Ainda não sou capaz de explicar como isto aconteceu, mas há uns tempos atrás umas pessoas que se dizem minhas amigas convenceram-me a correr um trail. Eu não corro, eu não sei correr, as pessoas que se dizem minhas amigas sabem que eu não corro, toda a gente no mundo e arredores sabe que eu não corro. Isto tinha tudo para correr mal a não ser o facto de eu, depois de entrar num desafio, não ter capacidade psicológica para desistir dele. Depois de alinhar nesta loucura a ideia passou a ser morrer, mas só depois de passar a meta e de ter conseguido cumprir o objectivo. Tentei treinar algumas vezes, mas confesso que eram só tentativas de corrida, porque aquele tempo era geralmente passado a caminhar e a ter uma boa conversa. Domingo passado lá fui eu, de trombas e em completa negação correr os 17 km que prometia o cartaz, mas que afinal eram 18,8 Km. Sim, correr 17 km era pouco, então a organização achou que quase mais 2 km era uma alegria para todos os participantes. Corri, caminhei, subi e desci encostas, passei rios, saltei, molhei-me, caí, levantei-me, voltei a correr, subi pedregulhos, quase voltei a cair, sonhei com a minha bicicleta e cheguei à meta, contrariada mas feliz, por ter conseguido atingir o objectivo e por ter superado o desafio. Ah... que coisa espectacular, dizem vocês. Não vão nessa. A pior parte é depois de passar a meta, são dores insuportáveis no corpo todo, são músculos que eu desconhecia existirem e que agora decidiram manifestar-se, são pernas que mal se conseguem mexer, são sensações que não consigo explicar. Pela vossa saúde, não corram, mas se correrem saibam desde já, vão ficar todos fodidos.
Novembro de 2016
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