sexta-feira, 29 de maio de 2015

Quem? Eu? Chata? Não estou a perceber porquê...

Há uma pessoa muito simpática que vai arranjar maneira de colocar o meu nome na minha bicicleta. Eu pedi letras amarelas, mas um amarelo florescente, igual ao do quadro, o tamanho mais pequeno do que o exemplo que vi, em frente ao nome o meu tipo sanguíneo, a cor-de-rosa, claro, para contrastar com o nome, quero em letras recortáveis e depressa, por favor, é urgente ter o nome na bicicleta. Mas o que me deixava mesmo contente era se me arranjasse um autocolante da pantera cor-de-rosa a pedalar, mas a pedalar numa bicicleta cor-de-rosa e amarela, como a minha, e não se pode esquecer de colocar os olhos da pantera em amarelo, o autocolante tem de ser pequeno, é para colocar debaixo do quadro, só vai vê-lo quem analisar a bicicleta ao pormenor, mas tem de ficar muito giro, ah... e se antes do meu nome quiser colocar uma patinha cor-de-rosa também era fixe, mas uma patinha só com três dedos, não se vá agora enganar e colocar uma patinha de quatro dedos, eu gosto mais com três, de qualquer forma ainda não sei se fica bem ou não, mas pode fazer e eu depois decido. Claro que no autocolante a pantera tem de estar a sorrir, tem de ter uma expressão de felicidade, toda a gente sabe que a pantera às vezes faz cara de má, mas a pedalar não, a pedalar está sempre feliz. Acho que é só, ah... não, já me esquecia de um pormenor muito importante, como é possível estar a esquecer-me disto, a pantera tem de estar a pedalar com umas meias coloridas até ao joelho, como as minhas. Havia uma pessoa muito simpática que ia arranjar maneira de colocar o meu nome na minha bicicleta. Parece que fugiu para Angola e não sabe quando volta, ou se volta. 

Os meus livros #33 - As Recordações

Sinopse
«"No seu lugar, eu refugiar-me-ia numa recordação." Sim, foi isso que ele disse e, depois, acrescentou: "Iria para um lugar onde tivesse sido feliz. Na sua idade, era certamente o que eu faria."» Quando a avó do narrador foge do lar onde se encontra a viver, este sabe que não pode ficar de braços cruzados à espera de ver as autoridades agirem. Mas que sabemos nós das recordações das outras pessoas?... Em As Recordações, David Foenkinos oferece-nos uma reflexão plena de sensibilidade sobre o tempo, a memória, a velhice, os conflitos de gerações, o amor conjugal, o desejo de criar e a beleza do acaso.


Ainda só tinha lido meia dúzia de páginas e já estava completamente apaixonada por este autor, tanto que encomendei imediatamente um outro livro dele. As recordações passa directamente para o TOP dos livros que mais gostei de ler na minha vida. Apetecia-me contactar David Foenkinos e dizer-lhe que fiquei com inveja de não conseguir escrever assim, queria dizer-lhe que ele escreve e descreve como poucas vezes senti. 

quinta-feira, 28 de maio de 2015

A meta de um caminho é o ponto de partida de outro


Em breve volto a colocar o alforge na bicicleta e a mochila às costas. Mal posso esperar. Preciso que esta viagem seja essencialmente de meditação e de paz. Em breve volto a partir para mais uma aventura. 

Serei só eu? Estarei sozinha no mundo?

Quando vejo alguém a ler não consigo deixar de tentar saber que livro é. Sou capaz de todo um número de contorcionismo para descobrir qual o livro. Quero saber se já o li, se conheço o autor, quero pesquisar sobre o livro se o desconheço, quero saber que livro é, quero mesmo saber. Ontem não consegui ver que livro estava a ler aquele rapaz, ao meu lado na esplanada, isso deixou-me chateada, eu só queria saber que livro era, mas ele não me facilitou a vida, fingiu-se concentrado. Talvez volte à mesma esplanada antes de o terminar, eu volto de certeza, volto sempre, e o livro tinha ainda muitas páginas para percorrer a partir do ponto onde o rapaz estava a ler. Serei só eu? Estarei sozinha no mundo? É que o rapaz podia ter feito um pequeno esforço para me mostrar uma pequena parte da capa, mas nada, esteve ali o tempo todo a fazer-se de difícil, enquanto eu torcia o pescoço e quase caía da cadeira.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

