho da mesma forma que começou, há naquele chão alguma coisa que nos muda para sempre.


(o meu colega imortalizou aquele momento com esta fota, tirada da janela do nosso quarto, agradeço-lhe eternamente)

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Dona de casa desesperada

Aqui no prédio cada vez que cai alguma coisa dos andares de cima nas varandas dos andares de baixo as pessoas colocam o objecto caído dentro do elevador, para que o dono possa recuperar o que é seu sem ter de se deslocar lá em baixo e incomodar os vizinhos. Hoje estava a estender a roupa e caiu-me uma tanga de padrão tigresa em tons de azul turquesa (não perguntem). Neste momento anseio pelo dia em que ao entrar no elevador estejam lá as minhas cuequinhas penduradas. Só espero que me devolvam também a mola. 

À procura do passado...

A minha mãe tem 3 álbuns de fotografias de quando eu era criança, três, daqueles antigos e gordos, cheios de fotos. Quando comecei a crescer ganhei vontade própria e acabaram-se os flashes. No passado domingo estive à procura de uma foto para colocar lá em casa e demorei-me por lá muito tempo, pelo passado. Como era filha única não podia fazer nada fora do comum, quero dizer com isto que viajar no carro de alguém era impensável, tinha que viajar sempre com os meus pais, se houvesse um acidente pelo menos passávamos todos pelo mesmo, quando o destino era o mesmo do carro dos meus tios e eu queria viajar junto das minhas primas, impensável. Também tinha que me sentar sempre no banco de trás do lado direito, segundo a minha mãe se houvesse um acidente eu seria menos afectada por estar ali. Não podia ir para o rio com os meus primos nem brincar na piscina junto da vizinhança, só podia andar de bicicleta dentro dos portões de casa e qualquer brincadeira que lhe parecesse mais radical só sobre a supervisão dela. Percebo-a, quando era bebé corri risco de vida e não deve ter sido fácil para ela. Além de não poder fazer nada de perigoso ainda me vestia cheia de folhos e de rendas e de bolinhas e de lacinhos, e penteava-me com totós que prendia com fitas da cor das meias e dizia-me constantemente para não me sujar, depois levava-me ao fotografo (sim, são fotos tiradas por profissionais) e trazia para casa mais meia dúzia de fotografias. Enquanto percorri, no domingo, as páginas do passado ri bastante das minhas figuras, das combinações da roupa, brinquei dizendo que ela queria criar uma fashion filha e que agora ando toda suja no meio de monte de bicicleta porque ela não me deixava brincar em criança, lembrei-me de uma fase de revolta na adolescência porque achava que ela me tinha visto em criança como uma boneca e não como uma filha e olhei para o passado já com outros olhos, vejo agora nas fotografias uma bonequinha muito feliz.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Os ciúmes minha gente, os ciúmes é que vão ditar o fim desta relação

Estou a trabalhar. O Moreno está de folga. Ligou-me agora a dizer que foi andar de bicicleta. A sério pessoas, andar de bicicleta e eu a trabalhar, sem poder ir. São os ciúmes minha gente, são os ciúmes que vão ditar o fim desta relação, os ciúmes minha gente, os ciúmes pela bicicleta...

Juro que não percebo...

Eu não me calo com isto da bicicleta, é post atrás de post, são fotografias, são relatos de viagens, são músicas, poemas, descrições, comparações e declarações à bicicleta. Eu conjugo o verbo pedalar em todos os tempos. Eu infernizo-vos a vida com esta porcaria, já ninguém me consegue aturar. Juro que não percebo. Porque é que as marcas de bicicletas não estão já a disputar a minha atenção para me ver a pedalar no último modelo topo de gama? Porque é que não me oferecem os vários modelos para eu testar, aprovar e publicitar? Porque é que as marcas de sapatos de encaixe não me entopem a caixa de e-mail com ofertas? Porque é que ainda não tenho três dúzias de capacetes novos? Porque é que ainda não tenho uns óculos de ciclismo de cada cor? E luvas? E meias? Porque é que as equipas não me enviam os seus equipamentos, orgulhosas de me ver usar as suas cores? Porque é que as marcas não mandam fazer equipamentos com o seu patrocínio especialmente para mim? Porque é que eu ainda não escrevo posts em parceria com as grandes marcas do ciclismo mundial? Porquê? Porquê? Juro que não percebo. E logo eu que estou tão disponível...

terça-feira, 15 de abril de 2014


Já sei, para ser uma blogger de sucesso tenho que lançar um livro

Acham que se o fizer aqui do terceiro andar chega ou tenho que pedir a janela emprestada aos meus vizinhos de cima? É que é um livro muito mau que comprei por engano há muitos anos atrás, convém ficar bem destruído.

