quinta-feira, 22 de maio de 2014

Manual de sobrevivência a quedas na óptica do utilizador (Já vos disse que me esbardalhei no sábado passado, não disse?)

Em primeiro lugar posso dividir as quedas em dois tipos. O primeiro tipo é quando consegues perceber que vais cair e ainda consegues evitar o tombo ou no limite consegues proteger o teu corpo e cair da melhor forma possível. Normalmente resulta de uma pequena queda ou encosto para o lado, quase sempre sem consequências. O segundo tipo é quando já vais pelo ar quando percebes não que vais cair, mas que já caíste. Normalmente entre perceberes que caíste e o embate com o chão passam apenas uns milésimos de segundo por isso não tens tempo para nada a não ser para sentir o chão. As consequências podem variar das mínimas até às muito graves, felizmente nunca me aconteceu nada de muito grave por isso vou limitar-me a falar do que sei porque senti na pele. E na carne. E nos ossos. O embate com o chão é como um choque, se demoras milésimos de segundos até chegar lá, demoras uma eternidade para perceber se estás ou não bem, o teu corpo fica completamente abanado e o teu cérebro demora até "acordar" para a realidade. Inicialmente dói-te tudo e até te conseguires levantar e ter a certeza de que estás quase bem vês tudo numa espécie de câmara lenta. Depois levantas-te e verificas que são só uns arranhões, voltas ao bom humor do costume e segues caminho, sempre sem te queixar, mesmo quando dói, afinal és sempre forte e não queres dar agora parte fraca. Sempre que paras o teu corpo arrefece mais um bocadinho e dói ainda mais, não é grave. Estás a almoçar e dói, continuas sem te queixar e ainda fazes piadas, não é grave. Continuas viagem e não tens posição para pedalar, não é grave, o importante é chegar ao final com um sorriso no rosto e mais uma piada na ponta da língua. Quando chegas a casa começas a verificar o corpo, tens um joelho com uma nódoa negra enorme, não é grave. Tens uma anca com uma nódoa negra ainda maior, não é grave. Tens um ombro todo arranhado, um cotovelo todo fodido, um pulso todo arranhado, nada é grave. No banho dói tudo, não é grave. Quando te perguntam se estás bem fazes mais uma piada e dizes que partiste uma unha e isso sim, é mesmo muito grave. Quando vais para a cama não consegues dormir, não é grave. Dói-te as costas, não é grave. Dói-te a omoplata, não é grave. Dói-te o pescoço, não é grave. Tens picadelas horríveis no pulso, não é grave. No dia seguinte levantas-te cedo e vais dar mais uma volta de bicicleta, depois continuas com a tua vida normal e a planear mais treinos e mais viagens. Os dias vão passando e com eles vão indo embora as dores, já tens posição para dormir, nada foi grave. Até ao dia em que as feridas começam de facto a sarar, as crostas começam a secar e tens uma comichão insuportável, não sabes mais o que fazer, creme não alivia, pomada não alivia, água não alivia e nesse instante percebes o que realmente é grave. Grave é isto, os dias em que a comichão te ataca. E por falar nisso, fiquem bem, preciso dos dedos que estão a escrever para me coçar mais um bocadinho.


Eu disse no título que vos ensinava a sobreviver às quedas, não disse nada sobre sobreviver à comichão, disso ainda não aprendi coisa nenhuma.

6 comentários:

  1. Mesmo na queda, tu continuas a ser uma maravilhosa MULHER! :))))

    Beijinhos Marianos, Loira mailinda! :)

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  2. Adorei! Ahah
    Passa álcool. Ficas com o cheiro, mas alivia um bocadinho. Se não resultar, passa para álcool daqueles a que se chama rum, vodka e whisky, diziam q também alivia. :)

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  3. Que maravilha =)
    Isso é que é amor à camisola.

    Beijocas

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  4. Corajosa e persistente esta loira!

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  5. Comecei a "bicicletar" aos 5 anos. A minha mãe não me deixava usar calças (pois, sou uma pessoa muuuiiito antiga), vai daí metia o vestido/saia dentro das cuecas para ser mais fácil fazê-lo na bicicleta do mano mais velho. Esbardalhei-me milhões de vezes e tenho as pernas feitas num oito, com mil cicatrizes que provam isto. Aos 11 anos tive a minha primeira e única bicicleta que ainda hoje faz as delícias de descendência que práqui tenho: uma Órbita Cross.
    De Lisboa (onde gastei muito pneu) levei-a para a casa da Beira Alta, onde me aventurei no verdadeiro Cross e no verdadeiro TOMBO, a nem dezêre.
    Ainda hoje, tantos anos depois, quando ponho os pés no pedal, sinto uma coisa inexplicável, entre a liberdade e a noção de perigo que me proporciona a coisa.

    E tenho no meu curriculum uma coisa exxtraordinária: fui atropelada por uma bicicleta com um ciclista em cima, na Costa da Caparica, quando resolvi sair da praia para comprar um gelado, de chinela e biquini. Aprendi isto: se um ciclista vem a abrir na tua direcção NÃO TE MEXAS 'QUÉTINHA, FICA! É que eu desviei-me para um lado e ele escolheu o mesmo, desviei-me para o outro e vai ele, pimba, ando so on, and so on. Acabei cheia de mazelas, embrulhada nele e no artefacto.

    Loira, a coisa passa e, mais tarde, as cicatrizes são preciosas ;)

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  6. eheheh ó melher tu coça-te mas hidrata bem isso pois em arrancando as crostas com o coçar desenfreado fica-se cheia de marcas.. marcas de guerra :D:D

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