A história dos sapatos roxos

Houve uma altura na minha vida em que a cor que eu mais gostava de vestir era o roxo. Tenho lá por casa calças, camisolas, casacos, lenços, botas, malas, óculos de sol, acessórios e sei lá mais o quê que sobraram dessa altura. Tinha tudo, só não encontrava uns sapatos roxos de que gostasse, lembro-me de procurar em várias lojas e não gostar de nada, lembro-me de olhar para a minha roupa e sonhar com uns sapatos roxos para usar com aquela camisola, ou com aquele vestido, ou com aquele lenço.
O ano passado, por esta altura, entrei numa sapataria e vi por acaso os sapatos roxos dos meus sonhos, caramba, finalmente tinha encontrado os sapatos que tanto queria e precisava. Obviamente, comprei os sapatos roxos. Chegada a casa guardei-os e não voltei a pegar neles, sim, passou mais de um ano e eu não os usei, não pensem que me esqueci de que os tinha comprado, não, na altura em que os comprei é que me esqueci de que o roxo já não era uma cor que eu gostasse assim tanto de usar e aquelas peças que tanto esperaram por os sapatos roxos já estavam de lado há muito.
Um dia destes a minha mãe comprou-me uma camisola com um estampado giríssimo, o estampado tem uns tons de roxo e eu agradeci-lhe imenso, tinha lá em casa os sapatos ideais para aquela camisola, há mais de um ano.
Hoje estou a usar a camisola e os sapatos de estimação, que comprei para guardar. Hoje, ao olhar-me ao espelho, não pude deixar de pensar que ser mulher às vezes é muito complicado. Felizmente, naquele dia, quando comprei os sapatos roxos trouxe também uns rosa. E agora que falo nisto, preciso mesmo é de uns amarelos. 

Loiretes ao poder - 10

As saudades que eu já tinha de vos apresentar as Loiretes. Esta é a Sol, a minha Loirete n.º 8, que um certo dia estava à minha espera pela manhã, antes da partida para uma maratona e que me deixou muito, muito feliz. A Sol é muito corajosa, começou a pedalar há pouco tempo mas faz-me ficar orgulhosa dela todas as semanas, tem umas meias muito giras e um brilho no olhar que eu amei. Eu e a Sol moramos relativamente perto, por isso um dia destes ainda vamos subir juntas uma montanha.


terça-feira, 26 de maio de 2015

Blogger que é blogger tem pelo menos uma sessão fotográfica profissional


Não fui eu a fotografada, mas foi a minha bicicleta, que é quase a mesma coisa. Quando comprei a minha antiga bicicleta personalizei-a com peças escolhidas e compradas por mim, fui comprando umas coisas, arranjando uns autocolantes e mudando a bicicleta, como pude. Esta foi diferente, foi totalmente pensada por mim, escolhi o quadro e mandei pintar como queria, cada peça, cada detalhe, foi pensado por mim e realizado por um profissional que acreditou no meu sonho. Demorou imenso tempo a ficar pronta, eu quase desesperei porque tinha a viagem a Santiago marcada e estava a ver que não conseguia levar a bicicleta nova, mas valeu muito a pena esperar. Quando o Paulo foi buscar o quadro e me começou a mandar fotos eu nem queria acreditar, estava exactamente como sonhei, como visualizei na minha cabeça vezes sem conta, depois enquanto a montava continuou a mandar fotos e mais fotos e eu achava que estava a viver um sonho. A bicicleta ficou pronta à 1:00 da manhã e eu fui buscá-la a essa hora, para no dia seguinte poder levá-la a subir a Senhora da Graça debaixo de chuva torrencial. Penso que, apesar de eu ser uma cliente muito chata, o Paulo também ficou muito feliz com isto, tem imenso orgulho no trabalho que fez, e eu sinto-me verdadeiramente feliz por o ter escolhido a ele para realizar o meu sonho. E por ter uma bicicleta única e exclusiva no mundo e arredores. E por ser dona da bicicleta mais linda do mundo. Única e exclusiva (não sei se já perceberam) e minha. Estou completamente apaixonada.