O maior indicativo de que uma pessoa será uma blogger de sucesso é o gajo que escolhe (desculpa querido, mas tenho que contar isto às pessoas)

Uma pessoa que vive com um gajo que não sabe tirar fotografias nunca poderá vingar nisto dos blogues. O meu manda-me para o sítio certo, foca-se na objectiva, manda-me sorrir, estar quieta, eu lá fico, pareço uma estátua e espero, espero, espero, espero, espero, espero, espero mais um bocadinho e quando começo a reclamar, clic, já está, "agora ficaste mal, não sabes estar calada, ficas sempre de boca aberta", "mas nunca mais tiravas a fotografia, é sempre a mesma merda", "também já não te tiro mais fotografias, nunca gostas de nenhuma", tudo fodido, um dia destes andamos à pancada a ver quem acerta com a máquina fotográfica na cabeça de quem. Obviamente se tivesse que me tirar as fotos do outfit todos os dias já estávamos separados, nunca serei uma blogger de sucesso e a culpa é toda dele e logo eu, loira, linda e com outfits para cima de espectaculares, ter de escolher entre uma relação saudável e o tentador mundo das fashion, ninguém merece tamanho infortúnio, a sério pessoas, ninguém merece.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

União de duas paixões =


Somar Liberdade. Multiplicar Inspiração.

Agradecimento aos visitantes e aos enfeitadores de caixas de comentários.

Em alguns anos de Blog a minha vida já passou por várias fases. A forma como olho para o Blog (o meu Blog) também. Já perdi a paciência para ele algumas vezes e já fiquei sem tempo para ele muitas mais. Noutras alturas, em que fiquei sem tempo para ele, abdiquei de tudo o que o envolvia, deixava de apontar as minhas ideias, deixava de ler outros blogues, esquecia-me de entrar no e-mail, não escrevia, quando me terminava essa fase e me voltava o tempo regressava, feliz e cheia de saudades. Sim, eu tenho saudades do Blog quando o abandono. Nesta fase da minha vida tenho menos tempo do que nunca mas desta vez, apesar de abdicar de tudo o resto que envolve o blog não abdiquei de escrever. Sinto-me sozinha no meio da multidão, escrevo mas não leio, não sei o que se passa neste mundo gigante, não sei o que se passa com cada um de vocês em particular. Ainda assim, vocês, os de sempre, continuam a visitar-me e a comentar-me, continuam sempre comigo. Isso merece um agradecimento, numa altura em que a maior parte das pessoas só dá quando espera receber algo em troca vocês dão-me tanto do vosso tempo sem qualquer retribuição. Obrigada. 

Loira atreve-se a lançar aqui e agora um novo ditado popular:


"A pedalar se vai ao longe"


Sou uma mente brilhante.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Procura-se: Viva ou morta.


Foi vista pela última vez a montar umas luzes na sua bicicleta e a preparar-se para sair para o monte à noite. Vestia um outfit adequado para a ocasião e trazia um sorriso nos lábios. A família pede a quem a encontrar para a mandar internar imediatamente. Qualquer informação, por favor, contactar o manicómio mais próximo.

Coisas cá do meu medo...

