terça-feira, 7 de outubro de 2014

Loira, a medrosa

Não consigo descrever o que é uma descida de BTT. Dizer que somos nós em cima de uma bicicleta a uma velocidade significativa a passar pedras, lama, buracos, areia, paus, regos, vegetação e tudo mais o que possa aparecer pela frente é pouco, é muito pouco. Fazer uma descida de BTT pode ser uma autêntica loucura e sempre foram as descidas mais difíceis e mais técnicas que mais me apaixonaram, largar-me lá de cima sem pára-quedas capaz de suportar o peso da minha loucura. Ainda assim, com toda esta paixão pela imprudência de sentir o impacto da liberdade a bater-me no corpo há dias em que não consigo fazer nada, travo a fundo, bloqueio, desmonto ao mais pequeno obstáculo, tudo para mim é um perigo, tudo para mim é um não consigo, é um vou cair, tudo para mim é insegurança. E nesses dias, nos dias em que sou uma cobarde penso em tudo o que já fiz, em tudo o que já desci e sinto-me ainda pior, por parar naquele momento perante uma insignificância mental, porque até a Loira, a destemida, a corajosa, a louca, às vezes acorda medrosa, prova de que aquilo de que somos ou não capazes está sempre na nossa cabeça. 

9 comentários:

  1. Olha que nem sempre é assim...

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  2. Tb faço BTT, embora não com regularidade mas de vez em quando lá me conseguem arrastar.
    Há dois anos numa descida enorme e repleta de pedras pequenas tive uma queda tão grande, que deixou o joelho com marcas pra vida.
    Desde então as descidas deixam-me em pânico, descer só com a bicicleta à mão. :(
    O que é um pouco triste, mas eu sou mesmo muito mariquinhas.

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  3. Ainda tenho crostas nos joelhos, do tempo em que fazia isso tudo, sem mãos...
    ;)

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    1. Por duas ou três vezes também fiz isto tudo sem mãos e sem pés, normalmente é quando já vou pelo ar, prestes a bater no chão.

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  4. É , simplesmente , o teu lado sensato!

    Beijinhos.

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  5. A nossa cabeça manda...!
    Antes da queda era mais aventureira nas descidas, agora ganhei uma espécie de bloqueio tótó que me faz desmontar nalgumas descidas em que tal nem era necessário. Mas é mais forte do que eu, parece que se acende um alerta vermelho dentro de mim que me obriga a desmontar nas descidas mais íngremes....
    :-(

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  6. Aqui na minha zona existem provas disso, e o pessoal passa todo contente em direção aos montes e eu penso "ai Mary e era teres coragem para nadares de bicicleta quanto mais ires para o monte"

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  7. Medrosa!?...
    Mas aventureira que a grande maioria das pessoas!

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