Os meus livros #32 - Beatriz e Virgílio

Sinopse
Henry, um escritor reconhecido, decide escrever um livro, meio ficção e meio ensaio, como forma de abordar todos os aspectos de um mesmo tema. Completamente desencorajado pelos seus editores, desiste do projecto e vai viver para outra cidade. Aí, contudo, continua a receber cartas de leitores e, um dia, um taxidermista escreve-lhe a pedir ajuda. Henry apercebe-se então de que estão ambos a tentar escrever sobre o mesmo tema. Um livro polémico e provocador, que confirma o autor de A Vida de Pi, o Man Booker Prize de 2002, como um dos mais surpreendentes escritores canadianos da actualidade.


Há muito tempo que esperava um livro que me fizesse sentar no sofá por algumas horas, até o terminar, este foi o livro, não consegui parar de o ler. Tão simples e tão bom.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Grandes amores merecem grandes despedidas

Toda a gente sabe (ou pelo menos uns dois de vocês) que quem pedala, seja no monte seja na estrada, tem obrigatoriamente uma grande paixão (pancada, mesmo) pela bicicleta. É um sentimento inexplicável e extraordinário. Para começar ninguém, mas mesmo ninguém, tem uma bicicleta igual à nossa. A nossa bicicleta é sempre a melhor (mesmo que custe só metade do preço da bicicleta do nosso colega) e a mais bonita (mesmo que já tenha uns bons anos). A nossa bicicleta não se empresta a ninguém. A nossa bicicleta custou provavelmente mais que o nosso carro, aliás, nós achamos mais útil a nossa bicicleta que o nosso carro e chegamos a pagar o dobro para lavar a bicicleta do que para lavar o carro numa oficina especializada. A nossa bicicleta merece sempre melhorias que custam umas centenas de Euros para ficar mais leve trezentas gramas. A nossa bicicleta é a nossa amante, é a nossa menina, é a nossa companheira. A relação que temos com a nossa bicicleta é uma espécie de casamento, mas na versão feliz. A nossa bicicleta acompanha-nos nas subidas e nas descida, nas quedas e nas aventuras, na glória e na dor e ninguém nos consegue separar.

Ontem entreguei a bicicleta que me acompanhou mais de 4 anos. Juntas percorremos cerca de 30.000 km. Fomos muito felizes. 

Os meus livros #31 - O lado selvagem

Sinopse
Baseado no caso real de Christopher McCandless, um jovem de vinte e dois anos que, ao terminar a faculdade, doou todo o seu dinheiro a uma instituição de caridade, mudou de identidade e partiu em busca de uma experiência genuína que transcendesse o materialismo do quotidiano. Começando a sua viagem pelo Oeste americano, Christopher dá igualmente início a uma aventura que mais tarde viria a encher as páginas dos jornais e que termina com a sua morte no Alasca. Uma morte misteriosa… Acidental ou propositada? Um livro comovente que cativa o leitor pela forma como é retratada a força indomável de um espírito rebelde e lírico.


Tão triste, tão triste, tão triste, acho que fiquei deprimida. 

quinta-feira, 21 de maio de 2015

A minha fã n.º 1

A Beatriz tem 11 anos e segue-me pelo menos há 4. Não sei muito bem como ouviu falar de mim, mas sei que sabe quase tudo a meu respeito. Segundo a mãe dela, que entretanto fez questão de contar à minha esta paixão da filha, conhece a minha bicicleta, as minhas meias, o meu capacete, sabe sempre onde e quando vou, segue-me e adora-me. Pelo menos uma vez por ano, quando vou ao passeio na terra dela, espera ansiosa que eu passe e chama por mim. Entretanto já conheci a Beatriz, como não podia deixar de ser, depois de saber tudo isto, e tento merecer todo o carinho dela sempre que a vejo. Não sei como isto começou, mas confesso que é delicioso ver o entusiasmo dela de cada vez que me vê e me chama: "Vera", como fez ontem. As próximas meias que comprar vão ser oferecidas à Beatriz, acho que é a minha fã n.º 1, e a única, coitadinha, tão nova e já com gostos tão duvidosos.