Há uns tempos um colega dos pedais caiu e literalmente espetou um pau pelo olho dentro. Estes dias um amigo meu desmaiou em cima da bicicleta e acordou no hospital todo fodido e com 25 pontos na boca. Sim, 25 pontos na boca, a minha prima teve um filho e acho que apanhou menos pontos. Pernas, braços, clavículas, mãos, pulsos e arranhões já me parece muito pouco perante as últimas lesões. Há alturas em que não há como não parar no cimo de uma descida para pensar se não estaremos a arriscar de mais. Há alturas em que não há como não desmontar e descer aqueles metros com a bicicleta à mão. Depois a coragem volta, volta sempre. É a adrenalina e a paixão. É mais forte que o medo e os pensamentos negativos. Montamos a bicicleta, encaixamos os pés e atiramo-nos de novo ao abismo, não há sensação como essa, a liberdade de descer, o perigo a espreitar, o desafio de ultrapassar o medo. E continuamos a arriscar, arriscamos sempre, provavelmente sempre de mais. Mas é tão bom...

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Loira, ouve o que te digo, para seres uma blogger de sucesso tens de ter posts verdadeiramente motivadores e inspiradores


Então boa noite, sim?




O quê? Não serve? Como não serve? Isto do sucesso afinal dá muito trabalho, vocês são demasiado exigentes, isto cansa uma Loira. Mas não pensem que eu desisto, eu não seja Loira se não faço deste Blog um sucesso.

O Sr. António Augusto...

Escreveu um poema enquanto nos tentava vender ou alugar uma casa. Dizia constantemente que o estávamos a inspirar e não parava de escrever, no fim leu o poema duas vezes, cheio de orgulho e entoação, perguntou outras tantas se estava bonito e ele próprio afirmou que sim, que estava lindíssimo o dobro das vezes que nos perguntou. Eu olhava para o chão, numa concentração fingida, se olhasse o Moreno nos olhos não conseguiria conter-me e teria rido às gargalhadas. O Moreno abanava a cabeça, em jeito de aprovação, sempre muito sério, pelos mesmos motivos que eu. Não ficamos com a casa, não voltamos a ver nenhuma casa daquela agência, não conseguimos parar de rir durante um par de horas depois de deixarmos o Sr. António Augusto com os seus rascunhos. Eu ri da situação mas percebi-o, gostaria de ser suficientemente louca para pegar também eu no meu caderno de rascunhos, escrever sobre ele e dizer-lhe que sim, que apesar de incrédula sabia bem que a inspiração é assim, quando chega tem que se agarrar na hora, se nos foge é como grãos de areias ao vento, nunca mais a encontramos, até podemos ficar com a ideia, mas o contexto nunca ficará igual, porque o momento já passou. No final das contas afinal o Sr. António Augusto também me inspirou.

(Voltar lá é que me parece que não vou ter coragem tão cedo.)

Serve o presente para vos informar que esta que agora vos escreve alegre e feliz corre o risco de muito brevemente se tornar uma pessoa infeliz e traumatizada.

Antes de mais deixem que vos diga que desde que tenho carta de condução, vai para mais de 50 anos, o meu maior medo sempre foi atropelar uma pessoa. Nunca tive receio de levar com um camião em cima, nunca temi provocar um choque em cadeia, nunca me preocupei em ter um acidente grave ou não, atropelar uma pessoa, isso sim, sempre foi uma preocupação.
Recentemente mudei de casa e entrar e sair da garagem tornou-se um atentado à vida humana. A entrada/saída tem um grau de inclinação correspondente a uns 90%, capaz não só de me fazer enjoar ou até vomitar quando vou a subir para sair da garagem, mas também de me fazer dar três cambalhotas dentro do carro quando vou a descer para entrar na garagem. Estou convencida que se trouxer alguém no banco de trás do carro essa pessoa consegue fazer um backflip ainda eu vou a meio da descida. Já perceberam a ideia, não já? Como se isso não bastasse a garagem sai directamente para o passeio, onde vão pessoas a caminhar. Ora, se o meu maior pânico sempre foi a ideia de poder atropelar uma pessoa o maior sonho de algumas pessoas deve ser precisamente o oposto, ser atropeladas. As pessoas têm um degrau para passar aqueles metros, mesmo em frente ao portão, as pessoas têm uma linha amarela no chão, as pessoas têm um aviso sonoro de que o portão está a subir, as pessoas vêem o portão a subir, as pessoas conseguem ver o carro, ou a parte de baixo vá, por causa do tal grau de inclinação, basta ter o mínimo de inteligência para perceber que o condutor não consegue ver as pessoas, por causa do tal grau de inclinação (repito muitas vezes isto porque não sei se já perceberam), alguns dos meus vizinhos até buzinam quando vão a sair da garagem, as pessoas têm ao lado um espaço enorme por onde podem passar e o que é que as pessoas fazem? Isso mesmo, metem-se em frente aos carros que só as conseguem ver quando já têm os dois pneus da frente no passeio por onde as pessoas estavam. Em poucos meses já estive quase para atropelar uma 1857 pessoas, eu fico sempre mais assustada do que elas e mesmo quando o carro já está encostado ás pernas delas sou sempre eu que tenho de parar porque as pessoas simplesmente não se desviam.
Se tiveram coragem de ler este post até ao fim e estão solidários comigo por causa do tal grau de inclinação (já perceberam, não já?) por favor expliquem-me, o sonho das pessoas é ser atropeladas?

