Não foi mais que um toque definhado na porta inanimada, nada me preparou para a visita inesperada.
Exibias na face alva os indícios de uma noite não dormida, enquanto apertavas as mãos, nervosamente, olhando para um tecto esbranquiçado que barrava a iluminação digna do corpo que eu sabia de cor.
Pareceste mais admirada que eu quando te abri a porta, como se esperasses que me tivesse expelido para um continente longínquo após o teu desamparo. Ensaiaste um sorriso que acabou por te morrer nos lábios róseos, apertaste mais as mãos e esgrimiste um “Estás melhor?” sumido.
Repliquei-te que estava assim assim, afastando-me um pouco mais da porta, coibindo o corpo de te agarrar.
Apontei para dentro e perguntei-te se querias entrar, desejando um sim e temendo-o ao mesmo tempo.
Sussurraste um “É melhor não, só vim ver se estavas melhor…”, mas já te encontravas a dois passos de mim, encrespando-me mais que todo.
A rádio, sintonizada inevitavelmente na nossa estação, cantarolou a música errada no momento errado e exalaste todo o ar que tinhas, abalroando-me com o teu hálito de algodão doce, e esmoreci por não o poder partilhar.
Olhaste-me de viés e olhei-te de frente, sem vacilar.
“Teme o homem que nada teme”, repetiste tu a frase que mil vezes te havia repetido, devolvendo-me agora o olhar, transparente.
Não gritei que só tu me poderias arrasar, não tenho voz para tanto quando me consomes com o teu olhar enamorado, não te agarrei, porque seria afastado, não me mexi, porque o meu corpo é teu e tu o enregelaste, permiti-me saborear o ar que abastecera os teus pulmões e agora envenenaria os meus, suprindo o vício que me criaste, sentindo o teu olhar no meu, qual réstia do desejo que nunca se extinguiria, imaginando um futuro perfeito que nunca chegaria.
Observei-te a caminhar para porta, a sair olhando uma vez para trás, enquanto trauteavas a música, a nossa música.
Paralisei a respiração, aprisionando um pouco de ti em mim, desejei não mais ouvir, para que a nossa música soasse para sempre em mim, cantada ao teu ritmo.
Não te vi desde então…
Exibias na face alva os indícios de uma noite não dormida, enquanto apertavas as mãos, nervosamente, olhando para um tecto esbranquiçado que barrava a iluminação digna do corpo que eu sabia de cor.
Pareceste mais admirada que eu quando te abri a porta, como se esperasses que me tivesse expelido para um continente longínquo após o teu desamparo. Ensaiaste um sorriso que acabou por te morrer nos lábios róseos, apertaste mais as mãos e esgrimiste um “Estás melhor?” sumido.
Repliquei-te que estava assim assim, afastando-me um pouco mais da porta, coibindo o corpo de te agarrar.
Apontei para dentro e perguntei-te se querias entrar, desejando um sim e temendo-o ao mesmo tempo.
Sussurraste um “É melhor não, só vim ver se estavas melhor…”, mas já te encontravas a dois passos de mim, encrespando-me mais que todo.
A rádio, sintonizada inevitavelmente na nossa estação, cantarolou a música errada no momento errado e exalaste todo o ar que tinhas, abalroando-me com o teu hálito de algodão doce, e esmoreci por não o poder partilhar.
Olhaste-me de viés e olhei-te de frente, sem vacilar.
“Teme o homem que nada teme”, repetiste tu a frase que mil vezes te havia repetido, devolvendo-me agora o olhar, transparente.
Não gritei que só tu me poderias arrasar, não tenho voz para tanto quando me consomes com o teu olhar enamorado, não te agarrei, porque seria afastado, não me mexi, porque o meu corpo é teu e tu o enregelaste, permiti-me saborear o ar que abastecera os teus pulmões e agora envenenaria os meus, suprindo o vício que me criaste, sentindo o teu olhar no meu, qual réstia do desejo que nunca se extinguiria, imaginando um futuro perfeito que nunca chegaria.
Observei-te a caminhar para porta, a sair olhando uma vez para trás, enquanto trauteavas a música, a nossa música.
Paralisei a respiração, aprisionando um pouco de ti em mim, desejei não mais ouvir, para que a nossa música soasse para sempre em mim, cantada ao teu ritmo.
Não te vi desde então…
Vou ser a primeira a comentar.
ResponderEliminarGosto muito do que escreves, consigo senti-lo. Li um texto teu que fez uma lágrima aparecer no meu rosto (depois explico)
Este texto em especial está lindo. Agradeço o texto e a participação activa no meu blog.
Beijinho.
Um post diferente do registo habitual! Só o percebi depois de ler a explicação (nice move Vera, by the way...).
ResponderEliminarA música é muito fixe! Um oldie daqueles que dá sempre gosto ouvir!
Kiss
Bonito texto, Manuel.
ResponderEliminarTambém no meu,sempre dentro daquela máxima "quem vier por bem" caso contrário, o caminho por veio, é o caminho por onde pode ir.
ResponderEliminarObrigado pela visita, está à vontade, quando quizeres aparece, és sempre bem vinda ao covil do Lobo Solitário.
;)))
MRPereira, foi esse o motivo de colocar o post da explicação no link, para quem só começou a ler depois, poder compreender. A música também é do Manuel.
ResponderEliminarKiss
Fresco_e_Fofo, subscrevo.
Ernela, tu também, aparece sempre que quiseres.
Tão giro o texto :D
ResponderEliminarO Manuel escreve muito bem :D
Beijinho *.*
Obrigada pela força ;)
Obrigado :D.
ResponderEliminarO mérito é da Vera, claro está. Ela é que me mandou escrever :p.
Su, é mesmo. O Manuel escreve que é um espectáculo.
ResponderEliminarDe nada, podes sempre contar com isso. Um Beijinho.
Manuel, o único mérito que tenho nisto é ter percebido o teu talento.
Bem... Amei amei amei o texto, Manuel ! :) É mesmo fantástico... As palavras bem carregadinhas de sentimento ! Parabéns *.* beijinho
ResponderEliminarNunca é como deveria ser...
ResponderEliminarShell, o Manuel é assim, puro sentimento.
ResponderEliminarAlguém, subscrevo.