As meias do dia #2


Estratégia desportiva para hipnotizar os adversários.

Este blog é uma espécie de cacto originário do deserto do saara

Comprei vasos pela primeira vez, nunca antes tinha tido uma responsabilidade tão grande, manter vivas as flores. Morreram uma semana depois de as levar para casa. Estou à espera que passe algum tempo, bastante tempo, para levar os vasos à senhora a quem os comprei e a mandar colocar uns cactos, não quero ver no rosto dela a mesma expressão que vi no da minha mãe quando me perguntou se já as tinha deixado morrer. Acho que nunca fui de compromissos. Como sobreviveu este blog tantos anos, ora a ser deixado à sede, ora a ser regado em demasia é um mistério que nem eu própria conseguirei desvendar.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Página 153

Contudo, como estava sozinho, mesmo a coisa mais banal parecia carregar-se de significado. O gelo parecia mais frio e mais misterioso, o céu tinha um tom de azul mais limpo. Os picos anónimos que encastelavam o glaciar eram maiores e mais belos e infinitamente mais ameaçadores do que seriam se eu estivesse na companhia de outra pessoa. E as minhas emoções eram amplificadas da mesma forma; as alturas eram mais altas; os momentos de desespero eram mais profundos e sombrios. Para um jovem confiante como eu, inebriado com o drama em crescendo da sua própria vida, tudo isto exercia em mim uma forte atracção.

O Lado Selvagem
Jon Krakauer

Sonho perder-me sozinha pelo mundo, ando numa fase solitária em que me sinto imensamente feliz com uma hora de pensamentos só meus, enquanto pedalo e a música toca altíssimo nos meus ouvidos, ou com dez minutos de silêncio absoluto. 

Ontem contei 5

Quando chega o calor, no final da minha pista, podemos avistar a viver livremente coelhos. Coelhos selvagens que estão por ali e ora se desviam ao ver-nos passar, ora ficam a olhar para nós, com cara de coelho mais fofo de todo o sempre. Que saudades que eu tinha dos coelhinhos que vivem no fim da pista. 

terça-feira, 19 de maio de 2015

Os meus livros #30 - O meu nome é Alice

Sinopse
O mundo de Alice é quase perfeito. É professora em Harvard, vive com o marido uma relação que resiste à passagem dos anos, às exigências da carreira, à partida dos filhos. E tem também uma mente brilhante, admirada por todos, uma mente que não falha… Um dia porém, a meio de uma conferência, há uma palavra que lhe escapa. É só uma palavra, um brevíssimo lapso. Mas é também um sinal, o primeiro, de que o mundo de Alice começa a ruir. Seguem-se as idas ao médico, as perguntas, os exames e, por fim, a certeza de um diagnóstico terrível. Aos poucos, quase sem dar por isso, Alice vê a vida a fugir-lhe das mãos. Ama o marido intensamente, ama os filhos, e todos eles estão ali, à sua volta. Ela é que já não está, é ela que se afasta, suavemente embalada pelo esquecimento, levada pela doença de Alzheimer. O Meu Nome É Alice é a narrativa trágica, dolorosa, de uma descida ao abismo. É o retrato de uma mulher indomável, em luta contra as traições da mente, tenazmente agarrada à ideia de si mesma, à memória da sua vida, à memória de um amor imenso.

De todas as capacidades que podemos perder, a mental, na minha opinião, será sempre a pior. Este livro é assustador, é triste e ao mesmo tempo uma grande lição de vida e de amor. 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Blogger que é blogger tem fotos para provar que sim, que teve um fim-de-semana para lá de espectacular.