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Loira, ouve o que te digo, para seres uma blogger de sucesso tens de ter um animal de estimação


Já escolhi o meu, vai chamar-se Mé-mé e só não sei como o vou enfiar dentro de um T2 onde já estão duas bicicletas a servir de decoração. Mas o Blog é o Blog e o tal sucesso justifica tudo. 


Pessoas, este é o Mé-mé. Mé-mé, estas são as pessoas.


Ups... querem ver que já fugiu... Mé-mé... Mé-mé... anda cá à Loira... Mé-mééééééé... Oh Mé-mé...


Nada... Sou uma nódoa como Blogger...

A sério pessoas, tudo na vida passa...

Se estão tristes por algum motivo, isso passa... se estão chateados com a vossa cara metade, isso passa... se estão temporariamente sem trabalho, isso passa... se, ao contrário, têm trabalho em excesso e não vos sobra tempo para nada, isso passa... se estão a ser afectados pela crise, isso passa... se estão sem inspiração para escrever no Blog, isso passa... se não vos apetece sair de casa para nada, isso passa... se estão deprimidos, com falta de amor próprio, desgostosos ou desesperados, isso também passa. A sério pessoas, mantenham a calma, um dia tudo passa. Na vida tudo passa, só não passa a vontade de pedalar.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Finalmente o rescaldo de 2013 (não me pressionem, cada um com o seu timing)

O ano começou no hospital e acabou do mesmo modo, no hospital, felizmente correu tudo bem e as intervenções deixaram uma óptima herança a 2014. Logo no início do ano recebi notícias fantásticas, esperadas há já muitos anos, nesse aspecto 2013 foi o tal. O verbo do ano foi planear, logo eu que nunca faço planos, dei por mim a pensar e a concentrar-me em cada pormenor, aparentemente até sou boa nisso, os planos correram muito bem, um dia destes volto a repetir. Vivi a maior aventura da minha vida, que saudades daqueles dias. Realizei dois grandes sonhos e acabei o ano com as chaves da realização de outro na mão. Só agora, algum tempo depois consigo dar a real importância a isto, só agora é que percebo que às vezes faz bem olhar para trás. 

Candidatura oficial a Blog daqueles com fotografias para lá de espectaculares.






Não basta pedalar, é preciso parar para aproveitar o que nos rodeia, é preciso respirar a paisagem.

Conclusão do post anterior:

Só quem dorme bem noite após noite pode aproveitar umas horas de insónia para ter ideias espectaculares.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Alegre agripnia...

No meio de tanta agitação ainda não tinha tido tempo de parar para pensar. Numa destas noites acordei e não consegui adormecer durante umas horas. Em circunstâncias normais teria acordado o Moreno, mas ele também anda cansado e tinha que levantar-se muito cedo. Por isso fiquei ali, sozinha com a minha, felizmente rara, insónia e só me ocorria um pensamento, a vida não tem sido perfeita mas apesar de tudo estou feliz. E finalmente tive tempo para respirar e estar comigo, finalmente tive tempo para sentir-me muito feliz.

Que susto...

