sexta-feira, 31 de julho de 2015

Um pequeno passo para a humanidade, uma grande pedalada para a Loira

Assim que os dias ficam maiores e o sol começa a dar ares da sua graça eu faço da pista o meu local de eleição. Deixo de ir ao ginásio, voo para casa ao final do dia para me equipar rapidamente, pegar na bicicleta e com a música aos berros nos ouvidos ir pedalar para a minha pista. A minha pista liga a minha cidade à cidade vizinha e tem 15 km de extensão, ir e voltar totaliza 30 km que analisados ao pormenor darão metade a subir e metade a descer. Sempre adorei ir para lá, é a minha liberdade depois de um dia inteiro fechada no escritório.
Há dias em que vou a passear e a ver a paisagem, há dias em que vou acompanhada e a conversar, há dias em que só quero ir sozinha e pensar, há dias em que é lá que me inspiro, há dias em que quero bater o meu tempo.
O máximo que já tinha conseguido era fazer toda a pista em 1:05 H, o que já não era um tempo nada mau. Nos dias em que vou passear posso até demorar 2:00 H, isso não importa para nada. Aqui há uns dias, a tentar bater o meu tempo consegui melhorar 3 minutos, consegui fazer os meus 30 km em 1:02 H, fiquei felicíssima e a achar-me a super mulher mas depois pensei que não, que conseguia fazer muito melhor. Ontem foi o dia, arranquei convencida que nunca na vida tive tanta energia e resolvi canalizar toda essa força nas minhas pernas, consegui fazer a pista em 59 minutos. Isso significa que eu consegui pedalar numa BTT a uma média de mais de 30 km por hora. Bem sei que isto não diz nada aos 2 ou 3 que ainda entram cá para me ler, mas para mim foi um grande feito, digno de ser registado para memória futura.
Durante o percurso cruzei-me com uma amiga que passava de carro, levantei-lhe a mão mas nem abrandei, quando cheguei a casa enviei-lhe uma mensagem a explicar porque não parei para lhe dar um beijinho e a contar-lhe o que consegui. Ela respondeu-me toda entusiasmada, também ela a achar que eu era uma espécie de super mulher mas eu disse-lhe que não, que estava só cheia de pressa para fazer o jantar.
É que depois de cumprir um objectivo a que me proponho, depois de alcançar um desafio só meu, parece sempre que afinal não foi nada de especial, que posso sempre mais e que só tenho de acreditar e tentar. Ainda bem, se não fosse assim hoje poderia ser o dia de me reformar, mas não, é só mais um dia, em que tenho de arranjar uma nova meta. 

quinta-feira, 30 de julho de 2015

O dia em que fugi de casa

Ainda não tinha dois anos e já eu achava que podia fazer o que bem me apetecia, fugi de casa. A minha família entrou em pânico, a minha mãe começou aos gritos, o meu pai a procurar-me, a minha avó dizem que rezava, a minha madrinha não sabia se havia de acalmar a minha mãe ou ajudar o meu pai a procurar, o meu tio agarrou a minha prima pela mão e foi na direcção oposta ao meu pai. Gritavam pelo meu nome mas eu não respondia. A minha mãe só chorava "Ai... a minha menina", "Ai... a minha filhinha". O pânico, o horror, a tragédia. Foram encontrar-me bem perto, estava no quintal da minha avó, sentada na terra a comer tomates directamente do tomateiro. 

E como é que eu sei isto tudo? Porque até hoje, quando me perguntam o que quero lanchar e eu pergunto se têm tomate, quando peço tomate ao almoço ou ao jantar, ou quando estou a comer tomate e afirmo que sim, que adoro tomate, todos me contam (outra vez) a mesma história. O meu pai continua a rir-se de cada vez que se lembra da minha cara suja de terra e de satisfação, enquanto comia os tomates da minha avó. 

Parece que sempre fui uma rebelde, houve até o dia em que fugi de casa, para poder comer tomates à vontade. 

Os meus livros #48 - A Metamorfose

Sinopse
Franz Kafka é um dos mais carismáticos autores do século XX. O corpo das suas obras - na sua maioria, publicadas postumamente - destaca-se entre as mais influentes da literatura deste século. Os seus temas por excelência centram-se em torno do absurdo, da alienação, da obsessão e da culpa que geram nas suas personagens um sentimento de estranhamento. As suas obras definem uma boa parte do que ainda hoje se considera como «literatura moderna» e é considerado um precursor do realismo mágico. A Metamorfose (1912) narra o estranho caso de um caixeiro-viajante que uma manhã acorda transformado num monstruoso insecto.


Há anos que tenho este livro na minha lista e há anos que por um motivo ou outro foi ficando sempre para trás. Agora que acabei de o ler só consigo pensar: Como é que eu pude estar tanto tempo sem ler isto? Ontem terminei a leitura, fechei-o e fiquei uns bons quinze minutos a olhar para ele, tanto para absorver. Será um livro para reler vezes sem conta. 