O dia em que deixei de olhar para o meu umbigo

Ontem, enquanto meio Portugal (ou mais) assistia ansioso aos jogos de futebol eu saí para uma pedalada solitária, coisa que adoro fazer, que já não fazia há imenso tempo e da qual já sentia falta. Sentia-me bem, a música tocava alta nos meus ouvidos e podia finalmente meditar um pouco, as pedaladas solitárias são óptimas para isso. A dada altura esqueci-me dos meus pensamentos mais profundos e pensei superficialmente por instantes. Em vez de olhar para a frente estava a olhar para mim, para a minha bicicleta, para os meus sapatos de encaixe, para as minhas meias novas, sentia-me bem, sentia-me feliz, sentia-me vaidosa e orgulhosa por estar ali, a fazer exactamente aquilo que gosto e que me apetece quando vejo uma cobra enorme e gorda já por baixo de mim, tinha-a pisado com o pneu da frente e estava prestes a voltar a fazê-lo com o de trás. Dei um grito de nojo e de repulsa, a cobra ficou para trás, certifiquei-me disso, foram só uns segundos que me pareceram uma eternidade. Por acaso estava a pedalar depressa, se o estivesse a fazer devagar a cobra podia muito bem ter-se erguido, como já aconteceu a um amigo meu, ou ter-se enroscado em mim ou na bicicleta, como já aconteceu a outro amigo meu. Fiz os km que me faltavam com os batimentos cardíacos no máximo, nem queria acreditar que tinha pisado uma cobra enorme como aquela e a minha meditação voltou-se novamente para o meu lado mais profundo. Quando estamos em grupo temos sempre de olhar também para os outros, pensar só em nós nunca é opção, quando estamos sozinhos convém olhar para o caminho que estamos a seguir, ontem foi o dia em que deixei de olhar para o meu umbigo.

Perguntas frequentes

Quantos km fizeste, Loira? Há muito tempo que deixei de contar km e comecei a contar sensações. Desde esse dia pedalar faz-me ainda mais sentido.

domingo, 17 de maio de 2015

Xeque-mate

A minha paixão pelas montanhas sempre me fez enfrentá-las com o respeito necessário. Talvez por isso foram poucas as montanhas que me derrotaram. Várias me colocaram no meu devido lugar mas pouquíssimas me derrubaram. A que o fez de forma inesquecível para mim foi a Serra da Cabreira, a sua grandeza aliada a vários outros factores, que não servem de justificação, uma derrota é sempre uma derrota, fizeram-me desabar aos seus pés e ponderar muitas coisas na minha vida. Passaram-se anos, a paixão pelas montanhas cresceu, o respeito pelas montanhas é interminável, não há quem as percorra que não sinta isso, e eu voltei a olhar a Cabreira nos olhos, desta vez de forma diferente, desta vez para sair vitoriosa. Só quem desafia as montanhas, só quem as percorre com a paixão e o respeito necessários é capaz de se sentir triunfante por ultrapassar a sua excelência, só quem vive no mundo das montanhas é capaz de perceber que uma vitória não é nada comparado com uma derrota e que por lá, no mundo das montanhas, somos sempre muito pequenos, mesmo quando nos sentimos os maiores do mundo, como eu me senti desta vez, na Cabreira.

sábado, 16 de maio de 2015

Gaja que é gaja nunca sabe que porcaria vestir (parte 2)


Parece que são coisas novas a mais para uma bttista só. Novas e giras. Novas e giras e fofas. Novas e giras e fofas e muitas. Socorro, tenho de sair de casa, tipo... JÁÁÁÁÁAAAAA...

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Loiretes

Informo que, nos dias que correm, há mulheres a pedalar com meias espampanantes até ao joelho espalhadas por todo o país. 

As meias do dia #1


Pom Pom Girl

Fins de semana

Com o tempo frio passo o sábado praticamente todo a ler, no domingo vou andar de bicicleta de manhã e à tarde normalmente regresso ao conforto do sofá, da manta, do chá e dos meus livros.

