Sinopse
A autora ressuscita com precisão o turbilhão mundano e intelectual da época.
Nice, 1920. Um jovem médico faminto, Dario, aceita praticar um aborto clandestino numa flamejante aventureira nova-iorquina para evitar a degradação de Clara, sua mulher, e do seu bebé.
Uma solução que permite a este filho de vendedor, vagabundo e meteco de sangue grego e italiano, sobreviver apesar da indiferença da clientela chique da cidade.
Multiplicando os expedientes durante os anos passados em Nice, Dario tem a ideia de génio que o ajudará a forçar o seu destino: pervertendo com uma intuição maquiavélica a teoria psicanalítica em voga, torna-se um charlatão da moda, estranho senhor das almas deslumbrado com a sua perigosa ascensão social...
Críticas de imprensa
«Publicado em folhetins no ano de 1939, O Senhor das Almas é o segundo romance "inédito" de Irène Némirovsky, depois de Suite Francesa (Prémio Renaudot 2004). Os saltos temporais na narrativa, a partir dos nos 20 do século passado, capítulo curtos, personagens bem fundadas, perfazem a história de um imigrante russo que tenta desesperadamente alimentar a família em Nice, França.
O homem é médico, passa fome, quase não tem pacientes e os que tem pedem fiado. Acumula dívidas, faz abortos para pagar o pouco pão que consegue deixar em cima da mesa, enquanto, no hospital, a mulher dá à luz Daniel, o seu segundo filho. Por tudo o que é sagrado, fará o impossível para que ele não morra de fome como o primeiro.
O percurso de Dário Asfar é o de alguém ambicioso, que usa o cinismo sem parcimónia e como rampa de lançamento pelas estruturas sociais. (...) Anos mais tarde, é um reconhecido praticante da hipnose, um curador. O valor moral da riqueza, os privilégios das elites endinheiradas, a ambição de quem ‘vem de baixo’, são temas que apimentam o clima deste enredo.»
Ruben P. Ferreira
Muito, muito bom, como tudo o que li de Irène Némirovsky.
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