Os meus livros #47 - A vida peculiar de um carteiro solitário

Sinopse
Esta é a história de um carteiro solitário que vive a sua vida através dos outros, lendo a correspondência alheia antes de a entregar aos destinatários. Inesperadamente, esse carteiro assume a existência de outro homem e aproxima-se da mulher por quem se apaixonara. E assim começa uma apaixonante história de amor, uma relação única, intensa e bela vivida apenas através das cartas e dos poemas que trocam entre si. Mas durante quanto tempo poderá Bilodo continuar a viver aquela mentira - e aquele amor? Num registo intimista e tocante, Thériault explora os temas do amor, da imaginação, do sonho e das dimensões inconscientes do espírito humano.


Sempre olhei para os carteiros com um brilho no olhar, sempre gostei da profissão deles. Hoje em dia já não transportam muito de novo, mas noutros tempos todas as boas ou más notícias, todas as mudanças, todas as grandes novidades, todas as saudades chegavam às pessoas através deles. Sempre achei esta profissão romântica. Infelizmente este livro deixou muito a desejar, a escrita é muito básica, a história não tem nada de especial, esperava pelo menos conseguir fazer uma boa análise psicológica da personagem do carteiro, mas nem isso consegui, fiquei bastante desiludida. Salvaram o livro os poemas, alguns muito bonitos. 

Os meus livros #46 - Rebeldes

Sinopse
Mestre das paixões, neste romance Sándor Márai dedica-se não aos triângulos amorosos mas a outras questões igualmente susceptíveis de despertar emoções fortes: o que une um grupo de jovens revoltados contra tudo e a tudo dispostos. E arrisca-se a levar o leitor ao centro de um enredo de erros e fúrias, cumplicidades e traições, sofrimento e cobardia -de inconfessáveis atracçõese de ambíguas repulsas. Porque trata das vicissitudes e aventuras de um grupo de rapazes, ou melhor, um bando, como se definem a si próprios, no final da Primavera de 1918, numa pequena cidade da Hungria distante da frente e onde a vida, aparentemente calma, é profundamente abalada pela guerra. Entregues a si próprios enquanto os pais combatem na frente, estes rapazes decidem libertar os demónios da sua revolta impelidos por um ódio ardente contra o mundo, pela sua imaginação e pela sua arrogância -e também por um erotismo, tão mais aceso quanto mais implícito -, deixando a guerra para o mundo dos adultos e inventando jogos demasiado perigosos. Um obscuro actorque se torna o seu mentor oculto, envolvendo-os nas suas perversas tramóias, acabará conduzindo-os a um trágico e inevitável epílogo.


Depois de A Mulher Certa fiquei convencida de que teria de ler tudo o que Sándor Márai tem publicado, infelizmente Rebeldes acabou por ser uma grande seca para mim. Talvez tenha escolhido uma má altura para o ler, ando demasiado cansada e a precisar urgentemente de férias. Ainda assim continuo com pelo menos dois livros de Sándor Márai na minha lista dos: para ler com urgência.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Coisas que tenho de partilhar

A SIC passou ontem uma reportagem especial sobre O Caminho de Santiago:
Parabéns SIC, uma boa reportagem sobre O Caminho só podia ser feita caminhando. 

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Esclarecimento à navegação

Escrevi hoje ali em baixo, como tenho escrito e dito incontáveis vezes na minha vida, que não tenho uma alma competitiva. É a mais pura das verdades, vou para as maratonas ver as paisagens, curtir os trilhos e meter-me com os rapazes, tentar ficar à frente de um(a) amigo(a), seja em que circunstância for, não me passa sequer pela cabeça, mas isso não quer dizer que eu seja uma cheché. Quando os gajos passam por mim com ar de quem sabe tudo e de que são os maiores lá da rua deles não há nada que me dê mais prazer do que deixá-los para trás, como acabo de fazer agora mesmo. Se fosse um amigo meu pedalava lado a lado com ele, oferecia a minha roda quando ele precisasse, aceitava a roda dele agradecida, mas não é, por isso quero que ele se foda. Hoje terminei a minha pedalada completamente esgotada, há muito que não saía da minha zona de conforto, mas o gajo, o tal que passou por mim com ar de quem sabe tudo e de que é o maior lá da rua dele, terminou a pedalada completamente humilhado. Fazer amigos é espectacular, mas há dias em que fazer inimigos é melhor ainda. 