Com o tempo quente passo o sábado praticamente todo a pedalar, no domingo vou andar de bicicleta de manhã e à tarde há sempre algo para fazer.

Tenho saudades de um dia inteiro de ronha e das horas dedicadas aos meus livros, mas pode esperar. Haverá sempre um Inverno no horizonte.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

As outras têm o look do dia

Eu vou ter AS MEIAS DO DIA. Vou criar a série de posts mais pirosos de todo o blogo sempre.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Cumprir a tradição

Chegados a Finisterra, depois de percorrer O Caminho e de atingir o marco do km 0, é preciso aproximar-se mais do mar e atirar para bem longe algo muito nosso, algo muito dos nossos, algo que transportamos connosco durante todo o percurso, algo escolhido antes de partir, com o carinho necessário. É preciso deixar para trás pesos desnecessários e coisas menos boas e levar para casa o coração cheio e a alma lavada. 

Os meus livros #29 - Pedalar Devagar


Pedalar devagar relata-nos as aventuras da Valérie e do João, que entre 1996 e 2000 pedalaram milhares de km pela Ásia. Uma viagem que eu adorava fazer.
Já não me lembrava de ter demorado tanto tempo a ler um livro, quis absorver cada palavra deles e soube-me ainda melhor por ser o livro que antecedeu a minha viagem pelo Caminho e que me acompanhou também quando regressei. Gostava de o ter levado comigo mas, infelizmente, a autonomia total, o tempo limitado e as condições climatéricas não o permitiram. Ainda o coloquei numa mochila para ler nas viagens de autocarro até Ferrol e de Finisterra a casa, mas não lhe consegui tocar, estava demasiado absorvida pela minha própria aventura.
Neste momento a Valérie e o João estão a fazer mais uma viagem, desta vez não são só eles porque a família cresceu, eu sou fã deles e estou ansiosa pelo novo livro, pelos relatos detalhados da viagem deles pelas Américas, enquanto isso estou a acompanhá-los aqui: http://pedalardevagar.com/pt/ e não resisti em roubar-lhes uma foto para vos mostrar. Adoro-os.

Loira SO HAPPY

Ontem, uma amiga dizia-me, entre outras coisas, que eu era a única pessoa feliz que ela conhece. Fiquei a pensar nisto. Não sei se estamos rodeados de pessoas infelizes, se as pessoas nunca estão satisfeitas com aquilo que conseguem, se querem sempre mais e se esquecem de aproveitar os dias e a vida. Não sei se sou eu que fico feliz com muito pouco, só sei que vale a pena esquecer as coisas más, sorrir e ver coisas boas por todo o lado. Pelo menos enquanto a vida nos deixa. 

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Sou boa a fazer muitas coisas na minha vida

Camuflar sentimentos, definitivamente, não é uma delas.

Choque de realidade

Que semana horrível. Ainda me custa a pensar. O meu cérebro ficou tão vazio com a viagem que qualquer informação parece totalmente nova para mim. Não me consigo concentrar em nada. Não consigo chegar a conclusões óbvias. Não me lembro de coisas que fiz na quinta, antes de partir. Estão resmas de papel em cima da minha mesa e não sei o que lhes fazer. Tenho prazos para cumprir e não tenho tempo, tão pouco disposição para me debruçar sobre os assuntos. Ontem tive duas reuniões em Verín, passei por lá o ano passado, quando ainda estava a começar O Caminho, assim que cheguei reconheci cada recanto por onde passei, lembrei-me do meu estado de espírito como se tivesse sido no dia anterior, vi as setas e só me apetecia começar já uma nova viagem, um novo Caminho. A minha alma e o meu coração ainda não voltaram, continuam por lá, a percorrer aquele chão, mas parece que eu já estou aqui, onde há trabalho, horários, compromissos, rotina. Socorro, tirem-me da vida real.

