Há dias... e dias...
Há dias em que acordo a mais bonita, que caminho com segurança e com ar de quem domina o mundo e sabe exactamente o que quer e para onde vai. Há dias em que acordo completamente perdida e até os simples gestos rotineiros me parecem mecânicos, como se fosse difícil o simples acto de respirar. Há dias em que acordo magra e gira, em que escolhi a roupa e a cor de sombras mais fashion dos últimos tempos e os meus saltos me fazem sentir a Super Mulher. Há dias em que acordo gorda, quase obesa, em que nada do que tenho para vestir me serve ou me fica razoavelmente bem. Há dias em que acordo bem disposta, canto durante todo o trajecto de casa ao trabalho e me apetece beijar e abraçar toda a gente só porque a vida bela. Há dias em que o simples facto de estar a chover me faz sentir deprimida e infeliz. Há dias em que tenho as maiores certezas e a toda a segurança do mundo. Há dias em que todas as dúvidas me povoam a mente. Há dias em que choro sem motivos. Há dias em que sorrio confiante e convincente, mesmo só tendo razões para chorar. Há dias que tenho tanta força que sou capaz de mover multidões. Há dias em que sou fraca, como uma ave ferida. Há dias em que o simples nascer do sol ou pintar as unhas me faz feliz. Há dias em que nada me consegue tirar esta ansiedade do peito. Há dias em que me encho de esperança. Há dias em que o mundo acaba amanhã, ou já daqui a pouco. Há dias em que amo. Há dias em que odeio. Há dias que sim. Há dias que não. Inconstante? Não, simplesmente Mulher, como todas as outras.
Abril de 2012
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