sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Anda toda a gente a falar do tempo...

Eu gosto é do Inverno,
de passear de guarda-chuva na mão
sentar-me e ler à lareira
adormecer depois de um licor beirão.
E ao fim do dia, bem agarrados
a ver a chuva a cair,
Embrulhadinhos num cobertor qualquer.

Eu gosto é do Inverno,
de andar de bicicleta a chover
depois tomar um banho bem quente
e ir para o sofá foder.
E ao fim do dia, bem cansadinhos
a ver um filme na TV,
e estar na ronha até adormecer.

Puta, meus senhores... mas das caras...

Toda a gente tem um preço. No dia em que for contactada pela Specialized ou pela Cannondale com a oferta da bicicleta último modelo topo de gama da marca em troca de vos dizer que uma ou outra são a melhor marca de bicicletas do mundo, mesmo que uns dias antes tivesse ideia que a Ktm ou a Scott é que eram, nesse dia a Specialized ou a Cannondale passam, de facto, a ser a melhor bicicleta do mundo e sou gaja para vos infernizar os dias a tentar convencer-vos disso mesmo, apesar de saber que isso não vos interessa para nada. Qualquer outro tipo de parceria ou de publicidade, agradeço o convite mas aqui não, tirar a alma ao meu blog por uns vernizes pirosos, uns cremes que com um jeitinho ainda me fazem alergia ou umas peças de roupa que além de horrendas nos saldos são bem capazes de custar menos de cinco euros, isso nunca. Um dia, meus senhores, por circunstâncias da vida posso até ter de chegar a Puta, mas nesse dia, meus senhores, vou ser uma Puta cara.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Felicidade blogosférica (a definição)

Acontece-me quando por um simples comentário percebo que alguém entendeu exactamente a minha piada. A ironia por detrás de um post aparentemente sério para os outros. E acima de tudo, um segundo sentido escondido nas entrelinhas de um post. 

Sou uma pessoa crente, principalmente na vida...

Leio sempre os livros até ao fim, posso estar a detestar, posso parar de ler durante uns tempos, mas acabo sempre por retornar, não consigo deixá-lo ali sem saber o desenrolar da história, sem descobrir o fim. Não consigo tê-lo na estante sem ter uma completa opinião sobre ele. Continuar a ler quando não estou a gostar pode ser uma espécie de tortura, posso não perceber um caralho daquilo que o autor quer transmitir, posso achar que o autor escreve muito mal, pode fazer-me sono, ou fome, ou até provocar-me enjoos ou tonturas mas tenho sempre uma esperança, por mais remota que seja que no último capítulo, na última página, no último parágrafo, na última frase vai estar escrito algo surpreendente, capaz de dar a volta completa à narrativa, capaz de me fazer entender cada ideia, capaz de mudar a minha visão do mundo. Era bom que fosse assim, mas a maior parte das vezes quando o livro é fraco é só fraco e ponto final, não há nada capaz de mudar isso, acabei de perder o meu precioso tempo a lê-lo.

E quem diz um livro pode muito bem dizer outra coisa qualquer...

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Prometo não dar gritinhos histéricos... Prometo não dar gritinhos histéricos... Prometo não dar gritinhos histéricos...

Prometo não fazer nenhum post a contar como foi da última vez, prometo não dar gritinhos histéricos, prometo não contar os dias que faltam, prometo não dar gritinhos histéricos, prometo não publicar uma música por dia, prometo não dar gritinhos histéricos, prometo não voltar a escrever sobre o assunto até chegar ao dia de ir a Lisboa vê-lo, prometo não dar gritinhos histéricos, prometo comportar-me como adulta, prometo não dar gritinhos histéricos, prometo não dar gritinhos histéricos, prometo não dar gritinhos histéricos...


... mas pulinhos de alegria posso, não posso?

terça-feira, 24 de setembro de 2013

O mundo é um sítio muito pequenino para se viver...

Quando estava a fazer O Caminho, no segundo dia, já a chegar a Pamplona alguém chamou bem alto o meu nome "VERA", eu e os meus companheiros de viagem olhamos uns para os outros com ar incrédulo mesmo antes de procurar quem seria que me conhecia por ali, era um casal de portugueses que viajou connosco em quatro dos cinco comboios que apanhamos até Saint-Jean-Pied-de-Port, entre uma ligação e outra fomos falando, trocando ideias e entusiasmo por estarmos a viver aquilo mas quando nos separamos para seguir o nosso destino, nós de bicicleta até Finisterra, eles a pé até Pamplona não perguntamos os nomes uns aos outros. A rapariga reparou num autocolante com o meu nome que o filho do casal que me acompanhava colou na minha bicicleta antes de partirmos, então quando nos viu chamou-me num grito como se me conhecesse realmente bem, a nossa reacção foi a mesma quando reparamos que eram eles sentados numa esplanada lá ao longe, como se fossemos amigos de infância que se reencontram passados longos anos. Falamos, rimos, tiramos fotos, contamos algumas das aventuras desde que tínhamos partido de Saint Jean, eles mais cedo um dia que nós e já estavam a acabar O Caminho deles, nós ainda a começar e já com mil histórias para contar, O Caminho é assim, cada um fá-lo à sua maneira. Já tínhamos pedalado uns Km depois de nos despedir-mos quando nos lembramos que voltamos a não perguntar-lhes o nome. Que grande estupidez a nossa, ficamos tão felizes por os reencontrar que nos esquecemos desse pequeno pormenor, durante os dias seguintes falamos nisso várias vezes, não sabíamos sequer como se chamavam. Semana passada a minha amiga e companheira de viagem foi levantar os dorsais da maratona que participamos no domingo passado e pareceu-lhe aquele mesmo rapaz, estava vestido de ciclista e de capacete, era difícil ter a certeza se era ele ou não mas ela arriscou e foi perguntar-lhe, era mesmo ele. Agora já podemos dar nomes às boas recordações, sabemos que ele é o Miranda e ela é a Sofia e ficamos ainda com mais certeza que o mundo é mesmo muito pequenino.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013