Ontem passei o dia a andar de bicicleta, no meio do trajecto fomos visitar um mosteiro, além de tudo o resto a bicicleta é para mim uma forma de turismo. Ao entrar para o mosteiro o segurança insistiu para deixarmos a bicicleta à porta, praticamente todos os dias recebemos notícias de bicicletas de amigos e conhecidos roubadas de locais públicos e até de dentro das suas garagens por isso não gostamos muito da ideia mas como não tínhamos opção assim o fizemos. Aparentemente o segurança mudou de ideias quando estávamos lá dentro e guardou-as em local mais apropriado, quando saímos as bicicletas não estavam lá, o segurança veio imediatamente dizer-nos que as tinha guardado, mas durante aqueles segundos entre o olhar para o local e raciocinar o assustador pensamento "as bicicletas não estão ali" percebi finalmente o sentimento de todas aquelas pessoas que vêem as suas coisas serem levadas, não só as bicicletas, como qualquer outra coisa. Hoje e a partir de agora estou, sem dúvida, mais solidária.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

A sério, eu mereço?

Uma pessoa anda cheia de trabalho. Uma pessoa mudou de casa e ainda precisa de um GPS para localizar qualquer objecto que possa ser essencial. Uma pessoa tem de ir mudar a morada nos documentos. Uma pessoa nunca teve tanto trabalho acumulado no escritório. Uma pessoa tem uma auditoria marcada e já não sabe o que fazer com tanto papel. Uma pessoa tinha há uns dias uma pasta de processos pendentes e achava muito, uma pessoa agora tem duas pastas. Uma pessoa não encontra a carta com os códigos para mudar a morada no Cartão de Cidadão. Uma pessoa procura por todo lado achando que não consegue mudar a morada sem aquilo. Uma pessoa continua cheia de trabalho. Uma pessoa continua com a casa virada do avesso. Uma pessoa encontra uma agenda antiga onde apontou os códigos. Uma pessoa fica feliz. Uma pessoa aproveita uma saída do escritório para ir mudar a morada. Dizem a uma pessoa que se não tiver os códigos a diferença de preço é de 3 € para 12 €, uma pessoa pensa que afinal podia ter ido mudar a morada mais cedo. Dizem a uma pessoa que no caso de não ter os códigos tem de tirar um cartão novo e apontam para a fila de uns 5 km. Uma pessoa agradece aos céus por ter encontrado os códigos. Uma pessoa sabe que o assunto ainda não ficou resolvido. Uma pessoa tem que esperar que chegue uma carta à nova morada para voltar lá e finalmente provar que aquela é de facto a sua nova morada e graças a Deus ficar com a morada alterada. Uma pessoa aproveita para ir lá novamente numa saída rápida do escritório. Uma pessoa sai a correr e sempre a pensar na porcaria do trabalho acumulado. Uma pessoa espera. Uma pessoa muda a morada e volta para o escritório. Uma pessoa tem imenso trabalho mas suspira, pelo menos já tem a morada alterada. Uma pessoa tem de ir à recepção assinar um registo. Uma pessoa pega no Cartão de Cidadão porque sabe que é preciso. Uma pessoa assina o registo e dá o Cartão de Cidadão ao carteiro para ele apontar o número. O carteiro diz a uma pessoa que ela tem de fazer um  Cartão de Cidadão novo porque o prazo de validade deste termina daqui a uns dias. Uma pessoa não merece... ninguém merece...

Pensamento do dia:

Hoje não vou bater à porta, hoje vou deitar a porta abaixo.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

A outra parte de ter um Blog (Susana, chega-te aqui à Loira)

