quinta-feira, 14 de julho de 2016

A tal senhora também tem lá no facebook dela palavras minhas, sobre isso já escrevi uma vez


Deparei-me, no meu Facebook pessoal, com uma publicação de uma pessoa que, não sendo meu amigo próximo, ocasionalmente vou mantendo contacto, uma pessoa que vive perto de mim, que eu vejo muitas vezes e que me liga, pelo menos uma vez por ano, para me convidar para um determinado evento. Uma pessoa da qual eu gostava e admirava. O texto é longo, muito bem escrito, quando o comecei a ler fiquei boquiaberta por ele escrever assim, até que reconheci o texto e não queria acreditar no que estava a ler, pela segunda vez, porque já o tinha lido num blog, há poucos dias atrás. Não era um texto parecido, não era uma expressão das que pegamos de tanto ouvir ou de tanto ler, não era um assunto banal sobre o qual todos escrevemos e que sai sempre parecido, não era uma forma de inspiração no outro, eram exactamente as mesmas palavras, adaptadas às pessoas em questão, muito pouco adaptadas porque parece que há muitos casais iguais por aí, que usam as mesmas frases todos os dias, que fazem as mesmas brincadeiras entre eles e com os filhos, que começam e terminam o dia da mesma forma. Ou parece que há pessoas que nem um texto sabem adaptar em condições. O texto faz-se acompanhar de uma foto, a foto da esposa e da filha e foi a expressão inocente da miúda que me fez perder a coragem de comentar ali mesmo, de dizer ao pai que é muito feio roubar as palavras dos outros. Resolvi deixar o assunto nas mãos da blogger em questão, era o que gostava que fizessem comigo, foi o que fizeram comigo e que muito agradeci, quando me aconteceu o mesmo, recebi uma mensagem, abri uma página e li as minhas palavras como se fossem escritas por outra pessoa, senti-me assaltada, um roubo de essência.
Como é que se explica a alguém que não escreve e não sabe o sentimento de escrever, principalmente as emoções, que isso é um roubo? Como é que se explica a alguém que um blog tem um fácil e rápido acesso mas que os textos publicados não estão ali para pegar e andar? Como é que se explica que quem escreve e publica numa página onde milhares têm acesso também tem direitos de autor? Como é que se explica que um blog não é só um blog e que nas entrelinhas de um texto, atrás de um ecrã, está a alma de quem conjuga sentimentos? Como é que se explica que se partilhasse a fonte a esposa compreenderia de igual modo o que ele quis dizer? Porque há realmente pessoas que escrevem aquilo que pensamos e sentimos, quantos de nós não sentem demasiadas vezes que algo foi escrito a pensar exactamente nos nossos sentimentos e nos nossos momentos? Quantos de nós não partilham as palavras dos outros com que se identificam? Como é que se recebe centenas de gostos e dezenas de comentários a elogiar tão bela relação e tão belas palavras, sabendo que não são nossas? Como é que alguém é capaz de utilizar as palavras de outra pessoa, como se fossem dele, para fazer uma declaração de amor ao amor da sua vida, descrevendo a filha que partilham? Que relação é esta, feita de palavras roubadas? Como é que se explica aos ladrões de palavras que quando nos roubam os textos nos estão também a roubar sentimentos únicos, emoções, pedaços de vida, momentos só nossos e inspiração?


Hoje só me pergunto, como será viver todos os dias de momentos de vida roubados?

7 comentários:

  1. A senhora colocou este texto integral? Por um lado é roubo por outro deve ter uma grande paixão pela tua escrita!!!!!!

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    1. Não, o texto que me roubou era outro, este foi o que eu escrevi há uns tempos sobre o plágio e que hoje valeu a pena recordar.

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  2. não percebo o porque de o ter feito...
    Por tantas vezes vi por ai, coisas que descreviam exactamente o que estava a passar ou o que passei e nunca vi necessidade de "tomar como meu" algo que não era... quanto mais nao fosse, identificava a origem :/

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  3. Opáaaaa, alguém me diz em que endereço "mora" a senhora? Fiquei curiosa! Pleaseeeeee

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    1. https://www.facebook.com/mariajoseportugal.portugal?fref=ts

      Agora já está privado, não dá para ver os posts.

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  4. Oh Deus, é daquelas que adiciona famosos...Já não dá para ver nada :) Beijinhos

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  5. Não é bem assim. Quem copia palavras não sabe senti-las, apesar de as achar bonitas não lhes chega à dimensão. E é aí que reside a diferença.
    Sou contra o plágio, qualquer que seja. Mas como se evita essa forma rasteira de copianço vergonhoso?!

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