quinta-feira, 10 de março de 2016

Atrás de uma grande fotografia, está sempre uma grande história #2


No último verão fui passar uma semana com a Su, sem planear absolutamente nada, um dia estávamos a queixar-nos, eu, que tinha de ir trabalhar no meu primeiro dia de férias e que nos outros estava completamente sozinha e ela, que lhe tinham alterado as férias e que estava completamente sozinha. E quando é que ela entrava de férias afinal? Exactamente no mesmo dia que eu. Então vem cá, não, então vem cá tu, vamos para Quiaios ser felizes. E dois ou três dias depois lá fui eu.
E foi assim que no meu primeiro dia de férias estava a sair de casa às cinco e meia da manhã, com uma grande mochila às costas, pronta para pedalar até ao comboio, pronta para apanhar três comboios até Coimbra, e pronta para aí encontrar a Su e pedalar com ela até Quiaios.
Podia contar sobre esses dias mil história, mas hoje vou só falar de um dia em que fomos pedalar até às lagoas. Duas ou três semanas antes a Su tinha pedalado sozinha até Santiago de Compostela, na semana seguinte era a minha vez de fazer O Caminho solitário. Quando chegamos às lagoas estavam algumas pessoas já com uma certa idade, fui pedir para nos tirarem fotografias, o senhor não sabia trabalhar com o tablet, mas eu lá lhe consegui explicar, falei-lhe no enquadramento perfeito, posicionei o tablet e disse-lhe para não mexer muito, só clicar no sítio certo, disse-lhe para tirar várias, alguma havia de ficar bem. Por acaso ficaram todas bem, mas isso não foi a parte importante da história. O grupo de pessoas estava de partida, o local iria ficar completamente deserto, e foi então que o senhor que nos tinha fotografado nos veio perguntar se não tínhamos medo de ficar sozinhas. Agradecemos e dissemos que não, de maneira nenhuma, andávamos as duas há dias a pedalar e a subir montanhas, a Su já tinha feito a sua viagem solitária e eu ia fazê-la já daqui a alguns dias, estamos habituadas a pedalar sozinhas para todo o lado, mas neste caso, nem sequer estávamos sozinhas, éramos duas. Nunca mais me lembrei disto, tenho a certeza que a Su também não, a pergunta do senhor escapou-se das nossas mentes de imediato. Até um destes dias, quando percebi que, naquele dia eu e a Su ainda não sabíamos, mas mesmo quando estamos sozinhas, nunca estamos completamente sozinhas. 

6 comentários:

  1. é verdade...em especial quando fizemos o caminho isso foi uma constante
    (por acaso até me lembro que nos rimos com a pergunta do tal senhor)
    su

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  2. Também sinto isso. Na verdade sinto-me mais próxima de toda a gente quando viajo sozinha. :)

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  3. Reconheci esse cenário assim que abri o post, esse é um dos lugares por onde pedalo às vezes :)

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