segunda-feira, 29 de junho de 2015

Grandes lições em menos de nada

Não sei exactamente em que ano a história que vos narro a seguir aconteceu, sei que eu teria uns 16 ou 17 anos e a minha prima uns 14 ou 15. Como nunca tive irmãos sempre fui muito próxima das minhas primas, principalmente desta que tinha uma irmã mais velha que ela 10 anos e que só não se matavam à pancada porque não podiam. Como éramos primas, vizinhas e amigas eu conseguia, com a minha voz doce e o meu sorriso 74 convencer o meu tio a deixá-la sair comigo de tempos a tempos.

Certo dia fomos à discoteca e ela combinou um café para o dia seguinte, ao final da tarde, com um gajo todo jeitoso pelo qual já tinha uma paixão há montes de tempo. No dia seguinte, a meio da tarde veio ter comigo a chorar, tinha partido o salto da bota e era o fim do mundo em cuecas, não podia ir tomar café com o rapaz a coxear. Eu perguntei se o meu tio estava a trabalhar e ela disse-me que não, que naquele dia ele fazia a noite. Disse-lhe para lhe ligar e pedir que lhe trouxesse outras botas. Como o meu tio era um tirano tive de ser eu a ligar e a implorar que trouxesse outras botas à miúda, lá expliquei que ela não podia passar o dia assim e lá lhe disse que pegasse nas botas pretas com salto. No intervalo lá estávamos as duas à porta do liceu, à espera que o meu tio chegasse com as outras botas, quando ele nos entrega um saco e nos diz que não encontrou mais nada. Lá dentro estavam os sapatos que a minha prima tinha usado na Comunhão Solene, sim, uma espécie de sabrinas azuis e brancas com uns botões, que hoje em dia encaixam muito bem (ou não) em qualquer outfit mas que naquela altura eram a coisa mais ridícula que podia existir (ainda hoje são, mas isso agora não importa nada). Escusado será dizer que assim que o meu tio arrancou a minha prima começou num pranto incontrolável. Eu, mandei-a ter calma, estava tudo bem, tudo nesta vida tem solução, disse-lhe que íamos faltar as duas à aula seguinte para irmos ao sapateiro colar o salto da bota dela. Naquele momento acho que fui a melhor prima/amiga do mundo, muito mais ainda do que quando fiz uma revolução na escola para a defender de umas gajas que lhe tinham batido. Faltamos às aulas, fomos ao sapateiro, esperamos pela bota da minha prima e estava tudo resolvido, ela estava verdadeiramente feliz, pelo menos até chegar a hora do café com o tal gajo, que simplesmente não apareceu.

Naquele dia fomos juntas para casa, como em tantos outros dias, desta vez ambas em silêncio, ela com vontade de chorar e eu sem saber o que dizer. Na hora de nos separarmos eu dei-lhe um abraço e disse que naquele dia ela aprendeu duas grandes lições: os sapatos não são a coisa mais importante do mundo e os Homens muito menos.

5 comentários:

  1. Os sapatos sao a coisa mais importante do mundo sim!
    LOL

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  2. Depende dos sapatos. Depende dos homens :)))

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  3. Foste mesmo uma prima cinco estrelas!

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  4. Duas lições que se manterão a vida toda!

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  5. Depende dos homens ;) Apesar de tudo, felizmente ela teve uma super prima ao seu lado.

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