O Caminho da Su

Já escrevi sobre a Su várias vezes, ela foi uma das pessoas que este blog me trouxe. Quando decidiu fazer O Caminho de Santiago pela primeira vez pediu-me ajuda e mail atrás de mail, paixões em comum e muitas coincidências depois ficamos amigas para sempre.
A Su está neste momento a fazer novamente O Caminho de Santiago, isso não tem nada de novo, já o fez várias vezes e vai continuar a fazê-lo sempre que puder, tal como eu, mas a Su está a fazer O Caminho de Santiago sozinha. Visto da minha perspectiva ela está a cumprir um sonho que também eu tenho e para o qual só preciso de uma oportunidade para realizar, visto da perspectiva de outras pessoas há muito para dizer sobre isto. Na cidade onde moro, por exemplo, o único grupo de pessoas que se aventura num Caminho em autonomia total sou eu e os meus, todos os outros pedalam muito depressa e muitos km, mas levam uma carrinha de apoio que transporta as roupinhas lavadas para saírem à noite e para pedalarem nos dias seguintes, os suplementos alimentares, o material de reparação necessário em caso de avaria e com cada grupo viaja um mecânico. Dito assim até dá vontade de rir, também eu comecei assim, quando ainda não percebia nada disto. Agora olho para eles com a certeza de que não estão a fazer O Caminho, estão somente a pedalar até Santiago de Compostela. Esta gente olha para nós como se fossemos uns malucos inconscientes, por isso gostava de lhe espetar com a Su nos focinhos. Gostava de lhes explicar que a velocidade e os km que fazem não valem nada comparados com a coragem da Su, gostava de lhes explicar que ela anda a pedalar sozinha no meio do monte com a roupa dela e tudo o que precisa às costas, gostava de lhes mostrar o quanto pesam uns alforges ou a mochila da Su neste momento, gostava de lhes explicar que a Su está a enfrentar as dificuldades do Caminho, o peso, o calor, a chuva e tudo o que lhe aparecer pela frente completamente sozinha e gostava de lhes dizer que chegar rapidamente a Santiago não vale nada perante isto. No sábado acompanhei a Su no seu primeiro dia de Caminho, foi um dia muito especial para nós, afinal foi o blog, mas acima de tudo O Caminho de Santiago que nos uniu, no final do dia regressei a casa e deixei a Su, para continuar a caminhada solitária a pedalar no Caminho que neste momento é só dela. Deixei a Su, com o coração apertado e a alma cheia de orgulho.


Bom Caminho Su. Quando chegares a casa imprime este post e cola no teu diário de bordo, no sábado estava pouquíssimo inspirada para o muito que havia a dizer sobre este teu Caminho. 

Equipa


Terminou assim o Tour de France, com o vencedor Chris Froome e toda a equipa Sky a emocionar os mais sensíveis com esta chegada. Deixando de lado as técnicas de competição, que não me interessam para nada, eu só vejo emoção e noção de equipa, isso não posso deixar de lado, isso sei bem o que é.
Quando comecei a pedalar havia no máximo uma centena de pessoas, entre os de montanha e os de estrada, a pedalar na minha cidade, hoje podem contar-se milhares. Esta paixão pelos pedais multiplicou-se vezes sem conta nestes últimos anos, por isso não é difícil perceber que há demasiados tipos de pessoas e de espíritos ao pedal.
Os ciclistas de competição ficam de lado nesta minha análise, lutam por um lugar no pódio a título individual, mas sabem muito bem que a vitória deles depende quase sempre da ajuda e da união de toda a equipa.
Os amadores é que me espantam, os amadores que fazem tudo para chegar à meta primeiro que os amigos, os amadores que mentem em relação a treinos e a percursos que fazem, os amadores que só aparecem quando sabem que estão bem preparados, os amadores que tomam drogas para ficar à frente dos amigos numa prova, numa subida, num passeio, os amadores que preferem fazer um bom tempo a ficar com um amigo que precisa de ajuda, os amadores que acham glorioso fazer os km e o percurso pensado inicialmente a solo em vez de arranjar alternativa e chegar à meta do dia entre sorrisos e amigos.
Não tenho espírito competitivo, nunca terei, talvez por isso me surpreenda ainda com este tipo de atitudes. O que eu tenho é espírito de equipa, talvez por isso tenha sido uma emoção para mim ver ontem o final do Tour de France. Talvez por isso tenha sido uma emoção para mim relembrar que o ano passado chegamos exactamente nesta posição a Finisterra. Talvez por isso o meu coração ainda bata mais depressa quando penso na sensação da chegada a Fátima este ano, depois de três dias de amizade e companheirismo a pedalar. Talvez por isso chegar primeiro ou fazer um bom tempo nunca será mais importante do que pedalar lado a lado com um(a) amigo(a). Talvez por isso me queira distanciar das pessoas que querem competir comigo. Talvez por isso me sinta muito bem a pedalar, porque sou e faço as coisas de acordo com aquilo que sinto, e o que sinto é que as pessoas, as minhas pessoas, são o melhor que pedalar me trouxe. 


“Sozinhos vamos mais rápido, juntos vamos mais longe"

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Gaja que é gaja fica sempre com dúvidas: Que sapatos levar?