terça-feira, 5 de maio de 2015

A Loira

E o rescaldo físico

Foram 3 dias a pedalar, uma viagem de autocarro de cerca de 4 horas antes da partida e outra no regresso a casa, pouquíssimas horas de sono, 250 km percorridos, trilhos com terreno muito pesado por culpa da chuva, muitas montanhas para ultrapassar, a palavra-chave desta Caminho é SUBIDA, subida, subida, subida, lama, chuva e vento, tanto vento que conseguir pedalar em certas alturas era quase impossível, tivemos algumas avarias, 2 elementos do grupo desistiram, algumas quedas sem importância, nos últimos km O Caminho brindou-nos com um fantástico sol. Depois dos muito duros 105 km do primeiro dia o meu joelho começou a doer um pouco, fiquei assustada, com medo que piorasse mas passou, se durante os 80 km debaixo de chuva torrencial e, literalmente, a lutar contra o vento do segundo dia me senti sempre bem, no terceiro senti-me eufórica, só queria pedalar, a subir, a descer, a brincar, a saltar, pedalar, pedalar, pedalar. O Caminho terminou e eu fiquei com um amargo sabor a pouco, a muito pouco, por mim voltava para casa de bicicleta, marcava já uma próxima viagem ou ficava por lá mais uns dias a pedalar, a viajar de bicicleta, a ser feliz. Ontem fui ao ginásio, pensei fazer uma ligeira aula de recuperação, mas quando a música da sala de Cycling começou a tocar eu coloquei mais carga e mais carga e mais carga, não me doía nem um músculo, não me sentia nem um pouquinho cansada, parecia até que o meu corpo é uma inesgotável fonte de energia. Tenho sede, neste momento tenho muita sede de mais. Não sei se é a dopamina, a feniletilamina, a noradrenalina, a oxitocina, a vasopressina, ou a endorfina, não sei se se juntaram todas para me tramar, só sei que é tudo natural e que é bom, muito bom. 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

O rescaldo emocional

Não sei se há pessoas que tenham feito O Caminho de Santiago só uma vez na vida, se as há, acredito que não o repetiram somente por motivos de força maior. Creio que todas as pessoas que percorreram O Caminho o voltam a fazer outra vez, e outra, e outra, tal como aconteceu comigo. Há algo por lá de mágico e de indescritível, que nos encanta, que nos seduz, que nos cativa e nos chama de novo.
Este foi o meu sexto Caminho de Santiago, por seis vezes já cheguei à Praça do Obradoiro vinda do Caminho e por três vezes já cheguei ao Km zero, em Finisterra, chego sempre à conclusão que O Caminho não se repete, em cada Caminho as sensações, os sentimentos, as aprendizagens, as pessoas, as paisagens e as histórias são diferentes, são irrepetíveis, são únicas, há sempre algo de novo por lá. Nunca poderei esquecer nem repetir o que senti da primeira vez que cheguei aos pés da catedral, depois de tanto sofrimento, nem o que senti quando terminei O Caminho Francês depois de catorze dias a pedalar e com quase mil km percorridos, tão pouco poderei esquecer a sensação de paz, de amizade e de companheirismo com que terminei O Caminho no ano passado.
O Caminho ensina muito a quem o percorre, além dos trilhos, estradas, cidades, monumentos, sensações físicas e emocionais em cada dia, em cada km, O Caminho mostra-nos muito mais, mostra-nos as pessoas, as coisas, mostra-nos o indispensável na nossa vida, o indispensável para sobreviver fisicamente e o indispensável para o nosso coração, aquilo e aqueles que são realmente importantes na nossa vida, aquilo e aqueles que nos alimentam a alma. O Caminho tem a capacidade, principalmente, de nos fazer pensar mais, de nos fazer sentir mais e de nos ensinar quem e o que somos, qual é a nossa verdadeira essência.
Este Caminho ensinou-me, sem dúvida, mais de mim, muito mais de mim, e deixou-me orgulhosa por ser quem sou, não sou perfeita, estou muito longe disso, mas tenho a capacidade de analisar os meus erros e a humildade de pedir desculpa. Cheguei à meta feliz.