"Há tipos assim, obsessivos, contumazes, que funcionam por paixões, indivíduos que seguem pela vida carregados de bússolas, barómetros, sextantes e mapas; que não aspiram a mais glória do que a de contemplar as auras verde lima do amanhecer por cima de uma lomba do deserto, os estratos de nuvens espalhadas sobre o horizonte, as manchas cor de açafrão do sol nas dunas, para depois lhes traçar o perfil em folhas de papel milimétrico em precisos croquis topográficos; espécimens raros, habituados a lidar com os nómadas, amantes da solidão e dos silêncios geológicos da terra; pessoas que se sentem deuses quando descobrem uma montanha negra de basalto, um lago carbonífero ou a composição estranha de uma rocha; que nunca se acostumam ao cómodo cerimonial da vida quotidiana, com horários estabelecidos e barba feita diariamente; tipos que amam os paraísos onde não estão e a mulher que não conhecem, que sentem nostalgia por coisas impossíveis de ser recordadas com nitidez, tão fugidias como o rasto de uma fogueira que fumega na escuridão, entre as tendas de acampamento; sujeitos inadaptados, homens que se deixam fascinar pelo mistério de uma voz, de um rosto onde intuem alguma espécie de derrota. E seriam capazes de dedicar a sua vida a inventar um passado para um nome."

Susana Fortes
Fronteiras de Areia

Loira: desde 1982 a achar que era Super, Hiper, Mega Doce...

Até ontem. Deu-me a sulipampa no meio do monte. Tive de abandonar uma prova de BTT a meio. Motivo: Falta de açúcar no sangue. Que grande treta. Por outro lado, não vejo melhor motivo para ser presenteada com toneladas de chocolate. 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Bem sei que podia ter trazido das férias umas belas fotos com os pés na areia de unhas pintadas e arranjadas e o mar ao fundo e que agora podia escrever post's a dizer que sim senhor, que os gelados daquela praia é que são, mas por aqui vão ter que se contentar com outras coisas.

Durante 14 dias fui uma coleccionadora de carimbos, à medida que ia preenchendo a minha credencial ficava mais feliz, depois tive de comprar a segunda porque a primeira tornou-se muito pequena, cada um dos carimbos me lembra uma história, um local, uma pessoa, um cheiro, um sentimento, adoro-os de paixão. Quando a segunda credencial começou a ficar cheia só vos posso descrever um sentimento agridoce, se por um lado cada um dos carimbos representava um local por onde já tinha passado e uma etapa ganha por outro lado O Caminho já estava a acabar e mesmo antes de acabar já me deixava cheia de saudades. Deixo-vos as minhas credenciais que me serviram de passaporte n'O Caminho.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Que toquem as trombetas. Que rufem os tambores. Que comece o espectáculo. Todos a declamar pura poesia.


Era um Blog muito engraçado,
não tinha post's, não tinha nado.

A autora tinha feito O Caminho
E quando chegou só queria dorminho.

Mas ela gosta tanto dos leitores,
Que já só pensava em escrevores.

Ela é uma Loira muito aparvalhada,
que só escreve coisas sobre a bicicletada.

Traz com ela mil histórias para contar,
e o Blog é o melhor sítio no mundo para as escrevar.

A Loira e o Blog têm os melhores leitores,
Que durante 1000 km a acompanhores.

Cada um deles a fez muito feliz,
E a ajudaram a ter muita coragiz.

Como ela é óptima a rimar,
Para lhes agradecer decidiu escrever uma poesar.

Este blog retoma a sua emissão normal dentro de segundos, seguindo a linha editorial parva e sem sentido de sempre.

Regressei a casa, ao trabalho, ao ginásio, à natação, continuei a andar de bicicleta, revi os amigos e todos querem saber sobre O Caminho, eu continuo a a surpreender-me de cada vez que menciono um pormenor, um dia, uma pessoa, um local, um acontecimento, falo com paixão e um brilho no olhar, digo-lhes que é inexplicável entre explicações. Já revi o filme sobre O Caminho. Já vi as centenas e centenas de fotografias, acho que vou revê-las vezes sem conta. Já consegui dormir durante intermináveis horas, embora ainda não me pareçam as suficientes. Já consegui despachar parte do trabalho acumulado na minha mesa do escritório. Estou a ler o quarto livro em menos de três semanas, uma espécie de terapia por não ter levado nenhum comigo durante as férias. Voltei mais rica à minha vida normal e agora volto (mais uma vez) à escrita e ao blog. Ter tantas paixões faz-nos em determinados momentos ter de abdicar de uma em prol de outra, o importante é não abandonar nenhuma, afinal a vida faz muito mais sentido quando nos apaixonamos por aquilo que fazemos e quando fazemos aquilo por que nos apaixonamos.