Há mulheres que juram não ter nada para vestir


Eu não tenho nada para ler. A sério, tirando estes trinta e oito, uma dúzia que estão de lado porque quero reler e umas colecções que comprei para quando não tiver nada para ler, não tenho mesmo mais nada para ler. É uma tristeza.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Parece que há posts fofinhos espalhados por toda a blogosfera

O tamanho não importa

Conheço pessoas que só compram livros grossos, as muitas páginas justificam-lhe o preço e garantem várias semanas de leitura. Não é assim que se mede o tamanho de um livro. Há uns tempos atrás li A contadora de filmes de Hernán Rivera Letelier e até hoje ainda não consegui deixar de pensar nele, com pouco mais de oitenta páginas terá sido o livro mais pequeno que já li, no entanto está tão repleto de emoções que é não é fácil digerir todas elas de uma só vez. A contadora de filmes é um livro para a vida, para reler vezes sem conta e sentir cada página de forma especial. O tamanho de um livro não se mede pela grossura nem pelo número de páginas, o tamanho de um livro mede-se por o conteúdo e pelo sentimento que ficamos quando o fechamos no final da leitura.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Parem de dizer mal das vossas mulheres

Que vos ocupam o espaço todo no guarda-roupa, que têm malas que nunca mais acabam, que não sobra espaço nenhum no sítio dos cremes, que voam sapatos para todo o lado assim que tentam abrir a sapateira, que demoram uma eternidade a ficar prontas, que têm centenas de brincos e de pulseiras e de colares e de relógios e de óculos de sol, que não cabe mais nada em casa, que os casacos que possuem davam para abrigar meia África, que compram, e compram, e compram mais qualquer coisa e que ainda assim, nunca têm nada para vestir. Há pior, acreditem. Há mulheres que além de tudo isso ainda têm capacetes, sapatos de encaixes, colecção de jerseys e de meias coloridas até ao joelho, calções com almofadas no rabo, casacos para a chuva, para o frio, para o vento, óculos de ciclismo, luvas e manguitos. As vossas mulheres são umas santas, quando duvidarem disso lembrem-se de mim, eu sou a pior mulher do mundo, além de tudo o que mencionei em cima ainda compro livros, e mais livros, e mais livros. Parem de dizer mal das vossas mulheres, eu, ainda por cima, não sei cozinhar. 

terça-feira, 21 de julho de 2015

Os bons livros

São os que no final da leitura me deixam com uma sensação de inveja, são os que provocam em mim uma explosão de inferioridade, são os que me arrancam suspiros por não conseguir escrever assim. Se leio um livro e fico com a sensação de que poderia ter escrito aquilo é sinal de que o livro é mau. Por isso é que nunca poderia escrever um livro, para mim nunca seria um bom livro.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

É oficial, estou cada vez mais apaixonada por este blog

Em 2012 a Susana ia fazer O Caminho de Santiago em bicicleta pela primeira vez e por coincidência encontrou o meu blog uns dias antes, como eu já tinha feito O Caminho ela enviou e-mail e trocamos informações preciosas. Desde esse dia, com mais ou menos frequência, fomos sempre falando e acompanhando as pedaladas uma da outra.
No início de 2014 fui pedalar a Vale de Cambra e encontrei por lá uma loira de bicicleta e roupas em rosa, a Joana, simpatizamos imediatamente uma com a outra e viemos algum tempo a conversar, nesses minutos o João, que nenhuma de nós conhecia, tirou-nos uma fotos juntas.
Quando cheguei a casa o João tinha publicado as fotos que tirou das duas loiras ao pedal, o João é amigo da Susana e a Susana já conhecia a Joaninha de vista há algum tempo e tinham feito um passeio juntas na Lousã um mês antes. Ou seja, o João, amigo da Susana fotografou a Joana, amiga da Susana e a Vera, uma tal Loira que escreve num blog e com a qual a Susana andava a falar há dois anos.
Uns meses depois o João foi ter com a Susana porque tinha encontrado um blog de uma tal Loira que pedala e só podia ser eu. Não sei o que pesquisou o João no Google para me encontrar, mas acho que o João gosta de loiras que pedalam e que vestem de rosa.
Todas estas coincidências, a paixão pelos pedais, pelos livros e por muitas outras coisas juntaram-nos e a partir daquele dia as conversas, as trocas de livros, de meias, as lembranças e os encontros não pararam. Este fim-de-semana conseguimos juntar-nos as três pela primeira vez e foi simplesmente fenomenal.


Não sei se a vida é feita de coincidências, mas a nossa história é, e isso faz com que me sinta cada vez mais apaixonada por este blog, foi aqui que tudo começou.

Loiretes ao poder

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Hoje sinto-me particularmente feliz por ter um blog

Qual foi a coisa mais bonita que fizeste por ti?

A Dias Cães foi aprender a dançar ballet aos trinta e quatro anos e contou-nos de uma forma espectacular como isso foi a coisa mais bonita que já fez por ela. Li aquele post com emoção e orgulho porque me identifiquei com cada linha e com cada sentimento escondido nas entrelinhas.

