Três dias depois da minha primeira corrida (de todo o sempre, amém), como já conseguia mexer-me mais ou menos, já quase conseguia caminhar sem mancar, já conseguia sentar-me sem parecer uma contorcionista aleijada e até já conseguia apanhar objectos do chão só com dois gritinhos e três gemidos, achei que estava pronta para outra.
Ontem, começar foi mais difícil, uma vez que as minhas pernas ainda doíam, mas a corrida foi bem mais fácil. Os mesmos km, o mesmo trajecto, mas desta vez não me senti tão estúpida como anteriormente, a minha sombra já não parecia tão desengonçada, a minha passada estava mais segura e o movimento dos meus braços já começa a fazer sentido. Em vez de olhar para o chão e contar mentalmente e desesperadamente os metros que ainda me faltavam para terminar a tortura já consegui erguer a cabeça e ver aquilo que me rodeia. Terminei cansada mas não mais morta que viva. A certa altura, por breves instantes, cheguei mesmo a pensar que talvez um dia eu consiga gostar disto, talvez um dia o interminável horizonte que se estende até à meta já não me assuste, talvez um dia eu consiga sentir-me bem e talvez um dia eu consiga correr sem estar constantemente a pensar na respiração. Nesse dia, no dia em que respirar for tão fácil e tão natural como respirar, talvez eu possa mesmo correr o mundo livremente, linda, loira e sem fazer a boca de broche que faço agora.
Fevereiro de 2015
Mal tu sabias que em 2016 ias fazer 18 km...
ResponderEliminarSu
perseverança para ultrapassar limites...
ResponderEliminarboa tarde
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