terça-feira, 15 de julho de 2014

Coisa triste de se dizer/escrever: Não sou a super Mulher.

Tenho esta mania de fazer discursos encorajantes, tenho esta mania de que posso tudo o que quero e consigo tudo aquilo a que me proponho, tenho esta mania de achar que se os outros conseguem eu também consigo e que se eu consegui estão toda a gente consegue, tenho esta mania de que o verbo desistir é inconjugável para mim. As coisas não são assim tão lineares, eu sei, mas verbalizar um "não consegui" é para mim impensável. Ou melhor, era, uma vez que estou prestes a fazê-lo. Em toda a minha vida ao pedal nunca desisti ou deixei os desafios a que me propus pela metade, podia estar muito mal, podia estar sem forças, podia até pensar não ser capaz de terminar mas sempre segui em frente e com isso sempre cheguei ao final. Todas as regras trazem excepção e a primeira surgiu com um problema mecânico que me fez abandonar uma maratona a meio, ainda assim, convencida de que sou sempre capaz de tudo não admiti que me levassem de carro, a mim e à bicicleta, perguntei onde era a estrada mais perto e segui por lá, convicta que nunca chegaria a uma meta ou a casa sem ser montada em cima da bicicleta. Mas às vezes o nosso corpo é bem capaz de trair a nossa mente e no ano passado tive de parar a meio de uma maratona e vir de carrinha embora, estava com falta de açúcar no sangue e simplesmente não consegui continuar, parei no ponto em que não consegui dar nem mais uma pedalada, até lá, juro que tentei, tal como tentei no passado sábado. Partimos de manhã bem cedo para uma longa viagem até à zona do Gerês, ir e voltar são mais de 100 km, mas nada de especial para nós, o dia não começou bem, furamos 3 vezes e isso atrasou muito a nossa viagem, estava demasiado calor e já durante a manhã estava a sentir-me sem forças, continuei sempre, chegamos ao nosso destino, cansados mas felizes, depois almoçamos e era só regressar, senti-me cada vez mais cansada, cada vez com menos forças mas continuei, os meus companheiros perguntavam se eu estava bem, eu dizia que sim mas não estava, ainda assim continuei e continuei sempre, fiz mais de 50 km até que tive de parar, estava tonta, a tremer e sem forças, com a tensão baixa de mais, parei com a ideia de descansar e continuar mas não consegui, não consegui recuperar e tive que chamar uma amiga para me levar a casa de carro, estava a uns 5 km de casa, sem subidas praticamente nenhumas e não consegui recuperar para pedalar até lá. Às vezes o nosso corpo é capaz de trair a nossa mente, por isso verbalizar este "não consegui" será importante, tenho que me convencer de que não sou a super Mulher.

8 comentários:

  1. Maria João Oliveira15 julho, 2014 14:12

    Às vezes a corda simplesmente não estica mais...beijinhos

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  2. O que eu gostava mesmo de saber é como é que tu consegues ter um emprego, o gajo, a vida normal, e ainda teres tempo para ires não sei quê maratonas e é já ali a 200 km, e depois é só voltar, e vamos lá pedalar, e comer e dormir, e dançar, e ler, e blog, e blogues, e tudo e tudo. Isso, isso é que eu gostava de ter e é caso para dizer, tambémqueroumavidacomátuacheiadetempoparatudoeaindapedalarmaratonas @blogspot.pt. Se não és a super mulher então não sei o que sejas... mas és super qualquercoisaemcimadatuabina@loira.pt. E eu, só com três cunicos de frase, já estou que nem posso.

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  3. Nem tu, nem ninguém, não te martirizes com isso...
    Sou como tu, desistir nunca, mas às vezes o corpo e a cabeça falam mais alto... E pura e simplesmente não dá...
    Um beijinho.

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  4. Também não encaro muito bem os meus "não consigo". Gosto igualmente de concluir os objectivos a que me proponho, mas às vezes temos simplesmente que ser sensatos e perceber que há coisas que nos superam. E pedalar 100 klm... fico cansada só de pensar (e olha que eu sou menina para gostar de aventuras!).

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  5. Acho-te uma SUPER - MULHER com vida tão agitada que levas.

    A saúde é tudo...não esqueças!

    Beijinhos.

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  6. és muito super..e nas falhas do corpo não mandamos nós!
    Susana

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  7. Nada triste de se dizer Loira, por vezes é preciso reconhecer os sinais do nosso corpo e há dias, por mais que queiramos, em que ele não responde à nossa mente. Gosti, és grande!

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  8. Cara Loira,

    Gosto de te ler ... mas um parágrafo e uma linha em branco facilitaria em muito a leitura, só uma sugestão :P

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