Talvez seja muito complicado para alguns (para a maioria) perceber porque é que a coisa mais bonita que já fiz por mim foi ter pegado numa bicicleta, há alguns anos atrás, e ter ido pedalar para o monte. Talvez um dia destes a vida me faça mudar de ideias, mas duvido.
Ter ido com a minha bicicleta para a montanha aquele primeiro dia e todos os outros que se seguiram fez de mim uma pessoa diferente, fez-me olhar para a vida e para o mundo de outra perspectiva, ensinou-me a analisar as pessoas de uma forma que nunca conseguiria e o mais importante, ensinou-me a conhecer-me a mim própria, como nunca tinha sido capaz. Ter ido com a minha bicicleta para a montanha aquele primeiro dia e nunca ter desistido de ir uma e outra e outra vez fez-me conhecer locais que nunca conheceria por outros meios, trouxe para a minha vida pessoas sem as quais já não me consigo imaginar, proporcionou-me as maiores dores e os maiores prazeres, fez-me sentir as coisas, o mundo, a vida de um modo especial. Ter ido com a minha bicicleta para a montanha aquele primeiro dia e todos os dias fez-me olhar para mim com orgulho, fez-me gostar mais de mim, fez-me parar muitas vezes para pensar que sou mesmo eu, que estou mesmo a fazer aquilo, que sou espectacular, fez-me admirar a minha coragem, gostar de nós é único, todos deveriam saber o que isso é. Claro que já me senti muito mal na montanha, claro que já me apeteceu milhões de vezes deixar a bicicleta para trás e vir a pé para casa, sentar-me confortavelmente no sofá a ler, mas essa sensação passa muito depressa, não há meta que não traga alegria, orgulho e ensinamento, não há meta que não peça mais, não há meta que não seja um novo começo. Ir com a minha bicicleta para a montanha dá-me histórias, experiência, sorrisos, pessoas, lágrimas, emoções, dores, prazer, sítios, amizades eternas, dá-me inumeráveis sentimentos, dá-me vida. E por isso, sim, ter ido aquele dia com a minha bicicleta para a montanha e ter feito disso uma forma de vida foi a coisa mais bonita que já fiz por mim, porque olho para trás e não sei como seria se não fosse assim, porque fez de mim grande parte daquilo que sou hoje.

Talvez seja muito complicado para alguns (para a maioria) perceber isto, mas talvez, como me disse a Dias Cães, isto seja inspirador para as pessoas que merecem saber o quão bom é esfolar os joelhos. 

Aconteça o que acontecer nunca esmaguem os vossos animais de estimação


Reparem bem na cara de pânico da Minnie quando percebeu que já não se conseguia safar deste sufoco.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Fashion Revolution - parte 3

Quando comecei a fazer BTT ainda não sabia como isto funcionava. Um dia o Pedro marcou um passeio à tarde e um jantar à noite, era sábado e estava um calor infernal. Fui ao passeio e chegada a casa achei que tinha de ir deslumbrante ao jantar, aquelas pessoas vêem-me sempre toda suja no meio do monte. Tomei um longo banho, fui à cabeleireira arranjar o cabelo, maquilhei-me e vesti um lindo vestido branco, estava morena e ainda não tinha estas marcas dos calções, do jersey e do sol que tenho agora nas pernas e nos braços. Calcei umas sandálias de salto prateadas e coloquei uns lindos acessórios. Estava deslumbrante. Já a chegar ao restaurante deu-me uma ligeira comichão no nariz e eu fui limpar, para o lenço saiu uma tonelada de pó preto que se tinha acumulado nas vias respiratórias durante a tarde.
Foi nesse dia que cheguei à conclusão que a minha potencial carreira de fashion blogger estava completamente arruinada. 

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Fashion revolution - parte 2

Fui dar uma volta de BTT puro e duro, desbravar mato foram as palavras de ordem. Já lá vão quase duas semanas e continuam a sair-me picos dos braços e das mãos. Ontem saiu-me um do pulso com mais de meio centímetro (que saudades eu vou ter do meu pico de estimação).

Fashion revolution - parte 1

Fui a uma corrida daquelas em que chegas muito limpinha e vestida de branco e sais toda pintada, cheia de cores e com uma enorme dor de barriga de tanto de rires. Já passaram uns dias e continua a sair-me tinta lilás de certos buracos, mas o pior nem é isso, tenho uma mama azul (que poderá a partir de agora ser carinhosamente tratada por: mama smurfina).

terça-feira, 14 de julho de 2015

Os meus livros #45 - O Véu Pintado

Sinopse
Kitty sente-se prisioneira de um casamento infeliz e de um estilo de vida que está longe de ser aquele que sonhou para si. Sem que tivesse obtido a notoriedade social que desejava e afastada do seu país e da família devido à profissão do marido - bacteriologista destacado para Hong Kong -, a jovem acaba por encontrar algum consolo numa relação extraconjugal. Mas a traição acaba por ser descoberta pelo marido, que leva a cabo uma estranha e terrível vingança… Através do despertar espiritual da adorável e fútil Kitty, Somerset Maugham pinta um retrato vívido da presença britânica na China e apresenta-nos uma galeria de personagens inesquecíveis. O Véu Pintado foi por três vezes adaptado para o cinema: em 1934, num filme protagonizado por Greta Garbo; em 1957, com Bill Travers e Eleanor Parker; e em 2006, num filme realizado por John Curran, com Edward Norton e Naomi Watts nos principais papéis.


