E do medo... se faz coragem

Ontem, enquanto ela me falava dos seus medos eu usava todas as palavras para a tentar convencer a deixá-los para trás, palavras que não funcionam nestas alturas, lembrei-me do Vitor, do meu amigo, e do meu medo físico mais intenso, e de como ele me convenceu a deixar os meus medos para trás.
Desde que comecei a praticar BTT que comparo inevitavelmente os trilhos com situações de vida e as descidas eram o que mais me apavorava. O Vitor foi comigo na primeira maratona, e sobre os meus medos dizia-me simplesmente, que só servem para ser enfrentados, que quem manda no meu corpo sou eu e aquilo que eu quero é aquilo que eu consigo.
Foi só essa a história que lhe contei, aquilo que me dizia o Vitor perante mim parada em frente a uma descida acentuada, com buracos, com pedras, onde quando a roda da frente começa a descer já não há maneira de parar, onde quanto mais depressa passares menos probabilidade tens de cair, onde não podes travar a fundo, senão é queda pela certa, e foi assim que a convenci a montar, não a bicicleta, mas a vida, a agarrar a vida pelo guiador, a levantar o rabo do selim e soltar as coxas para não prender demasiado a bicicleta, foi assim que a convenci a lançar-se nas descidas da vida, com uma certeza, uma só certeza, as quedas não servem só para nos magoar-mos, as quedas servem para nos dar mais força, para nos levantar-mos com certezas e voltar a montar com medo, mas com coragem de o enfrentar, com uma certeza, uma só certeza, eu vou estar com mesmo atrás dela nas descidas e se ela voltar a cair vou ser a primeira a agarrar a mão dela para levantá-la. Porque na amizade, tal como numa equipa... You will never walk alone