quarta-feira, 27 de abril de 2016

O rescaldo físico

Há muito tempo que todas as minhas viagens são feitas em autonomia total, não me consigo imaginar a fazer um Caminho com um carro de apoio, acho que depois de carregar o peso da sobrevivência a primeira vez já não nos faz sentido que seja de outra forma. Normalmente divido o peso das minhas coisas por um alforge pequeno e por uma mochila também pequena, só transporto coisas essenciais para a minha viagem, quanto menos peso coloco na bagagem mais fácil é chegar ao meu destino. Depois da minha última queda ainda não recuperei de uma lesão nas costas, por isso a mochila ficou fora de questão desta vez, montei o alforge maior e coloquei dentro tudo aquilo de que precisava, parece que este ano precisava de muitas coisas, a temperatura instável, o excesso de confiança em mim e também a minha vaidade fizeram com que ao sair de casa eu não pudesse com a minha bicicleta. O facto de não conseguir levantar a bicicleta assustou-me um pouco inicialmente, nas picadas mais técnicas ou nas subidas com mais inclinação seria muito complicado para mim, quando tivesse de desmontar. Mas parece que quanto mais pedalo mais força tenho e mais me apetece pedalar, o peso nunca foi dificuldade para mim, as picadas técnicas e as subidas com demasiada inclinação fiz em cima da bicicleta e apesar de O Caminho de Santiago até Fátima ser um dos mais difíceis a nível técnico e de acumulado de subida de todos os pequenos (o Francês não conta) que já fiz não me senti verdadeiramente cansada em nenhuma circunstância. Depois de 140 km no primeiro dia, de 110 km no segundo e de cerca de 60 km no terceiro dia, cheguei a Fátima com a sensação de que poderia pedalar muito mais. 

6 comentários:

  1. O importante é que chegaste bem e conseguiste mais uma vez o que querias :)

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  2. Pedala até aqui e mudamos de bicicleta. É que eu mesmo sem nada lá em cima não a consigo levantar. Bolas, tens pernas até à lua loira...

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  3. Se te sentias bem, devias ter continuado. Lourdes fica logo ali, na esquina dos Pirenéus. ahahahah

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  4. O corpo habitua-se ao peso e ao esforço. Depois é só ter vontade em chegar.
    Sei que chegaste, e muito bem... e só isso importa.

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  5. Peso acrescido, vontade a dobrar, chegada ainda mais emocionante. És uma inspiração.

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