Muito bom, perdi-me completamente na história e não consegui parar de ler até o ter terminado. A evolução psicológica da personagem Kitty é apaixonante.

Os meus livros #44 - O Homem que plantava Árvores

Sinopse
Inspirado em acontecimentos verdadeiros, traduzido em diversas línguas e largamente difundido pelo mundo inteiro, O Homem Que Plantava Árvores é uma história inesquecível sobre o poder que o ser humano tem de influenciar o mundo à sua volta. Narra a vida de um homem e o seu esforço solitário, constante e paciente, para fazer do sítio onde vive um lugar especial. Com as suas próprias mãos e uma generosidade sem limites, desconsiderando o tamanho dos obstáculos, faz, do nada, surgir uma floresta inteira - com um ecossistema rico e sustentável. É um livro admirável que nos mostra como um homem humilde e insignificante aos olhos da sociedade, a viver longe do mundo e usando apenas os seus próprios meios, consegue reflorestar sozinho uma das regiões mais inóspitas e áridas de França.


Este livro é para crianças, de vez em quando sabe bem gastar uns minutos a ler coisas tão simples e tão boas. Este livro foi uma hora de almoço muito bem aproveitada.

Os meus livros #43 - A Delicadeza

Sinopse
Nathalie e François podiam ser personagens de um conto de fadas. Mas um dia o destino desfere um duro golpe, quando François é atropelado e morre pouco depois. Para Nathalie, a dor é insuportável e parece prolongar-se eternamente. Até que, num momento irrefletido, Nathalie surpreende Markus, um colega de trabalho, com um longo e intenso beijo… O que David Foenkinos nos oferece neste romance, que explora o lado mais lúdico da ficção, é uma análise séria, inteligente e bem-humorada do comportamento amoroso, capaz de nos fazer apaixonar pelos dois protagonistas e de nos envolver profundamente no seu drama humano. Combinando o drama e a esperança, A Delicadeza é um romance que nos desperta os sentidos.


Tão bom, tão doce, estou completamente apaixonada por David Foenkinos.

Os meus livros #42 - Os bebés de Auschwitz

Sinopse
Entre as vítimas do Holocausto enviadas para Auschwitz em 1944, três mulheres levavam consigo um segredo quando passaram pelos portões do infame campo de concentração. Priska, Rachel e Anka estavam grávidas de poucas semanas, enfrentando um destino incerto longe dos seus maridos. Sozinhas, assustadas, e após terem perdido tantos familiares às mãos dos nazis, sentiam-se determinadas em lutar pelo que lhes restava: as vidas dos seus bebés. Estas mulheres deram à luz em circunstâncias inimagináveis, com intervalos de semanas entre si. Quando nasceram, os bebés pesavam menos de 1,5 Kg cada, e os seus pais haviam sido assassinados pelas forças alemãs, enquanto as mães se haviam transformado em «esqueletos andantes». Os Bebés de Auschwitz segue a incrível história das mães: primeiro em Auschwitz, onde sofreram o escrutínio cruel de Josef Mengele, o médico nazi conhecido como Anjo da Morte, que selecionava as mulheres grávidas à entrada do campo, destinando-as às câmaras de gás; depois num campo de trabalho alemão onde, esfomeadas, lutaram por esconder a sua gravidez; e, por fim, durante a viagem infernal de comboio, que durou 17 dias, até ao campo de concentração de Mauthausen, onde viriam a ser libertadas pelos Aliados. A biógrafa Wendy Holden descreve toda a história com minúcia, destacando a coragem destas mulheres e a bondade dos desconhecidos que as ajudaram a sobreviver. Os Bebés de Auschwitz é um livro comovente e uma celebração da nossa capacidade de amar, ajudar e sobreviver mesmo nos contextos mais tenebrosos.