A Vera e a Loira são exactamente a mesma pessoa, por aqui não há uma personagem criada, sou eu e ponto. Ainda assim A Vera e a Loira podem separar-se. A Loira escreve essencialmente para desconhecidos, abertamente sobre uns assuntos, entrelinhas sobre outros. A Vera não está disposta a partilhar esses pensamentos e essas palavras com os conhecidos, gosta de manter o mistério e não suporta que as pessoas achem que a conhecem demasiado bem. Poucas pessoas conhecem a Vera e a Loira, a Susana é uma delas. Partilhamos a paixão pelas bicicletas e trocamos ideias, aventuras, conhecimentos e fotografias há muito tempo, sempre de forma virtual mas muito real. Foi no primeiro e-mail que recebi da Susana a contar-me sobre ela e sobre esta paixão partilhada que comecei aos poucos a dar-lhe a conhecer a Vera. Foi também nesse primeiro e-mail que comecei a gostar dela. Há muito tempo que falamos em ver-nos pessoalmente mas nunca surgiu a oportunidade, parece que é desta e que está mais perto que nunca. Em breve vou vê-la e dar-lhe um abraço como se dá aos velhos amigos que não vimos há muito.
Hoje, por acaso, vi que a Susana partilhou um texto meu, sobre esta nossa paixão em comum, com os amigos, não é a primeira vez que o faz mas hoje li o texto como se não tivesse sido eu a escrevê-lo, depois li os comentários sobre o texto e vi que mais alguém o partilhou e hoje, depois de mais de 4 anos a escrever num Blog senti pela primeira vez orgulho em algo que fui eu a escrever. Isto merece sem dúvida um agradecimento especial. Obrigada Susana e até já.

O dia em que ganhei a maior corrida de todos os tempos...

Ainda pedalava há relativamente pouco tempo quando me decidi a aventurar numa ida à Senhora da Graça, etapa mítica na Volta a Portugal em bicicleta, saímos de casa bem cedo, eu e o Moreno e pedalamos até lá. Estava tanto vento que mal conseguia pedalar e já cheguei mais que cansada ao primeiro metro de subida da imponente montanha que nos esperava, a minha preparação era praticamente nula e as bicicletas eram de monte, o que não ajudava nada. Eu pedalava uns metros e parava para descansar, a subida nunca mais acabava, uma curva, outra curva e mais subida, aqueles km pareciam intermináveis. Quando íamos mais ou menos a meio da montanha e da grande subida começamos a ouvir uns barulhos estranhos, pareciam ambulâncias e o Moreno espreitou lá para baixo, era uma corrida de ciclismo, ele começou a pressionar-me e a gritar que eu tinha que pedalar, que vinha ali a corrida, que eram profissionais, que não nos podíamos encostar ali, "pedala", já se vê o carro vassoira e lá pedalava eu, com o coração a mil, a respiração no máximo sem olhar para trás, só a ouvir o Moreno e quase a morrer quando vejo o topo, a meta e as pessoas que estavam à espera da corrida e atrás de mim vinham os profissionais e eu ali, mesmo à frente deles passei a linha da meta e começaram todos a aplaudir-me e a dizer-me que eu era a maior e os profissionais logo ali, passaram a meta na minha roda e eu fui a maior e assim ganhei a maior corrida de todos os tempos. Uns dias depois um amigo arranjou-me o jersey daquela corrida e guardo-o com muito orgulho. Agora, que pedalo há uns anos e que sou mais informada sei que esta corrida se realizará novamente, como acontece anualmente dentro de poucos dias e estou a pensar ir lá, só não sei se consigo ganhar outra vez.

E já que estamos numa de assuntos sérios,

sabem que parte do vosso IRS pode ir para uma instituição de utilidade pública, são sabem? Basta preencher no anexo H, no quadro 9, no campo 901 o número de contribuinte da instituição à vossa escolha e 0,5% do vosso IRS será entregue a essa mesma instituição sem que vocês percam nada com isso, é só uma pequena percentagem que tiram ao estado para ajudar quem nos ajuda a nós.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Socorro... estou deprimida.

E acreditem, não é culpa da chuva, nem tudo é culpa da chuva neste país. Já preenchi a minha declaração de IRS e começo a acreditar numa colega minha que há uns anos me dizia que "trabalhar não compensa". Há mentes brilhantes espalhadas por aí. Juro, estou tão deprimida que já pensei sair por aí a correr e depois chegar a casa e preparar uma mixórdia verde um sumo detox. É grave, não é?

Mães da blogosfera, eu pergunto:

As pessoas que colocam no vidro do carro um autocolante com o nome do filho (Beatriz a bordo, Tomás a bordo) terão a noção que qualquer pessoa ficará a saber o nome da criança? E saberão que é muito mais fácil um adulto com intenções duvidosas aproximar-se da criança se a tratar pelo nome? É que eu, ainda que não sendo mãe, não consigo perceber estas coisas.