Porque é que eu me lembro tantas vezes do Bruno?

Todo o dinheiro angariado na primeira maratona de BTT que eu fiz reverteu a favor do Bruno. Eu tinha a minha bicicleta há 4 dias, já não montava uma desde os meus 12 ou 13 anos, na altura em que a minha era cor de rosa e tinha uma cestinha à frente. Como o meu amigo Vitor ia na maratona decidi-me a ir com ele e fazer 40 Km. Poderia ter optado por fazer 15 Km, mas como eu nem sabia pedalar achava que 40 Km de BTT era basicamente o mesmo do que duas aulas de cicling. A maratona não correu muito bem, além de não ter técnica nenhuma com a bicicleta eu tinha pânico das descidas e não conseguia fazer praticamente nenhuma e o Bruno, só me lembrava do Bruno.

Depois disso comecei a treinar ao domingo de manhã com os amigos e depois de ir treinar, imaginem, duas vezes, fui noutra aventura. Um fim de semana a pedalar, 238 Km, e fiquei completamente viciada, ao ponto de fazer semanalmente uma a duas vezes, perdi o medo e comecei a arriscar em cada descida.

Na minha primeira maratona participaram cerca de 400 pessoas, tudo por causa do Bruno. O Bruno tinha 16 anos no início do verão de 2009, quando caiu de bicicleta a fazer exactamente aquilo que eu faço e ficou paraplégico. Com a minha ajuda e das outras cerca de 400 pessoas o Bruno conseguiu comprar um elevador para casa e uma cadeira de rodas de que tanto precisava.

As outras 400 pessoas não sei, mas eu continuo a pensar no Bruno e lembro-me dele de cada vez que me sento em cima da bicicleta.