Por mais que leia sobre o Holocausto nunca deixo de me surpreender com a maldade de que o Homem é capaz. Já li muitos livros sobre Auschwitz, este aborda um tema sobre o qual nunca tinha lido e conta pormenores que eu ainda desconhecia. Deixo o link da reportagem que passou na SIC sobre este livro: http://sicnoticias.sapo.pt/programas/reportagemespecial/2015-06-29-Nascidos-no-Holocausto

Os meus livros #41 - Até que sejas minha

Sinopse
Ela tem algo que outra pessoa quer. A qualquer custo… Claudia parece ter a vida perfeita. Está grávida, vai ter um bebé muito desejado, tem um marido que a ama, embora ausente, e uma casa maravilhosa. Depois, Zoe entra na vida dela. Zoe foi contratada para a ajudar quando o bebé nascer, e parece a pessoa certa para o cargo. Mas há qualquer coisa nela de que Claudia não gosta e que a faz desconfiar. Quando encontra Zoe no seu próprio quarto, a remexer nos seus bens pessoais, a ansiedade de Claudia torna-se um medo bem real…


Que horror, nada a ver comigo. A única consolação que tenho é este livro ter-me sido oferecido na compra de outro. Detestei. 

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Um homem que escreve bem pode ser mesmo muito sexy

Nunca na minha vida esperei tanto por um livro. Assim que comecei a ler As Recordações apaixonei-me imediatamente pela forma de escrever de David Foenkinos, ainda só tinha lido meia dúzia de páginas e já estava a encomendar na wook o outro livro dele que está traduzido para Português, A Delicadeza. David Foenkinos escreve e descreve como poucas vez senti na vida, faz-nos pensar e analisar a nossa alma e a nossa forma de vida. Enquanto lia As Recordações apetecia-me transcrever cada frase, cada parágrafo, suspirava, acenava que sim com a cabeça e suspirava de novo, cheguei a sentir inveja de não conseguir escrever assim. Quando terminei fechei o livro com um misto de tristeza por já ter terminado e de alegria por o ter encontrado, fechei o livro com saudades e de coração cheio. Fechei o livro com vontade de contactar David Foenkinos para lhe agradecer, para lhe dizer que adorei, para lhe contar como me senti, fechei o livro com vontade de dar beijinhos na boca ao autor. Isto passou-se em Maio e A Delicadeza estava quase a chegar. Acontece que o livro estava esgotado na wook e eu esperei e esperei e esperei, reclamei e esperei mais um pouco, queria o livro desesperadamente. Acabei por ter de substituir A Delicadeza por outro livro nessa encomenda e felizmente no mesmo dia uma amiga enviou-me mensagem a informar que o livro que eu tanto esperava estava com desconto na Presença, fiz a encomenda de imediato mas entre o tempo de processamento e de entrega o livro só chegou hoje. Aliás, acaba de chegar, neste preciso momento às minhas mãos e eu vou agarrar-me a ele com uma desejo incontrolável de leitura. Se eu não voltar já sabem, fui atrás de David Foenkinos, talvez o possa raptar, talvez o possa manter prisioneiro, enquanto ele escreve só para mim.

E por falar em música

Por fora sou Electrónica, sou Reggea, sou Disco, sou Funk, sou Pop, sou Rock. Por dentro sou Blues, sou Clássica, sou Romântica, sou Jazz, sou Fado. O meu corpo e a minha alma dançam compassos diferentes. Por fora posso até ser Heavy Metal, por dentro sou uma sinfonia. O meu corpo mexe e remexe na pista de dança, a minha alma sonha ao som do violino.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Momentos felizes

The Collection, de Alanis Morissette, foi durante muitos e longos anos o meu álbum preferido, acompanhou-me nos bons e nos maus momentos, em dramas e em paixões, em loucuras e desventuras. Depois esqueci-me um pouco dele e se me perguntassem não me lembrava a última vez que o ouvi. Não sei como, mas terá sido por engano, The Collection foi parar ao meu telemóvel e hoje, enquanto pedalava sozinha, surgiu-me uma música e outra e outra, surgiram-me recordações, sorrisos e suspiros, tanto que tive de abrandar para redescobrir uma música e outra e outra. Fiquei tão feliz que estou a ouvir o álbum ininterruptamente, estou a ouvir enquanto escrevo isto e vou continuar a ouvir enquanto faço o jantar, mais logo sou bem capaz de  ler um pouco e depois adormecer a ouvi-lo. Hoje sou gaja para torrar o arroz, como sempre, mas hoje é por uma boa causa, hoje é porque uma música me fez sonhar.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Os meus amigos não sabem que tenho um blog (mas tiram fotos como se soubessem)













Os meus livros #40 - Pulp

Sinopse
O último romance de um dos mais conhecidos autores americanos contemporâneos. O romance conta as desventuras de Nick Belane, detetive particular em Los Angeles. A procura do escritor clássico francês, Céline, é a desculpa perfeita para o detetive privado percorrer os bares da cidade e saciar a sua sede de álcool. Uma espiral de personagens e aventuras que se misturam num cocktail de pesadelo existencial. Escrito enquanto Bukowski lutava contra a doença de que viria a morrer, Pulp é a despedida do autor aos seus leitores e um romance de corajosa autocrítica.


Para mim este livro é pura comédia. Perante isto, não há necessidade de dizer mais nada.

