(Re)post. Aos Resistentes. Aos Sobreviventes.

O cão da pista, é chamado por todos desta maneira porque vive lá, na pista de cicloturismo que une a minha cidade com a cidade vizinha.
O cão da pista é meigo e brincalhão, quando passamos de bicicleta, a correr ou a caminhar ele vem uns metros connosco, aceita os nossos mimos, aceita as nossas brincadeiras, aceita a comida que lhe damos e os olhos dele parecem agradecer.
O cão da pista torna-se violento quando alguém tenta levá-lo um pouco mais do que aqueles metros que a consciência dele lhe permite.
O cão da pista já podia estar a viver com uma das muitas pessoas que tentaram levá-lo para casa, ou para o canil, para onde o tentam convencer a ir tantas vezes, mas não, o cão da pista recusa-se a sair dali, daquele local onde o dono o abandonou há uns meses atrás.
O cão da pista acha que o dono ainda volta, para o levar para casa.
Às vezes, na vida, também nós ficamos à espera, também nós nos recusamos a seguir para a direita ou para a esquerda, também nós ficamos ali, a ver os outros passar.
Só espero que o cão da pista tome a decisão dele e aceite um abrigo antes das noites frias que não tardam em chegar.

O Cão da pista continua por lá. E tem os olhos mais tristes que eu já vi.