sexta-feira, 6 de março de 2015

Loira, a incentivadora.

Quando comecei a andar de bicicleta inscrevi-me numa maratona de 40 Km, foi a minha primeira vez, assim que me inscrevi mil vozes se ergueram para me dizer que eu estava maluca, que 40 km faziam as pessoas experientes, que eu não devia ir, que eu não conseguia. Consegui. Pouco mais de um mês depois marquei a minha primeira viagem de bicicleta e logo mil vozes se ergueram para me dizer que 200 km eram impossíveis para mim, que eu estava maluca, fizeram-se apostas porque era uma realidade, eu não conseguia. Consegui. Meio ano depois quis aventurar-me a primeira vez e marquei a minha tão sonhada viagem pelo Caminho de Santiago, logo mil vozes se ergueram para me falar das dificuldades, para me falar da minha falta de preparação física, para me dizer que eu não conseguia. Consegui. O mais grave aconteceu quando em 2013 comecei a planear as minhas férias e comecei a preparar-me para O Caminho Francês de Santiago, mil vozes se ergueram para me dizer que agora sim, eu estava completamente maluca. 1000 Km de bicicleta? Impossível. E com alforges? Em autonomia total? E se me acontecesse alguma coisa? Que faria eu? Dormir em albergues? Partir de manhã de uma cidade sem saber exactamente onde se vai dormir à noite? E se não arranjasse local para pernoitar? Dormia na rua? E para chegar lá, tinha de levar a bicicleta desmontada? E para a montar? Se corresse alguma coisa mal? E as roupas? Tinha de levar pouquíssimas coisas, tinha de lavar todos os dias a roupa que queria usar dois dias depois? E se tivesse uma avaria na bicicleta? E se me perdesse? E se fosse assaltada? E se caísse? E se...? E se...? E se...? Eu consegui.

De cada vez que me quis aventurar se tivesse ouvido as mil vozes que se ergueram para me dizer que eu não conseguia, que eu não era capaz, que era demasiado perigoso, que eu estava maluca, que não compreendiam como eu ousava sequer sonhar com uma coisa assim, ainda que eu nunca tenha pedido opinião a nenhuma dessas pessoas que erguiam as vozes para me dizer que era impossível, se as tivesse ouvido, nunca teria saído de casa, nunca teria arriscado, nunca teria feito aquela que foi a viagem da minha vida. Estaria até hoje a andar de bicicleta à volta de casa como se fosse um ratinho amedrontado.

E se eu contrariei mil vozes negativas tantas vezes, e se eu pretendo continuar a contrariar quantas vozes, quantas vezes, se erguerem para me aclamarem com o impossível, quem sou eu para fazer o mesmo? Eu apoio as pessoas em tudo o que elas me dizem que querem fazer, eu digo sempre que sim, que conseguem, que são capazes, que façam e que aconteçam. Eu digo "força", faço um grande sorriso e ofereço ajuda para o que precisarem. Porque se eu acredito do fundo do coração que sou capaz de tudo, acredito de igual forma que os outros também são.

E às vezes os outros só precisam de ouvir uma voz positiva no meio das mil vozes negativas.

11 comentários:

  1. Às vezes uma (ou mil) voz do contra também se torna um desafio ;)
    Claro, que apoio sabe muito bem, mas o que interessa é que "quem pedala por gosto, não cansa!" e consegue :)

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  2. Concordo plenamente contigo.
    Fizeste em quantos dias o caminho francês ?

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    1. Fiz em 14 dias. Saint-Jean-Pied-de-Port, Santiago, Finisterra. Tudo documentado e fotografado diariamente para o blog em Agosto de 2013 :)

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  3. Olha, Loira, fizeste-me chorar com este texto. Mas fez-me muito bem lê-lo. Obrigada.

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  4. Eu também apoio sempre as pessoas e incentivo-as... Não acho piada nenhuma a comentários derrotistas e nem sequer devem ser levados em conta...
    E aí estás tu a fazer aquilo que gostas, como bem te apetece e... conseguiste!
    Beijos.

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  5. O tal post...o mundo de precisa de muita gente como tu!

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  6. Está em falta pessoas assim no mundo!
    Beijinhos:-)

    http://princesamae.blogspot.pt/

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  7. Fizeste muito bem loira corajosa... beijo enorme!!

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