Os meus livros #39 - A Casa de Papel

Sinopse
Os livros mudam o destino das pessoas: Hemingway incutiu em muitos o seu famoso espírito aventureiro; os intrépidos mosqueteiros de Dumas abalaram as vidas emocionais de um sem-número de leitores; Demian, de Hermann Hesse, apresentou o hinduísmo a milhares de jovens; muitos outros foram arrancados às malhas do suicídio por um vulgar livro de cozinha. Bluma Lennon foi uma das vítimas da Literatura. Na Primavera de 1998, Bluma, uma lindíssima professora de Cambridge, acaba de comprar um livro de poemas de Emily Dickinson quando é atropelada. Após a sua morte, um colega e ex-amante recebe um exemplar de A Linha da Sombra, de Joseph Conrad, em que Bluma escrevera uma misteriosa dedicatória. Intrigado, parte numa busca que o leva a Buenos Aires com o objectivo de procurar pistas sobre a identidade e o destino de um obscuro mas dedicado bibliófilo e a sua intrigante ligação com Bluma. A Casa de Papel é um romance excepcional sobre o amor desmesurado pelas bibliotecas e pela literatura. Uma envolvente intriga policial e metafísica que envolve o leitor numa viagem de descoberta e deslumbramento perante os estranhos vínculos entre a realidade e a ficção.


A verdadeira paixão pela literatura e pelos livros em pouquíssimas páginas que me fizeram sonhar, como farão sonhar todos os apaixonados pelos livros. Este é um livro que se lê em apenas uma hora, mas quando o fechamos deixa saudades.

Os meus livros #38 - Comboio nocturno para Lisboa

Sinopse
Fenómeno editorial na Europa, Comboio Nocturno para Lisboa vendeu dois milhões e meio de exemplares desde que foi publicado em 2004 na Alemanha, onde ficou três anos na tabela dos livros mais vendidos. O sucesso transformou até o título do livro escrito por Pascal Mercier - pseudónimo literário do filósofo Peter Bieri -, numa expressão idiomática, usada para referir alguém que pretende mudar de vida. São, de resto, muitos os estrangeiros que, nos últimos anos, se deslocam até Lisboa em demanda de Amadeu do Prado. Mas tudo começa numa manhã chuvosa. Uma mulher prepara-se para saltar de uma ponte de Berna. Raimund Gregorius, um banal professor de grego e latim de 57 anos, evita o acto desesperado e fica surpreendido com o som de uma palavra. Português, responde ela, ao ser questionada sobre a língua que fala. Antes de desaparecer da história ainda tem tempo de escrever um número de telefone na testa deste míope professor que descobre, por acaso, um livro de um autor português, Amadeu Inácio de Almeida Prado, intitulado Um Ourives das Palavras. Sem conseguir explicar porquê, entra num comboio para Lisboa atrás deste médico que morreu 30 anos antes, em 1975, pouco depois da Revolução, numa descoberta do outro que acaba por ser uma descoberta de si próprio. Amado pelos pobres que atendia de graça no seu consultório, Amadeu passa a ser rejeitado pelo povo no dia em que aceita tratar o "Carniceiro de Lisboa", assim conhecido por ser chefe da polícia política. Integrará posteriormente a resistência contra o regime de Salazar. Porquê Portugal? Porquê a ditadura de Salazar? Estas são as perguntas mais feitas a um autor que admira Pessoa, "esse gigante da literatura", há mais de 20 anos, e escreve um livro do desassossego com a escrita de Prado a assemelhar-se aos textos do poeta português. Pela sua cultura, pela sua atitude de outros tempos, Raimund precisava de um ambiente de século XIX e Lisboa é a grande cidade europeia que mais se aproxima pelo seu aspecto, pela sua topografia, afirma Pascal Mercier, para quem a principal razão para escolher Lisboa e Portugal prende-se com o pai de Prado, um juiz em funções durante uma ditadura, mas que não trabalharia sob as ordens de Mussolini, Hitler ou Franco. "Salazar era diferente. Era um intelectual brilhante, era muito inteligente, culto, de uma brutalidade mais subtil que poderia seduzir pessoas como o juiz Prado e só nas ditaduras se dão as condições necessárias para tratar os problemas morais no contexto político." O Comboio Nocturno para Lisboa é o terceiro romance de Pascal Mercier. Está traduzido em 15 idiomas.


Comboio nocturno para Lisboa não é um livro, são dois livros em um e isso é fenomenal. Em certos momentos cheguei a acreditar que Amadeu Inácio de Almeida Prado existiu de verdade, escreveu realmente todos aqueles textos e que se eu própria fosse à procura ainda encontraria as pessoas dele, tal como a personagem Gregorius as encontrou. No fim do livro fiquei com a sensação de que ficou ainda muito por contar desta história e com a certeza que mudar de vida e partir à descoberta é sempre possível, podemos partir e viver uma grande aventura, ou podemos partir somente para conversar com os pescadores em Finisterra, vale sempre a pena.